Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Fracionamento na Venda dos Medicamentos

19 de novembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, Saúde | Tags: artigo de Mario Russo no site de O Globo, economia, medida da Anvisa que necessita ser implementada, poder da indústria farmacêutica

Apesar de uma regulamentação da ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária em vigor há oito anos, a chamada Resolução 80, publicada em 11 de maio de 2006, que permite a venda de remédios fracionados de acordo com as prescrições dos médicos as farmácias e drogarias em todo o país, não há empenho para se implantar esta medida que seria de vital importância para a economia popular. A medida, além de permitir uma economia dos consumidores, evitaria as sobras que apresentam riscos de serem consumidos pelos menos avisados, inclusive fora de suas validades, ou por crianças que não têm a noção dos seus riscos. Também os descartes inadequados provocam a contaminação ambiental. Como a medida não prevê nenhuma punição, todos ignoram a sua utilização.

Um exemplo japonês, já postado neste site, mostra como no Japão existe um cuidado maior sobre o assunto. Mesmo com a prescrição médica, o paciente ao chegar à drogaria necessita preencher um questionário sobre as doenças que ele sofreu e as possíveis alergias, para que os farmacêuticos, que conhecem o assunto muitas vezes melhor que os médicos, saibam a compatibilidade do medicamento com o paciente. Eles explicam a finalidade de cada medicamento, e como devem ser consumidos, pelo período prescrito e os cuidados do seu uso durante os dias, por exemplo, se antes ou depois das refeições. As drogarias só vendem a quantidade prescrita, para evitar todos os inconvenientes acima descritos.

As informações disponíveis mostram que o Brasil é o quinto consumidor de remédios no mundo, apesar de contar com uma população menor, menos renda e demais fatores que devem ser considerados. Existe um evidente desperdício de medicamentos, que costumam custar bastante, apesar da disseminação dos atuais genéricos. Também deve se notar que os hospitais vendem a caixa dos medicamentos, e quando não utilizados durante a estada do paciente nos estabelecimentos, como já estão pagos, suas sobras acabam sendo levadas para casa, ainda que desnecessárias.

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Diversas drogarias, uma ao lado de outras, ocupam a mesma rua de São Paulo

Percorrendo muitas cidades em todo o mundo, o que se observa com facilidade é o exagerado número de drogarias no Brasil, de forma muito desproporcional. Na medida em que algumas sejam aglomeradas, haveria a possibilidade da prestação de melhores serviços, com local adequado para o armazenamento de medicamentos fracionados.

São medidas urgentes de aperfeiçoamento, pois os custos dos tratamentos de saúde estão se tornando insuportáveis no Brasil, com o aumento atual dos idosos, e é preciso que as autoridades tomem medidas para a sua redução, de forma que mais pessoas possam ser atendidas com as limitações dos recursos.


Ramen Adaptado Faz Sucesso nos EUA e a Europa

19 de novembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Gastronomia, Notícias | Tags: alimentação barata faz sucesso com clientes estrangeiros, artigo sobre ramen no exterior no The Japan News, sabores e ingredientes locais

Um artigo publicado por Jin Kiyokawa, do Yomiuri Shimbun, divulgado pelo site do The Japan News, informa que, além do sushi e sashimi que são dispendiosos, está havendo um verdadeiro boom de interesse dos norte-americanos e europeus sobre variações do ramen, devidamente adaptado aos sabores e ingredientes de preferências locais, surpreendendo até os japoneses responsáveis pelas cadeias de lojas. Informa-se que já se dispõe de 650 estabelecimentos que estão satisfeitos com o sucesso. Como é sabido de muitos, existe um Museu de Ramen em Shin-Yokohama, que vem efetuando estes levantamentos, que hoje não se restringem ao Japão, selecionando os considerados melhores.

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Yumeya, um estabelecimento popular de ramen em Frankfurt. Foto de cortesia do Shin-Yokohama Ramen Museum.

As adaptações que estão ocorrendo com o ramen são impressionantes, como o Zweite Ramen que inclui chucrute para complementar o rico caldo de carne, bem com pequenos pedaços de bacon, e uma especiaria conhecida como seiben para criar um sabor diferenciado.

Na França, está se servindo um ramen com um caldo de uma mistura de carne francesa com o dashi japonês. Existem estabelecimentos que servem o ramen com uma pasta elaborada com uma farinha de trigo usada nas massas de pizza e farinha de trigo dura para dar um sabor e uma textura diferentes.

Uma cadeia em Nova Iorque de nome Ippudo foi criada em 2008 e já conta com estabelecimentos até em Londres, todos apresentando algumas adaptações locais, tanto nos sabores como nos tipos distintos. Estão tentando desenvolver o que seria o padrão mundial.

A Ramen Setagaya opera restaurantes no Estado de Nova Jérsei e também no exterior. Muitos estabelecimentos foram instalados pelos expatriados japoneses que atuam no exterior, havendo casos de utensílios distintos. Um seria uma colher chamada Renge, que são maiores para os clientes poderem sorver o ramen junto com o molho, pois nem todos os estrangeiros conseguem consumir os caldos com as massas. Até vídeos estão sendo oferecidos para ensinar como os japoneses sorvem, fazendo um barulho característico.

