4 de setembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: a presença das estatais e menos importante do que imaginado, livro sobre a China, participação do setor privado
Nicholas Lardy, estudioso sobre a China, publicou um novo livro sobre a China, mostrando a importância do mercado naquele país, ele que é do importante organismo Instituto Peterson de Economia Internacional, de Washington, tendo sido entrevistado pelo The Wall Street Journal. Informa que as estatais chinesas não possuem a importância que todos lhes atribuem.
Courtesy of the Peterson Institute for International Economics
Segundo o autor as empresas estatais chinesas respondem por cerca de um terço e um quarto do PIB – Produto Interno Bruto daquele país. Na indústria, representam 20% da produção nacional. Com a ampliação do setor privado, em muitos setores, as empresas privadas vem ocupando o espaço que eram das estatais.
Ele entende que a expressão “capitalismo do Estado” não se encaixa muito bem naquele país, até porque a política industrial tem sido um fracasso completo. O retorno dos ativos das estatais continua despencando, e em 2013 teria sido somente de 3,7%.
Ele entende que a China é, realmente, uma economia de mercado. O papel do Estado diminuiu drasticamente nos últimos 20 a 30 anos. O emprego no Estado na China é menor que na França. Na crise financeira mundial, a participação do Estado nos Estados Unidos e em outros países foi maior que na China para evitar os danos econômicos.
Sobre a atuação do setor financeiro, um grande percentual dos fundos chineses empresta para o setor privado, orientado pelo mercado. Ainda que não seja um sistema totalmente comercial, o sistema chinês é mais do que é notado por muitos analistas. Se o setor privado responde por dois terços e três quartos do PIB chinês, e não teriam atingido esta situação não fora os empréstimos bancários.
Com as reformas em andamento, os financiamentos destinados ao setor privado tende a crescer ainda mais. O controle do Partido Comunista é político, e muitos executivos são designados para postos privados pelo governo, o que é uma falha naquele país. O que está se ampliando é o setor de serviços, onde o controle estatal é reduzido.
Tanto as telecomunicações, os negócios de leasing como as operações logísticas são privadas, sendo fechado para os estrangeiros. Eles impõem custos elevados para o setor industrial.
Existem reclamações do setor privado, pois o poder de bloquear as reformas ainda é elevado nas estatais. Estão ocorrendo pressões das empresas privadas para que elas continuem cada vez mais competitivas em termos internacionais.
Verificando o que ocorre na China, como mais recentemente na Índia, grandes países emergentes nota-se que também no Brasil, se não se reduzir a presença estatal, não continuaremos competitivos em termos internacionais.
4 de setembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: ajustamentos difíceis, alumínio e construção naval, capacidade ociosa da indústria siderúrgica chinesa, cimento, problemas também com vidros planos
Ainda que todos os dados chineses sejam astronômicos, um artigo elaborado por Adam Minter e publicado no site da Bloomberg menciona o que está acontecendo com a siderurgia chinesa e sua capacidade ociosa, afirmando que algo semelhante estaria ocorrendo também com as indústrias de vidros planos, cimento, alumínio e construção naval. No último fim de semana 300 executivos da siderurgia da China teriam se reunido no Beijing Landmark Towers, um hotel estatal, para a oitava reunião anual da China International Forum de Reciclagem do Metal para enfrentar a nova realidade. Na versão anterior do evento tinham usado o novo e luxuoso Le Meridian de Chongqing, reunindo 500 entusiasmados executivos do setor.
De acordo com Zhu Jimin, vice-presidente da China Iron and Steel Association, a capacidade da indústria de aço daquele país cresceu de 200 milhões de toneladas de fins de 2012 para 1,1 bilhão de toneladas, todas estatais. Para comparação os Estados Unidos em 2013 produziu apenas 87 milhões de toneladas. No primeiro semestre deste ano o consumo chinês foi de 376 milhões de toneladas, o que permite estimar que pudesse chegar a 700 milhões no ano, ou mais de 30% de capacidade ociosa. O governo Xi Jinping pretende encerrar as atividades das unidades mais poluentes e menos eficientes.
