23 de novembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: exagero na importância do Prêmio Nobel, ironias da Bloomberg, o papel de Paul Krugman na postergação do aumento tributário
Mesmo que se possa concordar que o momento não era adequado para mais um aumento do imposto de vendas de 8 para 10% no Japão, como acabou decidindo o governo Shinzo Abe, que optou também pela dissolução da Dieta e convocação das eleições gerais, é difícil entender, para quem observa do exterior, como se pretende resolver os problemas de ativação da economia japonesa e passar da deflação para uma inflação. Um incrível artigo publicado por Toru Fujioka e Simon Kennedy no site da Bloomberg mostra o ridículo a que o Japão está sendo submetido por hábitos que já deveriam ter abandonado, como o exagero na importância da participação de um Prêmio Nobel como Paul Krugman nesta decisão, que vem ganhando com suas palestras mal preparadas pelas quais cobra fortunas que são jogadas fora pelos seus patrocinadores. A história, que inclui a jocosa expressão “limo ride” (passeio de limusine), dá uma ideia da dimensão da trapalhada em que se encontram as autoridades japonesas. Já abusaram ao copiar o easing monetary policy norte-americano, que até agora não surtiu os efeitos que esperavam no Japão. O que conseguiram foi uma desvalorização do yen, bem como o aumento das cotações das bolsas, proporcionando ganhos para alguns operadores financeiros. Sem um aumento da demanda, que proporcionaria oportunidade para aumentos das produções locais.
Primeiro-ministro Shinzo Abe do Japão parece carecer de uma estratégia para recuperação da economia japonesa, saindo da deflação
O Japão vem abusando historicamente da utilização de personalidades que conseguiram notoriedade como se eles fossem mágicos que poderiam resolver os seus problemas. Um país que surpreendeu o mundo com o chamado milagre econômico no pós-guerra, com o eficiente funcionamento do mecanismo que ficou conhecido como o Japan Inc., e proporcionou um elevado padrão de vida para a sua população não necessitaria usar de tais artifícios. Sofreu depois os efeitos dos choques petrolíferos e algumas bolhas como as provocadas por especulações imobiliárias baseadas nas carências de espaços no país e passa agora por duas décadas de estagnação e deflação. Sofre com a redução de sua população e seu envelhecimento, como todos reconhecem e que são fatos objetivos.
O que parece relevante a ser atacado são estes problemas, ainda que seja duro para um povo que se acostumou a uma longa história dentro de uma pequena península, gerando o que eles mesmos denominam com a “Cultura de Galápagos”, que precisa ser superada. Não parece que artifícios de política econômica copiados de outras realidades sejam as adequadas para o Japão, que tem claras características próprias.
Se muitos jovens japoneses, principalmente as mulheres, não desejam se casar e gerar filhos suficientes para a manutenção da sua população, há que se socorrer da imigração, para o que abundam candidatos. Com o aumento da expectativa de vida, parece que a consequência natural é a redução de sua população que já está ocorrendo, ao mesmo tempo em que a sua estrutura etária apresenta um aumento dos idosos. São fenômenos demográficos difíceis de serem alterados, devendo se reconhecer que os idosos tendem a contar com novos consumos em níveis mais modestos do que os jovens.
Se a economia japonesa, com os seus elevados níveis salariais, torna-se menos competitiva no mercado internacional, acaba ficando difícil proporcionar condições para taxas de crescimentos positivos. Com demandas abaixo de suas capacidades produtivas, a tendência acaba sendo a de deflação, que é um fenômeno mais complexo de ser administrado que a inflação.
As medidas de easing monetary policy, apesar de aumentarem os recursos disponíveis no sistema bancário para empréstimos, não conseguem estimular o crescimento da economia japonesa. Os bancos receiam os riscos dos empréstimos para as empresas numa economia que não conta com o crescimento da demanda, as empresas temem contrair empréstimos se não contam com expectativas de retornos suficientes para honrar os encargos financeiros, e os consumidores não se sentem estimulados a aumentar suas compras quando os bens estão com preços em queda, além de não os necessitarem para a manutenção do seu padrão de vida.
Se o nível de endividamento público no Japão é o mais elevado no mundo, superando em muito o próprio PIB, em algum momento terá que elevar a sua tributação, que é mais baixa do que dos países europeus. O imposto sobre as vendas eram de 5% e passaram a 8%, o que provocou nova queda da demanda. Se tiverem que elevar para os já previstos 10% ou mais, chegando aos níveis de 20% vigentes em algumas economias europeias, tudo indica que isto se aproxima da impossibilidade política, que não seria resolvido por uma nova Dieta. Mesmo assim, o quadro levou o governo à postergação do aumento do imposto sobre as vendas, convocando uma nova eleição, esperando ter o respaldo para uma medida tão amarga.
