30 de dezembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias | Tags: dificuldades gregas, exaltação dos aspectos problemáticos, ganância do setor financeiro, necessidade de reação ao quadro atual
Há que se encontrar mecanismo de reação para a superação das dificuldades atuais ainda localizadas, evitando a contaminação do pessimismo no mundo e no Brasil.
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23 de dezembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: artigo no The Economist sobre a demanda de carne suína na China, melhoria do padrão de vida, problemas que estão ocorrendo em todo o mundo
Na edição dos feriados de fim de ano do The Economist que reúne artigos sobre assuntos variados e um pouco confusos, um deles bastante longo refere-se à crescente demanda de carne suína com a melhoria do padrão de vida dos chineses, que numa parcela muito grande é atendida pela produção local, de pequenos produtores como empresas de porte que utilizam a inseminação artificial. Estas atividades provocam a demanda de soja para rações como a fornecida pelo Brasil, pois precisam de 6 quilos para produzir um de suíno. Existem grandes variações da oferta de suínos em decorrência de pestes, que exigem a formação de estoques estratégicos. Existem indícios do uso intensivo de antibióticos nestas criações que estariam ajudando a disseminar as superbactérias em diversos locais.
A China é a maior produtora de suínos no mundo, estimando que chegue a uma produção anual de 50 milhões de toneladas
Informa-se que os chineses foram os primeiros que conseguiram domesticar o javali para a sua criação visando o fornecimento de carne há cerca de 10 mil anos. O porco é um dos símbolos zodíaco chinês e existem muitas menções sobre este animal tanto nos poemas como nas miniaturas em argila foram encontradas nos túmulos da dinastia Han (206 BC – 220 AD). Ainda que considerados no Ocidente como exagerados no colesterol, as informações científicas recentes informam que são mais saudáveis que as carnes vermelhas dos bovinos. Existem também muitos estudos históricos no Ocidente sobre os porcos.
Na época de Mao Zedong, o porco foi considerado uma fábrica de fertilizantes de quatro patas, consumindo produtos que não tinham outros destinos. Os chineses aproveitam, como outros povos, todo o porco para diversos alimentos. O suíno é considerado muito adequado para o tipo de culinária chinesa.
O tipo de porco criado na China também vem evoluindo no tempo, sendo que 95% da produção atual daquele país são de pequenos produtores, e de raças provenientes do exterior. O seu consumo de ração compromete diversas áreas florestais do mundo, inclusive a Amazônia, segundo o artigo, o que nem sempre corresponde à verdade.
Informa-se que o preço da carne de porco é importante na China, de forma que o governo destinou subsídios de US$ 22 bilhões em 2012, o que representa cerca de US$ 47 por porco, formando o estoque estratégico. A China tem adquirido empresas no exterior que trabalham com carne suína. São constantes as informações sobre contaminações provocadas pelos porcos, e até poluições que ocorrem no meio ambiente.
Na realidade, principalmente na China, o porco é o animal criado mais importante na alimentação humana, razão por que mereceu um artigo tão extenso.
22 de dezembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: artigo no China Daily, avaliação dos chineses sobre o intercâmbio, relação entre emergentes, visita de Xi Jinping
Um artigo publicado por Yang Yao no China Daily apresenta a avaliação chinesa do intercâmbio com o Brasil em 2014. Segundo ela, o ponto alto foi a visita de Xi Jiping ao Brasil em julho, quando os dois países emergentes estabeleceram mais de 50 acordos em diversos setores mostrando que países emergentes podem contribuir para o relacionamento Sul-Sul. Destacam a cooperação na elaboração da infraestrutura, onde a ferrovia no Brasil merece registro. O intercâmbio comercial atingiu a US$ 83,3 bilhões quando era de somente US$ 3,2 bilhões em 2002, com a participação do minério de ferro, soja e óleo do Brasil e produtos manufaturados chineses. O que não foi mencionado é que no final do ano este intercâmbio mostra que está declinando, tanto pela desaceleração do crescimento chinês como pela queda de preços das exportações brasileiras.
Xi Jinping com Dilma Rousseff
A China se mostra satisfeita, pois com os países da América do Sul, não somente com o Brasil como o Chile e o Peru, já está superando até a União Europeia, ocupando o segundo lugar. Os bancos chineses estão se estabelecendo na região, enquanto o Banco do Brasil se instalou em Xangai, quando deveria ser mais agressivo.
Do ponto de vista brasileiro, ainda que seja verdade que o intercâmbio com a China veio crescendo substancialmente nos últimos anos, chegando até os projetos de alta tecnologia como o lançamento de um satélite para observação do desmatamento que ocorre na Amazônia, bem como entendimentos nos mais variados setores. A presença brasileira na China ainda não é de grande importância, diante da concorrência de muitos outros países.
As perspectivas futuras chegam a ser preocupantes, pois existe uma redução de exportação de minérios brasileiros como produtos agropecuários, sendo que os de maior valor tecnológico, como na aviação ou em atividades industriais, não apresentam o dinamismo desejado.
A China vem investindo pesado na formação de melhores recursos humanos, como os estudantes enviados para os Estados Unidos. É claro que a dimensão populacional da China é muito maior, o que lhe confere um potencial de crescimento econômico, ainda que sua renda per capita ainda seja modesta. O mesmo dinamismo não se constata no Brasil, mostrando que a distância entre os dois países, em muitos setores tende a se agravar.