Indústria siderúrgica chinesa, muitas estatais controladas pelas autoridades regionais.
Com esta capacidade ociosa os preços do aço continuam a despencar, e no primeiro semestre deste ano caiam 8,79%, apesar das exportações fortes, inclusive para o Brasil.
O mesmo quadro se apresenta para as demais indústrias pesadas chinesas e o Conselho de Estado da China destacou também as de vidros planos, cimento, alumínio e construção naval. No aço revelaram a disposição de corta 27 milhões de toneladas de aço, além dos 10 milhões já reduzidos em 2013. Cortes maiores de cerca de 400 milhões de toneladas visam às fábricas poluentes que estão com tecnologias defasadas.
Ainda que estas reduções estejam programadas, ainda há um crescimento descontrolado de algumas em expansão. Existem subsídios que o governo está reestudando, financiamentos do mercado paralelos, corrupções e a maior parte do setor estar sob comando das autoridades locais.
Por ironia, mesmo na reunião mencionada, contava-se com a presença de stands de fornecimento de equipamentos inclusive por leasing, alguns deles para substituir os obsoletos.
Portanto, apesar das intenções do governo Xi Jinping é mais fácil de falar sobre o assunto do que executar as medidas dentro da mesma orientação, mesmo na China cuja economia é controlada de forma centralizada.
Com tudo isto acaba ocorrendo uma guerra no mercado internacional, fazendo com que as siderurgias brasileiras sofram parte de suas consequências.
3 de setembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Política | Tags: problemas com os chineses nos mares da China, problemas com os russos na região da Ucrânia, problemas no Oriente Médio
Lamentavelmente, confrontos até militares estão se multiplicando pelo mundo de forma assustadora. A Rússia que se encontra numa tendência decadente depois da dissolução da antiga URSS – União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, onde explorava os países vizinhos, torna aguda a crise na região da Ucrânia, tendo já absorvido a antiga Criméia, fomentando a dissidência das populações de origem russa que ocupam partes destes países vizinhos. Os países ocidentais que contavam no passado com o policiamento mundial dos Estados Unidos, não contam mais com mecanismos para a solução destas dificuldades, mesmo que tenha ainda alianças como a da NATO – Organização do Tratado do Atlântico Norte. Eram as forças militares norte-americanas que tinham o poder para exercerem pressões operacionais para a solução rápida destes conflitos.
A expansão da China vem se efetivando pelos mares que os cercam, incomodando vizinhos que contavam antes com forças norte-americanas para evitar estes confrontos. Os desgastes que os Estados Unidos sofrem vêm se repetindo, começando no Vietnã, estendendo-se pelo Iraque, pelo Afeganistão e por muitas partes do Oriente Médio, junto com seus aliados, não permitem mais cogitar-se de suas participações na solução destas dificuldades na Ásia. As dificuldades de Israel com a Palestina, os problemas com a Síria e com as facções terroristas em países do Oriente Médio não podem mais ser resolvidos com a participação do país que era o líder mundial. Nem as Nações Unidas, que com o Conselho de Segurança que foram criadas depois da Segunda Guerra Mundial para evitar estas dificuldades internacionais não encontram espaços para as suas soluções, que além das ações diplomáticas, necessitam de forças militares, mesmo que elas não sejam utilizadas.
Sede das Nações Unidas em Nova Iorque
Se haviam dificuldades com o policiamento mundial dos Estados Unidos, o mal sem ele parece pior. Desde 1945 quando foi criada a Organização das Nações Unidas com o seu Conselho de Segurança, as grandes potências vencedoras da Segunda Guerra Mundial contam com o poder de veto dos Estados Unidos, da Rússia, da China, da França e do Reino Unido. Não se consegue que haja uma reforma considerando a complexidade mundial que é diferente da época da sua criação.
Como as principais dificuldades mundiais atuais dividem estes países que possuem poder de veto, não se consegue que haja uma decisão que permita a sua atuação, mesmo que não se espere que ninguém deseje uma guerra aberta. O fato concreto é que os países como a Rússia e a China vão ampliando as situações de fato, para aumentarem o seu poder, inclusive de uma negociação.