Se não se deseja provocar a queda da demanda na economia japonesa, parece ser necessário imaginar outra forma de tributação, mesmo reconhecendo dificuldades de aplicação e resistências dos parlamentares. Os que ampliarem os seus consumos poderiam ser beneficiados, enquanto os que contam com elevados patrimônios que não desejam mobilizar para ajudar no aumento das demandas e giro dos recursos na economia poderiam arcar com maior parcela das tributações indispensáveis, como uma das alternativas possíveis.
O nacionalismo que vem sendo perseguido pelo atual governo não facilita a integração da economia japonesa na economia globalizada. Há que se admitir que o Japão faça parte de uma teia internacional, que é intensa na Ásia. Isoladamente, não terá condições de manter um crescimento diante de vizinhos emergentes que contam com condições diferentes das economias já desenvolvidas. O contraste parece ficar cada vez mais gritante em nada contribuindo para uma convivência até com os que pensam de forma diferente. Mas isto faz parte do mundo globalizado, cujas regras parece que precisam ser aceitas, mesmo que sejam dolorosas.
Muitas alternativas podem ser imaginadas pelos criativos economistas japoneses, que não necessitam de respaldos dos estrangeiros. Um pouco mais de autoconfiança, observando as características de outras economias como da japonesa, poderia ser adotada com coragem de se adotar novos hábitos, ainda que possam ser interpretados como heterodoxos.
21 de novembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: Alexandre Tombini no Banco Central, Armando Monteiro no Desenvolvimento e Katia Abreu na Agricultura, entre outros, Joaquim Levy na Fazenda, Nelson Barbosa no Planejamento
A boa aceitação da Bolsa de Valores, com a alta das ações da Petrobras, por exemplo, e a queda da taxa de câmbio, entre outros indicadores, mostra que o chamado mercado está recebendo com aprovação as informações, ainda não confirmadas, dos principais nomes da nova equipe ministerial do governo Dilma Rousseff para o seu segundo mandato. São indicações que ela teria acabado por aceitar as mudanças do seu comportamento pessoal, que era de exagerada participação nos detalhes da fixação da política econômica, que não é o seu forte, ainda que tenha sido reeleita, aumentando as possibilidades de diálogos. Deve-se lembrar que o antigo comandante do Tesouro Nacional já teve divergências passadas com Dilma Rousseff, devendo contar com maior liberdade na sua ação no Ministério da Fazenda, com critérios mais rigorosos, não podendo ser considerado como indicação do Bradesco, onde trabalha atualmente. Nelson Barbosa, com boa experiência no governo, certamente está qualificado para a Secretaria de Planejamento da Presidência da República, sem a necessidade de excessivo desgaste de Guido Mantega. Com a confirmação da continuidade de Alexandre Tombini no Banco Central, o rigor da política monetária no combate à inflação ficaria assegurado, num melhor entrosamento com a política fiscal e demais aspectos que influem na eficiência da política econômica, sem a exagerada interferência política-partidária.
Com a indicação do ex-presidente da CNI – Confederação Nacional da Indústria, senador Armando Monteiro para o Ministério do Desenvolvimento e da senadora Katia Abreu, presidente da CNA – Confederação Nacional da Agricultura, para o Ministério da Agricultura ergue-se a possibilidade de maior acesso dos empresários aos diálogos com o governo, ponto crucial para melhora da credibilidade do governo. Ainda que todos estes nomes não possam ser as primeiras preferências pessoais de Dilma Rousseff, são indicações de que ela está se curvando às indicações da realidade, mostrando a gravidade da situação que está se enfrentando, sem os ventos de cauda do comércio internacional. Seria um pragmatismo mostrando que o governo terá negociações difíceis com a classe política, preservando as qualificações técnicas nos principais postos relevantes para a política econômica, sem se curvar também aos interesses do setor financeiro.
Joaquim Levy, qualificado economista seria indicado para o Ministério da Fazenda
Nelson Barbosa que seria indicado para a Secretaria de Planejamento
Alexande Tombini continuaria no Banco Central
Senador Armando Monteiro Neto, ex-presidente do CNI, iria para o Ministério do Desenvolvimento
Senadora Katia Abreu, presidente do CNA, iria para o Ministério da Agricultura
Se confirmadas estas indicações, sem nenhum demérito à equipe atual que obedeceu disciplinadamente ao comando de Dilma Rousseff, haveria uma evidente indicação da melhoria das qualidades, permitindo um diálogo mais profícuo tanto com os segmentos acadêmicos como empresarias e até políticos.
Todos sabem que o entrosamento de uma nova equipe apresenta dificuldades, mas se Aloisio Mercadante, que vem atuando muito junto à presidente Dilma Rousseff no seu atual cargo de ministro Chefe da Casa Civil, costurar muitos entendimentos, tudo indica que existem fortes chances para uma atitude mais realística diante dos problemas que precisam ser enfrentados.
