21 de outubro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: CNPC e CNOOC, condições mínimas, Petrobrás, Shell, Total, um consórcio formado por todos os licitantes importantes
O resultado do leilão para exploração do campo de Libra, parte do pré-sal na costa brasileira, atendeu ao mínimo estabelecido pelo edital. Para surpresa de muitos, a Shell anglo-holandesa, a Total francesa, com 20% cada, além das já previstas Petrobras com mais 10% além dos 30% assegurados previamente, as chinesas CNPC e CNOOC, com 10% cada, completam o consórcio único que aceitou as condições mínimas estabelecidas pelo edital. Portanto, a União fica com a parcela mínima de 42,65% do óleo produzido no local, alem do bônus fixo de R$ 15 bilhões. Muitos entenderão que o leilão não conseguiu os melhores resultados, pois havia uma esperança de dois ou mais consórcios, mas há que se admitir que os tempos não sejam os mais favoráveis no momento.
Ainda que o campo de Libra fique somente com uma lâmina de água de 1.500 metros, as três maiores, a Petrobras, a Shell e a Total, possuem experiências em águas profundas. Os desafios maiores deverão ser juntar a produção de diversos pontos para uma localidade para o seu transporte final para o litoral, que fica a cerca de 190 quilômetros daquele local. Os chineses acabaram assegurando parte de sua produção para o seu abastecimento. A operação ficará por conta da Petrobras.
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21 de outubro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: dificuldades de ajustamento da economia chinesa, subsídios envolvidos, um sobre a capacidade ociosa e outro sobre imóveis residenciais
Um artigo de Lydia Guo e outro de Simon Rabinovich do Financial Times tratam de problemas que estão sendo enfrentados pela economia chinesa. No primeiro, informa-se que o Conselho de Estado da China estabeleceu um plano de cinco anos para lidar com o problema de excesso de capacidade existente em alguns setores produtivos, e o segundo, do problema do plano de construção de 36 milhões de residências, todos envolvendo subsídios difíceis de serem controlados, mesmo dentro de um regime autoritário de orientação socialista. O Financial Times tem um nítida tendência liberal e é dos organismos da imprensa mundial que vem sendo critico ao governo da China, apontando suas dificuldades com estes gerenciamentos dos subsídios.
No caso das indústrias, informa-se que existem setores onde a capacidade de produção utilizada gira em torno dos 70%, entre eles a de produtos siderúrgicos, cimento, alumínio, vidros planos e construção naval. Como os prejuízos das estatais são elevados, deverão ser tomadas medidas para ajustamento em cinco anos, que deverão resultar em desemprego e aumento dos empréstimos incobráveis dos bancos. Um dos destaques é a Tome Rongsheng Heavy Industries, a maior com construção naval privada na China, que está com uma dívida bruta de US$ 5,3 bilhões. Seus empregados estão em férias coletivas obrigatórias, o que também provoca greves dos mesmos.
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21 de outubro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: encomendas para o pré-sal, japoneses com a Ecovix-Engevix, notícia sobre a participação da Mitsubishi Heavy
Uma notícia foi publicada pelo jornal econômico Nikkei informando que a Mitsubishi Heavy e quatro outras empresas japonesas planejam unir suas forças para investir nos estaleiros brasileiros, para competir com os rivais coreanos e chineses nas embarcações para a exploração dos recursos naturais no alto-mar, notadamente no pré-sal com o petróleo e o gás. O consórcio japonês é liderado pela Mitsubishi Heavy, que é no Japão a quinta maior empresa de construção naval. Mas também participam a Imabari Shipbuilding, que é atual líder industrial, mas também a trading Mitsubishi Corp., a Namura Shipbuilding, e a Oshima Shipbuilding. O grupo japonês contará com 30% de participação na Ecovix – Engevix Construções Oceânicas, com cerca de US$ 400 milhões até o final deste ano fiscal que termina em março próximo.
Quando concluído estes negócios, será o maior investimento dos japoneses da indústria de construção naval no exterior, segundo o artigo. Isto permitirá a construção de embarcações de perfuração de poços com elevado valor agregado, na esperança de fornecer para a exploração de petróleo e gás nas costas brasileiras das reservas descobertas.
