7 de maio de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: acordos convenientes para troca de informações, correntes migratórias, problemas de poluição
Existem alguns problemas difíceis de serem mantidos nos limites das fronteiras internacionais, exigindo cooperações entre países vizinhos para minorar alguns deles. Um se refere à poluição, como o que vem sendo enfrentado pela China, a Coreia e o Japão, e os seus ministros do Meio Ambiente resolveram criar um painel para a troca regular de informações, como noticiado pelo jornal econômico japonês Nikkei. Todos sabem que a China, principalmente, enfrenta problemas sérios de poluição de partículas minúsculas, abaixo de 2.5 microns, que acabam se espalhando fora de suas fronteiras.
Noticia-se que o ministro japonês do Meio Ambiente reuniu-se com o seu colega coreano Yoon Seong Kyu e o vice-ministro para proteção ambiental da China, Li Ganjie, numa reunião realizada em Kitakyushu, no sul do Japão, mais próximo dos países vizinhos. Numa declaração conjunta, resolveram estabelecer um painel periódico para troca de informações sobre a poluição do ar na região, bem como relato das providências que estão sendo tomadas.
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4 de maio de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: as discussões ideológicas, avaliações de custo/benefício, correções que não agradam a todos, os muitos fatores emocionais, sempre difíceis opções energéticas do Brasil
Se existe um projeto no Brasil extremamente convertido é o da Usina de Belo Monte, que, apesar de muitas correções, continua gerando discussões intermináveis, internas e externas. O The Economist, mesmo tentando uma avaliação mais objetiva, enviando um jornalista para a área, admite que os seus danos foram minimizados, mas se trata de um projeto irreversível e considera os seus elevados custos para benefícios pequenos, acabando por sugerir que existiriam opções mais racionais no Brasil, como as solares, eólicas e decorrentes de biomassa, utilizando a cana de açúcar e todas as suas variadas possibilidades.
O artigo admite que o Brasil continue necessitando atualmente de mais 6.000 MW anuais e, apesar de contar com uma matriz energética diversificada e das menos poluentes do mundo, em quaisquer das opções necessitará continuar investindo muito na área energética. O seu potencial hidroelétrico estaria concentrado na Amazônia, longe das maiores áreas de consumo que se encontram no sudeste do país, cogitando-se ainda de muitos projetos de baixa capacidade de geração energética e longe das áreas urbanas e industriais do país.
Construção da Usina de Belo Monte em ritmo acelerado
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29 de abril de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: 2012, editado pela Tuttle, Hong Kong, o fabuloso livro de Daniel Tudor, uma ampla cobertura profunda da Coreia do Sul | 2 Comentários »
Confesso que sou um economista antiquado que enfrenta dificuldades com as atuais análises telegráficas e superficiais que se intensificaram com o uso da internet. Fico entusiasmado quando encontro um trabalho de fôlego como este livro “Korea – The Impossible Country”, do jornalista e escritor Daniel Tudor, Editora Tuttle, Hong Kong, elogiado por toda a imprensa internacional de peso. O autor é correspondente do The Economist na Coreia, além de colaborador regular do Newsweek Korea e outras publicações. Ele conta com uma sólida formação na Oxford University e Manchester University e elaborou um trabalho quase enciclopédico que não pode ser perdido por quem se interessa em compreender a Coreia, com todas as suas profundas raízes. A Coreia que provocou um milagre tornando-se uma economia desenvolvida e democrática, superando todas as suas limitações de um país impossível.
Os meus primeiros contatos com a Coreia foram em torno de 1963, quando ajudava o Advisory Committee on Technical Service do Conselho Mundial de Igrejas. Em colaboração com o Committee of Refugies das Nações Unidas, ajudamos a promover a primeira imigração dos coreanos para o Brasil, logo depois do armistício na guerra entre o Sul e o Norte, que ainda não terminou como sempre noticiado até recentemente. A Coreia estava arrasada, quase perdendo a sua identidade. Os contados seguintes foram em torno de 1985, quando supervisionava inclusive o escritório de Seul de uma trading brasileira com muitas viagens para aquele país. Eles foram renovados recentemente com a presença do embaixador Edmundo Fujita, meu amigo pessoal, como representante do Brasil naquele país.