Evidentemente, atrás dos problemas político-militares estão os grandes interesses econômicos, como os relacionados com a energia e o suprimento de matérias primas estratégicos. Envolvem também a proteção das rotas indispensáveis para a garantia do seu suprimento estável. Não se podem relevar também os problemas étnicos de populações que se deslocaram pelas diversas regiões, e que se acentuam com a globalização econômica.
Parece, também, que não se dispõem de líderes estadistas que sejam capazes de conduzir os diversos países para soluções que sejam convenientes para todos, de forma estável e no longo prazo. O atual quadro de incertezas acaba afetando a todos, notadamente os países emergentes e menos desenvolvidos, que necessitam fomentar suas produções para conquistar estágios superiores de padrão de vida para suas populações.
3 de setembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: agregando valores, artigos no Japan News, grandes grupos numa agricultura tecnificada, psicultura, substituindo uma agricultura de idosos, versão em inglês do Yomiuri Shimbun
Três artigos publicados em inglês no Japan News informa com matérias elaborados pelos jornalistas do Yomiuri Shimbun as novas facetas empresariais da agricultura japonesa. No primeiro elaborado por Katsutoshi Samata informa sobre uma empresa chamada My Vegetable, do grupo Sojitz que funciona na província de Chiba para a produção de hortaliças produzidas em estufa como rabanete, rúcula e tomate cereja, para ser vendida diretamente para os consumidores pela internet.
Employees of My Vegetable Corp. tend plants in Midori Ward, Chiba. Publicado no Japan News.
Chiba sofre com o problema do envelhecimento dos agricultores que estão abandonando suas pequenas propriedades agrícolas, e a trading Sojitz fez um arranjo com a JA Zenno Chiba, a cúpula da agricultura japonesa, para criar um canal para explorar a agricultura de forma altamente técnica. Os funcionários trabalham de forma mais confortável, pois atuam sem necessitarem se agacharem.
A produção é hidropônica, pois as plantas são alimentadas por água a fertilizantes líquidos sobre uma camada de areia, não necessitando de solo.
Outro projeto é da Toyo Reizo do grupo Mitsubishi, cultivando o atum mais apreciado no mercado, o chamado blue fin na Província de Nagasaki, onde possuem duas unidades além de outra na Província de Wakayama. Visam atender as demandas internas e até voltadas para a exportação para a China. A matéria consta do artigo elaborado por Ayuhiko Sasaki do Yomiuri Shimbun.
Farmed blue fin tuna in the Goto Islands, Nagasaki Prefecture. Publicado no Japan News.
A Toyo Reizo produz os avelinos e cultiva o atum até atingir cerca de 30 quilos, o que leva de dois a três anos. Hoje os peixes cultivados chegam a representar metade dos consumidos no mundo.
Outro projeto na Província de Hokkaido é relatado por Ryo Nakamura, também do Yomiuri Shimbun e conta com a participação da Mitsui. Cultiva uma espécie de cebola que é considerada como auxiliar na prevenção da arterosclerose, bem como aliviar os sintomas da diabete.
O projeto está ligado com a Escola de Agricultura da Universidade de Hokkaido e produz a cebola Sarasara Red, que começou a ser produzida em 2005. Ela é mais doce e picante que as normais, sendo muito apreciada pelos consumidores. Já existe uma nova variedade chamada Sarasara Gold, que deverá ser exportada para os Estados Unidos e Hong Kong a partir de 2018.
A Mitsui planeja também desenvolver produtos processados como sopas e temperos para acrescentar valor agregado à cebola. Estas tentativas de aumentar o valor da produção decorrem dos custos elevados dos cultivos hidropônicos, com energia e os chamados vinil house, criando um clima adequado para o desenvolvimento das plantas.
O cultivo do atum já é efetuado em diversas partes do mundo, e os efetuados no Japão certamente contam com custos mais elevados. Mas, os mesmos contam com maior teor de gordura, propiciando os chamados toro, ou seja, partes que são mais apreciados e de valor mais alto.