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21 de outubro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias | Tags: ligados à Copa do Mundo, notícias do The Observer reproduzidos no The Japan Times, relacionados com os choques dos manifestantes com as forças policiais
Lamentavelmente, as notícias sobre as manifestações que estão ocorrendo no Brasil e os choques com as forças policiais vêm se disseminando pelo mundo. Um artigo escrito por Dom Philips do The Observer foi republicado no The Japan Times, informando que diante da Copa do Mundo, as desigualdades existentes no Brasil estão provocando iras dos mais variados setores, como dos professores no Rio de Janeiro. Mesmo reconhecendo que milhões de pessoas superaram a pobreza absoluta. Mesmo com as vitórias esportivas como na Copa das Confederações onde o Brasil ganhou da poderosa seleção espanhola. Mas, fora do estádio do Maracanã, os manifestantes enfrentavam as tropas de choque.
O artigo menciona que as manifestações dos professores estão infiltradas pelo Black Bloc, mascarados que promovem depredações. Muitos se perguntam se a Copa do Mundo vai se realizar. Mesmo que o Brasil seja o B dos BRICS, com Lula da Silva tendo conseguido os avanços sociais que beneficiaram 40 milhões de brasileiros, com muitos conseguindo comprar os seus celulares. A reportagem registra que alguns analistas veem uma relação positiva com a desigualdade.
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21 de outubro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, webtown | Tags: 79 anos da Imperatriz Michiko, centenário da imigração japonesa ao Brasil, os contatos pessoais com ela, uma longa vida de obrigações oficiais, visitas ao Brasil
Apesar de ser a atual imperatriz do Japão, Michiko nasceu plebeia com o nome de Michiko Shoda há 79 anos, que completou neste domingo, dia 20 de outubro. Ela conheceu o então príncipe herdeiro Akihito em Karuizawa, uma pequena cidade nas montanhas próximas de Tóquio, semelhante com Campos do Jordão no Brasil, onde praticavam tênis, frequentada pela elite japonesa, hoje mais popularizada com muitos turistas. Acabou contraindo o seu matrimônio sob a rígida supervisão da Casa Imperial, tendo sofrido no seu duro e longo processo de adaptação à vida palaciana, havendo um período que tinha perdido a sua capacidade de fala com as pressões psicológicas que sofria. Mas, pessoalmente, ela é uma senhora de conversa muito agradável, que foge um pouco do antigo padrão da nobreza japonesa.
Tive o privilégio de alguns contatos pessoais com ela, na companhia do imperador Akihito, quando ele ainda era o príncipe herdeiro ou já ocupava o Trono do Japão. Ela visitou algumas vezes o Brasil, quando Akihito ainda era o príncipe herdeiro, e sempre nas conversas bastante elegantes costumam revelar as saudades que sentem do Brasil, cujas impressões transmitiram para seus filhos, que também tiveram a oportunidade de visitar o Brasil. O Japão tem a plena consciência que o Brasil é o país que conta com maior número de imigrantes japoneses e seus descendentes, tendo-os acolhido num período onde o excedente populacional japonês era um problema.
Mas foi quando ocupei a posição de Comissário do Governo Brasileiro para a EXPO TSUKUBA 85 que tive mais oportunidades para estes contatos, inclusive para explicar o significado do Pavilhão Brasileiro que já apresentava na ocasião a tecnologia do álcool, que depois ficou mais conhecido como etanol.
Casal Imperial do Japão. AP Photo/Imperial Household of Japan
Com o longo treinamento de muitos contatos oficiais, ambos são dotados de uma memória respeitável. Tanto que os encontrando novamente em São Paulo num evento, depois de um rápido cumprimento em Brasília, eles tiveram a gentileza de mencionar que tinham a lembrança do nosso encontro na Capital brasileira.
Os nobres japoneses costumavam conversar somente sobre assuntos gerais como a natureza sem se referirem as questões corriqueiras das vidas das pessoas. Mas tanto Michiko como Akihito procuravam romper estas antigas tradições, para se referirem de seus sentimentos com relação aos brasileiros, notadamente aos descendentes dos imigrantes, cujos sofrimentos na sua adaptação ao Brasil parecem comovê-los sinceramente.
Quando da apresentação do Pavilhão brasileiro em Tsukuba, por exemplo, o então príncipe herdeiro, quando lhe apresentei um quadro pintado pelo meu amigo Manabu Mabe, entre outros trabalhos artísticos de nikkeis brasileiros, que lembrava num estilo figurativo o perfil de um imigrante revelando a sua saudade do Japão, Akihito perguntou algo que me deixou impressionado. Ele, que deve ter estudado muitas coisas dos artistas nikkeis, perguntou-me se Manabu Mabe não trabalhava somente com o estilo abstrato, ao que lhe informei que na sua fase inicial ele era figurativo, como em alguns dos seus períodos mais maduros havia uma mistura de algo figurativo, ainda que com forte conotação abstrata e gesticular.