No Brasil, também o ramen está muito popular como num estabelecimento chamado ASKA, no bairro da Liberdade. Existem dias em que os clientes necessitam aguardar por quase uma hora na rua, pois além do ramen ser saboroso, e vendido por um preço módico que atrai inclusive as famílias, além dos jovens que aprenderam a consumi-los quando trabalhavam temporariamente no Japão.

Todos sabem que o ramen é originário da China, onde pode ser apreciado em estabelecimentos na rua, que apresentam elevada qualidade. No entanto, no Japão sofreu mudanças e aperfeiçoamentos, principalmente nas variedades que são oferecidas, com diferentes ingredientes. Por ser barato acaba ficando acessível a uma ampla camada da população.


A Família Unida Nos Climas Frios e Nas Dificuldades

18 de novembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Gastronomia, Notícias | Tags: nas dificuldades o último apoio da família, no frio as comidas coletivas das famílias, uma cultura que valoriza a família

Quando se encontra no The Japan Times um artigo da Makiko Itoh falando de uma culinária em torno de um nabe (tipo de panela) com uma família compartilhando o seu sabor e calor neste outono/inverno japonês, me vem a lembrança de São Paulo da época da garoa, quando todos nos reuníamos em torno do hibachi (pote de fogo) para apreciar um prato que estava sendo cozido e de onde apanhávamos pequenas porções, ao mesmo tempo em que o calor era aproveitado para aquecer a todos e ao ambiente. Hoje existem fogareiros portáteis à gás, mas nos tempos como da Segunda Guerra Mundial o carvão proporcionava o fogo, e todos utilizavam até os cobertores para melhor aproveitar o calor para se aquecer. Era a forma de uma alimentação que reunia a família, numa refeição coletiva, que poderia ser de um sukiyaki (cozido de carne com legumes e outros ingredientes) ou um tirinabe (cozido que aproveitava os restos dos peixes). Que saudades destas coisas simples e importantes que ficarão sempre nas nossas gratas lembranças.

Hoje, fico triste vendo um casal num restaurante em São Paulo, mulher e homem (nem sempre), com seus sofisticados aparelhos eletrônicos, atentos às informações atualizadas, mas irrelevantes, ou até aos jogos que estão praticando, sem conversar quanto mais se comunicar. A refeição não é compartilhada, dando a impressão que não são seres humanos, mas robôs. Parece que perderam a humanidade, suscitando-nos vontade de interferir onde não somos chamados, para informar que em muitos lugares os celulares são proibidos nas mesas, tanto por incomodarem os vizinhos como para evitar estas tendências ao isolamento. Podemos chamar isto de avanço? Então vamos voltar ao que era bom no passado, que não podemos abandonar.

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Um saboroso cozido como você quer que seja: o interessante sobre o nabe caseiro (panela quente) é que os ingredientes são os de sua preferência e é fácil de fazer (tradução livre). Makiko ITOH, publicado no The Japan Times

Os ingredientes destes pratos podem ser os de preferência dos consumidores, quer sejam carnes, peixes ou frangos, junto com verduras, legumes e quase sempre com tofu (queijo de soja), cogumelos e outros ingredientes. Os pontos de cozimentos podem ser também de suas preferência, havendo possibilidade dos temperos serem incluídos ou apreciados em separado.

A autora informa que este tipo de culinária já era utilizado no Japão no século XIX e se tornou mais conhecido no Período Edo, quando passaram a ser utilizados os hibachi. Os potes usados e mais recomendados são os donabe (de cerâmica) que conservam melhor o calor, mas também podem ser de ferro, havendo recentemente os de aço inoxidável ou de esmalte.

O gyo-nabe (de carne) foi utilizado na Restauração Meiji, quando os japoneses absorveram costumes ocidentais, como o consumo de carne bovina. Também existiu um período em que o bacalhau fresco era muito utilizado, por se tratar de um peixe com consistência mais firme. Hoje se utiliza também ostras, carne de porco em fatias finas.

Esta culinária é recomendada também para as crianças, pois muitas delas evitam verduras e legumes, que, quando preparado desta forma junto com carnes, acabam sendo melhor apreciados. A possibilidade de alternativas parece ser o forte deste tipo de preparo dos pratos, que sempre são mais apreciados no outono ou no inverno.


Alguns Desafios Atuais da Economia Brasileira

17 de novembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: características dos países emergentes, comparação com economias desenvolvidas, desafios existentes

Quando se compara a economia brasileira com alguns países como o Japão, a Espanha ou alguns outros países europeus, verifica-se que existem desafios decorrentes de uma população que ainda cresce, contando relativamente com jovens que estão se preparando para desempenhar o seu papel como adultos. Há um visível reconhecimento atual que a educação é um mecanismo para a ascensão social, tanto pelo aumento de estudantes modestos nos cursos noturnos, como o uso de cursos proporcionados pela internet, adaptando para a língua portuguesa aulas de excelente qualidade proporcionadas pelas grandes universidades como as norte-americanas, graças ao patrocínio da Fundação Lehman. Também se observam a formação de grandes universidades privadas, que atuam de forma nacional, como as que proliferam nas periferias das grandes metrópoles.

