24 de julho de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: artigo publicado no Project Syndicate, implicações mundiais, importante colocação de Joseph S.Nye
Poucos artigos foram tão felizes como este de Joseph S.Nye, chairman do US National Intelligence Council e professor da Universidade de Harvard, publicado no Project Syndicate, que esclarece a importância da independência energética que está sendo alcançada pelos Estados Unidos, com consequências em todo o mundo. Ele começa se referindo à intenção de Richard Nixon nos primeiros anos 1970 procurando a independência energética daquele país, mas que os diversos mandatários seguintes só conseguiram agravar a dependência do fornecimento externo, a preços 15 vezes mais elevados.
O autor afirma que o choque energético contribui para uma combinação letal da estagnação econômica e inflação, mas ninguém levou o assunto a sério. Os Estados Unidos importavam naquela época um quarto do petróleo necessário, e depois do embargo árabe e a revolução iraniana passaram a importar metade do que necessitavam. Hoje, a US Energy Information Administration estimam que a metade do petróleo bruto necessário seja produzida nos Estados Unidos no final desta década e 82% virá do lado americano do Atlântico.
Joseph S.Nye
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24 de julho de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: avanços orientais, interessante artigo de Dominique Moisi no Project Syndicate, novos equilíbrios, reações
Dominique Moisi é fundador do French Institute of International Affairs, professor do Institute d’Etudes Politiques e autor do livro The Geopolitics of Emotion: How Cultures of Fear, Humililiatin, and Hope are Resharping the World. Ele publicou o seu artigo “Como o Ocidente está se restabelecendo” (tradução livre) no Project Syndicate, cujas considerações merecem atenção. Todos sabem que a China, que ganhou notoriedade nas últimas décadas, já teve no final do século XIX e começo do XX um grande prestígio entre os intelectuais europeus, mas também apresenta seus pontos de vista aproveitando a sua arte elaborada no passado.
Já comentamos neste site a influência dos jesuítas na arte japonesa, que perdura até hoje, e o mesmo aconteceu em outras localidades como Macau, na China. Moise refere-se a uma prestigiosa exposição chinesa apresentada em Londres em 2005 na Royal Academy of Arts, que representa o que melhor expressa a cultura chinesa. O principal e gigantesco quadro do evento, de inspiração nas técnicas dos jesuítas, mostrava emissários ocidentais pagando respeito ao imperador chinês.
Dominique Moisi
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24 de julho de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: artigos do China Daily sobre os chineses na América do Sul, investimentos na Argentina, Sany | 2 Comentários »
Demonstrando a intensificação dos investimentos chineses na América do Sul, o China Daily publica dois artigos de Zhou Siyu, o primeiro sobre as atividades da Sany Heavy Industries em São José dos Campos, para a produção de equipamentos pesados de construção que competem com a Komatsu e com a Caterpillar. Ela espera dobrar suas vendas nesta parte do mundo, e já conta com 21 subsidiárias em todo o mundo, e cinco fábricas nos Estados Unidos, Alemanha, Índia, Brasil e Indonésia. Ela é a maior indústria de equipamentos pesados para construção na China, que detém nada menos que 50% da capacidade mundial neste segmento.
Já contam com 30% deste mercado no Brasil, à frente da Komatsu e da Caterpillar, e seus diretores afirmam que os equipamentos necessários no Brasil são similares aos da China. Visam atender obras como a da Copa do Mundo em 2014 e os Jogos Olímpicos em 2016. Suas vendas totais no mundo chegam a US$ 7,9 bilhões. Eles esperam melhorar a qualidade dos seus produtos e se tornarem competitivas internacionalmente. Sua base de produção no Brasil visa atender também países vizinhos como a Colômbia, Peru e Equador. Eles adquiriram a Putzmeister, um grande produtor alemão de bombas de concreto, investindo cerca de US$ 640 milhões.
Numa outra matéria, publica-se a foto de um estande brasileiro na Feira de Cantão, informando que, em 2010, US$ 17 bilhões foram investidos pelos chineses no Brasil, tornando-se o maior investidor estrangeiro neste país.
Mas a matéria refere-se ao gigantesco investimento conjunto da Shaanxi Coal & Chemical Industry, Shaanxi Xinyida Investiment e Jinduichang Molibdênio, totalizando US$ 1 bilhão em Rio Grande, na Argentina, para produzir 450 mil toneladas de amônia e 800 mil toneladas de ureia, portanto fertilizantes.
