Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Dramas das Vitimas das Bombas Atômicas que Vivem no Brasil

27 de agosto de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Saúde | Tags: ajuda restrita a 300 mil yens anuais, artigo no The Japan Times, mesmos tratamentos que recebem no Japão, pedido entregue ao Primeiro Ministro Shinzo Abe

Existe uma Associação de Paz das Vitimas das Bombas Atômicas que vivem no Brasil, presidida pelo Takeshi Morita, hoje com 90 anos, que foi atingido em Hiroshima no dia 6 de agosto de 1945, quando trabalhava como policial. A sua sede fica em São Paulo num supermercado da propriedade dele chamado Sukiyaki, onde estão afixados 101 nomes destas vitimas que viviam em São Paulo, muitos já falecidos. Eles só recebem anualmente uma ajuda equivalente a 300 mil yens anuais, menos de US$ 3.000, e são submetidos a um check up anual no Hospital Santa Cruz. No seu pico chegaram a 270 vitimas que vivem no Brasil, mas já estão reduzidos a menos da metade. Os que residem no Japão recebem a assistência integral para doenças provocadas pelas radiações, como 4.440 que vivem no exterior reconhecidos como “hibakusha”. Com a idade avançada, média de 79 anos, não contam mais como viajarem para o Japão para receberem tais tratamentos.

O assunto mereceu um artigo escrito por Junichiro Nagasawara e publicado no The Japan Times, pois eles entregaram uma petição ao Primeiro Ministro Shinzo Abe quando de sua visita ao Brasil. Eles pleiteiam receber as assistência no Brasil. São citados alguns casos concretos como Yoshitaka Samejima, 85 anos, nascido no Brasil e começou a estudar no Japão aos 11 anos, e participou das operações de resgate do exército japonês em Nagasaki, em 10 de agosto de 1945, um dia após o bombardeio atômico naquela cidade. Ele desenvolveu sintomas de radiação, como doenças de pele, aos 60 anos. Tendo sofrido um derrame cardíaco no ano passado não tem condições de suportar uma viagem a Nagasaki para a continuidade do seu tratamento. Takeshi Morita continua acompanhando estes assuntos e mostra uma caderneta com os dados médicos que são registradas as ocorrências, emitido pelo governo japonês.

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Takashi Morita, presidente da Associação de Paz da bomba atômica Vítimas no Brasil, mostra um notebook médico emitido pelo governo japonês para as vítimas da bomba atômica que vivem no Brasil, em São Paulo in July. | KYODO Publicado no The Japan Times

Yasuko Saito, 67 anos, filha de Takashi Morita, segunda geração das vitimas da bomba atômica informa que os dramas sofridos por estas pessoas precisam ser transmitidas para as gerações futuras, alertando sobre o uso de energias perigosas como as atômicas.

Hoje, um professor de 40 anos, Andre Lopes Loula desempenha o papel de membro executivo da Associação e organiza sessões com estudantes para ouvir as experiências dos Hibakusha. Planeja-se publicar uma coleção de testemunhos de hibakushas do Brasil e de outros países sul americanos.


Sugestões de Delfim Netto no Valor Econômico

26 de agosto de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: a baixa prioridade dada à exportação, redução do crescimento e dificuldades do setor industrial, velhos problemas brasileiros

Muitas análises superficiais nem sempre conseguem, de forma simples, identificar os grandes problemas brasileiros que nos afetam, lamentavelmente, resultando num baixo crescimento econômico, pressões inflacionárias e dificuldades no setor externo. O professor Delfim Netto na sua coluna semanal no Valor Econômico com uma tabela muito singela, mostra que há muito tempo o Brasil perdeu a consciência que o setor externo é fundamental para manter um desenvolvimento sustentável. O problema vem ocorrendo desde antes do período analisado, que ficou restringido ao início da crise de 2007/2008, quando a estabilização inflacionária bem obtida no Plano Real “esqueceu-se” a prioridade das exportações, para sustentar o desenvolvimento.

Do artigo citado do Valor Econômico consta a tabela abaixo:

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Na realidade, a crise de 2007/2008 agravou os problemas do setor externo, resultando na redução do ritmo de crescimento da economia brasileira e aumento das pressões inflacionárias. A situação piorou no período 2011 a 2014. Mas esta situação que hoje está dramática vinha já indicando antes que o Brasil estava reduzindo a prioridade do seu setor exportador, com o congelamento do câmbio por três vezes, retirando a competitividade do setor industrial que antes se encontrava numa situação razoável.

