19 de dezembro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: dificuldades, insistências que provocam mudanças, intenções dos eleitos no Japão, vendas de armas nos EUA
Existe um famoso ditado que diz: “água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”. A resistência da National Riffle Association of America para qualquer restrição às vendas de armas, que vem da cultura do velho oeste e está na Constituição dos Estados Unidos, diante da repetição de tantas calamidades insanas nas escolas como agora em Sandy Hook, parece que começar a ceder, no mínimo quanto aos rifles de repetição. A esperança é que acabe se estendendo para o controle de vendas de armas para a sua população, pois, como afirma o presidente Barack Obama, é preciso que as autoridades tomem medidas objetivas para tentar reverter este quadro de paranoia.
Nas eleições japonesas, o PLD – Partido Liberal Democrata hoje comandada pelo ex-premiê Shinzo Abe, teve uma vitória arrasadora. Este partido esteve no comando do Japão pela maioria dos períodos depois da Segunda Guerra Mundial, e acabou sendo derrotado pelo DPJ – Partido Democrático do Japão e outros oposicionistas, inclusive o Partido Socialista, diante da sua incapacidade de oferecer um programa que mantivesse a sua economia, acabando por passar o Japão por duas décadas perdidas. As esperanças se renovam, com a desvalorização do yen, o apoio do Japan Keidanren – cúpula empresarial do Japão e da poderosa burocracia governamental, ainda que as dificuldades sejam muitas, e nem tudo que foi prometido durante a campanha eleitoral tenha viabilidade, como a adoção de uma linha nacionalista para resolver as disputas de ilhas com a China e a Coreia.
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17 de dezembro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: cuidados a serem tomados, significado segundo editorial do Nikkei, vitória arrasadora do PLD | 2 Comentários »
À primeira vista, a vitória do PLD – Partido Liberal Democrata do Japão na eleição para a Câmara Baixa do último domingo foi arrasadora e com a sua tradicional coligação com o Komeito, partido de cunho religioso, teriam a maioria absoluta de dois terços, permitindo reformas significativas com um governo com forte suporte eleitoral. Anuncia-se que o novo governo a ser formalizado no próximo dia 26 de dezembro, que deverá ser comandado pelo presidente do PLD, Shinzo Abe, que já foi primeiro-ministro por um curto período, perseguiria a ativação da economia japonesa, promovendo uma desvalorização do yen, entre as medidas prioritárias, além de procurar adotar uma posição mais nacionalista. No entanto, o editorial do equilibrado jornal econômico japonês Nikkei, que deveria ser simpático ao PLD, adverte sobre o real significado do resultado eleitoral.
De um lado, como o voto no Japão é voluntário e compareceram 10% de eleitores menos que na eleição geral anterior de agosto de 2009, apesar da criação de novos partidos, deve-se compreender que a população não está satisfeita com a sua classe política. A leitura dos resultados deve ser que os eleitores votaram contra o atual governo do DPJ – Partido Democrata do Japão, que não conseguiu cumprir sua plataforma eleitoral apresentado nas eleições anteriores e organizar um governo razoável em coligação com outros partidos, e sofreu uma sensível diminuição dos seus representantes nestas eleições.
Shinzo Abe
O atual governo não conseguiu melhorar a situação das famílias japonesas, apesar das suas promessas, sofrendo com a falta de recursos, em parte diante das dificuldades econômicas mundiais. Muitas disputas internas do partido prejudicaram seus resultados. A reforma fiscal não foi apoiada por muitos dos seus representantes que preferiram deixar o DPJ. Não conseguiram administrar a presença das tropas norte-americanas no Japão, e teve atritos com os burocratas, sendo atingido pelas consequências das catástrofes naturais no nordeste do Japão. Muitos dos seus líderes não foram reeleitos, e perderam mais de 80% de suas cadeiras, que eram de 308 representantes.
Segundo o editorial do Nikkei, o verdadeiro teste para o PLD deverá ocorrer nas eleições da Câmara Alta, em agosto do próximo ano. O PLD, mesmo coligado com o Komeito, não possui maioria atualmente no que corresponde em outros países ao Senado Federal. Entende que os eleitores não votaram no último domingo no PLD, mas na opção que achavam menos ruins.
Os atritos com a China e a Coreia, pelas disputas de ilhas, fizeram com que muitos eleitores conservadores votassem no PLD. O seu presidente necessita formar um gabinete com nomes expressivos que possam resolver os problemas japoneses internos e externos.