Mas com a crise argentina, as dificuldades começaram a aparecer, com equipamentos de construção proibidos de desembarcar naquele país. Os investimentos não podem ser realizados e o projeto se encontra paralisado.
Como a demanda de fertilizantes como a amônia e a ureia são vitais para o aumento da produção agrícola, não seria um absurdo se negociar a sua relocalização, inclusive para o abastecimento do Mercosul.
24 de julho de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Gastronomia, Notícias, Saúde, webtown | Tags: artigo no China Daily, expressivos avanços na culinária chinesa, grande diversidade
Não se trata de novidade, mas sempre existem novas leituras criativas, como a sofisticada e delicada combinação de diversos tipos de chás na alta e contemporânea culinária chinesa. Tanto na forma de infusão como pelo uso das folhas com alimentos, nas variadas formas que são utilizadas como bebidas. A finalidade acaba sendo a mesma, ao facilitar a digestão com a absorção das gorduras. O texto completo pode ser encontrado, em inglês, nas paginas do China Daily, elaborado por Ye Jun, com ilustrações: http://usa.chinadaily.com.cn/life/2012-07/21/content_15605592.htm.
A matéria ressalta que estes pratos podem ser encontrados no Jewel Chinese Restaurant no Westin Beijing Financial Street, que conta com um menu de 16 pratos com 10 tipos diferentes de chá. O chef Cai Guangmin efetuou intensas pesquisas, absorvendo o que já havia de tradicional em diversas regiões chinesas como Hanzhou, Sichuan, Beijing, Fujian, Taiwan, sendo até objeto de pesquisas como no Departamento de Chá da Universidade de Zhejiang.
Sea bass is steamed with Xinyang maojian tea. Photos by Ye Jun / China Daily
O artigo explica que o uso do chá apresenta algumas dificuldades, pois seus sabores costumam ser suaves e delicados, sendo difícil captar inclusive suas fragrâncias, notadamente em alimentos quentes. Evidentemente, trata-se de iguarias adequadas para paladares sofisticados, treinados para apreciar todas as suas nuances. E os seus preparos demandaram longas pesquisas.
Salted tieguanyin (oolong) leaves are served with deep-fried shrimps at the restaurant
Alguns pratos são de peixes e utilizam chás de diversas origens e diferentes preparos, desde o verde até o preto, inclusive nas formas de folhas e algumas flores, como o de crisântemo. Alguns são mais conhecidos como o oolong e o pu’er, que podem ser encontrados em alguns estabelecimentos especializados no Brasil, notadamente em São Paulo. Mas eles acabam se diferenciando dependendo a região de sua procedência.
Estes chás também são utilizados com pratos de sabor marcado, como os que utilizam os patos, inclusive nas formas defumadas. Mas também em sopas tradicionais de frangos, que fazem parte da rica culinária chinesa. Igualmente em paladares que não são usuais no Ocidente, com o amargo-doce.
Stewed chicken with three cups sauce and pu’er tea, served at Jewel Chinese Restaurant in Beijing. Provided to China Daily
Existem também carnes preparados no conhecido wok, que costumam ser de cozimentos rápidos, para manterem os sabores das matérias-primas utilizadas. Com o uso do chá, os pratos acabam ficando mais leves e menos gordurosos.
O chef Cai informa que os benefícios do chá nos pratos acabam sendo os mesmos das bebidas, utilizando-se também na forma de pó. Zou Jun, diretor de uma empresa especializada em chá, informa que já em 1980 havia um conjunto completo de pratos usando chá em Taiwan. Nos anos noventa foram criados novos em várias regiões chinesas.
A culinária chinesa ampliou sua influência pelos países asiáticos, por exemplo, no Japão onde são conhecidos os usos do chá combinados com o arroz, e algumas conservas ou condimentos, que acabam sendo utilizados de forma semelhante às canjas, sendo recomendados para os que estão cansados ou ligeiramente resfriados, por combinarem amidos com os efeitos benéficos do chá. São reconfortantes.
É sempre interessante relembrar que na Ásia a alimentação se confunde com os medicamentos, destinados à manutenção da saúde.