Muitos criticam que as autoridades não efetuaram as correções necessárias depois da crise de 2007/2008 contentando-se com uma redução do ritmo de crescimento que foi menos acentuada que no resto do mundo. Também indicam que problemas de muitas décadas passadas continuam sendo desenterradas.

O que parece conveniente que fique claro é que as deteriorações como do setor industrial brasileiro, que limitam o crescimento da economia brasileira são fenômenos de longo prazo. Antes do Plano Real, que teve o mérito de estancar o processo inflacionário de forma imaginativa, o Brasil registrava expansões das exportações superiores à coreana ou a chinesa. Se tivessem continuado o quadro atual seria totalmente diferente.

O que estas reflexões sugerem é que muitos dos grandes problemas brasileiros não podem ser resumidos aos períodos de gestões curtas no comando da economia brasileira. Sem uma visão estratégica de longo prazo só será possível tapar buracos que vão surgindo, não havendo como detectar problemas que só serão sentidos décadas depois.

A responsabilidade por esta consciência não é somente do governo cujos mandatos são curtos. Os acadêmicos e outros que deveriam ter a função de pensar nos problemas brasileiros no longo prazo necessitam proporcionar subsídios para que todos tenham consciência destas considerações estratégicas.

A administração pública necessita, também, de setores que estejam pensando os grandes problemas com enfoques mais longos, pois tanto os pesados investimentos em infraestrutura, como a maturação das pesquisas destinadas às inovações demandam prazos longos.


As Dificuldades de Execução dos Projetos

25 de agosto de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: as potencialidades do pré-sal, o balanço comercial externo do setor, o problema do pré-sal, suplemento especial do Valor Econômico

Administrar um país com a complexidade do Brasil é certamente um desafio que nem todos podem compreender facilmente. Além de um comando que seja capaz de estabelecer as diretrizes é necessário que se tenha a capacidade de escolher e coordenar uma equipe para o seu funcionamento, para o qual seria desejável uma habilidade política invejável. Tantos são os postos que necessitam serem preenchidos, talvez dezenas e milhares, não somente nos ministérios, como nas mais variadas agências, estatais e institutos que compõem o governo federal, em seus diversos escalões. Escolher as pessoas mais adequadas para cada cargo exige uma especial capacidade, e por melhores que sejam as escolhas, sempre haverá necessidades posteriores de ajustamentos, pois é preciso que sejam respeitadas as restrições políticas, além de permitir que o governo funcione como uma razoável equipe.

Coordenar uma maioria estável no Senado Federal e na Câmara dos Deputados acaba exigindo um prestígio capaz de aglutinar correntes que pensam de formas diferentes, pois dificilmente numa eleição se conseguiria que uma coligação seja capaz de obtê-la, pois mesmo dentro dos partidos existem facções com interesses divergentes. E o Executivo, no caso brasileiro, necessita contar com maioria parlamentar para aprovar suas diversas proposições. Imaginar que estas tarefas são fáceis beira a uma ingenuidade perigosa. Incorporar recursos humanos de outros partidos, ainda que possível, não é uma tarefa fácil.

No suplemento especial publicado pelo jornal Valor Econômico que trata do petróleo e gás no Brasil um artigo dá uma pequena noção da dimensão das tarefas envolvidas pela exploração do pré-sal. (http://www.valor.com.br/empresas/3665746/novo-patamar) Os dados do IEA – International Energy Agency estima que em 2012 o Brasil produzir 2,1 milhões de barris dias de petróleo, sendo a 13ª no mundo, deve chegar a 4,4 milhões em 2020, passando para 6ª no mundo e poderá chegar a 6 milhões em 2035. Só na Bacia de Santos poderá estar produzindo mais que a média do Golfo do México e do Mar do Norte somados. Ainda assim, o Brasil importa 12% da gasolina que consome e 17% do diesel, com uma balança comercial negativa de US$ 13,7 bilhões em 2012, piorando para US$ 27,9 bilhões no ano passado, devendo chegar a US$ 22,5 bilhões neste ano, dada a sua incapacidade de refino local.