Mas o que mais me impressionou, como a todos que participaram no Japão dos eventos relacionados com o Centenário da Imigração Japonesa no Brasil, foi que o Casal Imperial rompeu totalmente o que estava previsto no protocolo. Previam-se somente alguns discursos num evento que seria seguido de um coquetel. Para desespero dos que cuidavam da segurança, eles fizeram questão de permanecer no evento circulando entre os convidados, por um longo período de tempo, aceitando que muitos aproveitassem não somente para conversar com eles, como tirar fotografias juntos, o que não deveria ser protocolar.
É muito confortante saber que o Casal Imperial, mesmo com a idade e os problemas de saúde que já foram enfrentados no passado, agora está bem para poder comemorar os 79 anos da Imperatriz Michiko. Vida longa para eles.
18 de outubro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: interesses chineses, o leilão do campo Libra do Pré-Sal, outros participantes, programado para 21 de outubro, um dos maiores leilões do mundo
Mesmo um jornal econômico como o Valor Econômico, que costuma ser comedido na redação utilizada, solta uma manchete de primeira página informando que o pré-sal exige investimento de US$ 500 bilhões em 12 anos. Ocupa mais de duas páginas importantes para noticiar o que se sabe deste leilão no campo Libra, mobilizando jornalistas como Cláudia Schüffer, Marta Nogueira, Flavia Lima, Francine de Lorenzo e Karin Sato, uma grande equipe como em poucos casos. Onze empresas se inscreveram para o leilão, pagando taxas de R$ 2 milhões cada, havendo uma expectativa da formação de dois ou três consórcios. O vencedor terá que pagar bônus de assinatura de R$ 15 bilhões para as autoridades brasileiras.
Três companhias estatais chinesas, a CNOOC, China National Petroleum Corporation e a Sinopec, a última em parceria com a espanhola Repsol, a malaia Petronas, a indiana ONGC, a japonesa Mitsui, a francesa Total, a Shell e a colombiana Ecopetrol, além da Petrobras participam da disputa. As ausências de outras empresas gigantes de petróleo mundial foram explicadas com o estoque elevado de reservas que elas já possuem, não permitindo grandes novos investimentos. O noticiário internacional, como do Financial Times, publica uma grande matéria sobre as dificuldades que a Petrobras atravessa, com a exagerada interferência do governo brasileiro nos negócios que afetam seus interesses. Nada mais natural que nestes tipos de disputas as informações mais variadas sejam divulgadas. Os funcionários da Petrobras estão em greve e existem tentativas de ações judiciais da parte daqueles que entendem que o Brasil não defende adequadamente seus interesses.
Os desafios são gigantescos, pois este campo é considerado como dos mais elevados potenciais, e somente especialistas podem fazer uma avaliação com uma ampla margem de erros. Apesar de estar abaixo de uma lâmina de água em torno de 1.500 metros, que não é das mais profundas, envolve uma área de 1,5 mil quilômetros quadrados, comportando dezenas de poços, cuja produção terá que ser concentrada num ponto para ser transportada para o litoral.
As cifras envolvidas são todas gigantescas. Uma consultoria especializada, a IHS, estima que sejam necessárias 630 mil toneladas de aço, 7.800 quilômetros de linhas flutuantes, 52 mil toneladas de tubulações, e 75 mil toneladas de equipamentos submarinos. Uma parte destes equipamentos terá que ser produzido pelos estaleiros brasileiros, sendo um dos grandes desafios.
Se tudo correr bem, o Brasil depois de alguns anos se tornará um importante produtor de petróleo e gás, quando ocupa hoje o 13º lugar no mundo. Somente Libra pode representar 65% da produção atual do país em petróleo e gás.
Informa-se que a China está muito interessada em assegurar uma importante alternativa para o seu abastecimento, o que se torna claro com a participação de suas principais estatais neste leilão. A Petrobras, que poderá participar de um dos consórcios, mesmo que não seja o vencedor, estará presente obrigatoriamente por um dispositivo legal especialmente aprovado pelo Congresso e sancionado pelo Executivo.