Segundo o editorial, o Japão precisa romper com a política que não pode decidir sobre assuntos fundamentais, mantendo-se iludido por muitos anos. Se os representantes eleitos no último domingo não tiverem a consciência da importância política dos assuntos a serem decididos, o destino do Japão pode estar em perigo.
São muitos os analistas no exterior que imaginam que o Japão precisa estabelecer uma política clara, tanto para cuidar de sua economia e assuntos internos como também definir o seu posicionamento externo, reduzindo a sua dependência da aliança com outros países, notadamente os Estados Unidos que não têm mais condições de manter a segurança de todo o Pacífico.
14 de dezembro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: a melhoria da expectativa de vida no Brasil, aumento percentual de idosos na população, indicadores do desenvolvimento, problemas a serem superados
As informações sobre a evolução demográfica estão entre os indicadores mais estáveis e seguros sobre o desenvolvimento econômico e social que se processa num país. Os dados censitários e as demais informações estatísticas disponíveis no Brasil surpreendem pelas melhorias sensíveis que estão ocorrendo recentemente, fazendo com que em 2011 a expectativa de vida ao nascer dos homens brasileiros ao nascer fosse de 70,6 anos e das mulheres de 77,7 anos, aproximando-se rapidamente dos mais elevados no mundo. Estes dados foram divulgados num artigo do UOL em fins de novembro último, com base nos dados do IBGE, órgão oficial de estatísticas no Brasil. No Japão, para este ano de 2012, estima-se a mesma expectativa ao nascer em 80,57 anos para os homens e 87,84 anos para as mulheres, mostrando que ainda há uma grande distância entre os dois países.
Um dos fatores que vem melhorando sensivelmente é a taxa de mortalidade infantil, que é calculada com as mortes até um ano de vida, que era de 19,4 óbitos em 2010 e já baixou para 16,1 em 2011, segundo um artigo publicado pela UOL com base nos dados fornecidos pelo IBGE. Entre os fatores que influenciam nestas melhoras estão os relacionados com os avanços nos serviços sanitários, principalmente no fornecimento de água potável, além dos serviços de saúde que se tornam disponíveis nas áreas menos desenvolvidas do país.
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14 de dezembro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: condições para um entendimento sobre as reformas fiscais, encargos das dívidas públicas estaduais, o ICMS interestadual, outros problemas, royalties sobre a extração do petróleo, tarifas das energias elétricas
Para muitos que não são especialistas no assunto, as longas discussões que não permitem a efetivação de um mínimo de aperfeiçoamento no sistema fiscal brasileiro acabam parecendo um mistério. A primeira explicação necessária é que quando da última reforma de vulto em 1967, quando os antigos impostos de vendas e consignações que eram as fontes básicas das receitas estaduais, transformadas em ICMS – Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços, que era entendido como mais atualizado por ser um posto sobre valor adicionado, mesmo com a assistência dos melhores especialistas internacionais, não se conseguiu identificar que este tipo de imposto não se ajustava a Federações como o Brasil. Para superar suas principais dificuldades, foi criado o Confaz – Conselho das Secretarias de Fazenda dos Estados que exigia unanimidade nas suas decisões, o que era facilitado num regime autoritário. Com a volta da democracia plena, acabou acelerando-se as guerras fiscais dos estados para atraírem atividades econômicas para os seus territórios, fazendo com que o ICMS funcionasse como uma espécie de barreira alfandegária.
Hoje, apesar do constante pessimismo sobre um mínimo de entendimento, os problemas são tantos que, pragmaticamente, para a sobrevivência da Federação acaba se impondo a necessidade de algum tipo de acordo. Mesmo com suas dificuldades, tudo indica que uma taxa de 4% sobre as operações interestaduais acabará se impondo, com algumas compensações para os mais críticos estados importadores. Como as dívidas dos Estados para com a União tornaram se impagáveis, no mínimo uma redução dos encargos e ampliação dos prazos de amortização devem acabar prevalecendo. As atuais discussões sobre os royalties sobre as produções de petróleo e as reduções das tarifas sobre energia elétrica acabam engrossando o caldo da necessidade de um mínimo de entendimento, ainda que as opiniões sejam diversas e os interesses envolvidos sejam enormes. A atual situação tornou-se insustentável.