Trair e Coçar - Fotos Fábio Teberga14

Auditório da Universidade de Taubaté numa apresentação teatral

As necessidades de diversificação da economia brasileira, forçada pelas dificuldades de continuidade das exportações de minerais como de produtos agrícolas que estão sofrendo uma nova revolução verde na Ásia, o Brasil apresenta um desafio de melhor aproveitamento de sua biodiversidade. Tanto na Amazônia como em todo o amplo território brasileiro, existem muitos produtos que são conhecidos localmente, que sendo saudáveis contam com mercados crescendo no Brasil como no resto do mundo. Nota-se uma tendência de aumento das preocupações com a manutenção da saúde que determina crescimentos elevados de muitos destes produtos, que apresentam boas oportunidades para exploração no país. A ampla diversidade das condições de solo e clima do Brasil permitem também produções locais de tradicionais produtos saudáveis, como os que já contam com consumo em outras partes do mundo, como no Oriente.

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Produção de Açaí na Amazônia

Estas atividades potenciais apresentam alguns desafios como pesquisas que estão sendo efetuadas para o seu melhor aproveitamento, algumas industrializações, bem como o aperfeiçoamento de embalagens para serem colocadas no mercado local como para as exportações. Necessitam contar com todas as condições para a sua melhor aparência, como evitar-se suas contaminações, podendo ser aceitas pelas autoridades de vigilância sanitária dos países desenvolvidos.

Nem todos observam os novos desafios que se apresentam também no Brasil, como a elevação de todos os custos dos recursos humanos, que geram oportunidades para a automação e até o uso de robôs para muitas tarefas repetitivas. Também veio ocorrendo um aumento do custo de energia bem como outras utilidades no país, exigindo o uso de tecnologias que promovam sua economia, tradicionalmente existentes nos países onde estes custos já são elevados por um longo período.

O Brasil e o Japão vêm utilizando submergíveis japoneses para a exploração conjunta das potencialidades da chamada Elevação Rio Grande, que se estende pelo Atlântico por milhares de quilômetros, com uma lâmina de água de somente cerca de 1.000 metros. Há indícios de elevadas potencialidades de metais raros, hoje quase monopolizados pelos chineses, bem como matérias-primas para fertilizantes, sempre necessários para as atividades agrícolas brasileiras.

Muitos não observam as condições dos transportes para o comércio internacional do Brasil, que sofreram modificações. As exportações ainda utilizam muitos navios graneleiros, tanto para os minérios como os produtos agrícolas como os cereais. As importações utilizam, quase sempre, contêineres e cargas para o seu retorno e contam com condições favoráveis, competitivas com as localidades mais próximas dos mercados consumidores.

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Terminal de contêineres utilizáveis como carga de retorno

O câmbio brasileiro que estava defasado está sendo corrigido pelo mercado, e as atividades exportadoras contam com juros e tributações mais convenientes, principalmente quando combinado com algumas importações que permitem utilizar os créditos fiscais acumulados. Ainda que existam outros fatores considerados custo Brasil a continuarem a ser corrigidos, as autoridades se mostram sensíveis para suas revisões, até porque as exportações acabam sendo prioritárias para a sustentação do crescimento da economia brasileira.

Como estes, existem uma série de desafios que enfrentados podem proporcionar bons negócios e ajudam a elevar o crescimento da economia brasileira.


Para Que Não Digam Que Não Falei das Flores

17 de novembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias | Tags: avaliação internacional, importância mundial, música popular brasileira, novo lançamento do disco de Francis Hime

Não tenho a qualificação de um Zuza Homem de Mello para comentar sobre a MPB – Música Popular Brasileira e sua evolução, mas como simples consumidor desejo expressar a minha opinião sobre o assunto. Nos idos dos anos sessenta do século passado, quando o Brasil passava por grandes mudanças políticas, econômicas, sociais e artísticas, um grupo de brasileiros com a maior sensibilidade, inclusive poética, que não tinha o poder da força, impunha com sua arte uma revolução de criatividade. Retomava o que Heitor Villa-Lobos já iniciara, descobrindo nas coisas simples do povo brasileiro, com muita felicidade, uma nova visão do mundo. Uma releitura das mais caras tradições musicais do Brasil, como o samba com uma nova batida que se chamou Bossa Nova. Jovens da classe média se misturavam com o que tinha de mais popular no país, com o respaldo da estrutura musical de alta qualidade, inclusive a clássica, onde se destacavam músicos como Antonio Carlos Jobim, Francis Hime, Carlos Lyra e alguns outros que conheciam as bases do que se utilizava no que se chamava música erudita, que também se socorria sempre do folclore e das canções populares em muitos países.

Numa recente viagem por localidades como Cingapura ou Tóquio, observamos que em lojas de departamento, hotéis, restaurantes finos e outras localidades frequentadas por pessoas de bom nível intelectual de todo o mundo, o que mais se ouvia no ambiente era a música popular brasileira que reconhecíamos com alegria, ainda que com nova roupagem. Depois que a Bossa Nova foi buscar a contribuição do jazz que já era internacional, os brasileiros levaram para o mundo, notadamente via Estados Unidos, uma nova música popular que impressionava até consagradas personalidades como Frank Sinatra, como foi o intenso intercâmbio com Antonio Carlos Jobim. Eventos importantes de brasileiros foram improvisados e empolgaram nas salas consagradas como a da Carnegie Hall.

