6 de abril de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Depoimentos, Notícias | Tags: apesar dos problemas, noticiário do Nikkei, outras noticias, vida das pessoas comuns | 2 Comentários »
Num site como www.web-town.org/ é possível saber, em português, como é o cotidiano dos brasileiros que vivem no Japão, onde do exterior se imagina que muitos se encontram em pânico. Muitos dos depoimentos constantes do site mostram que, há semanas, a vida vem retornando ao normal, com as limitações e preocupações do dia a dia. É evidente que existem preocupações com as radiações noticiadas com destaque no exterior, mas é possível notar que outros problemas como o emprego, com os racionamentos, com as doações para as vítimas, os trabalhos voluntários etc. ocupam mais espaço neste site.
Mas é quando um jornal econômico importante como o Nikkei, que distribui muitos milhares de exemplares diariamente, sendo lido por todos os empresários, políticos e formadores de opinião, registra que as floradas das cerejeiras explodem em Tóquio, que se pode concluir que a vida no Japão está voltando ao normal, ainda que de forma contida.
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5 de abril de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias | Tags: entrevista para a IPC JP – repetidora da Globo no Japão, informações didáticas, insistência, por um médico brasileiro
Mais que naturalmente, muitos dos brasileiros que possuem parentes ou amigos no Japão ficam preocupados com os problemas de radiação que continuam naquele país, e seus efeitos sobre os seres humanos. Das muitas apresentações sobre o assunto a que assisti, o que consta do site http://www.web-town.org/comunidade.php, prestado pelo dr. Eduardo Nóbrega, que incluímos na forma de vídeo abaixo, pareceu-me o mais claro.
Estas informações estão sendo dadas neste site, pois além de aprendermos um pouco mais sobre o assunto, parece útil para todos, mesmo para aqueles que não se encontram no Japão. Os que lá se encontram estão mais tranquilos sobre o assunto, que aparenta estar sob maior controle, mas incomodados com a contínua sequência de tremores que se repetem, ainda que todos tenham notado que os edifícios japoneses resistem aos mais violentos abalos.
3 de abril de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: atuais até 3 de abril, fotos aéreos de Fukushima Daiichi | 2 Comentários »
As melhores fotos de alta definição da Fukushima Daiichi foram obtidas por um UAV (avião de controle remoto) até hoje. Uma preciosa coleção de ótimas fotos desde antes do acidente até hoje, de diversas fontes estão com legenda em inglês no site: http://cryptome.org/eyeball/daiichi-npp/daiichi-photos.htm
Como não estamos devidamente informados sobre os direitos autorais destas fotos, solicitamos o acesso ao site, mas que tomem os devidos cuidados na utilização das mesmas para efeito de divulgação profissional.
2 de abril de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias | Tags: dificuldades existentes, informações incompletas, os problemas dos consumos chineses de soja
Com as dificuldades por que passam muitos importantes órgãos de comunicação no mundo, muitas das notícias tornam-se mais superficiais, não permitindo a exata compreensão dos problemas envolvidos. Os meios eletrônicos são extremamente rápidos e todos os consumidores de informações acabam se contentando com trechos curtos que nem sempre são capazes de transmitir as questões mais complexas, mas influem nos veículos que poderiam efetuar coberturas mais detalhadas. Os leitores parecem se contentar com meros títulos. Muitos veículos estão registrando o crescente interesse dos chineses por fontes de fornecimento de produtos do exterior, cujos consumos estão se elevando na China.
Informa-se que a prioridade chinesa, um dos países que procura assegurar um suprimento estável de energia, de matérias-primas e alimentos de toda a natureza, volta-se com elevado interesse pelo Brasil. Ninguém pode duvidar desta intenção, que deve se explicitar mais profundamente por ocasião da visita da presidente Dilma Rousseff àquele país, aproveitando a reunião do grupo BRICs. No entanto, nem todos os dados são fornecidos acuradamente, para permitir a sua devida compreensão.