Como também começam a surgir reajustamentos de posições, como vem ocorrendo na China com a redução da taxa de juros, pode haver uma ligeira melhora no cenário internacional, pois todos estão inseridos na economia globalizada, e somente uma recuperação nos Estados Unidos não é suficiente para alterar o panorama mundial. Mas acréscimos marginais em muitas economias podem alterar o quadro de pessimismo que se verifica neste final do ano, projetando-se para os próximos anos.
21 de novembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: administração das finanças familiares, educação dos filhos, sobrecarga das responsabilidades
O The Japan Times publica um artigo, com base nas informações distribuídas pela agência noticiosa Jiji, segundo o qual uma pesquisa efetuada com 1.058 pessoas com idade entre 20 a 59 anos naquele país mostram que as esposas teriam poupanças mantidas secretas dos seus companheiros que excedem aos dos maridos em 3,4 vezes. Chegariam a uma média próxima de 1.200 mil yens, ou seja, em torno de US$ 10 mil, com um aumento de 70 mil yens quando comparado com a de um ano atrás. É preciso considerar que muitos japoneses ainda mantêm o costume de deixar que as esposas cuidem das finanças do casal e a elas cabe decidir como utilizam os recursos, inclusive para investimentos. Os maridos teriam escondidos uma média em torno de US$ 3 mil de suas esposas, tendo uma queda com relação ao ano passado.
Numa opção de múltiplas escolhas da pesquisa para as esposas, cerca de 75% delas esperam que estas reservas secretas fossem destinadas para as emergências, enquanto para os maridos 65% teriam a mesma possibilidade. Para cerca de 35% das esposas seriam destinadas para o futuro, enquanto 50% dos maridos seriam para seus hobbies. Deve se explicar também que muitos maridos japoneses temem ser contrariados pelas esposas quando pretendem gastar com lazer, como o golfe ou alguns jogos com seus amigos, que fazem sem o conhecimento das suas esposas, que fingem não saber destes programas.
As famílias japonesas em mudança
O mesmo acontece com a responsabilidade da educação dos filhos, onde os homens se omitem destas funções, imaginando que cuidam do sustento da família, para a qual muitas mulheres já contam até com empregos fixos, além de trabalhos eventuais ainda que em tempo parcial. Existe, infelizmente, uma forte pressão social para que os filhos frequentem boas escolas que os possibilitem alcançar também as melhores em níveis superiores, a ponto de o assunto tornar-se até motivo para um forte estresse que até leva ao suicídio de alguns estudantes. Ainda que esteja havendo algumas alterações, a imagem é que as mulheres no Japão desempenham papel secundário, diante do hábito de muitas caminharem atrás dos seus maridos, o que já está mudando. Há um aumento de situações onde as mulheres evitam se casar e ter filhos, por causa destas pressões.
As decisões das famílias sobre os grandes investimentos também recebem uma forte influência da opinião das esposas. Isto determina até os caminhos que são percorridos pela economia japonesa.
No passado, havia uma maior integração destas famílias até com os avós, principalmente do marido. As sogras exerciam uma forte pressão sobre as noras, o que já não é aceito, fazendo com que haja mais independência dos jovens casais, com melhor relacionamento com as gerações anteriores que tendem a permanecer nas regiões de origem, quando os jovens aumentam suas migrações para as grandes cidades. As famílias maiores e as noções semelhantes aos clãs chineses são menos frequentes.
No entanto, o que parece prevalecer é a forte influência das mulheres nas decisões fundamentais da sociedade japonesa, o que parece um excesso de responsabilidade, onde os homens também deveriam partilhar, sem deixar estes encargos para elas. São aspectos que parecem estar em mudanças, talvez de forma mais tênue que no Ocidente.
21 de novembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Gastronomia, Notícias | Tags: Chef Benon Chamilian, cuidados pessoais, lugar difícil de ser localizado e limitado em espaço, melhor cozinha árabe, o árabe libanês
Mesmo para as pessoas que estejam acostumadas com a gastronomia nos melhores centros como Paris, Londres, Nova Iorque, Tóquio, Cingapura, Istambul e outros, sempre existem oportunidades para se conhecer em São Paulo surpreendentes novidades, ainda que localizadas fora das áreas mais badaladas. É o caso do Mocotó da Vila Medeiros, e este Chef Benon, na transição do Morumbi com a Vila Sônia. Mesmo com as indicações de mapas, não é fácil transitar pelas ruas cheias de curvas, algumas mal sinalizadas, notadamente para aqueles que se aventuram também em rotas alternativas, mesmo num feriado. Mas Chef Benon vale o sacrifício, inclusive para chegar antes das 12h, para ser acomodado em lugares simples, mas limpos, com o tumulto posterior de pessoas à espera de serem atendidas.