Muitos cantores populares, como Sérgio Mendes, descobriram o mercado norte-americano e começaram a divulgar pelo mundo, a ponto de eu ter ouvido em fins dos anos sessenta em Quioto, no Japão, um grupo que cantava imitando-o em português, imaginando que era em inglês, sem mesmo saber que se tratava de música brasileira.

A evolução continuou e continua a ocorrer por décadas, tanto no Brasil como no mundo. Hoje, o que se ouve no mundo é uma nova MPB enriquecida com outras tendências, já polida pelo jazz atual, utilizando o que há de melhor em gravações sofisticadas em estúdios, sempre tendo por base a criativa música brasileira. Todos sabem que Garota de Ipanema é a música mais tocada até hoje no mundo, nas mais variadas versões.

Assistindo no SESC Pinheiros ao show de lançamento do novo disco de Francis Hime, Navega e Ilumina, comemorativo dos seus 50 anos de carreira, tem se a impressão que se dispõe ainda em pedra bruta de um verdadeiro diamante da mais elevada qualidade, que, com todo o respeito que se deve dar ao pioneiro selo SESC, merece uma edição de qualidade internacional como os que são feitos no Japão, lapidado com o que se dispõe de melhor em tecnologia. Todos os grandes artistas brasileiros gravam no Japão, que, além de contar com um expressivo mercado interno, ajuda a promover a exportação para outros países.

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A capa do novo CD de Francis Hime

O que não se deve esperar é que Francis Hime continue com a voz de quando jovem, pois mais que intérprete sempre foi um grande compositor, que criou músicas da mais elevada qualidade e sofisticação para letras elaboradas por muitos parceiros consagrados como Vinicius Moraes, Chico Buarque de Holanda e muitos outros. Fantasia para Violino, com arranjo e interpretação do maestro Claudio Cruz, é algo raro de ser encontrado mesmo nas melhores músicas eruditas.

Lamentavelmente, como os cantores acabam ganhando mais destaque no mercado brasileiro, muitos compositores insistem em fazer suas gravações por aqui, ainda que pudessem contar com intérpretes melhores.

Além do que consta deste novo CD Francis Hime, ele dispõe de um dos melhores acervos de trabalhos de elevadíssima qualidade que merece ser lapidado nos melhores estúdios disponíveis. É preciso aproveitar o momento áureo da melhor música brasileira nos mercados mundiais para um lançamento de qualidade internacional. Não há de faltar empresários interessados nesta empreitada, que, além de divulgar o que existe de criativo nas artes brasileiras, mostra que existe um acúmulo de trabalhos persistentes, conectado com o que há de melhor no mundo, que continua precisando mais do nunca desta alegria brasileira.


A Epopeia Para a Criação do Bluefin (hon maguro)

16 de novembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Gastronomia, Notícias | Tags: dificuldades até chegar ao estágio atual, extenso artigo no Wall Street Journal sobre a criação do atum, o trabalho da Universidade de Kinri

Há um consenso razoável de que hoje mais da metade dos peixes e outros frutos do mar, como o camarão, já são criados em cativeiro, e a grande maioria envolveu intensos e longos trabalhos para que isto se tornasse uma realidade. Os consumos destas proteínas saudáveis estão se elevando no mundo, principalmente depois que os chineses aprenderam a apreciar os produtos crus como os sashimis e o sushis, que antigamente eram inconvenientes dadas as condições sanitárias naquele gigantesco país. Contribuíram também as disseminações das culinárias japonesas e outras do Sudeste Asiático por todo o mundo, consideradas atraentes e saudáveis. Tudo indica que esta tendência do passado recente vai se intensificar no mundo nas próximas décadas.

Todas as criações, tanto dos camarões como dos salmões, também exigiram longos e intensos trabalhos. A do atum, principalmente os considerados de melhor qualidade, espécies conhecidas em inglês como bluefin e em japonês como o hon maguro (verdadeiro atum), que proporciona os mais apreciados toros na parte próxima a sua barriga, intensos em boas gorduras, exigiram grandes esforços, pois o estoque mundial de espécies naturais chegou a ser ameaçado com a intensidade das pescas e melhorias dos equipamentos utilizados para a sua localização, tanto no Pacífico como até no Atlântico, onde atuneiros trabalhavam ao longo de muitos meses. Técnicas de congelamento rápido também ajudaram a preservação de suas qualidades para transportes a grandes distâncias, consumindo longo tempo da captura até a sua comercialização nos grandes mercados como o de Tsukiji em Tóquio. Também foram aperfeiçoadas as técnicas de descongelamento até chegar ao consumo final com qualidade.

Uma parte desta memorável epopeia mereceu um artigo elaborado por Yuka Hayashi, publicado no The Wall Street Journal, que pode ser acessado em sua íntegra em inglês, podendo ser traduzido em partes com o uso do sistema da Google para tanto, no site http://online.wsj.com/articles/why-farmed-fish-are-taking-over-our-dinner-plates-1415984616?mod=WSJ_hp_EditorsPicks .

Destaca-se a persistência e dedicação por muitos anos do professor Hidemi Kumai sobre o assunto, ele que é professor emérito da Kinki University do Japão.