Mesmo com os interesses políticos divergentes, tanto do atual governo federal como de muitos Estados, tanto no presente como nas próximas eleições, a necessidade dos aperfeiçoamentos mínimos é tamanha que vai obrigando a todos negociarem o que é possível, não o que é desejável. Todos acabarão sendo prejudicados sem uma grande revisão.
Parece que a taxa interestadual do ICMS parece mais próxima de ser conseguida, e os estados e a União estão próximos de um acordo possível, notadamente no que se refere ao encargo da dívida pública das unidades federativas, até porque a taxa de juros no país vem se reduzindo.
A redistribuição dos royalties, mesmo com o Congresso dominado pelos estados não produtores, acabará se restringindo ao futuro, pois dificilmente o STF – Supremo Tribunal Federal poderá reformar o que já vem de acordos passados.
Isto tudo ainda não está no nível do desejável, pois a complexidade do sistema tributário brasileiro exige medidas de suas simplificações para manter o Brasil competitivo. Mas, seria um primeiro passo importante, e não se pode entender que as autoridades fazendárias dos estados e da União sejam incapazes a um mínimo de entendimento, dentro do pragmatismo que vem prevalecendo no país nas últimas décadas.
Que todos possam ajudar no sentido de permitir que prevaleça o mínimo de racionalidade, em benefício de toda a população brasileira.
11 de dezembro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: artigo de Joseph S. Nye no Project Syndicate, o papel dos imigrantes nos Estados Unidos, outros efeitos, paralelos com o Brasil
Um importante artigo de Joseph S. Nye, que além de cargos importantes mantém o título de professor da Universidade de Harvard, foi publicado pelo Project Syndicate. Ele trata da importância dos imigrantes para o desenvolvimento dos Estados Unidos, e constata que os votos deles permitiram a vitória recente de Barack Obama nas eleições. Isto está forçando o Partido Republicano a rever a sua política com relação ao assunto. Ele recorda que houve diversos períodos em que os norte-americanos impuseram restrições à imigração, ainda que seu desenvolvimento se deva em grande parte à sua contribuição, pois os nativos são poucos. Nos períodos recessivos estas tendências acabam se manifestando mais acentuadamente.
Segundo os dados censitários norte-americanos, a sua população deve continuar a terceira do mundo, após a China e a Índia. Em 2050, os brancos não hispânicos terão somente uma ligeira maioria, sendo que os hispânicos serão 25%, os afro-americanos 14% e asiático-americanos 8%, contribuindo para manter o poder mundial dos Estados Unidos. As análises mostram que existe uma forte correlação entre os vistos concedidos para a imigração qualificada e as patentes obtidas pelo país. Os imigrantes chineses e indianos tinham uma participação de um quarto dos empregos no Vale do Silício. Em 2010, das 500 companhias listadas pelo Fortune, cerca de 40% foram fundadas pelos imigrantes e seus filhos.
Professor Joseph S. Nye
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11 de dezembro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: amplas necessidades, artigo sobre submarinos no Valor Econômico, necessidade fundamental, parcerias estratégicas, Tecnologia
A visita da presidente Dilma Rousseff à França deve ampliar as áreas de cooperação tecnológica com o Brasil, envolvendo a sensível área da defesa nacional. O Brasil é um dos países emergentes que está fazendo pesados investimentos na sua gigantesca plataforma marítima, e grande parcela das reservas no chamado pré-sal fica fora dos limites das águas territoriais aceitas por muitas potências, inclusive os Estados Unidos. Para a adequada defesa dos seus interesses legítimos, pesados investimentos necessitam ser feitos, incluindo submarinos cujas tecnologias de construção precisam ser dominadas. A parceria com a França é tradicional em diversos setores e por, envolverem potências militares intermediárias, os riscos envolvidos são menores. Outros países se mostram interessados no intercâmbio com o Brasil que deverá despender mais de R$ 200 bilhões no equipamento de sua defesa nos próximos 20 anos.
Apesar de sempre haver respeitáveis vozes contrárias, tanto de pacifistas, conservacionistas como dos que se preocupam com razão das limitações orçamentárias, um país que pretenda ser independente não pode prescindir de cuidar da sua própria defesa externa. As tensões atuais na Ásia mostram que, ainda que a duras penas, os países como o Brasil são obrigados a fazerem tais investimentos, capacitando-se tecnologicamente. O artigo de Assis Moreira que visitou Cherbourg, na França, publicado no Valor Econômico, relata parte desta importante história.