23 de julho de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: as dificuldades existentes, críticas generalizadas das gestões, experiências passadas
Se existem críticas quase consensuais sobre determinados assuntos, um deles parece ser sobre a gestão no Brasil, que além do setor público atinge também serviços privatizados. Raríssimos são os elogios formulados, até porque os que estão conseguindo resultados positivos preferem tirar partido da situação, sem alardear as razões do seu sucesso, para não serem imitados, reduzindo os méritos que eles obtêm. Muitas razões podem ser apontadas como as que determinam esta lamentável situação, mesmo reconhecendo que as experiências positivas obtidas no exterior também apresentam algumas inconveniências, não decorrendo somente da insuficiência no preparo local dos recursos humanos.
Os que administraram grandes organizações, públicas ou privadas, relatam as suas experiências mostrando que nenhum executivo pode comandar um número exagerado de subordinados diretos. Quando são obrigados a tanto por organogramas pouco racionais, acabam concentrando a atenção a uns poucos, ficando os outros com despachos eventuais. Parece ser o caso do gabinete do governo federal, que teoricamente somam algumas dezenas de ministros, mas a presidente Dilma Rousseff rotineiramente só transmite suas orientações a poucos auxiliares diretos.
Esplanada dos Ministérios em Brasília
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23 de julho de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: avaliações sobre o Brasil e outros Emergentes, suplemento Eu & Fim de Semana, Valor Econômico
Carlos Eduardo Lins da Silva, no artigo “Brasil depois do Carnaval” publicado no Eu & Fim de Semana do Valor Econômico, enfatiza que em fins de 2009 o influente internacionalmente The Economist registrou que o Brasil decolou com sua economia. Em julho deste ano, o igualmente respeitado mundialmente Financial Times fez um diagnóstico completamente ao contrário. Os correspondentes estrangeiros teriam uma importância nos relatos que enviam para o exterior, o mesmo acontecendo com a economia chinesa e o resto do mundo. Colaboramos modestamente neste debate do Valor Econômico com o artigo “Riscos e vantagens de um país em suas emergências”, discutindo o que foi colocado por Ruchir Shama no Foreign Affair de forma pessimista com o Brasil. Isso gerou debates com experientes analistas como Shannon O’Neal, Richard Lapper, Larry Rohter, Ronaldo Lemos, entre outros, que o contrariavam em muitos pontos. Seguiram-se colocações sempre pessimistas como de Nouriel Roubini, e outras mais ponderadas como de Olivier Branchard, no artigo de Alex Ribeiro “Mundo de incertezas”, no mesmo suplemento do Valor Econômico.
O que estaria proporcionando visões tão diferentes sobre o Brasil, a China e outros países emergentes, com consequências mundiais? É evidente que sempre existiram otimistas e pessimistas, como os ideologicamente mais liberais e outros a favor de uma intervenção estatal mais acentuada, os que defendem pontos de vistas convenientes para setores como o financeiro e às atividades produtivas. Mas fica a impressão que está se acentuando as rápidas decisões coletivas que são mais movidas pela psicologia coletiva, com menos profundidade nas condições que diferenciam os diversos países envolvidos, baseados em análises mais objetivas da realidade, que são sempre difíceis mais difíceis e menos rápidas.
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23 de julho de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: o conceito dos BRICS, problemas europeus, vantagens e desvantagens
Quando se formulou o conceito de BRIC, envolvendo países tão diferentes como o Brasil, a Rússia, a Índia e a China, ao qual se adicionou posteriormente o S da África do Sul, pode ser que alguns dos países se beneficiaram ao fazer parte do grupo, como o Brasil. Mas agora parece que está sendo prejudicado pela desaceleração que se observa em todo o mundo, como se as políticas para resolverem seus problemas fossem os mesmos. Consideraram-se somente as características de serem países emergentes, de grandes dimensões geográficas, que teriam elevada potencialidade de crescimento acelerado, ainda que em situações visivelmente diferentes. Estas generalizações sempre induziram a erros de avaliação, tanto para o bem como para o mal, mesmo em revistas cuidadosas como o The Economist, comentando o fim dos sonhos dos BRICS.
O Brasil era um país com curta história com amplas fronteiras agrícolas, quando comparado com a China e a Índia antigas, como acontece agora com a África do Sul, fazendo a companhia de uma Rússia que sempre foi um dos países menos avançados da Europa, com território amplo e com inverno rigoroso no norte da Ásia. O mesmo tipo de generalização aconteceu com na União Europeia, que adotou a moeda única euro, englobando países tão diferentes como a Alemanha e Portugal, necessitando contar com a mesma política monetária e fiscal, e por consequência a cambial, sem o benefício de uma Federação, que permite minorar as discrepâncias. Exemplos destas perigosas generalizações são incontáveis, induzindo a erros dos mais variáveis.