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Professor Hidemi Kumai                   Produção de atuns em fazendas marítimas

O artigo informa que os trabalhos começaram em 1969 com a tentativa de dominar o ciclo completo da criação do bluefin, desde os seus ovos, os bebês, jovens e adultos numa tentativa de sua criação como se fora uma agricultura, sabendo-se que se tratava de um desafio imenso, como relata Hidemi Kumai, hoje com 79 anos.

Os pescadores consideram os professores como insanos, pois se acreditavam que o bluefin só se desenvolvia na natureza. O primeiro problema é que sua pele se desintegrava quando capturados. Em 2011 perdeu-se 300 peixes adultos de um estoque de 2.600 com um tsunami provocado por um terremoto, quando a maré provocou um escurecimento das águas, e os peixes entraram em pânico rompendo as redes.

Um tufão dizimou o seu estoque no ano passado, e neste ano os pesquisadores ficaram torcendo até começar a época da reprodução, pois o ano foi pródigo em tufões. Havia momentos que só se podia rezar, confessam os pesquisadores, como Tokihiko Okada, que cuida hoje da produção.

Houve um período em que os peixes não produziam os ovos, o que hoje é atribuído às mudanças de temperatura durante o dia, lição aprendida pelo acasalamento em outro local de pesquisas, ao sul do Japão.

Numa ocasião, 2 mil avelinos foram perdidos, todos com os ossos do pescoço quebrados. Descobriu-se posteriormente que eles entraram em pânico com a luz que foi acesa, depois de um apagão. As luzes intensas, devido a uma causa qualquer, deixam os peixes em pânico, exigindo que elas sejam mantidas acesas o tempo todo.

Hidemi Kumai tem vivido há cinco décadas próximo aos peixes, que considera como a sua família. Em 2002, a equipe foi a pioneira em conseguir produzir filhotes de pais que já haviam sido criados em cativeiro, completando todo o ciclo. Mas a taxa de sobrevivência ainda é baixa, quando comparada com a do salmão, que virou um negócio bilionário.

As pesquisas estão exigindo mais recursos, mas hoje já existem grandes grupos japoneses interessados nestes investimentos, tradings e inclusive um do grupo da indústria automobilística, pois o Japão é consumidor de 80% do total de capturas no mundo.

Já existem vendas de atum juvenis para serem engordados em fazendas de criação. Técnicas como as do kaizen, utilizadas nas indústrias automotivas, já são aplicadas na piscicultura. Muitos peixes morreram com a redução da temperatura, e rações foram criadas para os manterem quentes.

A taxa de sobrevivência está se elevando sensivelmente. As preocupações ecológicas estão aumentando, de forma que das rações de peixe que são consumidos em quantidade parte já estão sendo substituídas por rações de proteína vegetal.

Existem também preocupações com o sabor, pois os atuns selvagens são menos gordurosos, enquanto os criados são exagerados, mesmo que a gordura seja apreciada. Está se procurando corrigir sua alimentação. Também os criados são menos ágeis a evitar os perigos, como os choques entre eles. Há também preocupações com problemas de pragas, pois todos são de mesma origem, e cruzamentos estão sendo tentados com espécies selvagens. Existem, portanto, muitos problemas ainda a serem resolvidos, mas as pesquisas continuam.


O Difícil Processo de Aperfeiçoamento Democrático

15 de novembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: a prisão de executivos de empreiteiras e dirigentes da Petrobras, análises preliminares um pouco mais profundas, o comportamento da mídia

É mais que natural que toda a imprensa brasileira conceda espaços generosos para a divulgação das espetaculares prisões de dezenas de importantes dirigentes das empreiteiras brasileiras, da Petrobras e outros envolvidos nos fortes indícios de irregularidades. Elas surpreenderam muitos analistas pelas personalidades envolvidas que propiciaram vantagens para empresas privadas e recursos para as mais variadas finalidades, inclusive financiamentos de campanhas eleitorais. A Constituição de 1988 concedeu amplos poderes para o Ministério Público que, por meio Polícia Federal, ainda está aperfeiçoando o uso dos mesmos, e no momento ainda exagera nas divulgações das operações espetaculares que parecem visar o aumento das delações premiadas, que podem identificar outras irregularidades, que certamente devem ser punidas, mas dentro de um longo processo judicial que, lamentavelmente, demanda muito tempo para ser justo.

O processo ainda está numa fase intermediária e poderá ter maior profundidade atingindo até membros do Conselho de Administração de muitas empresas, o que é permitido hoje pela legislação brasileira, não se restringindo somente aos executivos.

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Ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás, Paulo Roberto Costa, um dos primeiros delatores visando a redução de suas penas

SUB-RELATORIA/CORREIOS

Alberto Youssef, doleiro que seria um dos principais operadores de todo o sistema, que também visa a redução de suas penas com delações premiadas. Foto: Joedson Alves/Estadão Conteúdo

Em todo o mundo, os custos das campanhas eleitorais e de muitos movimentos políticos são elevados e diferentes mecanismos são utilizados para que os seus financiamentos sejam mais transparentes e justos, não havendo ainda um que seja recomendável para todas as diferentes democracias. Alguns países optam pelo financiamento com recursos públicos que já estão sobrecarregados, outros optam por pequenos financiamentos pulverizados dos eleitores, alguns permitem que empresas participem do processo. Difícil imaginar que todos os recursos sejam legais, havendo abusos dos usos de mecanismos ilegais nestes aprendizados para o aperfeiçoamento. Votações, como alguns dispositivos que interessavam a algumas correntes políticas da Constituição, exigiram no Brasil volumosos recursos em que foram usados meios suspeitamente ilegais, que tendem a se ampliar nas campanhas eleitorais.