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Muitas razões contribuem para tanto. A gigantesca Petrobrás não contou com resultados para contar com recursos indispensáveis para tanto, não só financeiros como humanos, além dos fornecimentos de todos os componentes para tanto, inclusive tecnologia. Ainda terá que continuar a importar muitas destas condições mesmo não desejando, contando com a ajuda de empresas estrangeiras mesmo com as restrições existentes para tanto no Brasil.

Este é somente um segmento, ainda que importante. Muitos outros envolvem complexidades semelhantes. São tarefas gigantescas até para países desenvolvidos, quando mais para um emergente como o Brasil.


Samba em Asakusa

25 de agosto de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: carnaval brasileiro em Tóquio, escolas de samba locais, tradição de Asakusa, visita dos brasileiros

Por mais incrível que apareça, ainda que o samba e o carnaval brasileiro sejam apresentados nos mais variados lugar do mundo parece ser em Tóquio no Japão, no tradicional bairro de Asakusa que se apresentou pela 33ª vez com o sucesso de sempre o desfile das escolas de samba, muito semelhante ao brasileiro. Tornou-se um tradicional evento do verão japonês, onde cerca de 18 agremiações que seriam como escolas de samba em pequena escala, mais semelhantes aos blocos brasileiros, apresentam os japoneses como passistas bem razoáveis.

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        Samba dancers perform during the annual Asakusa Samba Carnival in Tokyo on Saturday.
The festival dates back to 1981. More than 4,700 dancers took part in the parade, in The Japan Today.

Entre os que participam deste evento estão japoneses que costumam frequentar com regularidade e até participar dos desfiles que ocorrem no Rio de Janeiro e em São Paulo, como alguns brasileiros que vivem no Japão. Nas suas primeiras versões notava-se que os participantes ainda apresentavam algumas dificuldades, o que ainda acontece com alguns. Mas, na sua quase totalidade hoje não se distinguem dos que participam do carnaval no Brasil, ainda que os carros alegóricos sejam evidentemente bem mais pobres.

O samba no pé já não é desajeitado como os que costumam ser frequentes entre os estrangeiros, mostrando que além de imitarem adequadamente o que veem no Brasil, estão praticando com regularidade. Mostra que os japoneses, ainda que continuem reservados em muitas ocasiões, sabem extravasar suas alegrias nestas ocasiões. Evidentemente, o número total de participantes destes desfiles chega a pouco mais de 4.700 figurantes, bem menor do que uma só grande escola de samba no Brasil, mas já é expressivo para um evento que ocorre no outro lado do mundo.

Estes desfiles são assistidos por uma multidão de japoneses e outros apreciadores do carnaval que só possuem a oportunidade de assistirem os brasileiros pela televisão. O desfile acaba ocorrendo no sábado à tarde e não à noite, que ninguém é de ferro. O fato concreto é que os japoneses ficam impressionados com a alegria dos participantes, e muitos acabam se motivando para fazerem viagens ao Brasil para assistirem as versões originais, principalmente quando notaram que mesmo na Copa do Mundo não ocorrem os desastres que muitos anunciaram.

Estes e outros eventos, como os festivais de música e outros costumes envolvendo comes e bebes promovidos pelos brasileiros que vivem no Japão, com eventuais participações de grupos brasileiros, acabam divulgando a alegria de viver dos daqueles que estão no Brasil, o que é invejado por muitos japoneses.


Exageradas Simplificações de Situações Complicadas

22 de agosto de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: análises que simplificam demais os quadros complexos, casos do Brasil, da Índia e da China, dificuldades para a compreensão à distância, do México, wishful thinking

Muitos casos recentes mostram que análises demasiadamente simplificadas de quadros complexos mostram que existem muitos dos chamados “wishiful thinking”, onde os desejos são tomados como realidades por profissionais bem intencionados, mas nem sempre capazes de entenderem à distância todas as dinâmicas situações que são difíceis de serem interpretadas até pelos locais que estão permanentemente envolvidos nestes tipos de avaliações. Um exemplo significativo pode ser o caso do governo de Narendra Modi na Índia, eleito numa arrasadora eleição que pretende varrer do país um longo período de domínio de um grupo político desde a independência daquele país, que acabou disseminando a corrupção e a exagerada presença do Estado. Com uma campanha a favor do sistema privado de mercado com uma bandeira nacionalista, está se constatando que as dificuldades para as mudanças são maiores do que se poderia esperar, num país gigantesco e ainda pobre, mesmo que se disponha de recursos humanos bem preparados até no exterior. O assunto vem sendo divulgados em muitas publicações internacionais.