Trata-se de uma casa simples adaptada para um pequeno restaurante, que por ter sido destacada numa revista voltada à classificação dos restaurantes recebe um fluxo exagerado de clientes, que não permite reservas. Muitos comentários já vinham sendo publicados sobre o trabalho do Chef Benon, informando sobre a sua experiência no Líbano, Arábia Saudita, como em outros restaurantes no Brasil, uma carreira de algumas décadas. Tudo indica que o seu restaurante é uma volta à simplicidade e a sua marca pessoal, até da escolha de um pequeno local onde esperava tranquilidade que deve estar perdendo, pela invasão de clientes interessados numa cozinha diferenciada, sempre procurada por muitos paulistanos.
Qualidade acima de tudo, mas também quantidade a preços razoáveis
Todos que moram em São Paulo sabem que a chamada cozinha árabe apresenta grandes variações, dependendo da localidade de onde se origina. Os libaneses são as bases de muitos que se espalharam e receberam novas leituras, como em Paris. Istambul, que foi a capital do Império Otomano, tem uma tradição com riqueza dos materiais que dispõe, provenientes das mais variadas partes do mundo.
O que predomina em São Paulo já são os produzidos por árabes que possuem pouco conhecimento da cozinha original, e suas amplas variedades. Por exemplo, muitos não conhecem o cuscuz marroquino, que é de ótima qualidade e que faz sucesso em Paris. Os mais populares disseminaram bons quibes e esfirras, além dos kebabs para todos os bolsos, pois os árabes que chegaram ao Brasil foram até os confins da Amazônia, e ocuparam deste o Rio Grande do Sul tendo também importância no Nordeste.
Poucos são os que conhecem os carneiros que são servidos nos grandes banquetes, onde o olho do animal é oferecido pelo anfitrião ao convidado principal, pois é considerado a parte mais saborosa da iguaria. Já se foram os períodos em que os alimentos eram levados à boca com a ajuda de verduras ou diversos tipos de pães, sem o uso de talheres.
A enorme variedade dos chamados indevidamente árabes chegam aos armênios que também contam com especificidades em São Paulo. É mais que natural que todas as regiões que foram e continuam sendo ocupados pelos chamados árabes apresentem uma riqueza de variedades que nem sempre é conhecida.
É evidente que também se processa uma evolução na cozinha árabe, como os mais tradicionais que valorizam mais o trigo que era mais utilizado, e hoje com a facilidade de acesso às carnes, muitos pratos ficaram mais ricos nestes ingredientes. Lembrando que os chamados árabes fizeram parte do início da civilização, como na Mesopotâmia, ou no Egito, pouco se distinguindo dos contatos com os persas, hindus, chineses e outras civilizações da antiguidade.
Toda esta civilização, nem sempre valorizada, resultou nesta sua culinária rica e diversificada, onde sempre existem espaços para inovações que sempre são bem-vindas.
21 de novembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: continuidade da deflação, convocação de eleições, elevado nível da dívida pública, injeção brutal de recursos monetários, uma economia com diminuição da população que envelhece
Lamentavelmente, quando a terceira economia do mundo não consegue sair das dificuldades que enfrenta, analistas do exterior passar a dar sugestões, ainda que se suponha que os japoneses é que devem entender melhor os seus problemas e as soluções possíveis. Willian Pesek, que expressa as opiniões da Bloomberg sediada em Tóquio, publicou seu ponto de vista num artigo publicado no The Japan Times, sugerindo créditos diretos aos consumidores e outras medidas heterodoxas. O The Economist publica no seu site, reproduzido em português no site de O Estadão, também sua apreciação sobre as dificuldades japonesas, pois o Bank of Japan começou a injetar US$ 700 bilhões anualmente, que deveria provocar uma forte desvalorização do câmbio e aumento de suas exportações, mas que só provocou a alegria dos aplicadores no mercado financeiro, sem que a demanda crescesse no Japão, e, pelo contrário, decrescesse com a elevação que ocorreu nos impostos sobre a venda que passaram de 5 para 8%. Ainda que a medida creditícia não tivesse tempo para provocar os seus efeitos.
O primeiro-ministro Shinzo Abe teve que dissolver a Dieta e convocar eleições gerais, pois pretende postergar o aumento para 10% de impostos sobre as vendas que estava programado para outubro deste ano, principalmente porque a economia japonesa registrou um decréscimo nos últimos dois trimestres, entrando tecnicamente num período de recessão. Já postamos neste site as dificuldades de uma economia onde a população está decrescendo e envelhecendo, num quadro onde o débito público já chega a 240% do PIB, não permitindo muito espaço para a utilização da política fiscal. Ao mesmo tempo, a situação da economia mundial não propicia um aumento substancial das exportações para estimular a economia japonesa.
Premiê do Japão Shinzo Abe sem muitas alternativas
Lamentavelmente, a chamada easing monetary policy provocou uma melhora da economia brasileira, mas não tem sido suficiente na Comunidade Europeia onde o Banco Central da Europa adota posição semelhante. Também no Japão, ainda que a disponibilidade de crédito venha aumentando substancialmente, tanto os bancos não se dispõem a emprestar diante dos riscos existentes como as empresas e os consumidores não demandam estes créditos diante das incertezas futuras. A política cambial já não é um instrumento suficiente para estimular as exportações e a economia, num cenário mundial adverso.