Empresários chyineses demonstram interesse em investir no porto público do Complexo Logístico Intermodal Porto Sul
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2 de abril de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias | Tags: noticiário sobre desastre, o percentual dos que foram afetados, o que acontece com o resto do Japão | 2 Comentários »
Uma vida é importante para todos nós. Até um cão que foi encontrado no mar depois de três semanas do terremoto e tsunami, que afetaram fortemente a região nordeste do Japão, virou notícia em todo o mundo. As manchetes da mídia ainda informam sobre o drama do que ocorre em Fukushima Daiichi, as procuras pelos desaparecidos, os atendimentos aos desabrigados, as cooperações e doações nacionais e internacionais e os esforços de reconstrução, as tentativas de voltar à vida normal. Tudo mais que natural, mas seria interessante tem um panorama geral do Japão de hoje, fugindo das informações que distorcem a realidade, talvez menos interessante, mas mais profunda.
O que está acontecendo com todo o Japão hoje? Aquele país conta com cerca de 128 milhões de habitantes, os lamentáveis falecidos e desaparecidos giram em torno de 30.000 pessoas, ou seja, de cada 10.000 habitantes pouco mais de duas pessoas estão nestas lastimáveis estatísticas. No Brasil, o número de mortos nos acidentes de trânsito anual supera esta cifra. Mais de 99,97% da população japonesa sobreviveram e estão bem, lutando e trabalhando normalmente, de forma anônima.
O esforço concentrado de mais de 25.000 soldados das Forças de Defesa do Japão com os militares norte-americanos neste fim de semana, com o apoio dos melhores equipamentos disponíveis para localizar os corpos, podem chegar a cerca de 400 novos, mostrando as dificuldades de encontrá-los.
Neste desastre, uma das maiores da humanidade nos últimos anos, estima-se que cerca de 600.000 pessoas, no seu pico máximo, foram desalojadas, sendo atendida nos abrigos improvisados, número que já deve estar em torno de sua metade hoje. Muitos já foram reacomodados em outras áreas, com seus familiares, amigos e residências disponíveis, ou seja, resta em torno de 25 desalojados entre cada 10.000 habitantes, que continuam sendo muitos.
O Japão conta com cerca de 55 complexos atômicos que fornecem 30% da matriz energética daquele país, e a que foi afetada é a Fukushima Daiichi, sendo que na mesma província existe a Fukushima Daini. Os trabalhos estão acelerados, agora com a cooperação internacional. Por precaução, algumas foram desligadas e todas estão passando por revisões, pois a intensidade dos terremotos e tsunamis superou as expectativas dos projetistas. Cerca de 100 abalos acima de 6 graus Richter, considerado elevado, foram registrados desde aquela semana fatídica de 11 de março, nas mais variadas regiões japonesas. Isto assusta os estrangeiros, mas os japoneses estão treinados para estes problemas. Os mais profundos problemas de administração do país vêm de longa data, com limitações no comando central, tanto do governo como da empresas excessivamente burocratizadas.
Informa-se que mais de 90% da infraestrutura japonesa abalada pelos acidentes naturais já foi reconstruída pelo pessoal local. Todos estão engajados nesta obra gigantesca, nas frentes de trabalho, em toda a gigantesca periferia da sociedade japonesa. Existem alguns problemas de abastecimento, mas já são mínimos, com os de gasolina. O racionamento da energia elétrica foi suspenso em muitos lugares, pois a colaboração da população está reduzindo o seu consumo de forma voluntária.
Os neons, como de Ginza, foram desligados, os consumos considerados de luxo foram reduzidos, mas as lojas de varejo estão vendendo mais que no mesmo período do ano passado. Alimentos frescos, águas, pilhas, produtos industrializados de preparo instantâneo etc. Haverá uma forte reestruturação da economia japonesa, que pode voltar mais vigorosa.
Todas as atividades relacionadas à reconstrução civil estão aceleradas, dentro do possível no momento. A quase totalidade das escolas funciona normalmente, os jogos do beisebol colegial estão sendo transmitidas pelas televisões, bem como as novelas, as empresas voltaram a empregar os recém-formados.
Quando se pergunta aos familiares do Brasil sobre seus parentes que vivem no Japão, as notícias é que tudo está bem, pelas informações transmitidas pelos telefones, internet ou outros meios eletrônicos. Com pequenas inconveniências, como as limitações do consumo de energia, principalmente nas regiões mais afetadas do nordeste do Japão. Mais desinformados, os que estão no exterior estão mais alarmados que os que vivem naquele país.
