3 de abril de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: evento da ONU por iniciativa do Butão, FIB – Felicidade Bruta, Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, prêmios Nobel de Economia Joseph Stiglitz e Jeffey Sachs
Nem todos os analistas do mundo concordam que o PIB – Produto Interno Bruto utilizado por muitos economistas indicam o nível de bem-estar de um país. Assim, Butão criou em 1972 o FIB – Felicidade Interna Bruta, utilizando 72 variáveis para mensurar o bem-estar de sua população, e a sua discussão continua em andamento para fazer parte dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU, como propõe o prêmio Nobel Jeffrey Sachs. O assunto deve ser discutido no próximo Rio + 20 em junho próximo. Segundo os participantes destas conferências, ações para prevenir problemas ainda não vivenciados, mas previstos como inevitáveis, como as consequências das mudanças climáticas ou esgotamentos de recursos naturais devem ser debatidos, como foi colocado num artigo de Ana Cristina Duarte, publicado no O Globo.
Outro prêmio Nobel, Joseph Stiglitz, defende a sanção comercial aos Estados Unidos, pois sendo um dos maiores poluidores do mundo não aderem às metas que precisam ser estabelecidas para a redução da poluição, como vem acontecendo desde o Protocolo de Kyoto. Ele entende que um avanço na agenda sobre o assunto é indispensável mesmo sem o apoio daquele país.
Joseph Stiglitz e Jeffrey Sachs
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2 de abril de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: artigo do Financial Times, dificuldades nos relacionamentos apesar das conveniências, ponto de inflexão no relacionamento bilateral
Aproxima-se a data em que a presidente Dilma Rousseff deve fazer uma visita oficial aos Estados Unidos e certamente a pauta dos assuntos a serem tratados é extensa e importante. Mas não se devem aguardar grandes avanços nas relações bilaterais destes dois maiores países das Américas, ainda que pequenos gestos possam dar sinais que estes entendimentos estão subindo de patamar. Os Estados Unidos encontram-se num ano eleitoral e o Brasil não é um país que perfila automaticamente com algumas posições de política internacional daquele país, possuindo uma posição própria e independente. Joe Leahy, do Financial Times, trata destes assuntos num artigo, mostrando que existem muito mais assuntos que os comerciais, onde as cifras com a China estão superando a destes gigantes das Américas.
Existem interesses norte-americanos no fornecimento de aviões, do mesmo modo que fornecimentos brasileiros foram suspensos. Sobre o etanol brasileiro foram suspensas as tarifas, mas o Brasil é hoje importador deste produto. A reivindicação brasileira de um assento permanente no Conselho de Segurança, sem sacrificar a sua neutralidade, pode ser um ponto importante, que ainda encontra resistência por parte da China.
Barack Obama e Dilma Rousseff
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2 de abril de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: a força do exemplo realizado, além do discurso, contribuições relevantes
Muitos analistas estão enfatizando somente os discursos feitos pelo Brasil e parceiros na última reunião dos BRICS, países com características diferentes, sem reconhecer devidamente as ações concretas dos brasileiros e de outros membros do grupo que contribuem para o novo cenário internacional. É evidente que as críticas às políticas adotadas pelos países já desenvolvidos ficaram mais explícitas. Elas geraram problemas financeiros para muitos e agora só estão remediando alguns dos seus próprios problemas, sem contribuir para a melhoria do quadro geral mundial e até pelo contrário, mas este não parece ser o ponto principal do que está acontecendo no mundo.
Na realidade, os países emergentes estão ampliando seus mercados internos e promovendo a sensível melhoria de distribuição de renda na sua economia, como é marcante no exemplo do Brasil, até dentro de um quadro de sólida consolidação democrática do ponto de vista político. A troca de experiências entre os países membros do BRICS pode ajudar na melhoria da política em cada de um deles que apresentam limitações diferentes.