Isto mostra que, apesar das alegações do governo brasileiro não serem totalmente justificáveis, há que se admitir que o cenário internacional não seja estimulador para qualquer economia, a ponto do The Economist sugerir que o Japão deva se concentrar na expansão do mercado interno, o que vem sendo feito pelos Estados Unidos e pelo Reino Unido. Também a China se concentra em dar prioridade ao mercado interno, ainda que tenha pretensões de ampliar suas influências no mundo.
Quando existe uma relativa paralisia, com o sistema bancário não conseguindo dar a sua contribuição em função dos riscos, entre as medidas aparentemente heterodoxas sugeridas aparentam oferecer créditos sem custos para estimular novas iniciativas empresariais, notadamente dos jovens, com o uso de novas tecnologias. No Japão, 25% dos jovens estão desestimulados, necessitando de desafios para iniciarem suas atividades. Como vantagens fiscais não podem ser cogitadas, o que se pode oferecer são créditos estimulantes, mesmo que alguns projetos não proporcionem retornos.
Ainda que o Japão ofereça resistências para imigrações de trabalhadores jovens do exterior, a dramática queda de sua população com o simultâneo envelhecimento parece sugerir a necessidade de uma ousada iniciativa para o seu estímulo, notadamente quando existe carência de recursos humanos para tarefas mais simples. Todos sabem das dificuldades dos idiomas bem como dos costumes, mas quando considerada as últimas décadas houve um significativo aumento de estrangeiros no Japão.
O Japão já veio admitindo trabalhadores temporários, descendentes de japoneses até a terceira geração. Parece chegada a hora de ampliar as facilidades sem considerar restrições de qualquer natureza, pois o padrão de vida no Japão supera em muito o de muitos outros países atraindo uma população que está procurando por novas oportunidades. Mesmo com todas as dificuldades, países como os Estados Unidos contam com expressivo contingente de imigrantes, mesmo que tenham dificuldades até no uso do inglês.
Na atual situação, quase de emergência, não se justificam mais medidas de tendências nacionalistas, pois há que se admitir que o mundo esteja cada vez mais globalizado, mesmo considerando todas as dificuldades para integração de estrangeiros no Japão. São muitos os exemplos que indicam que estrangeiros com elevada iniciativa estão já contribuindo com a economia daquele país.
Mesmo não sendo um especialista em política japonesa, fica-se com a impressão que a convocação de uma nova eleição, ainda que permita que Shinzo Abe continue no poder por mais algum tempo, não seja um instrumento adequado para proporcionar novas diretrizes capazes de oferecer alternativas ousadas para o Japão sair de suas dificuldades.
O mundo necessita de uma economia japonesa ativa, que tem muito a contribuir para o resto do mundo.
20 de novembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias | Tags: a evolução da vida de um estudante em Tóquio dos seus seis anos ate os vinte e um anos, diferenças com o Ocidente, intercâmbio do Japão com a Europa no início do século XX, Ogai Mori e Vita Sexualis, últimos lançamentos
A editora Estação Liberdade que teve o seu primeiro grande sucesso com a tradução do livro de Miyamoto Musashi, trabalho excepcional da minha amiga Leigo Gotoda, promove o lançamento de diversos livros escritos por autores japoneses, como este de Ogai Mori, Vita Sexualis. Uma ótima tradução de Fernando Garcia que também oferece ricas observações e explicações permitindo o melhor entendimento dos leitores sem grande familiaridade com a literatura japonesa, numa apresentação primorosa. Os que esperam encontrar descrições escandalosas de encontros sexuais podem ficar frustrados, pois naquela época mais do que hoje existiam diferenças acentuadas nas visões da cultura japonesa, que era muito reservada, e brasileira, que era mais livre sobre estes aspectos sexuais. O importante é que a editora tem a coragem de enveredar por campos que podem gerar algumas más interpretações de alguns leitores menos informados.
No Oriente, notadamente no Japão, parece que estes assuntos que podem ser delicados, como os primeiros conhecimentos sexuais de meninos japoneses, costumam diferir das visões maliciosas que já predominavam na Europa na época, onde o conceito de pecado era relevante. Minha pequena experiência pessoal é que a partir da estética como nas xilogravuras de ukiyo-e de Hokusai, que ilustra a capa do livro, as figuras femininas e masculinas japonesas estão bastante vestidas, somente sugerindo que estão se preparando para atividades sexuais, com todas as partes sensuais escondidas. No Ocidente na época, o padrão de beleza parece ter sido determinado pelas mulheres nuas que pelos critérios atuais seriam exageradas em peso, como pode ser observado em muitas fotografias da época.