The Yomiuri Shimbun
Sarasara Red onions await harvesting in Kuriyama, Hokkaido.
2 de setembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Saúde | Tags: concentrado no Parque Yoyogi, dengue em Tóquio, doença tropical, verão rigoroso
Os doentes com a dengue, doença contraída pela picada de mosquitos é mais conhecida como uma que ocorre em regiões tropicais. Não se verificava no Japão deste a Segunda Guerra Mundial, mas neste ano já se observaram 22 casos, conforme informações do Ministério da Saúde daquele país, transmitida pela agência Jiji. A maioria é de moradores de Tóquio, mas as informações são de que as pessoas contraíram a doença com picadas de mosquito quando estavam no Parque Yoyogi, onde existe uma concentração de árvores. Mesmo os que moram em outras províncias frequentaram este parque, e as autoridades japonesas estão pulverizando inseticidas nos arredores desta localidade, inclusive na área verde ao lado, onde fica o popular Santuário Meiji. Não se registraram casos de morte, mas os mais graves pacientes chegaram a ter hemorragias.
Comparando com o Brasil ou outras áreas tropicais, o caso do Japão é de controle mais fácil, por estar concentrado num lugar público, e não espalhado pelas regiões residenciais. Como se sabe, o controle da multiplicação dos mosquitos acaba ficando mais complexo quando todos os lugares com possibilidade de contar com águas paradas podem facilitar a disseminação destes mosquitos, que picando pacientes infectados, acabam transmitindo para outros a dengue.
Mosquito Aedes Aegypti, transmissor da dengue e da febre amarela
A dengue não é transmitida pessoa a pessoa, mas somente pela picada de doentes que possuem a doença, que é transmitida pelo sangue com a picada de outra ainda sadia. O seu combate concentra-se sobre a eliminação dos transmissores.
Verificou-se que no passado alguns japoneses que tinham visitado outros países tinham contraído a dengue. Entre os doentes estão atores que filmavam um show de televisão naquele parque de Yoyogi, e os pacientes costuma sofrer febre repentina, três a sete dias depois de picados, acompanhados de dores de cabeça e algumas erupções cutâneas.
2 de setembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: compondo uma equipe competente, exposição de Jorge Paulo Lehmann, lições importantes, ousadia nos riscos
Com a credencial de ter acumulado em algumas décadas uma fortuna estimada em R$ 52 bilhões segundo a Forbes, o empresário e filantropo brasileiro Jorge Paulo Lehmann apresentou uma aula magna para os alunos da EBAPE – Escola de Administração Pública e de Empresas da FGV – Fundação Getúlio Vargas no Rio de Janeiro. Ele relatou a sua trajetória, que começou com algumas dificuldades, mas conseguiu consolidar-se com uma equipe competente formando o Banco Garantia, expandindo pela aquisição das Lojas Americanas, e a compra da Brahma, formando a AB InBev, o maior grupo cervejeiro do mundo, alem de controlar agora o Burger King, entre outros empreendimentos internacionais. Ele ressalta que não é um professor, não é um intelectual e não têm teorias complicadas, mas expôs o que acha importante na vida econômica e que não é discutido nas escolas, segundo um artigo publicado no site do jornal O Globo, segundo um artigo escrito por Maíra Amorim.
Caricatura do empresário bilionário e filantropo Jorge Paulo Lehmann –
Arte/Igor Machado, publicado no O Globo
Ele considera, como primeiro aspecto, que o risco é importante, tanto na vida comercial como individual. Acredita que com muitos estudos, profissionais tentam transformar os riscos em formuletas matemáticas acabando por não tomar decisões. Segundo ele, a única maneira de aprender é ir treinando aos poucos. Quem não arrisca acaba ficando com a mediocridade igual a dos outros, e todo o mundo deve tentar ser excepcional fazendo algo diferente e especial, segundo o artigo.