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29 de abril de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: artigo de Yuriko Koike, dificuldades adicionais, política japonesa com capacidade de análise
Yuriko Koike escreve regularmente para o Project Syndicate. Ela é uma influente parlamentar japonesa, de origem acadêmica, que já foi ministra da defesa do Japão e continua desempenhando um papel importante na formulação da política externa do seu país como uma das líderes do seu partido, que está atualmente no comando do governo. Ela comenta a recusa da China em participar dos entendimentos anuais de cúpula com o Japão e a Coreia do Sul visando resolver os problemas existentes, ainda que seja a região mais dinâmica do mundo no momento, o que não é nada bom. Segundo ela, seria uma oportunidade para a criação de um mecanismo trilateral para diálogo institucionalizado entre os três grandes da região.
Estas reuniões de cúpula costumam ser aproveitadas para assinar acordos e não para iniciar as difíceis negociações entre os três países no momento de elevada tensão. A oportunidade poderia ser aproveitada para aumentar a estabilidade estratégica na região, mas parece que as tensões vão continuar. Seria uma sinalização para as suas populações da crescente interdependência econômica entre as três economias, no comércio, nos investimentos e nas cadeias de produção, como não poderia ser imaginado há 20 anos, como ocorreu na Europa depois da Segunda Guerra Mundial.
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25 de abril de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: as tensões políticas no Extremo Oriente, as visitas de políticos japoneses ao templo Yasukuni, reações da Coreia e da China
Os resquícios da Segunda Guerra Mundial e de conflitos anteriores permanecem dificultando as relações entre o Japão, a China e a Coreia. Os jornais da região registram as costumeiras visitas dos políticos japoneses ao templo Yasukuni, que guarda os restos mortais de heróis japoneses, inclusive de alguns que foram considerados criminosos do último conflito mundial. Na atual situação onde as disputas sobre ilhas entre o Japão e a China e o Japão e a Coreia, estes problemas que já deveriam ser considerados corriqueiros acabam ganhando uma expressão mais forte, acirrando os sentimentos nacionalistas, principalmente entre as três nações do Extremo Oriente.
As notícias informam que o primeiro-ministro Shinzo Abe e o ex-primeiro-ministro Taro Abe, atualmente encarregado da política econômica japonesa, acabaram sendo acompanhados por visitas ao templo por mais 160 parlamentares, fazendo com que o ministro das relações exteriores da Coreia chamasse o embaixador japonês para explicações. Os jornais japoneses informam que o atual governo endurece a política externa, notadamente com seus vizinhos chineses e coreanos. Tudo isto está ligado à próxima eleição prevista para agosto, quando a maioria na Camara Alta está em disputa.
O polêmico Templo Yasukuni localizado em Tóquio
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11 de abril de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: as insuficiências dos BRICS, irritante arrogância de um professor de Harvard, o papel dos Estados Unidos e da Europa
Um artigo publicado por Dani Rodrik, da Universidade de Harvard, no site do Project Syndicate, infelizmente, continua dando uma mostra da arrogância de alguns acadêmicos do mundo desenvolvido, ignorando os seus próprios aspectos que deveriam ser condenados. Ele lamenta que a reunião de cúpula dos BRICS na África do Sul resultou numa “obsoleta” proposição da criação de um novo banco de desenvolvimento para financiar os projetos de infraestrutura, algo que se assemelha a proposição dos idos 1950, informando que se esperava que os países emergentes assumissem maior importância desempenhando um papel mais relevante no mundo contemporâneo, o que pode ser uma parte pequena da discutível verdade. Adicionalmente, teria se criado uma reserva de US$ 100 bilhões de dólares para lidar com os problemas de liquidez que porventura se apresentem, originária do mundo desenvolvido.