Existem problemas das expectativas futuras com relação aos pequenos agricultores e pescadores da região nordeste, mas o governo será obrigado a proporcionar-lhes assistência, efetuando programas como o de land development, como os que foram feitos na província de Ibaraki, na região de Tsukuba, hoje a mais importante cidade científica do Japão.
Os voluntários continuam trabalhando, arrecadando doações, executando trabalhos de assistência por toda a parte. Até estrangeiros que deixaram o Japão estão retornando, a vida está voltando ao normal.
A solução dos problemas das usinas de Fukushima Daiichi levará meses, até o governo admite, mas os graus de radiação continuam se reduzindo em todo o Japão.
As comemorações das floradas das cerejeiras estão mais modestas, mas a primavera já chegou ao Japão. Que ela seja de um grande esforço de reconstrução de sua economia e sociedade, fazendo que aquele país e o seu povo voltem a ocupar o destaque que eles merecem no cenário mundial, dando a sua contribuição cultural, dedicação ao trabalho, de suas tecnologias e suas poupanças para o resto do mundo.
Uma nova geração de japoneses deve assumir o comando do país, muito mais inserido no mundo globalizado, tanto na política como na economia, de forma gradual. Acredita-se que o Japão está passando por um novo ponto de inflexão, como quando terminou a Segunda Guerra Mundial.
1 de abril de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: Agência de Segurança Nuclear e Industrial, cobranças à TEPCO, o conservador jornal econômico Nikkei pede mais informações | 4 Comentários »
Está se registrando uma pressão interna e externa por mais informações sobre a crise nuclear japonesa, relacionada aos problemas do complexo de Fukushima Daiichi, que compreende seis unidades atômicas de geração de energia. O jornal econômico japonês Nikkei, que costuma ser comedido e conservador, utiliza hoje até a expressão que a Tepco “have done a poor job of releasing information” (tem feito um pobre trabalho de divulgar informações). A agência governamental de Segurança Nuclear e Industrial junto com a companhia elétrica, segundo o jornal, tem divulgado notícias fragmentadas, confusas e em alguns casos errôneos sobre as usinas afetadas pelo terremoto e tsunami.
Esta agência que está subordinada ao METI – Ministério de Economia, Indústria e Comércio do governo japonês deve ser reestruturada pelo governo, passando a ser independente. Segundo o Nikkei, eles oferecem scraps (sucatas) de informações que só aumentam a ansiedade do público, utilizando expressões pouco claras para esclarecer a situação e as estratégias para conter a crise.
Presidente da TEPCO, Masataka Shimizu, e membros da Nuclear and Industrial Safety Agency
Como os problemas das usinas de Fukushima Daiichi devem demandar um longo tempo para serem totalmente resolvidos, há que melhorar esta comunicação. O ministro Yukio Edano vem admitindo estes prazos, e as radioatividades liberadas já superaram a de Three Mile nos Estados Unidos, e mesmo o japonês Yukiya Amano, diretor geral da Agência Internacional de Energia Atômica, diz que elas não devem voltar a funcionar, a exemplo de Chernobyl. Segundo o jornal, há necessidade do governo proporcionar uma descrição do que chamou “big picture”, uma espécie de quadro geral.
Para tanto, deve intensificar o fornecimento de informações relevantes com grande regularidade, inclusive com a colaboração externa, segundo o Nikkei, utilizando os meios que estão sendo usados pelos norte-americanos como o RQ-4 Global Hawk, um veículo aéreo que detecta as radiações em torno do complexo. As tropas do Sistema de Defesa do Japão não contavam com todas as informações sobre as áreas em que lançaram água.
Segundo o jornal, ainda é tempo para estabelecer um sistema de gerenciamento da crise, distribuindo as informações, estabelecendo objetivos de curto prazo e explicitando os planos para atingir os objetivos. A crise de Fukushima deve provocar mudanças radicais na política energética japonesa, com implicações em todo o mundo. Eles entendem que o Japão é responsável pelas informações acuradas sobre o que está acontecendo e o que vai acontecer.
Pelo visto, passadas três semanas do acidente natural, a carência dada aos responsáveis esgotou-se.