Nascido em 1939, em 1960 com 26 anos ele estava com o nome sujo na praça. Ele optou por ficar no mercado financeiro profissionalmente. Ao invés de tentar um emprego numa grande organização, ele escolheu por começar com um pequeno empreendimento, que se transformou no Banco Garantia, onde foi capaz de reunir uma equipe competente, que entende como um ensinamento relevante.
Além de tomar riscos, com a devida cautela, ele entende que as pessoas de sucesso costumam serem fanáticos pelos focos, e ele cita Sam Walton que construiu o Walmart e até o Warren Buffet que é sócio dele em alguns empreendimentos. Outra lição é ter sonhos grandes, para conseguir sempre as melhores empresas, o que vem perseguindo na sua carreira.
Finalmente ele destaca a eficiência, sempre procurando melhorar o que for possível. Com o sucesso e a fortuna que acumulou tornou-se um filantropo, fundando o Instituto Lehmann que se dedica a proporcionar condições para a melhoria do conhecimento, como a tradução para o português das melhores aulas dadas nas universidades norte-americanas, que podem ser acessadas gratuitamente no Brasil.
Temos muito que aprender de suas preciosas lições.
1 de setembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: experiência no FMI, na prática na Índia, ntrevista de Raghuram Rajan para o Financial Times no suplemento do Valor Econômico, sólida formação acadêmica
Uma interessantíssima entrevista concedida por Raghuram Rajan, presidente do RBI – Reserve Bank of India, a autoridade monetária daquele país, a James Crabtree do Financial Times foi publicado em português no suplemento Eu & Fim de Semana do Valor Econômico. Como a Índia é um grande país emergente que passa por uma tentativa de implantação de uma nova política econômica voltada ao mercado, vinda de um regime fortemente socialista, com o comando do Primeiro Ministro Narendra Modi, sua experiência pode dar boas indicações para o Brasil. Ele, como muitos economistas brasileiros estudou engenharia no Indian Institute of Technology, mas passou para a área da economia pelos seus trabalhos no Booth School of Business da Universidade de Chicago, e o doutorado no Instituto de Tecnologia de Massachusetts com uma tese “Essays on banking”. Trabalhou por um tempo no FMI – Fundo Monetário Internacional, tendo antecipado a crise mundial de 2007/2008.
Raghuram Rajan, presidente do Reserve Bank of India
Reconhece que a implantação da nova política pelo Primeiro Ministro Nerendra Modi vem ocorrendo de forma mais pausada do que se esperava com sua ascensão ao poder. A Índia também estava infestada pela corrupção, pois se tratando de uma economia ainda pobre, os empresários necessitavam da assistência das autoridades governamentais, o que propiciava um clima de favorecimento a aqueles que contribuíam para determinadas pessoas que ocupavam posições estratégicas.
Raghuram Rajan também reconhece que todas as grandes organizações, como o FMI ou o RBI contam com muitos grupos que ocupam posições estratégicas e possuem suas formas de expressarem seus interesses, não se recomendando mudanças bruscas nas suas formas de atuação.
Também se mostra realista, admitindo que ainda existam muitas dúvidas como se processará as mudanças no sistema financeiro internacional, que utilizou muito as facilidades monetárias, e necessitam começar reduzi-las, de forma cautelosa, não se sabendo exatamente o que vai acontecer. Como os fluxos financeiros internacionais são elevados, uma mudança brusca da política do FED – Sistema Federal de Reservas dos Estados Unidos pode alterar o quadro global.
Como o quadro que ele coloca apresenta uma grande similaridade com o que ocorre no Brasil, suas observações podem alertar sobre os cuidados que devem ser tomados por aqueles que assumirem o poder no Brasil, notadamente na área das autoridades monetárias. Ainda que se pretendam mudanças, sempre um pouco de cautela parece recomendável.