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29 de março de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: cobertura da China Daily, Financial Times, pouco destaque na imprensa brasileira
Há um reconhecimento geral de que o BRICS é só um grupamento de países que foram reconhecidos como emergentes, de grandes dimensões geográficas. Eles têm poucos interesses em comum, sendo difícil operacionalizar uma ação coletiva destes cinco países, o Brasil, a Rússia, a Índia, a China e a África do Sul. A sua última reunião de cúpula realizada em Nova Delhi mereceu pouca cobertura da imprensa brasileira, que acabou se concentrando mais no discurso que a presidente Dilma Rousseff fez quando recebeu da Universidade de Delhi o título de doutora honorária, quando insistiu contra o tsunami monetário como já vem fazendo há algum tempo. E os contatos bilaterais do Brasil com a Índia, cujas dimensões não justificam os atuais volumes de transações comerciais e investimentos diretos recíprocos ainda muito baixos.
O China Daily destacou, naturalmente, os discursos de Hu Jintao que pediam uma maior confiança política entre os países membros apelando por compromissos com desenvolvimentos comuns e promoção da prosperidade dos países membros, intensificando suas cooperações. Não se conseguiu um consenso sobre a ideia de um banco de desenvolvimento cogitado para tanto, onde a China e Índia contam com maiores interesses, concordando-se que este assunto seria estudado mais profundamente.
Dilma Rousseff recebeu o titulo de honoris causa e com os quatro presidentes dos países do Brics
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28 de março de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: câmbio no OMC, dificuldades no consenso, reunião dos BRICS
Para sair do atual “imbroglio” em que está envolvido o mundo, vêm sendo realizadas muitas tentativas, mas ainda não se encontrou um mecanismo adequado para a sua superação. No passado, problemas como o do realinhamento cambial eram decididos dentro do G7, onde os Estados Unidos podiam impor, com a ajuda dos mais poderosos parceiros europeus, uma valorização do iene japonês como ocorreu no Acordo de Plaza. O Brasil provocou uma reunião na OMC – Organismo Mundial do Comércio para discutir o efeito dos câmbios nos fluxos comerciais, mas com as acusações generalizadas, principalmente entre os norte-americanos e chineses, sugeriu-se que o assunto fosse discutido no G20, como está noticiado em diversos jornais. Entre eles, o Valor Econômico, num artigo do Assis Moreira, com o título “China defende acordo temporário sobre o câmbio”. Realiza-se a reunião do BRICS, mas não se atinge um consenso sobre a criação de um novo banco de desenvolvimento entre os seus membros, como noticia Sergio Leo no mesmo Valor Econômico.
Os organismos multinacionais como o FMI – Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial, e muitos outros que são considerados como componentes das Nações Unidas não conseguem a eficácia nas suas ações para equacionar estes problemas que estão afligindo a todos nesta economia globalizada. Com o desejo legítimo de todos os países participarem das decisões de medidas que os afetam, ainda não se atingiu um novo sistema de governança eficiente em escala global.
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27 de março de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: expectativas, ministro Marco Antonio Raupp na Fiesp, problemas, situação presente do Brasil | 2 Comentários »
O ministro Marco Antonio Raupp, um especialista em ciência e tecnologia já comprovado pelos seus trabalhos no Centro Tecnológico da Aeronáutica, em São José dos Campos – SP, fez uma ótima apresentação na Fiesp – Federação da Indústria do Estado de São Paulo. Mostrou uma situação preocupante do Brasil, onde na última década os investimentos em P& D são extremamente baixos quando comparados com os principais países desenvolvidos e emergentes como a China. Mostrou que as inovações, com os dados mais recentes disponíveis, ainda são baixos nos principais países da América Latina e mesmo dos chamados BRICS, com participação insignificante do setor privado.
Mostrou ainda que dos formados em ciências naturais e engenharia em 2008, o Brasil conta com uma participação insignificante, 3% na primeira especialização, e 2% na segunda, quando os outros concorrentes, principalmente a China, contam com 17% e 34% dos mesmos, e os países asiáticos em bloco, incluindo a Índia, Indonésia, Malásia, Filipinas, Cingapura, Coreia, Taiwan e Tailândia, estão com 26% e 17% respectivamente.