Segundo este autor, a economia global tem operado até agora sob um conjunto de ideias e instituições que emanaram dos países avançados do Ocidente, o que não parece uma colocação das mais corretas e felizes. Arrogantemente, ele atribui aos Estados Unidos a doutrina liberal oferecida ao mundo, o multilateralismo em cujas regras o sistema mundial vem funcionando, ao que poderia ser acrescentar mal. E a Europa trouxe os valores democráticos, a solidariedade social e a engenharia institucional que permitiu criar a União Europeia. Parecem ideias parciais e uma desconsideração pela longa história da humanidade que ainda mal começava a se formar, quando outras civilizações asiáticas já tinham registrado avanços expressivos. Suas declarações poderiam gerar inúmeras contestações, dos mais variados ângulos, mesmo não se desejando gerar mais polêmicas.
Dani Rodrik
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8 de abril de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: artigo no suplemento da Folha de S.Paulo, finalidade da educação, reprodução do artigo de Peter Catapano no The New York Times
As discussões sobre a educação dos filhos ganham relevância num período em que, tudo indica, há uma exagerada valorização dos avanços tecnológicos em algumas sociedades, notadamente na área eletrônica. Os europeus parecem continuar a valorizar as formações mais humanísticas, muitos asiáticos que receberam uma influência dos ensinamentos de Confúcio valorizam a educação em si, mas também existem os que exageram nas exigências de elevadas performances econômicas. O artigo de Peter Catapano publicado no The New York Times e reproduzido no suplemento da Folha de S.Paulo proporciona a oportunidade para sua discussão.
Parece evidente que as crianças atuais, antes mesmo de frequentarem as primeiras escolas, são atraídas pelos variados instrumentos eletrônicos e digitais utilizados pelos seus pais, cujas imagens as fascinam antes mesmo que tenham uma razoável compreensão de como eles funcionam. Os métodos tradicionais de educação que seus pais receberam acabam parecendo obsoletos, mas os exemplos dados pelos pais parecem continuar válidos na formação básica de suas personalidades. Os atuais pais destas crianças possuem valores diferenciados, sendo que os norte-americanos parecem tender a valorizar exageradamente as eficiências econômicas, com extremos de especializações, ao lado de uma liberdade individual também muito flexível, que com a redução dos filhos, parecem assumir o comando até dos seus pais.
Peter Catapano
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8 de abril de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: noroeste da China, região autônoma no Xinjiang Uygur, Rota da Seda, Tashi Kuergan Tajik
Muitos sabem que os han são apenas uma das etnias que representam a quase totalidade da população chinesa, mas que existem dezenas de etnias que são totalmente diferentes fazendo parte desta gigantesca China. Um interessantíssimo e curto artigo de Li Xinzhao publicado no China Daily dá uma mostra fotográfica destas diferenças, muito expressiva. Trazem quatro fotografias dos últimos anos deste consagrado fotógrafo, constantes dos arquivos daquele jornal oficial da China, mostrando fisionomias que muitos não considerariam como de chineses.
Foram tiradas num condado autônomo de Tashi Kuergan Tajik, na região de Xinjiang Uigur, que tem uma longa história como uma das paradas da antiga Rota da Seda, que ligava a China à atual Europa, capturando as belezas dos seus povos esquecidos. Segundo o artigo, Tashi Kuergan significa fortaleza ou torre de pedra, informando que muitos estudiosos o consideram o verdadeiro início da viagem pela Rota da Seda, que oficialmente começa em Xian, antiga capital da China.
O fotografo Li Xinzhao recebeu informações sobre esta região e a visitou por meses colhendo uma rica coleção de fotos, tanto das paisagens, mas com destaque para as pessoas que lá encontrou, para a nossa admiração, utilizando avançados equipamentos especializados. Segundo ele, “meu impulso criativo era capturar a simplicidade imaculada da vida da tribo e cultura”.
Esta cultura e o meio ambiente estão correndo hoje o risco de extinção, diante do processo de globalização e redução da ampla biodiversidade que ainda existe na China, como no Brasil. Estas fotos mereceram o maior destaque na Exposição de Arte Fotográfica Nacional da China de número 24, considerado um dos mais importantes eventos de fotografias daquele país, e quiçá do mundo.
Esforço idêntico deve ser feito no Brasil, pois do que tive a oportunidade de conhecer nos mais afastados rincões deste país, observo a lamentável uniformização que está ocorrendo rapidamente com as facilidades dos meios de comunicação como a televisão, que já reduziram os sotaques regionais que distinguiam, por exemplo, os gaúchos e catarinenses.