29 de agosto de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Saúde | Tags: alimentos funcionais, conhecimentos antigos que estão entrando na moda, mercado em expansão, nutracêuticos
Um interessante artigo elaborado pelo professor emérito hindu Tejraj M. Aminabhavi da Soniya College of Pharmacy, Dharwad, India foi publicado pelo Nikkei Asian Review informando sobre o nutracêuticos, que seria uma junção da nutrição e farmacêutica. Ele pode ser acessado em inglês no: http://asia.nikkei.com/Tech-Science/Tech/Tejraj-M.-Aminabhavi-Nutraceuticals-advances-in-health-supplements. Segundo o autor as ervas naturais têm sido usadas na Ásia há séculos pelos antigos indianos, chineses, egípcios e sumérios da Mesopotâmia. Têm benefícios terapêuticos nas lutas contra a fadiga e a prevenção ou atrasos de doenças relacionados com a idade: artrite, câncer, síndrome metabólica, problemas cardiovasculares, Alzheimer, Huntington, osteoporose, catarata, distúrbios cerebrais entre muitos outros. A International Food Information Council definiu os alimentos que têm benefícios para a saúde, alem da nutrição básica, como “alimentos funcionais”. Estes podem variar de brócolis para alimentos enriquecidos, tais como cálcio e suco de laranja enriquecido com vitamina C, produtos à base de soja e suplementos dietéticos.
Professor Tejraj M. Aminabhavi, da Soniya College of Pharmacy,
Dharvad, India, também muito respeitado nos meios acadêmicos norte americanos.
Segundo ele, com o advento da nanotecnologia em aplicações farmacêuticas, abriram-se novos caminhos para a estabilidade, solubilidade e aumento da permeabilidade de nutracêuticos problemáticos. Muitos detalhes técnicos são fornecidos sobre as vantagens hoje possíveis nestes medicamentos no artigo mencionado.
Os nutracêuticos estão crescendo em notoriedade com o aumento da consciência dos consumidores com relação à saúde. Espera-se crescer ainda mais pelas mudanças do estilo de vida nos países emergentes no Oriente Médio, na Ásia do Pacífico e na América Latina.
Muitos produtos nutracêuticos já estão nas prateleiras, na maioria antioxidantes e probióticos, mas não muitos que utilizam a nanotecnologia, que já existem. Como os da NutraLease em Israel, os da BioDelivery Sciences International, uma empresa norte-americana e a Aquanova, uma empresa alemã.
Europa, Estados Unidos e o Japão dominam o mercado de alimentos funcionais, tendo 85% do mundial. Em 2015 nos Estados Unidos o tamanho do mercado deve chegar a US$ 90 bilhões, e o mundial a US$ 243 bilhões. Os emergentes como a Índia e o Brasil, os países da Ásia do Pacífico, como o Japão e a China devem ser grandes consumidores destes produtos.
Estas notícias são alvissareiras.
28 de agosto de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Saúde | Tags: aquisição da Jasmine pela controlada francesa, informação do Estadão, Otsuka Pharmaceutical adota estratégia semelhante a da Takeda
Segundo informações constantes de um artigo de Fernando Scheller publicado no O Estado de S.Paulo a empresa do Estado do Paraná, Jasmine, distribuidora de alimentos saudáveis no mercado brasileiro, acaba de ter o seu controle adquirido pela francesa Nutrition et Santé, que é uma subsidiária da Otsuka Pharmaceutical, uma grande produtora de produtos farmacêuticos do Japão. Seria uma estratégia semelhante a adota pela maior empresa farmacêutica japonesa, a Takeda. Informa-se que a Jasmine vinha crescendo em suas vendas em torno de 20% ao ano ao longo da última década.
A Jasmine tem uma ampla lista de 150 itens de alimentos saudáveis, desde biscoitos, cereais matinais, funcionais, infantis, orgânicos, adoçantes, bebidas e snacks, possuindo certificações de diversas agências. São desde produtos prontos para consumo, como ingredientes de qualidade que podem ser utilizados para as mais variadas finalidades.
No Japão como em muitos países asiáticos não se faz distinção de medicamentos com produtos voltados à saúde, que na realidade possuem as mesmas finalidades.
As empresas japonesas que estão ampliando suas atenções pelo mundo, estão utilizando suas capacidades econômicas e financeiras para ampliarem suas atividades em mercados que apresentam potencialidades de expansão. Como a população japonesa está em declínio, os países emergentes como o Brasil apresentam possibilidades atrativas, além de serem produtores de algumas matérias primas, acabam sendo escolhidas.