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26 de março de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: análises incompletas, mudanças substanciais, potenciais consequências
Todos os importantes jornais do mundo estão anunciando que Barack Obama indicou, em nome dos Estados Unidos, Jin Yong Kim, nascido coreano, mas criado em Iowa e reitor da prestigiosa Dartmouth College, como candidato à Presidência do Banco Mundial. Ele conta com um curriculum brilhante, formado na Universidade de Brown, médico e doutorado em antropologia em Harvard, tendo atuado em muitos países em desenvolvimento na área da saúde pública, mas sem experiência em finanças ou na diplomacia. Tradicionalmente, o Fundo Monetário Internacional fica sob o comando de uma personalidade indicada pelos países europeus e o Banco Mundial pelos norte-americanos que juntos possuem os votos suficientes para tanto. Mas está havendo uma forte pressão internacional para que estas decisões fiquem mais descentralizadas com a participação de outros países, refletindo as mudanças que estão se observando nas últimas décadas no mundo.
Outra candidata está sendo colocada na disputa, a nigeriana Ngozi Okonjo-Iweala. Ela já foi vice-presidente do Banco Mundial, ex-ministra das Finanças da Nigéria, é uma brilhante diplomada em Harvard com “magna cum laude” e com doutorado no MIT – Massachusetts Institute of Techonology em desenvolvimento econômico regional. No presente quadro, que está sofrendo pressões para ser alterado, os votos dos países, excluídos os europeus e norte-americanos, não são ainda suficientes para a sua vitória.
Jim Yong Kim, entre Hillary Clinton e Barack Obama / Ngozi Okonjo-Iweala
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26 de março de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: além das notícias sobre o evento, causas e consequências, pano de fundo
A opinião pública foi informada que houve uma gigantesca reunião de 28 empresários convidados com a presidente Dilma Rousseff na semana passada, mas quais foram às razões que a provocaram e quais serão as suas consequências? Ainda que uma equipe da revista Veja tenha efetuado numa longa entrevista com a presidente logo depois da mesma e Sérgio Leo, do Valor Econômico, tenha feito um resumo do evento na sua coluna semanal, somente alguns poucos pontos ficaram esclarecidos.
Já foram feitas diversas destas reuniões no passado, na tentativa de coordenação da ação governamental com as aspirações e ações do setor privado, com efeitos limitados. É sempre difícil que haja eficácia em reuniões desta magnitude sem um preparo prévio e adequado, sem que uma minuta de um documento seja submetida na tentativa de aprovação de uma posição razoavelmente consensual.
Reunião da presidente Dilma Rousseff com 28 empresários brasileiros.Foto: Sergio Lima/Folhapress
Tudo indica que a economia passa por um período de substanciais investimentos, com parte suportada pelo governo, com recursos orçamentários e financiamentos, e a maioria pelo setor privado. O governo encontra-se numa fase de contenção dos seus gastos para não agravar o seu endividamento, e enfrenta problemas de gestão em muitos dos seus projetos. E o setor privado conta com restrições decorrentes da alta tributação e confusa, juros altos ainda que em queda, inadequada infraestrutura, câmbio desfavorável e tudo que se convencionou chamar de “custo Brasil”, que limita sua competitividade com empreendimentos em outros países. Todos concordam com estes problemas agravados pelas condições externas. E alguns empresários aproveitam a plateia para manifestar seus investimentos futuros, com grande eloquência.
Ninguém seria ingênuo para concluir que um evento desta natureza seria suficiente para desencadear uma nova onda de investimentos, mesmo com as promessas governamentais de minorarem alguns dos problemas. A promessa de que tais reuniões se repetirão trimestralmente e que medidas adicionais do governo serão anunciadas brevemente confortam, mas ainda não são suficientes para entusiasmar e estimular o espírito animal dos empresários.