Ao mesmo tempo em que este leilão é uma grande oportunidade para o Brasil também é um dos maiores desafios já enfrentados, inclusive do ponto de vista tecnológico. Existem muitas pesquisas que ainda terão que ser feitas. Não se pode contar com os seus benefícios até que a produção se torne uma realidade.
17 de outubro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias | Tags: a gravidade do problema e metas ousadas, chineses estudam os problemas de poluição nas instituições norte-americanas, o trabalho de Zhu Liu noticiado no Nature
Todos reconhecem que os Estados Unidos e a China são os países que mais poluem no mundo. A gravidade do problema na China está obrigando que muitos, como Zhu Liu, um consagrado cientista chinês com muitos títulos nos Estados Unidos, e seus colegas desenvolvam estudos que permitam o seu país a liderar o mundo no desenvolvimento de baixo carbono. Ele possui o Ph.D. na prestigiosa Chinese Academy of Science de onde é membro, trabalha na Harvard Kennedy School dos Estados Unidos, apresentou muitos importantes estudos e formula, com ajuda de seus colegas, um programa de desenvolvimento de baixo carbono para países emergentes como a China e a Índia. Da mesma equipe participam Dabo Guan, da Universidade de Leeds, Douglas Crawford-Brown, da Universidade de Cambridge, Qiang Zhang e Kebin He, da Universidade de Tsinghua, e Jianguo Liu, da Universidade Michigan State. Eles formam, portanto, um grupo altamente credenciado, todos especialistas em sustentabilidade.
Eles mereceram a publicação de um artigo com o título “A low-carbon Road map for China” numa revista como Nature, de 8 de agosto último, que é do mais alto nível científico. Os interessados no assunto devem procurar esta revista que não é muito fácil de ser obtida no Brasil. O artigo informa que a China foi a principal consumidora de energia primária mundial em 2012 e consumiu metade do carvão mineral de todo o mundo. Foi responsável por um quarto das emissões de dióxido de carbono em 2011 e por 80% da emissão de CO2 desde 2008. Com a pressão que está sofrendo do mundo e de sua própria população, o país planeja reduzir sua intensidade de carbono, CO2 por unidade de PIB para 55 a 60% até 2020 dos níveis de 2005, uma meta que os Estados Unidos resistem em se comprometer.
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17 de outubro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Depoimentos, Editoriais, Notícias | Tags: artigo de Andres Velasco no Project Syndicate, mais graves que as derrubadas das florestas, os problemas que estão ocorrendo nos oceanos
Andrés Velasco já ocupou diversos cargos importantes no Chile, em organizações internacionais e é atualmente professor da Universidade de Columbia, fazendo palestras em importantes universidades norte-americanas, como Harvard e New York. Seu artigo publicado no Project Syndicate aponta os riscos por que está passando os oceanos, assunto que deverá ser discutido no Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas. Além do aquecimento que está sendo detectado pelos cientistas, ele afirma que o Programa Internacional sobre o Estado dos Oceanos informa que, além do dano à vida marinha com a pesca destrutiva e a poluição, outros problemas estão sendo gerados. Os oceanos fornecem pelo menos a metade do oxigênio que respiramos e eles absorvem mais dióxido de carbono do que as florestas.
A degradação é particularmente grave no alto-mar que deveria ser governado internacionalmente, que compreende dois terços dos oceanos e 45% da superfície terrestre. A Global Ocean Commission, uma iniciativa independente à qual ele se junta neste ano, apresentará uma recomendação como restaurar os oceanos plenamente, recuperando sua produtividade ecológica.
Andrés Velasco
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17 de outubro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: aspectos que já são consensuais, necessidade de novas proposições implementáveis, tentando superar a impressão de déjà vu
Acompanhando os principais meios de comunicação social do Brasil, nota-se uma repetição de assuntos que já parecem consensuais, como a necessidade de maior agressividade na política comercial externa, procurando participar das diversas iniciativas regionais de livre comércio. Todos admitem que as medidas gerais de liberalização do comércio internacional, como as da OMC – Organização Internacional do Comércio com a sua Rodada Doha, já não apresentam mais esperanças de avanços, e multiplicam-se as iniciativas bilaterais e regionais, dos quais o Brasil não vem participando de forma agressiva, deixando o risco de se manter relativamente isolado dos diversos blocos, limitados pelos compromissos do Mercosul, que perde cada vez mais de expressão. É o reconhecimento de que as exportações são vitais para o desenvolvimento brasileiro.