1 de abril de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: colaboração do sistema de autodefesa do Japão com os militares americanos, esforço concentrado, noticia da agência Kyodo
A agência de notícias Kyodo informa que haverá um esforço concentrado de três dias, deste a sexta e neste fim de semana, com a participação dos militares do Sistema de Autodefesa do Japão – SDF e norte-americanos, para localizar os desaparecidos nas cidades mais afetadas pelo tsunami, que continuam estimados em mais de 15.000. Dezenas de navios e helicópteros, contando com mais de 25.000 militares, se juntarão aos policiais, bombeiros e membros da Guarda Costeira. A área a ser coberta incluem praias, muitas que continuam submersas, rios das províncias de Iwate, Miyagi e Fukushima, com cerca de 18 quilômetros de costa.
Cerca de 100 aviões e 50 navios são do SDF e 20 aviões e 15 navios dos militares norte-americanos. Mas a busca não incluirá a área dentro de um raio de 30 quilômetros das usinas de Fukushima Daiichi, que apresentam riscos de contaminação. Alguns poucos moradores que estão aquém do limite de 20 quilômetros e outros dos 30 quilômetros voluntários, continuam resistindo à evacuação.
As buscas pelos desaparecidos serão intensificadas
As buscas já vêm sendo efetuadas utilizando, inclusive, equipamentos pesados que foram deslocados de outras províncias para remover entulhos e lixos acumulados na região. Pelos critérios japoneses, só são considerados na estatística dos mortos os corpos que foram localizados.
Este esforço concentrado acaba sendo indispensável, pois já se passaram três semanas dos acidentes, aumentando os riscos de propagação de doenças. Ajudarão a esclarecer as dúvidas de seus familiares que continuam angustiados, muitos que continuam nos abrigos improvisados na região.
Segundo o artigo constante do site do Nikkei, utilizando informações da agência Dow Jones, na entrevista coletiva concedida hoje, o primeiro-ministro Naoto Kan informou que está enviando uma proposta de um orçamento adicional, que no ano fiscal japonês começa neste primeiro de abril. Destina-se às assistências das vítimas, como os esforços de reconstrução, bem como os trabalhos relacionados com a redução da contaminação das usinas que continuam apresentando problemas de radiações.
O ministro da Economia Kaoru Yosano estima, preliminarmente, que o custo do desastre pode estar entre Yen 16 trilhões a Yen 25 trilhões, ou seja, entre cerca de US$ 200 bilhões a US$ 300 bilhões. Parte será arcada por aumentos de impostos, como o proposto até pelo Keidanren (Federação das Organizações Econômicas), a cúpula máxima do empresariado. Outra parte, estimada em cerca de 50%, deve ser financiada com a colocação de títulos públicos, que no Japão costuma ser de longo prazo e juros mínimos.
1 de abril de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias | Tags: cooperação internacional, entrevista coletiva, exposição genérica, perguntas dos jornalistas, reconstrução | 6 Comentários »
Lamentavelmente, na entrevista coletiva concedida hoje, após três semanas dos terremotos e tsunamis que arrasaram principalmente o nordeste do Japão, o primeiro-ministro Naoto Kan expôs inicialmente generalidades de agradecimentos, dando uma demonstração que não se trata de um líder com ideias próprias para resolver os problemas ainda existentes e comandar a reconstrução do Japão. A entrevista começou aproximadamente às 17h daquele país, em japonês. Kan vestia terno com gravata, mesmo que no auditório os muitos jornalistas estivessem mais informais, dado o calor do ambiente.
Poderia dar uma demonstração da economia de energia. Isto contrasta, por exemplo, com o ex-premiê Junichiro Koizumi, que mesmo no seu gabinete já utilizava roupas informais, como os uniformes de combate que vinham sendo utilizados pelas autoridades, para transmitir uma imagem de forte engajamento nos trabalhos de socorro e reconstrução. É preciso entender que já estamos na primavera japonesa, no começo de abril, com floradas das cerejeiras em Tóquio, e é conveniente aparentar que as autoridades estão engajadas nas soluções para as dificuldades que desgastam politicamente.