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11 de dezembro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: facilitar os contatos, menor aparato e privilégios, simbolismo, The Wall Street Journal e sua interpretação, visita de Xi Jinping em toda a imprensa mundial
Todos sabem que na Ásia o simbolismo é muito importante para informar à população sobre o que um governo pretende em sua política. A primeira viagem de Xi Jinping a Shenzhen, já como novo secretário-geral do Partido Comunista e comandante máximo das forças militares da China, dá demonstrações públicas da linha a ser perseguida no seu governo, quando deverá ser confirmado como novo presidente nos primeiros meses de 2013. No artigo publicado por Jeremy Page no The Wall Street Journal informa-se sobre a volta de Xi Jinping à cidade de Shenzhen, em Guangdong, onde ele iniciou a sua carreira como um dos “príncipes” entre os líderes chineses.
Pode-se acrescentar que foi lá que, com o apoio de idosos chineses originários da região que enriqueceram no exterior, ele conseguiu que uma das primeiras zonas especiais tivesse sucesso na China, dentro da nova orientação que era inaugurada por Deng Xiaoping há três décadas. Xi Jinping foi pagar os seus respeitos para seu falecido pai, bem como a viagem feita pelo Deng Xiaoping em 1992 à cidade impulsionando a utilização dos mecanismos de mercado. Ele depositou uma coroa de flores na estátua de Deng Xiaoping existente na cidade. Dispensou as honrarias que são concedidas aos altos dignitários chineses, trânsito livre para sua comitiva como procurou se tornar acessível para conversas, marcando sua primeira viagem oficial com marcantes diferenças com seu antecessor, Hu Jintao.
Visita de Xi Jinping a Shenzhen
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7 de dezembro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: distribuição dos royalties do petróleo, outros artigos do The Economist sobre o Brasil, resultados da política econômica
A revista The Economist, além de artigo resumo que funciona como um editorial costuma divulgar outros que aprofundam temas específicos quando um país merece atenções. É o caso do presente número deste fim de semana daquela revista, que, além do artigo já comentado neste site, publica um artigo sobre a longa espera da recuperação de sua economia, além da disputa sobre os royalties decorrentes da exploração do petróleo, onde o que foi aprovado pelo Congresso recebeu vetos da presidente Dilma Rousseff que ainda deverá ser apreciado.
O artigo sobre os resultados em crescimento obtidos pela política econômica atribuída ao ministro Guido Mantega são considerados medíocres, ainda que todos saibam que ele está no cargo por ser um fiel executor da orientação adotada pela presidente Dilma Rousseff. Mas ele tem se exposto mais do que seria conveniente, fazendo projeções exageradamente otimistas mesmo no quadro difícil que não é somente o do Brasil, mas de muitos países no mundo. Todos esperavam que os resultados do terceiro trimestre deste ano fossem melhores, o que deixa uma sombra para 2013, pelo que se costuma chamar de “carry over”, ou seja, a simples manutenção do patamar atingido neste final do ano.
Gráfico publicado no The Economist, com projeções feitas por 100 economistas
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6 de dezembro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: avaliações de Sean W.Burges, colocações do embaixador chinês, posição do ex-ministro Sérgio Amaral, última reunião do Conselho Brasil China
As relações da China com os outros países do mundo são sempre polêmicas. Sean W.Burges, canadense, pesquisador sênior do Centro Nacional de Estudos Latino-Americanos da Universidade Nacional da Austrália, publicou um artigo no O Estado de S.Paulo, fazendo sua avaliação do que teria ocorrido na última reunião do Conselho Empresarial Brasil – China. Segundo ele, o Brasil como diversos outros países no mundo tenta fazer frente às exportações chinesas. Ele notou, como muitos analistas críticos ao comportamento da China, sinais sutis que denotam que aquele país tenta transformar o Brasil num país vassalo.
Segundo ele, o embaixador da China no Brasil, Li Jinzhang, usou antigas estratégias imperiais e recados indiretos para enfatizar a diferença de forças entre os dois países, falando em mandarim. Segundo o articulista, a mensagem era clara: os brasileiros teriam que se adaptar aos métodos chineses e suas prioridades. Os empresários brasileiros presentes foram sutis na afirmação sobre o protecionismo chinês quando eles reclamam das restrições brasileiras às importações da China.