Também se tornam cansativas as reclamações sobre as limitações impostas no plano macroeconômico do que se convencionou chamar-se de custo Brasil, como os elevados tributos e seus desorganizados sistemas, elevados juros locais, câmbio defasado, deficiências na infraestrutura, ineficientes burocracias, corrupções generalizadas, ineficiências nas gestões públicas e toda uma ampla gama de outros problemas, que são expressos em muitas conferências e entrevistas, dando uma impressão de déjà vu. Parecem meras repetições das quais todos estão cansados de saber, que também existem em outros países, mas que não resultam nas medidas para as suas superações.
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17 de outubro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias | Tags: apresenta em diversas localidades, colecionador chinês determinado de antiguidades, está construindo um parque temático, nunca vendeu uma peça, outros projetos
A matéria elaborada por Xu Junqian está publicada no China Daily, e refere-se a um obstinado colecionador de antiguidades chinesas, Qin Tongqian, de 50 anos, que possui uma invejável coleção digna de um respeitável museu. Ele é colecionador de casas centenárias, possuindo mais de 200 delas que, desmontadas, estão na forma de peças em três armazéns próximos a Xangai, na maioria obras do período Ming (1368-1644). Mas também compreendem dezenas de milhares de peças de mobiliários, centenas de vasos, pinturas, obras de caligrafia, e Qin nunca vendeu nenhuma delas, cujo preço hoje seria de apreciável fortuna. Algumas delas, isoladamente, já seria objeto de estudos de especialistas, excitando historiadores e outros colecionadores de antiguidades chinesas, que se encontram atualmente em moda, com preços elevadíssimos nos leilões, inclusive internacionais.
Ele veio trabalhando com jardins. Sua coleção começou com sua primeira aquisição, em 1988, quando ele deparou um conjunto de mobiliário chinês tradicional que um estrangeiro, um dos seus clientes, desejava substituir por novos ocidentais, como acontecia também com chineses. Ele adquiriu um conjunto de oito janelas da dinastia Qing (1644-1911), depois uma cadeira, e depois um conjunto de mobiliário, chegando à porta, para completar com toda a casa.
Sem uma regra para as aquisições, foi colecionando o que outros compatriotas seus desejavam se livrar. Ele chegou a contar uma equipe de 10 pessoas para localizar os tesouros, e com 200 carpinteiros para consertar as casas e mobiliários para ele.
Ele afirma que hoje as réplicas são abundantes, principalmente depois de 1990. Ele evita peças de cerâmicas e porcelanas, pois muitos estão inflacionados nos seus preços com a procura que virou uma moda, havendo os falsificados.
O governo vem declarando algumas casas antigas como patrimônios culturais, impedindo suas vendas. Ele não tem adquirido mais depois de 2005. Segundo o professor de planejamento urbano, Ruan Yisan, da Universidade de Tongji, de Xangai, a preservação destas casas é importante para salvaguardas as esculturas nas colunas, vigas e janelas, sendo fundamental para conhecimento de como viviam seus ancestrais.
Atualmente, Qin Tongqian utiliza suas peças para decorar sua casa, escritórios bem como clubes privados, combinando-os com ambientes novos, mostrando a diversidade existente. Mas está construindo um parque temático, o Ahn Luh Lanting, em cooperação com um hotel de luxo da Indonésia, do grupo Aman resorts, com um custo de mais de US$ 115 milhões.
O local contará com piscina, dois restaurantes, uma biblioteca, e 35 mansões, todos remontados com a coleção de Qin, inclusive uma ponte de pedra, uma peça centenária. Na sua concepção, estas peças só tem sentido quando utilizadas por seres humanos, dispostos a pagar diárias elevadas para usufruir das suas proximidades.
Segundo ele, “cada peça de escultura, seja de madeira, tijolo ou pedra, é um livro de um século de idade, no qual nossos ancestrais tentaram passar suas lições de vida, através da arte viva e elaborada” (tradução livre).
Ele pretende construir outras unidades semelhantes no delta do Rio Yangtze, fazendo pleno uso de sua coleção. Para ajudar a preservar um pouco do artesanato, ele planeja construir uma oficina ao lado destes empreendimentos, tendo artesãos comprovados para mostrar como polir, corrigir e restaurar esculturas que estão se deteriorando, bem como outros componentes.
Segundo ele, pagar com dinheiro ajuda, mas pagar respeito é importante também.