Tudo que está ocorrendo, já com dezenas de prisões, principalmente temporárias, baseiam-se em algumas delações premiadas de criminosos confessos claramente envolvidos em irregularidades visando as reduções de suas penas. Muitos executivos, agora presos, acabarão sendo libertados pelas ações eficientes de dispendiosos trabalhos de seus advogados, mas tudo indica que este espalhafatoso processo objetiva obter novas delações premiadas, que visam a identificação de provas materiais com outros envolvidos.

Mas como consequência destas ações já pode ser especulada mudanças que deverão ocorrer na economia e na política brasileira, com efeitos de longo prazo e positivos. Historicamente, quando a Capital brasileira ainda se situava no Rio de Janeiro, havia algumas grandes empreiteiras que dominavam o cenário das grandes obras públicas no país. Quando da construção de Brasília, foram substituídas por outras que aproveitaram a oportunidade para volumosos trabalhos, com grande urgência, em regiões pioneiras de então, sem que houvesse um grande rigor nas suas fiscalizações.

Algumas novas empreiteiras se consolidaram com as grandes e numerosas obras que foram construídas intensamente durante o período de administração autoritária no país, quando os custos das campanhas políticas eram menos elevados. Muitas continuaram se expandindo até os tempos atuais. Elas sempre foram importantes nos financiamentos dos custos políticos, de formas regulares e até com mecanismos duvidosos. Mas, certamente, não são as únicas, podendo se suspeitar que instituições financeiras também tivessem um papel importante, ao lado de outras empresas que dependem dos favores da administração pública.

O atual processo deve provocar uma forte renovação nestas empreiteiras que contavam também com empresas de engenharia para a elaboração de projetos das construções pesadas, que não contam com eficientes mecanismos alternativos. Este processo poderá ser demorado até a consolidação de um novo quadro eficiente no Brasil, até que as novas tenham toda a tecnologia e dimensão econômica para poder arcar com os novos trabalhos.

Isto provocaria uma redução temporária das obras mais cruciais para sustentar um processo de recuperação do desenvolvimento, mesmo que estas adaptações contem com a colaboração de eficientes empresários. O mais natural é que haja cautelas adicionais, como algumas empresas tradicionais que já se declararam redirecionando suas atividades, evitando setores onde possam ocorrer problemas como os que estão sendo enfrentados.

Mesmo com todos estes problemas, deve-se encarar que as punições das irregularidades devam ser positivas, mostrando que a democracia continua se aperfeiçoando no Brasil, fazendo com que a concorrência tenha condições para aumentar a eficiência econômica no país.

As mudanças no quadro político acabam exigindo reconsiderações importantes, dentro do regime federativo em que o Brasil está inserido, com os políticos sendo eleitos nas eleições estaduais, não havendo os que se empenhem na defesa da União. Parece indispensável que exista alguma cláusula de barreira, permitindo que somente um número limitado de partidos tenha representação nacional. Algum mecanismo que permita uma fiscalização mais eficiente da ação dos eleitos pelos seus eleitores, como um sistema distrital misto parece indispensável. Tudo deve visar a redução dos custos das campanhas eleitorais.

A esperança é que a indignação provocada com a divulgação de tantas irregularidades seja canalizada internamente no sentido do aperfeiçoamento e não da desilusão dos eleitores com a política. Também do ponto de vista internacional, as análises desejáveis seriam às voltadas aos esforços de redução da corrupção no Brasil, de forma radical, como poucas vezes vistos na maioria dos países.


Os Bancos de Desenvolvimento da China

14 de novembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: artigo no The Japan Times, complementação de organismos já existentes, instrumentos para financiamentos de projetos de desenvolvimento

Um artigo publicado por Lee Jong-Wha, professor de economia e diretor do Instituto de Pesquisa Asiática na Universidade da Coreia, no The Japan Times, informa sobre as instituições bancárias internacionais chinesas onde seus representantes ocupam posições de comando. A China já vem aumentando seus funcionários em instituições internacionais como o G-20, o Fundo Monetário Interacional, o Banco Mundial e a Organização Mundial de Comércio, acumulando experiências. Mas não contava com o comando delas, pois suas participações no capital ainda são modestas e os norte-americanos e europeus continuam destacados. No Banco Asiático de Desenvolvimento, são os japoneses que detêm a sua Presidência, no banco cogitado para os BRICS haveria um rodízio no comando.

Assim, a China que vem aumentando sua participação de forma expressiva no cenário internacional resolveu criar o AIIB – Asian Infrastructure Investiment Bank, que, trabalhando complementarmente às demais instituições, teria comando chinês, que contaria com 50% do seu capital. O ministro de Estado dos Negócios Estrangeiros da Índia, Shashi Tharoor, já sugeriu que este banco financie o novo Silk Road, que tanto por terra como pelo mar facilite as ligações do Leste Asiático com a Europa, ainda que existam alguns receios de países asiáticos sobre a expansão das atividades da China nestas áreas. Com todo o prestígio conseguido pela China na recente reunião da APEC naquele país, com a presença de destacadas personalidades internacionais, as elevadas poupanças chinesas e de outros asiáticos poderão ser canalizadas nestas obras.