Entre os produtos que apresentam boas perspectivas de mercado estão a chia e a quinoa, que são produzidas nos países andinos, além de adoçantes como a stevea em que o Brasil é um grande fornecedor.
Também nestes mercados estão aumentando as consciências das necessidades de se evitar elementos nocivos como agrotóxicos, fazendo com que o mercado de produtos orgânicos esteja em alta. Portanto, além do mercado interno, existem produtos que possam ser colocados no mercado internacional.
28 de agosto de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Política | Tags: a consolidação da situação da Marina Silva, aspirações por mudanças dos eleitores brasileiros, influência do setor financeiro, o novo não muito novo
Ainda que o quadro sucessório brasileiro não esteja totalmente definido as pesquisas de opinião como as demais informações disponíveis indicam uma nítida tendência para a vitória da candidata Marina Silva para a Presidência da República na eleição de outubro próximo, que poderá se consolidar politicamente nas próximas semanas com as novas adesões populares que possam ser esperadas. A ideia de uma terceira via alem do PT – Partido dos Trabalhadores e do PSDB –Partido Social Democrata Brasileiro, que vem sendo proposta pela coligação do PSB – Partido Socialista Brasileiro e a Rede da Solidariedade parece atender a aspiração da renovação política de parcela importante do eleitorado brasileiro, ainda que seja somente uma esperança vaga acrescentada de forte emoção com o desastre que vitimou Eduardo Campos. O acidente provocou a sua substituição por uma nova chapa tendo Marina Silva como cabeça, secundada por Beto Albuquerque que se diferencia dela em muitos pontos, como vice-presidente. A falta de experiência administrativa parece menos relevante para os eleitores que a vontade que se acredita suficiente para superar obstáculos concretos e reais.
Mesmo que esquema atualmente existente, procurando conseguir credibilidade e maioria no Congresso que dê sustentação ao novo governo pouco tenha de novo, parece que isto está se tornando irrelevante pela enxurrada que está ocorrendo na procura de mudanças. Como o PSB não é um partido expressivo, estando preso aos esquemas tradicionais da política brasileira, a candidata Marina Silva acena para alvos preferências de novas incorporações até como de Lula da Silva e José Serra que contariam com quadros experientes do ponto de vista político partidário. Exatamente parte política do que se desejaria substituir na nova colocação, mas o desejo de mudanças parece atropelar a tudo, mesmo a razão. Também nos quadros técnicos acena-se para a participação de profissionais ligados ao setor financeiro e empresarial, inclusive com capacitação operacional, que resulta numa solução tradicional, sem correspondência nos aspectos reais. Ainda que resolvendo os problemas de curto prazo, parecem apresentar dificuldades para o desenvolvimento no longo prazo, que exige setores engajados com as inovações tecnológicas.
Marina Silva, candidata à Presidência da República
Marina Silva conta com uma capacidade de se expressar como uma batalhadora que vem lutando pelos seus ideais, mesmo diante de obstáculos dos mais difíceis, chegando até a convencer segmentos que normalmente adotam posturas mais conservadoras. Mesmo tendo fortes convicções pessoais, coloca-se na posição para entendimentos pragmáticos com correntes de diferentes, surpreendendo a muitos.
Diante de adversários desgastados procura convencer o eleitorado que suas fortes determinações são capazes de superar os obstáculos hoje existentes no Brasil, promovendo a união de forças relevantes com suportes populares. As experiências que se repetem pelo mundo recentemente demonstram que estas mudanças expressivas nem sempre são fáceis, principalmente num período curto como o de um mandato de quatro anos.
Marina Silva expressa que é contra a reeleição, que vem se mostrando com um mecanismo com muitas dificuldades e se compromete que a reforma política ampliando o período do mandato será aplicado somente a quem a venha a suceder, caso seja eleita.
Ainda que a eleição confirme estas tendências, tudo indica que governar bem o Brasil pode ser algo com mais complexidade que exige outras condições que ainda não estão equacionadas.