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20 de julho de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: análises parciais, chinesa, economia europeia, longo artigo de Michael Pettis, norte-americana e brasileira | 2 Comentários »
Muitos analistas se preocupam, com razão, sobre a evolução da economia mundial, e um exemplo expressivo é o longo artigo do reconhecido Michael Pettis, da Universidade de Peking, que no seu site postou um longo artigo sobre o assunto, incluindo debates teóricos. Ele se preocupa com o que está acontecendo na Europa, focalizando a Espanha em particular, onde se encontra neste período, fazendo paralelos com o que acontece na China, que sofre uma desaceleração considerada perigosa para o mercado de commodities. Mas como não faz menção à recuperação da economia norte-americana nem às perspectivas de melhoria das economias como a brasileira, que reduzem algumas das preocupações, as preocupações acabam parecendo exageradas.
Como já postamos neste site, a desvalorização do dólar norte-americano e sua política de expansão monetária estão permitindo que os Estados Unidos ampliem suas exportações, inclusive de serviços, ajudando a manter um crescimento que pode chegar a 2% ao ano, nada desprezível para a dimensão de sua economia e seu impacto mundial. Ao mesmo tempo, com a geração de gás de xisto, estão conseguindo uma expressiva redução da importação de petróleo, notadamente do Oriente Médio. De outro lado, ainda que os preços das commodities em geral estejam em queda, ajudando a reduzir as tensões inflacionárias em todo o mundo, os dos agrícolas, como o milho e a soja, estão elevados, estimulando a agropecuária como a brasileira, que poderá atingir ainda neste ano um patamar de crescimento de 4%, que deve prosseguir no próximo ano. Ainda que existam muitos insatisfeitos com esta performance, para uma avaliação equilibrada, pode ser considerado satisfatório, no atual cenário mundial.
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18 de julho de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: comparações com os dados brasileiros, estimativas do PIB chinês, problemas estatísticos | 2 Comentários »
O Valor Econômico publica hoje, em português, um artigo originalmente publicado por Dexter Roberts, do Bloomberg Businessweek, comentando as dificuldades dos analistas com os dados relacionados com o PIB chinês. O assunto já teria sido colocado por Li Keqiang em 2007 e ganha maior importância, pois ele é o futuro primeiro-ministro na próxima renovação da liderança política da China. Os dados divulgados regionalmente na China podem estar viciados, pois, dentro da meritocracia daquele país, as performances dos líderes consideram os resultados obtidos nas suas administrações das províncias. O artigo informa que a correlação feita com os consumos de energia não corresponde ao crescimento de 7,6% no PIB do segundo semestre, socorrendo-se de opiniões abalizadas como da GK Dragonomics, considerada uma das qualificadas em análises sobre a economia chinesa.
Muitos analistas chineses já admitiam a precariedade dos dados estatísticos chineses, que poderiam estar superestimados, havendo um esforço para a sua melhoria com a colaboração de organismos internacionais. Mas fazendo um paralelo com os dados brasileiros, é preciso admitir que poucos analistas se dedicam à adequada compreensão de suas precariedades que, ao contrário, podem estar subestimados. Credenciados analistas brasileiros também utilizam os dados de consumo de energia, como uma “proxy” da variação do PIB, pois os mesmos estão mais rapidamente disponíveis.
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17 de julho de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: igualdade com os americanos, importância da melhoria da sua situação econômica, pesquisa da Pew Research
Em artigo publicado no The New York Times, Catherine Rampell se surpreende com o resultado obtido por uma pesquisa de opinião feita recentemente pela famosa Pew Resarch Center, que costuma fazer levantamentos sobre diversos assuntos em todas as partes do mundo. Chegou-se à conclusão que três quartos dos chineses que muitos consideram ainda comunistas concordam com a afirmativa que muitas pessoas estão melhores numa economia de livre mercado, ainda que algumas pessoas sejam ricas e algumas pobres. Numa pesquisa efetuada em 2010, o resultado era de 74%, não fazendo diferença com a opinião dos norte-americanos, pois existem margens de erros, e estas pesquisas são rigorosas.
A jornalista interpreta que pode haver alguns problemas de tradução, ainda que a pergunta tenha sido formulada em mandarim e 15 outros dialetos chineses. O significado de mercado livre pode ser ligeiramente diferente, mas, admitindo-se que a tradução é boa, a autora explica que a regulação governamental da economia na China vem melhorando desde 1970.
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