Mesmo aceitando-se que o papel aceita tudo, parece que seria conveniente que as próximas reuniões contem com diagnósticos claros dos principais problemas, as metas que serão perseguidas e os esboços das estratégias que serão adotadas pelo governo. Sendo os recursos sempre limitados, opções necessitam ser tomadas e elas são importantes como orientações para os demais empresários e investidores privados. Ainda que não sejam planos, as múltiplas mudanças de condições que se observam em todo o mundo ficariam com menores riscos se contarem com diretrizes claras. Até porque o Congresso, o Judiciário e principalmente a opinião pública também são relevantes.
Como os investimentos privados não serão feitos somente pelos 28 empresários que foram convidados para o evento, e os estrangeiros possuem um peso muito grande, seria interessante que uma ata resumida à semelhança das divulgadas depois do Copom fosse elaborada, principalmente porque a imprensa não teve acesso direto à reunião.
Em qualquer hipótese, a evolução dos sistemas de administração da economia brasileira, a demonstração que o Executivo está sensível a algumas das reivindicações do setor privado, o desejo manifesto que muitos empresários desejam ampliar os seus investimentos são confortadores. Seria interessante acrescentar que as principais economias emergentes que competem com o Brasil contam com Planos Quinquenais mais expressivos, refletindo a visão de longo prazo existente no país.
22 de março de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, Política | Tags: artigo do The Wall Street Journal, censuras na internet, depois da queda de Bo Xilai, manifestações conservadoras
Num artigo publicado por Josh Chin e Brian Spegele no The Wall Street Journal, reportam-se indícios que a disputa política continua na China, mesmo depois da queda do radical conservador Bo Xilai que foi removido do posto de secretário do Partido Comunista em Chongquing, ele que tinha pretensões para ocupar um posto no poderoso Politburo. As redes sociais continuam disseminando informações, com subterfúgios para superar a censura de alguns nomes, mostrando que o clima ainda continua tenso em Beijing, com boatos e rumores de diversas tendências.
Uma versão é que Zhou Yongkang, o chefe da segurança interna, que seria um forte partidário das posições de Bo Xilai e é atualmente um dos membros do Politburo, estaria disputando com o presidente Hu Jintao, que deverá deixar o cargo com a aposentadoria neste ano. O Partido Comunista depende da fachada de que mantém a unidade, e as fontes de rumores online irritam os censores. Entre eles, os disseminados em chinês, como os dos grupos que estariam ligados ao grupo religioso Falun Gong. Para fugir da censura, utilizam-se nomes que ligam com as personalidades desejadas indiretamente.
Bo Xilai e o chefe de segurança interna Zhou Yongkang, que seria partidário de suas ideias
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20 de março de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: artigo de Minxin Pei no Project Syndicate, condicionamentos políticos e históricos, distorções de outras análises semelhantes
Um novo artigo publicado por Minxin Pei, professor da Claremont Mc Kenna College, divulgado pelo prestigioso Project Syndicate expressa o ponto de vista do autor sobre as dificuldades de adoção das recomendações feitas pelo Banco Mundial sobre a China. Ele afirma que as reformas propostas, como o aumento da privatização das atuais estatais, não se ajustam aos interesses dos que dominam o Partido Comunista Chinês, que acomodam os seus 80 milhões de membros em organizações desta natureza.
Ainda que muitos dos diagnósticos possam estar corretos do ponto de vista técnico, como as diversas reformas políticas e econômicas para a continuidade do desenvolvimento da China até 2030, o autor entende que eles não cooptam os interesses da maioria dos interesses que dominam o país, correndo o risco de simplesmente serem ignorados. O Plano propõe que os gastos em serviços sociais se elevem em 7 a 8% por cento do PIB nos próximos 20 anos, quando a atual tributação já gira em torno de 35% do PIB, para atender as necessidades de custeio e investimentos.
Minxin Pei
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