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Cerimônia para lançamento dos trabalhos de elaboração do Asian Infrastructure Investment Bank em Beijing, China

Esta foi uma iniciativa chinesa para atrair as autoridades asiáticas para a possibilidade de financiamento dos seus projetos de infraestrutura, que todos necessitam, contando com mais de US$ 40 bilhões como um programa inicial.

Alguns analistas questionam a possibilidade de uma adequada governança neste banco, que já conta com metade do capital de origem chinesa. Mas, muitos são pragmáticos e sabem que podem contar com a ajuda destes recursos que possam ser completados pelos locais, para contemplar projetos vitais para a sua integração neste esforço asiático de intensificar suas relações com os europeus, como o resto do mundo.

Ainda que se esperem critérios internacionais para as avaliações dos projetos a serem contemplados com financiamentos, todos estão conscientes de que muitos dos apoios chineses podem estar vinculados, havendo esperanças de facilidades no acesso ao mercado chinês que deverá continuar crescendo nas próximas décadas, a ponto de superar os Estados Unidos.

Pode-se afirmar que também este novo banco faz parte da nova realidade, onde a presença chinesa tende a se consolidar, tanto alimentando o seu desenvolvimento como tendo impacto em toda a região asiática. É difícil imaginar que outros países tenham condições competitivas como estas que estão sendo colocados pela China.

É preciso considerar ainda que a China dispõe de outros bancos estatais e privados que podem complementar financiamentos que estejam ligados a estes projetos mais amplo, dada a presença de chineses na maioria dos países do mundo, que acaba tendo interesses relacionados com os fomentos do intercâmbio comercial.


Ironia Inglesa do The Economist Sobre a China

14 de novembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: artigo do The Economist sobre a China, divergências com tratamento irônico, presença de líderes mundiais na China, reunião da APEC

Todos sabem que a posição ideológica do The Economist com a atual dominante na China apresenta uma grande diferença. Mesmo que existam aspectos em que um artigo publicado na revista possa ter suas razões, diante da impossibilidade de modificar a atual realidade, como é da tradição inglesa, abusa-se da ironia para descrever o que aconteceu nos últimos dias naquele país. É como se a Pax Americana que seria apoiada pela revista tenha que ceder à nova ordem chinesa que vai se impondo ao mundo, como a maior economia do planeta. Denomina como coreografia quase imperial o quadro em que Xi Jinping recebeu Barack Obama, símbolo poente dos Estados Unidos, no cenário da residência oficial da China ascendente, na Zhongnanhai, ao lado da Cidade Proibida, deixando o grande Salão do Povo que vinha sendo utilizado para recepções semelhantes.

A revista enfatiza que na televisão como nos jornais chineses, Xi Jinping foi tratado sempre ocupando uma posição de comando, com os líderes mundiais pagando respeito à magnanimidade do presidente chinês. Como fato objetivo, parece que não restou a Barack Obama senão curvar-se diante da triste realidade, como se fosse o que poderia ser feito para deixar pequenas marcas de sua tentativa de contribuição como coadjuvante nas questões relevantes no futuro próximo para o mundo, como no caso dos entendimentos visando um avanço nas negociações relacionadas com as emissões de carbono. É preciso admitir que a diplomacia chinesa tirasse o maior partido possível da participação de grandes líderes mundiais na reunião da APEC.

Na nova edição do The Economist, a capa é interpretada nos seus detalhes, mostrando que as posições foram sempre no sentido de dar um ângulo favorável a Xi Jinping, que se apresenta de frente nas fotos, enquanto Barack Obama fica com o seu braço cobrindo-o, como se fora uma posição de submissão, o que parece ser um exagero, mesmo respeitando a longa tradição da imprensa.

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                            A capa da revista para a semana

Já postamos neste site que na reunião da APEC os líderes presentes na China deram respaldo ao prosseguimento dos entendimentos visando o acordo, enquanto a TPP, que seria um contraponto liderado pelos Estados Unidos, ainda não o conseguiu. Para conseguir tal objetivo, a China anunciou acordos de livre comércio com a Coreia do Sul e com a Austrália, bem como generosos investimentos de US$ 40 bilhões para melhoria da infraestrutura em países asiáticos, inclusive parte da Rússia, dentro do novo Silk Road, além da confirmação das aquisições de gás daquele país ao seu norte.

Ainda que existam preocupações e resistências ao avanço militares da China pelos mares que os cercam e que geram conflitos com seus vizinhos, o primeiro-ministro japonês Shinzo Abe foi recebido por Xi Jinping, ainda que a foto do evento mostre todo o desconforto existente entre os dois. A revista expressa sua pesada posição com a interpretação que o fato dá “a impressão de um proprietário de um cão obrigado a pegar o coco de outro cão (tradução da Google de “Lent the impression of a dog owner obliged to pick up another pooch’s turd”).

Outros acordos como a facilidade para o comércio de produtos de informática ainda depende da OMC e outro para evitar maus entendimentos ou confrontações militares, além de facilitar o visto de visitantes turistas ou empresariais.