Ogai Mori, autor de Vita Sexualis
O livro é autobiográfico e relata as experiências de um estudante em Tóquio no início do século XX, dos seus seis anos aos 21, quando vai para a Alemanha estudar medicina, interessando-se também por aspectos da literatura e filosofia europeia. Dá uma boa noção do que era a vida dos jovens estudantes em Tóquio naquela época, como pode ser constatado em outros livros da época.
Informa sobre o que ocorria na vida noturna de Tóquio, descrevendo como era o bairro de Yoshihara onde se concentravam os prostíbulos daquela capital na época, que podiam ser frequentados somente pelos que contavam com muitos recursos. Mas não entra nos detalhes das suas experiências, que é focado de forma muito discreta, como era na cultura japonesa de então, ainda que artistas de ukiyo-e retratassem cenas mais ousadas para os padrões japoneses, com as figuras das cortesãs .
Observa-se que estava em voga a influência filosófica europeia no Japão, que procurava reproduzir estas preocupações no texto do livro. O autor foi um médico formado na Alemanha, como era muito comum entre estudantes de famílias de posse de todo o mundo, e ele teria atuado na Guerra Nipo-Russa.
Todos os leitores que possam estar interessados nestes livros de autores japoneses encontram muitos deles editados em português pela Editora Estação Liberdade, com apresentações de qualidade, com uma seleção respeitável. A editora normalmente me contempla com exemplares dos seus lançamentos, que costumam ser muito interessante, ainda que nem sempre se conte com o tempo desejável para um exame mais acurado.
19 de novembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, Saúde | Tags: artigo de Mario Russo no site de O Globo, economia, medida da Anvisa que necessita ser implementada, poder da indústria farmacêutica
Apesar de uma regulamentação da ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária em vigor há oito anos, a chamada Resolução 80, publicada em 11 de maio de 2006, que permite a venda de remédios fracionados de acordo com as prescrições dos médicos as farmácias e drogarias em todo o país, não há empenho para se implantar esta medida que seria de vital importância para a economia popular. A medida, além de permitir uma economia dos consumidores, evitaria as sobras que apresentam riscos de serem consumidos pelos menos avisados, inclusive fora de suas validades, ou por crianças que não têm a noção dos seus riscos. Também os descartes inadequados provocam a contaminação ambiental. Como a medida não prevê nenhuma punição, todos ignoram a sua utilização.
Um exemplo japonês, já postado neste site, mostra como no Japão existe um cuidado maior sobre o assunto. Mesmo com a prescrição médica, o paciente ao chegar à drogaria necessita preencher um questionário sobre as doenças que ele sofreu e as possíveis alergias, para que os farmacêuticos, que conhecem o assunto muitas vezes melhor que os médicos, saibam a compatibilidade do medicamento com o paciente. Eles explicam a finalidade de cada medicamento, e como devem ser consumidos, pelo período prescrito e os cuidados do seu uso durante os dias, por exemplo, se antes ou depois das refeições. As drogarias só vendem a quantidade prescrita, para evitar todos os inconvenientes acima descritos.
As informações disponíveis mostram que o Brasil é o quinto consumidor de remédios no mundo, apesar de contar com uma população menor, menos renda e demais fatores que devem ser considerados. Existe um evidente desperdício de medicamentos, que costumam custar bastante, apesar da disseminação dos atuais genéricos. Também deve se notar que os hospitais vendem a caixa dos medicamentos, e quando não utilizados durante a estada do paciente nos estabelecimentos, como já estão pagos, suas sobras acabam sendo levadas para casa, ainda que desnecessárias.
Diversas drogarias, uma ao lado de outras, ocupam a mesma rua de São Paulo
Percorrendo muitas cidades em todo o mundo, o que se observa com facilidade é o exagerado número de drogarias no Brasil, de forma muito desproporcional. Na medida em que algumas sejam aglomeradas, haveria a possibilidade da prestação de melhores serviços, com local adequado para o armazenamento de medicamentos fracionados.
São medidas urgentes de aperfeiçoamento, pois os custos dos tratamentos de saúde estão se tornando insuportáveis no Brasil, com o aumento atual dos idosos, e é preciso que as autoridades tomem medidas para a sua redução, de forma que mais pessoas possam ser atendidas com as limitações dos recursos.
19 de novembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Gastronomia, Notícias | Tags: alimentação barata faz sucesso com clientes estrangeiros, artigo sobre ramen no exterior no The Japan News, sabores e ingredientes locais
Um artigo publicado por Jin Kiyokawa, do Yomiuri Shimbun, divulgado pelo site do The Japan News, informa que, além do sushi e sashimi que são dispendiosos, está havendo um verdadeiro boom de interesse dos norte-americanos e europeus sobre variações do ramen, devidamente adaptado aos sabores e ingredientes de preferências locais, surpreendendo até os japoneses responsáveis pelas cadeias de lojas. Informa-se que já se dispõe de 650 estabelecimentos que estão satisfeitos com o sucesso. Como é sabido de muitos, existe um Museu de Ramen em Shin-Yokohama, que vem efetuando estes levantamentos, que hoje não se restringem ao Japão, selecionando os considerados melhores.