Já não se distingue os nordestinos, as diferenças dos baianos e dos mineiros, com o que se encontra em grandes centros como o Rio de Janeiro ou São Paulo. Estamos perdendo não somente a forma de falarmos e os seus diferentes acentos, como até as fisionomias e formas de comportamento, fazendo com que lamentáveis padrões que são aceitáveis nas praias cariocas sejam rapidamente copiados até o Acre ou Roraima.
Seria de vital importância que estas diferenças, principalmente nas localidades rurais deste vasto Brasil, fossem registradas, antes que sejam absorvidas, nacionalizadas ou globalizadas, reduzindo a ampla riqueza da nossa biodiversidade.
8 de abril de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: aspectos positivos, Joseph Stiglitz no Project Syndicate, os custos da política, outros aspectos positivos, predominância de torcidas | 2 Comentários »
Um apoio expressivo de um Prêmio Nobel de Economia como Joseph E.Stiglitz à política econômica japonesa que está sendo chamada de Abenomics ajuda a consolidar importantes condições para o seu sucesso, ainda que sejam evidentes os que devem arcar com seus custos. O aspecto que parece mais importante é que isto está motivando o setor empresarial japonês que há tempos aguarda por sinais para a recuperação de sua econômica. Joseph Stiglitz afirma que ele vem propondo algo semelhante para os Estados Unidos e a Europa, vendo uma consistência entre aspectos monetários e cambiais, com a fiscal e estrutural, ainda que se possa colocar em dúvida a fiscal. Ela vai acrescentar mais dispêndios, esperando-se que a dívida pública seja reduzida em termos reais por aumento da inflação, ou seja, um imposto não explícito sobre a população, que vai sofrer quedas de salários reais e redução dos seus ativos financeiros, que não podem ser desprezados do ponto de vista político.
Se a política conseguir despertar o espírito animal dos empresários para expandir suas atividades exportadoras e seus investimentos, como parece que está ocorrendo, aumentar os consumos da população com os riscos das perdas sobre suas poupanças, há possibilidades de sucesso desta política. Mas, parece difícil que simultaneamente os Estados Unidos, a Europa e o Japão continuem desvalorizando seus câmbios e ampliando suas exportações, com ganhos para todos. Uma surda resistência política da população poderá ocorrer, ainda que os empresários tenham uma forte influência sobre o estado de espírito da população como um todo, utilizando todos os meios de comunicação social, que até o momento não vem revelando grande entusiasmo.
Joseph Stiglitz
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6 de abril de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: além das notícias positivas da China, artigo de Claudia Safatle, novo comando de Xi Jiping e Li Keqiang, tarefas hercúleas, visita à China
O mundo acostumou-se com as notícias que só informam os aspectos positivos da China, que são muitos, mas os desafios que enfrentam são também gigantescos. Metade da população chinesa ainda encontra-se no campo, a renda per capita média do país é a metade da brasileira, com uma distribuição de renda pior. Claudia Safatle foi uma das poucas convidadas para visitar a China quando da entrevista coletiva para a imprensa internacional dada pelo presidente Xi Jinping e, além dos seus muitos artigos já publicados, ela apresenta no suplemento Eu & Fim de Semana do Valor Econômico um quadro mais completo do que observou pessoalmente naquele país. Principalmente com a entrevista com o diretor Zhang Yuyan, do Instituto de Economia e Política Mundial da Academia Chinesa de Ciências Sociais.
Os desafios dos novos líderes, presidente Xi Jinping e primeiro-ministro Li Keqiang, são das dimensões chinesas, necessitando reformar sua economia que se sustentava com suas exportações e passam a depender fortemente da expansão do mercado interno. Resume-se o quadro com uma população estimada em 1,3 bilhão de habitantes, renda per capita média anual de US$ 6.100, 56 etnias diferentes e 130 milhões de habitantes abaixo da linha de pobreza absoluta, que vivem com menos de US$ 1 por dia. O governo trabalha perseguindo um crescimento de 7,5% ao ano para dobrar a sua renda per capita, que se igualaria a brasileira em 2020, levando 700 milhões de trabalhadores do campo para o regime de previdência social.
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