Li Jinzhang e Sergio Amaral
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6 de dezembro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: o segundo mandato de Dilma Rousseff, opinião franca sobre a equipe econômica, The Economist sobre a economia brasileira
A respeitável revista The Economist, na edição que está sendo distribuída neste fim de semana, expressa sua opinião dura e franca sobre o que está ocorrendo na economia brasileira. Referindo-se a quebra de confiança que estaria ocorrendo no Brasil, expressa que se Dilma Rousseff aspira um segundo mandato necessita substituir a sua equipe econômica, diante do desgaste provocado pelas previsões exageradamente otimistas do ministro da Fazenda Guido Mantega. Afirma que, quando ela foi eleita, a economia brasileira estava crescendo, mas as estimativas de expansão para este terceiro trimestre deste ano é de somente 0,6%, que considera a de uma “criatura moribunda”.
Segundo a revista, muitos analistas esperam um crescimento modesto de 1,5% no total deste ano, e não mais que 3% no próximo ano. A expressão B de Brasil no BRICs era de uma economia em rápido crescimento. Os motores do crescimento da década passada, segundo The Economist, desapareceram. Os preços das commodities exportadas pelo Brasil, ainda que permaneçam elevados, não são mais crescentes. Os consumidores estão pagando suas dívidas com as quais haviam comprado automóveis e televisões. O baixo desemprego atual significa que não se dispõe de recursos humanos ociosos que possam ser empregados nas novas atividades.
Presidente Dilma Rousseff
Em vez de depender do consumo, o crescimento agora necessita vir de uma melhoria na produtividade e aumento de investimentos. Haveria necessidade de remover o “custo Brasil”: a combinação de burocracia, impostos pesados, crédito caro, infraestrutura deficiente e câmbio sobrevalorizado que está punindo os negócios no país, segundo a revista.
The Economist admite que Dilma Rousseff reconheçe a necessidade de melhorar a competitividade do Brasil. Sua equipe econômica afirma que o objetivo é enfatizar o lado da oferta, com investimentos liderando a recuperação. O Banco Central reduziu os juros em 5,25 pontos percentuais nos últimos 15 meses, chegando a 7,25%, apenas dois pontos acima da inflação. Isto ajudou a enfraquecer a moeda local, para ajudar a indústria brasileira. O governo reduziu alguns impostos para as manufaturas, mas não nos serviços. Está tentando reduzir as tarifas de energia, e convidando o setor privado para parcerias nos aeroportos, rodovias e ferrovias.
Apesar de tudo isto, os investimentos têm caído a cada trimestre nos últimos cinco. Agora eles estão ao nível de 18,7% do PIB, contra 30% no Peru, 27% no Chile e na Colômbia, as economias que mais crescem na América Latina. O setor privado está cauteloso, pois o governo interfere demasiadamente nos negócios no Brasil. Como exemplo, o aparente desejo de baixar a remuneração dos bancos, do setor elétrico e outros fornecedores de serviços de infraestrutura, mais que seu predecessor, Lula da Silva. Dilma Rousseff aparenta acreditar que o Estado deve orientar os investimentos privados. Esta microintervenção corroeu a confiança, inclusive na política macroeconômica, segundo a revista.
Segundo o The Economist, deveria se liberar o espírito animal dos empresários, parando de interferir nos negócios privados. Em vez de continuar a reduzir os custos financeiros, reformulando as leis trabalhistas, haveria condições do setor privado tomar suas decisões. A preocupação é quem lidera as intervenções é a própria presidente Dilma Rousseff, mas ela insiste que é pragmática. Se for assim, poderá demitir o ministro Guido Mantega, que, com suas previsões exageradamente otimistas, perdeu a confiança dos investidores, para reganhar a confiança dos empresários.
Segundo a revista, a esperança de Dilma Rousseff é que o pleno emprego e o aumento do salário real sejam suficientes para assegurar a sua reeleição em 2014. Mas isto depende da retomada do crescimento. Lula conseguiu o segundo mandato retirando milhões de brasileiros da pobreza, e Fernando Henrique pela redução da inflação. E a Dilma Rousseff? Os eleitores podem julgar que tentando equilibrar tantas bolas, ela pode derrubar a maioria delas, segundo o The Economist, que tem uma longa experiência mundial, mesmo com sua posição mais liberal.
O fato objetivo parece que estas posições do The Economist precisam ser levadas a sério, pois sua influência em todo o mundo é significativa, e mesmo que muitas desconfianças sejam alimentadas por setores prejudicados pela atual política, ela existe, e não pode ser subestimada.