Mas, segundo a revista, a maior surpresa foi o entendimento sobre os gases que provocam efeito estufa, onde os Estados Unidos se comprometeram com metas específicas que não encontram apoio unânime no país, quando os objetivos chineses ainda são vagos, o que deverá ser objeto de entendimento no próximo ano numa reunião das Nações Unidas em Paris.

Como os chineses aceitaram uma conferência com a imprensa ao término do encontro entre os dois presidentes, Xi Jinping deixou claro que o problema de Hong Kong era um assunto interno, o que foi interpretado pelo The Economist como uma posição que contraria entendimentos em que se procuram avanços nos relacionamentos com os países Ocidentais como outros aliados dos Estados Unidos.

O que parece difícil se aceito pela revista é que, apesar de pontos em que podem ser levantadas objeções, que certamente existem, o sentido geral mostra que existem possibilidades de convívio com a China, ainda que existam posições divergentes em diversos assuntos.


Preocupação Legítima Sobre a Preservação do Pirarucu

13 de novembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias | Tags: artigo publicado no International New York Times, esforços para a preservação do picarucu, manejo para a sua preservação com a colaboração dos pescadores

Todos sabem que o pirarucu, também conhecido como o bacalhau brasileiro, está entre os peixes fluviais de maiores dimensões, podendo chegar a 7 metros e 400 quilos. Simon Romero publica no site do International New York Times um precioso artigo sobre o esforço que vem sendo feito em algumas regiões da vasta Amazônia para a sua preservação, contando com a colaboraçao dos pescadores que dependem de sua pesca. Isto se torna possível com um manejo adequado, preservando os mais jovens, com uma pesca controlada, evitando-se as efetuadas por redes. O pirarucu costuma atingir a sua maturidade aos 3 a 4 anos. Os que conhecem um pouco da Amazônia sabem os multiplos usos do piracucu, que começa pelas suas escamas que são usadas como lixas ou ornamentos, a sua língua seca é utilizada para ralar os bastões de guaraná, que é considerado saudável e até afrodisíaco, enquanto a sua carne seca e salgada ficou conhecida como o bacalhau brasileiro, mesmo que não apresente um sabor de elevada qualidade.

O autor do artigo relata o que observou no longuínquo Tefé, nos confins do gigantesco Estado do Amazonas, acompanhando a vida dos pescadores que alimentam sua ainda numerosa família com o produto de sua pesca. Nas proximidades das cidades, a sua pesca ilegal está colocando a preservação desta espécie como de outras com o risco de extinção. As espécies menores dos peixes fluviais da Amazônia já contam com criações até visando o abastecimento do mercado, eliminando riscos semelhantes. Na realidade, se os manejos adequados forem efetuados, tanto estes peixes como outros produtos da ampla biodiversidade da Amazônia conta com condições para a sua adequada preservação, sustentando a floresta e a região, proporcionando condições de melhoria do padrão de vida de sua população. Muitas iniciativas neste sentido estão sendo efetuadas, inclusive com o apoio externo.

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Um pescador puxa um pirarucu no lago do Macaco, perto de Maraã, Brasil. Crédito: Mauricio Lima e para The New York Times, onde foi publicada a matéria

É evidente que o artigo voltado para os leitores internacionais, principalmente norte-americanos, ainda contém alguns exageros como as abundâncias das piranhas e jacarés, que contam com muitas variedades, desde as mais agressivas como as mais inocentes. Os cardumes, como de algumas piranhas, ficam demasiadamente agressivas ao mínimo vestígio de sangue, inevitável nas pescas como o do pirarucu, tornando-se de alto risco para os pescadores mesmo acostumados com elas.

O artigo relata um caso de sucesso na conservação da Amazônia, o da região de Mimairauá, onde o estoque de pirarucu estaria alcançando uma elevação de 400 por cento, onde a preservação é feita em colaboração com os pescadores. Não se pesca os menores e os que apresentam potencialidade de se tornarem reprodutores. Voltou-se para as técnicas tradicionais de pesca que exigem maior paciência.

Como o pirarucu é de grande dimensão, quando é puxado para as pequenas canoas, é abatido usando-se tacos de madeira, apresentando-se o risco de virar a embarcação. Tudo se aproveita do picarucu, e suas víceras são apreciadas com um pouco de farinha de mandioca. O mais apreciado continua sendo sua carne, que, segundo o artigo, chega a proporcionar cerca de US$ 200 por cada um pescado, reforçando os orçamentos dos pescadores.

Os salgados não aparentam os bacalhaus secos, pois a elevada umidade da Amazônia ainda os mantêm escuros, ainda que possam ser preservados por muito tempo. Seu aproveitamento desta forma são antigas. O artigo informa que mais de 1.400 pescadores em torno de Mamirauá participam do programa de manejo do picarucu, permitindo etiquetar cada peixe pescado. Estes pescadores conseguiram obter uma média de 650 dólares por cada peixe pescado em 2013, o que é importante para esta população amazônica, ainda que a pesca ilegal tenda a depreciar os preços no mercado.

A esperança é a continuidade desta pesca sustentável, mostrando que existem formas racionais de manejo, que permitem a sua preservação e continue proporcionando meios para a população de pescadores.