Primeiro-ministro Naoto Kan
Como novidade, Kan se referiu às novas construções em lugares mais elevados para abrigar as famílias que perderam suas casas. As reconstruções serão feitas segundo as sugestões da população, que receberá assistências que dependem do orçamento que vai ser executado a partir de hoje. Ele citou as assistências técnicas que o Japão está recebendo dos norte-americanos, franceses e de especialistas da Organização Internacional de Energia Atômica, mas informou que as discussões ainda estão sendo feita em nível técnico, ficando em promessas genéricas. Respondendo perguntas dos jornalistas aparentou ser um “sabonete”, escorregando por considerações gerais, ainda que solicitado a informar sobre ações concretas.
Informou que a TEPCO não será estatizada, mas o governo ajudará nas coberturas dos déficits que devem ocorrer, tanto pelas desativações de algumas de suas usinas atômicas como indenizações que terão que ser pagas. A tudo respondia que os estudos estão sendo efetuados, ouvindo as diversas partes para formular as diretrizes da reconstrução. Mais informações devem ser transmitidas por toda a imprensa, no Brasil com alguma defasagem.
30 de março de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias | Tags: assistência do exterior para os problemas das usinas de Fukushima Daiichi, fechamento das usinas, uso de robôs | 2 Comentários »
Muito preocupante a notícia do Nikkei que somente agora o primeiro-ministro japonês Naoto Kan, no terceiro telefonema com o presidente Barack Obama dos Estados Unidos após 11 de março, acabou aceitando a assistência técnica norte-americana mais profunda para tentar resolver o problema das usinas de Fukushima Daiichi. Os japoneses teriam acertado anteriormente a ajuda francesa, que já está atuando, para a mesma finalidade. Cogitam agora do uso de robôs para resolver o problema das águas contaminadas com radiação, similar com o aventado há dias até por um modesto site como o nosso, que está acompanhando o problema do outro lado do mundo.
Primeiro-ministro Naoto Kan e o porta-voz do governo japonês Yukio Edano
Segundo informações de hoje do ministro Yukio Edano, porta voz do governo nesta crise, cogita-se também o encerramento das atividades destas usinas, hipótese que, lamentavelmente, postamos há cerca de uma semana neste site, com as precariedades das informações disponíveis a grande distância, mas decorrente de outras experiências internacionais com problemas complexos como os que as autoridades japonesas enfrentam.
Não estamos reivindicando a primazia nestas idéias que são comuns a muitos que se preocupam com tais problemas. Não desejamos concordar com a ideia expressa pelo The Economist, da semana passada, acerca da incompetência do atual governo japonês, que goza de baixo prestígio nas pesquisas de opinião efetuadas no próprio Japão. Mas procuramos entender o que está inibindo ações mais eficientes de suas autoridades.
Os japoneses vêm lamentando que no Japão há certa cultura que chamam “de Galápagos”, ou seja, específica de um arquipélago que mantém pouco intercâmbio com o exterior. Exageram na confiança em sua própria tecnologia, desenvolvida internamente, sem uma saudável troca de experiências com outras aperfeiçoadas em países estrangeiros.
Como as usinas atômicas japonesas eram consideradas as mais seguras até pelos organismos internacionais que cuidam do assunto e como os nipônicos competem no acirrado mercado mundial de novos projetos, há a possibilidade que não desejassem que estrangeiros os conhecessem nas suas entranhas.
Que houve uma subavaliação dos riscos dos violentos terremotos e tsunamis como os que se verificaram, parece não haver dúvida. As novas e atuais usinas em todo mundo devem ser revisadas, com a dolorosa experiência japonesa, notadamente nas alternativas para resfriamento diante de um desastre.
Em muitos outros setores, como o da tecnologia da construção civil ou de reconstruções de infraestrutura, os japoneses vêm demonstrando a sua competência, por estarem mais sujeitos aos terremotos. Seria conveniente que intensificassem seus intercâmbios com países estrangeiros, utilizando-os como moeda de troca.
Não parece mais fazer sentido um exagerado nacionalismo no atual mundo globalizado. Todos nós sobrevivemos numa aldeia global e precisamos estar abertos às mais variadas contribuições, pois sempre temos algo a aprender com a experiência dos outros.