O que parece é que o Brasil, se deseja ocupar um destaque no conjunto dos países no futuro, necessita ter a mesma orientação tanto econômica como política, traçando objetivos de longo prazo. O que parece é que o Brasil está mais avançado na disseminação do poder político, sem mais o autoritarismo que ainda impera em alguns setores da sociedade chinesa.
Há sinais que existem muitos aspectos onde o Brasil deve se sentir estimulado com o que um país gigantesco como a China, com todos os seus problemas, vem lutando para superar. São demonstrações que muitos avanços podem ser obtidos, diante dos desafios existentes.
22 de dezembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, Política | Tags: as pesquisas realizadas desde 1978, dura realidade difícil no mundo globalizado, sentimentos dos japoneses com relação aos vizinhos chineses e coreanos
Uma pesquisa anual de opinião da população japonesa sobre outros povos, como os seus vizinhos chineses e coreanos bem como os norte-americanos é feita anualmente desde 1978 por solicitação do Escritório do Gabinete do Governo. A notícia baseada numa matéria distribuída pela agência Kyodo foi publicada pelo jornal The Japan Times. Ainda que seus resultados possam ser chocantes para muitos analistas, trata-se de uma dura realidade que se reflete num quadro preocupante que vem piorando, segundo os dados.
A proporção de japoneses que informa que se sentem hostis com relação à China vem aumentando para preocupantes (a expressão é da notícia) 83,1%, 2,4% acima do levantamento do ano passado. Com relação à Coreia do Sul, subiu de 8,4% para chegar a 66,4%. O artigo atribui estes resultados à continuidade dos confrontos territoriais e divisões profundas sobre as histórias da Segunda Guerra Mundial entre estes países.
Foto da população japonesa na região de Shibuya, Tóquio
Outras informações foram fornecidas pelo artigo publicado. Os que se sentem amigáveis com relação à China teria baixado para 14,8%, e com relação à Coreia do Sul para 31,5%. Ainda 84,5% sentem que o relacionamento sino-japonês não é bom, e 77,2 disseram o mesmo com relação à Coreia do Sul.
A pesquisa indicou que 81,6% dos japoneses se sentem amistosos com relação aos Estados Unidos. Com relação à Coreia do Norte, 88,3% dos japoneses se mostraram interessados nos sequestros de japoneses promovidos por eles.
O levantamento abrangeu 3 mil adultos japoneses, dos quais 60% forneceram respostas válidas, o que mostra que os dados se referem aos interessados nestes assuntos. Mesmo que não se trate de pesquisa com o rigor desejável, tudo indica que são informações que podem ser consideradas relevantes.
Pode-se desconfiar que algumas atitudes tomadas pelo governo japonês se baseiam em informações desta natureza, pois refletem posições tendentes ao nacionalismo, acima do que seria desejável para o incremento de relações com parceiros internacionais, num mundo globalizado.
22 de dezembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: artigo no site da Bloomberg, dilema russo, oferecimento de Li Keqiang do respaldo do Shanghai Cooperation Organization
O site da Bloomberg divulga um artigo informando que Li Keqiang, o premiê chinês, apresentou na reunião realizada em Astana, Cazaquistão, na semana passada, a possibilidade da China fornecer o respaldo para assistir à Rússia nas suas atuais dificuldades. Seria mobilizado o SCO – Shanghai Cooperation Organization, fortalecendo a posição chinesa como uma potência mundial, papel que vinha sendo exercido pelos Estados Unidos até agora. Como todos sabem, a violenta queda do preço do petróleo, e consequentemente de todas as energias, está provocando grandes problemas, inclusive para a Rússia, cuja moeda está sendo motivo de especulações, sofrendo uma significativa desvalorização, que está se procurando evitar com a brutal elevação dos juros internos russos.
Ainda que esta aliança sino-russa esteja se esboçando há tempos com o fornecimento de gás da Rússia para a China, na falta de alternativa de demanda na Europa, deve-se recordar que Vladimir Putin apresentou-se à imprensa informando que o crescimento naquele país ficará prejudicado nos próximos anos. É claro que esta rede de proteção que os chineses estão estendendo podem reduzir as especulações, mas vai depender se os russos desejam aumentar a sua dependência à ajuda da China. Apesar do volume das reservas internacionais chinesas próximo de US$ 4 trilhões permitir estes oferecimentos, deve-se recordar que também a economia da China passa por uma redução do seu crescimento, necessitando efetuar reformas que não são fáceis.
Estão sendo frequentes os encontros de Xi Jinping com Vladimir Putin
É evidente que a Rússia está sentindo as pressões dos Estados Unidos e da Europa às suas tentativas de aumento da influência na Ucrânia, inclusive a absorção da Crimeia, inaceitáveis para o Ocidente.
Todos estes movimentos são de grande importância mundial. Opiniões de acadêmicos chineses como Cheng Yijun, pesquisador sênior da Academia Chinesa de Ciências Sociais, atuando no Instituto Russo, Leste Europeu e Ásia Central, estão sendo apresentadas para enfatizar esta relevância. Mas todos admitem também que a decisão russa de depender fortemente da China é uma decisão difícil.
Mas também existem opiniões recomendando cautela da parte da China para o risco de ser arrastada para uma crise envolvendo-se tão fortemente no relacionamento com os russos. De outro lado, com o mundo tão atribulado, não se espera que o agravamento da situação russa seja algo que possa ser ignorado. Espera-se que o bom senso volte a reinar na Rússia, admitindo-se que o papel que tinham na antiga URSS – União das Repúblicas Socialistas Soviéticas já é coisa do passado.