Yumeya, um estabelecimento popular de ramen em Frankfurt. Foto de cortesia do Shin-Yokohama Ramen Museum.
As adaptações que estão ocorrendo com o ramen são impressionantes, como o Zweite Ramen que inclui chucrute para complementar o rico caldo de carne, bem com pequenos pedaços de bacon, e uma especiaria conhecida como seiben para criar um sabor diferenciado.
Na França, está se servindo um ramen com um caldo de uma mistura de carne francesa com o dashi japonês. Existem estabelecimentos que servem o ramen com uma pasta elaborada com uma farinha de trigo usada nas massas de pizza e farinha de trigo dura para dar um sabor e uma textura diferentes.
Uma cadeia em Nova Iorque de nome Ippudo foi criada em 2008 e já conta com estabelecimentos até em Londres, todos apresentando algumas adaptações locais, tanto nos sabores como nos tipos distintos. Estão tentando desenvolver o que seria o padrão mundial.
A Ramen Setagaya opera restaurantes no Estado de Nova Jérsei e também no exterior. Muitos estabelecimentos foram instalados pelos expatriados japoneses que atuam no exterior, havendo casos de utensílios distintos. Um seria uma colher chamada Renge, que são maiores para os clientes poderem sorver o ramen junto com o molho, pois nem todos os estrangeiros conseguem consumir os caldos com as massas. Até vídeos estão sendo oferecidos para ensinar como os japoneses sorvem, fazendo um barulho característico.
No Brasil, também o ramen está muito popular como num estabelecimento chamado ASKA, no bairro da Liberdade. Existem dias em que os clientes necessitam aguardar por quase uma hora na rua, pois além do ramen ser saboroso, e vendido por um preço módico que atrai inclusive as famílias, além dos jovens que aprenderam a consumi-los quando trabalhavam temporariamente no Japão.
Todos sabem que o ramen é originário da China, onde pode ser apreciado em estabelecimentos na rua, que apresentam elevada qualidade. No entanto, no Japão sofreu mudanças e aperfeiçoamentos, principalmente nas variedades que são oferecidas, com diferentes ingredientes. Por ser barato acaba ficando acessível a uma ampla camada da população.
18 de novembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Gastronomia, Notícias | Tags: nas dificuldades o último apoio da família, no frio as comidas coletivas das famílias, uma cultura que valoriza a família
Quando se encontra no The Japan Times um artigo da Makiko Itoh falando de uma culinária em torno de um nabe (tipo de panela) com uma família compartilhando o seu sabor e calor neste outono/inverno japonês, me vem a lembrança de São Paulo da época da garoa, quando todos nos reuníamos em torno do hibachi (pote de fogo) para apreciar um prato que estava sendo cozido e de onde apanhávamos pequenas porções, ao mesmo tempo em que o calor era aproveitado para aquecer a todos e ao ambiente. Hoje existem fogareiros portáteis à gás, mas nos tempos como da Segunda Guerra Mundial o carvão proporcionava o fogo, e todos utilizavam até os cobertores para melhor aproveitar o calor para se aquecer. Era a forma de uma alimentação que reunia a família, numa refeição coletiva, que poderia ser de um sukiyaki (cozido de carne com legumes e outros ingredientes) ou um tirinabe (cozido que aproveitava os restos dos peixes). Que saudades destas coisas simples e importantes que ficarão sempre nas nossas gratas lembranças.
Hoje, fico triste vendo um casal num restaurante em São Paulo, mulher e homem (nem sempre), com seus sofisticados aparelhos eletrônicos, atentos às informações atualizadas, mas irrelevantes, ou até aos jogos que estão praticando, sem conversar quanto mais se comunicar. A refeição não é compartilhada, dando a impressão que não são seres humanos, mas robôs. Parece que perderam a humanidade, suscitando-nos vontade de interferir onde não somos chamados, para informar que em muitos lugares os celulares são proibidos nas mesas, tanto por incomodarem os vizinhos como para evitar estas tendências ao isolamento. Podemos chamar isto de avanço? Então vamos voltar ao que era bom no passado, que não podemos abandonar.
Um saboroso cozido como você quer que seja: o interessante sobre o nabe caseiro (panela quente) é que os ingredientes são os de sua preferência e é fácil de fazer (tradução livre). Makiko ITOH, publicado no The Japan Times
Os ingredientes destes pratos podem ser os de preferência dos consumidores, quer sejam carnes, peixes ou frangos, junto com verduras, legumes e quase sempre com tofu (queijo de soja), cogumelos e outros ingredientes. Os pontos de cozimentos podem ser também de suas preferência, havendo possibilidade dos temperos serem incluídos ou apreciados em separado.
A autora informa que este tipo de culinária já era utilizado no Japão no século XIX e se tornou mais conhecido no Período Edo, quando passaram a ser utilizados os hibachi. Os potes usados e mais recomendados são os donabe (de cerâmica) que conservam melhor o calor, mas também podem ser de ferro, havendo recentemente os de aço inoxidável ou de esmalte.