29 de março de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias | Tags: Dilma Rousseff mostra-se firme na condução do Brasil, elevados níveis de prestígio na elite e no povo, políticas externas | 2 Comentários »
Muitos analistas no Brasil e no exterior subestimaram a presidente Dilma Rousseff, fazendo as mais variadas projeções do seu comportamento como presidente da República. Alguns afirmavam que ela seria comandada por Lula da Silva, outros que ela acabaria se desentendendo com o ex-presidente em pouco tempo, que ela era mera prosseguidora da política do governo anterior como gestora etc. Ela vem surpreendendo as elites brasileiras como o povo, com uma personalidade firme e uma política determinada, que nem todos ainda absorveram totalmente, nestes três primeiros meses do seu mandato. Seus índices de aprovação nas pesquisas de opinião são invejáveis, mostrando que conta com capacidade de comunicação e determinação de uma política, interna e externa, com características próprias.
Muitos aguardavam que no contato com Barack Obama ela ficasse inibida, num momento em que eclodiam problemas graves em todo o mundo, tanto no Japão como na Líbia. Mas mostrou-se consciente de que nos contatos com o representante máximo do país líder no mundo atual não poderia colher resultados de curto prazo, nem conseguir um apoio claro para a aspiração brasileira de um lugar permanente no Conselho de Segurança da ONU, mas estabelecer as bases de uma cooperação bilateral ao longo de muitas décadas, mesmo havendo divergências sobre alguns pontos de política internacional. Fez questão de discursar sobre as divergências comerciais brasileiras com os norte-americanos, bem como dos danos da política monetária daquele país aos demais, inclusive o Brasil, colocando em posições de igualdade.
Ela vem demonstrando que a política externa brasileira está se aperfeiçoando, com a firme defesa dos direitos humanos, mas com a continuidade dos contatos e negociações com os países, mesmo com os quais o Brasil não se afina totalmente, como o Irã e a Líbia. Está programando acompanhar as homenagens à Lula da Silva em Portugal, que teve a sabedoria de não ofuscá-la nos contatos com o presidente dos Estados Unidos. Portugal é o país do qual o Brasil recebeu a principal herança cultural, e que passa por dificuldades econômicas no momento.
Está programando uma importante visita à China em abril próximo, aproveitando a reunião dos países emergentes de grandes dimensões geográficas do chamado BRICs – Brasil, Rússia, Índia e China que estão aumentando a importância econômica e política mundial. A China, que vem bloqueando o assento do Japão no Conselho de Segurança da ONU, manifestou que não apoiará a pretensão brasileira. Imediatamente, no mesmo tom, o Brasil respondeu que não reconhece aquele país como economia de mercado, reservando-se ao direito de retaliar o maior importador e exportador mundial, em alguns itens, como os que utilizam mão de obra considerada como de condições degradantes.
No plano interno, apesar das muitas manifestações dos membros da chamada base política do governo, inclusive líderes sindicais, vem se mostrando hábil e consciente do seu poder, conseguindo manter o seu apoio com concessões mínimas. Diante das pressões inflacionárias, vem reafirmando a importância que atribui ao seu controle, inclusive com cortes substanciais nas despesas públicas, mesmo com as dúvidas de alguns analistas. Os que convivem mais diretamente com ela recomendam que os que não acreditam nas suas posições firmes poderão se enganar, acabando por serem prejudicados. Ela vem reafirmando que persegue a redução dos juros reais na economia brasileira.
Nas suas visitas aos Estados brasileiros vem mostrando isenção partidária, lançando em Minas Gerais um importante programa para as gestantes, elogiando publicamente o governador pertencente a um partido que está na oposição ao governo federal.
Ela tem sido implacável na fiscalização dos seus principais auxiliares, até no nível ministerial, exigindo uma administração eficiente. Até na indicação de um novo membro do Supremo Tribunal Federal optou por uma feliz escolha, de um magistrado com tendência para uma rigorosa obediência aos preceitos legais, mesmo com o clamor pela imediata aplicação das normas da recente legislação chamada de Ficha Limpa, que só terá vigência nas próximas eleições.
Por tudo isto, parece de bom alvitre que se passe a acreditar na sua firme determinação, convicção adquirida com aprofundado estudo das questões que dependem de suas decisões.