O gyo-nabe (de carne) foi utilizado na Restauração Meiji, quando os japoneses absorveram costumes ocidentais, como o consumo de carne bovina. Também existiu um período em que o bacalhau fresco era muito utilizado, por se tratar de um peixe com consistência mais firme. Hoje se utiliza também ostras, carne de porco em fatias finas.
Esta culinária é recomendada também para as crianças, pois muitas delas evitam verduras e legumes, que, quando preparado desta forma junto com carnes, acabam sendo melhor apreciados. A possibilidade de alternativas parece ser o forte deste tipo de preparo dos pratos, que sempre são mais apreciados no outono ou no inverno.
17 de novembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: características dos países emergentes, comparação com economias desenvolvidas, desafios existentes
Quando se compara a economia brasileira com alguns países como o Japão, a Espanha ou alguns outros países europeus, verifica-se que existem desafios decorrentes de uma população que ainda cresce, contando relativamente com jovens que estão se preparando para desempenhar o seu papel como adultos. Há um visível reconhecimento atual que a educação é um mecanismo para a ascensão social, tanto pelo aumento de estudantes modestos nos cursos noturnos, como o uso de cursos proporcionados pela internet, adaptando para a língua portuguesa aulas de excelente qualidade proporcionadas pelas grandes universidades como as norte-americanas, graças ao patrocínio da Fundação Lehman. Também se observam a formação de grandes universidades privadas, que atuam de forma nacional, como as que proliferam nas periferias das grandes metrópoles.
Auditório da Universidade de Taubaté numa apresentação teatral
As necessidades de diversificação da economia brasileira, forçada pelas dificuldades de continuidade das exportações de minerais como de produtos agrícolas que estão sofrendo uma nova revolução verde na Ásia, o Brasil apresenta um desafio de melhor aproveitamento de sua biodiversidade. Tanto na Amazônia como em todo o amplo território brasileiro, existem muitos produtos que são conhecidos localmente, que sendo saudáveis contam com mercados crescendo no Brasil como no resto do mundo. Nota-se uma tendência de aumento das preocupações com a manutenção da saúde que determina crescimentos elevados de muitos destes produtos, que apresentam boas oportunidades para exploração no país. A ampla diversidade das condições de solo e clima do Brasil permitem também produções locais de tradicionais produtos saudáveis, como os que já contam com consumo em outras partes do mundo, como no Oriente.
Produção de Açaí na Amazônia
Estas atividades potenciais apresentam alguns desafios como pesquisas que estão sendo efetuadas para o seu melhor aproveitamento, algumas industrializações, bem como o aperfeiçoamento de embalagens para serem colocadas no mercado local como para as exportações. Necessitam contar com todas as condições para a sua melhor aparência, como evitar-se suas contaminações, podendo ser aceitas pelas autoridades de vigilância sanitária dos países desenvolvidos.
Nem todos observam os novos desafios que se apresentam também no Brasil, como a elevação de todos os custos dos recursos humanos, que geram oportunidades para a automação e até o uso de robôs para muitas tarefas repetitivas. Também veio ocorrendo um aumento do custo de energia bem como outras utilidades no país, exigindo o uso de tecnologias que promovam sua economia, tradicionalmente existentes nos países onde estes custos já são elevados por um longo período.
O Brasil e o Japão vêm utilizando submergíveis japoneses para a exploração conjunta das potencialidades da chamada Elevação Rio Grande, que se estende pelo Atlântico por milhares de quilômetros, com uma lâmina de água de somente cerca de 1.000 metros. Há indícios de elevadas potencialidades de metais raros, hoje quase monopolizados pelos chineses, bem como matérias-primas para fertilizantes, sempre necessários para as atividades agrícolas brasileiras.
Muitos não observam as condições dos transportes para o comércio internacional do Brasil, que sofreram modificações. As exportações ainda utilizam muitos navios graneleiros, tanto para os minérios como os produtos agrícolas como os cereais. As importações utilizam, quase sempre, contêineres e cargas para o seu retorno e contam com condições favoráveis, competitivas com as localidades mais próximas dos mercados consumidores.
Terminal de contêineres utilizáveis como carga de retorno
O câmbio brasileiro que estava defasado está sendo corrigido pelo mercado, e as atividades exportadoras contam com juros e tributações mais convenientes, principalmente quando combinado com algumas importações que permitem utilizar os créditos fiscais acumulados. Ainda que existam outros fatores considerados custo Brasil a continuarem a ser corrigidos, as autoridades se mostram sensíveis para suas revisões, até porque as exportações acabam sendo prioritárias para a sustentação do crescimento da economia brasileira.
Como estes, existem uma série de desafios que enfrentados podem proporcionar bons negócios e ajudam a elevar o crescimento da economia brasileira.