clip_image002                                          Narendra Modi, Primeiro Ministro da Índia

No México o novo Presidente empossado em 2012, Enrique Peña Nieto conseguiu a imagem mundial de um ousado reformista, começando pela quebra do monopólio da PEMEX, que nasceu de uma radical campanha nacionalista do controle estatal do petróleo quando aquele país era totalmente dominado pelo PRI – Partido Reformista Institucional. Hoje, como parte da NAFTA – Acordo de Livre Comércio da América do Norte que envolve além do México, os Estados Unidos e o Canadá, proporcionando um dos mais cobiçados mercados do mundo, o país empenha-se para efetuar todas as mudanças indispensáveis para a nova situação, mas encontra uma forte resistência da população, que precisará ser superada com grande esforço. Este assunto também vem merecendo considerações em muitas publicações internacionais.

clip_image004                                          Enrique Peña Nieto, Presidente do México

Na China que veio comandando o desenvolvimento mundial nos últimos anos o governo presidido por Xi Jinping vem promovendo mudanças para dar continuidade para um crescimento acelerado, superando os problemas como de poluição e corrupção e a exagerada dependência das exportações. No entanto, enfrenta problemas com muitos aperfeiçoamentos em setores importantes como o bancário que conta com um sistema paralelo de grande dimensão, além da exagerada dependência do crescimento aos investimentos que vem sendo efetuados, até com muitos endividamentos com juros elevados.

Yu Yongding, o ex-presidente do China Society of World Economics e diretor do Institute of World Economics na Chinese Academy of Social Sciences, entre outros cargos importantes na China, publica um expressivo artigo no Project Syndicate (https://www.project-syndicate.org/commentary/yu-yongding-warns-that-unless-officials-stem-the-rise-in-corporate-leverage–economic-crisis-is-inevitable) falando das dificuldades ainda persistentes no seu setor financeiro, que mesmo superado diversas vezes e de formas temporárias, ainda necessita de mudanças expressivas para suportar um crescimento econômico acelerado nos próximos anos. Estes tipos de dificuldades, que não ficam claros para os que veem a China do exterior, mostram que existem problemas para as superações das suas limitações.

clip_image006                                 Yu Yongding, Diretor do Institute of Word Economics 
                   and Politics da Chinese Academy of Social Sciences, entre outros cargos.

No que se refere ao Brasil, diante da substituição da candidatura para Presidente da República nas próximas eleições do elogiado mas falecido Eduardo Campos pela Marina Silva, num arranjo da coligação comandada pelo PSB – Partido Socialista Brasileiro, e das primeiras pesquisas de opinião efetuada pela Datafolha, muitos artigos estão sendo publicados no Brasil e no exterior como uma significativa mudança no quadro político do país, criando um cenário de sua expressiva vitória.

clip_image008      Marina Silva substitui o falecido Eduardo Campos como candidata à Presidente da República

Este tipo de substituição de personalidades políticas muito diferentes não é fácil e nem os resultados podem ser tão claros. Até na ocupação de cargos relevantes na campanha eleitoral já se verifica as primeiras dificuldades de acomodação de organizações partidárias que não possuem a tradição de controles expressivos do poder no Brasil. Muitas incertezas ainda devem povoar o cenário brasileiro nos próximos meses, não sendo tão fáceis como algumas conclusões precipitadas que já estão sendo traçadas, como se milagre existisse.


Novos Alimentos Semipreparados

21 de agosto de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias, Gastronomia | Tags: atuações em diversos mercados, Nissin ampliando novas linhas, pesquisas para novos produtos

Uma matéria preparada por Kosuke Iwano para a Nikkei Asian Review informa que a Nissin está ampliando suas pesquisas e desenvolvimentos para lançamento de novos produtos, com maior eficiência nos processos produtivos. Eles são os pioneiros que vieram lançando os macarrões de preparo instantâneo, os conhecidos Ramen de frango desde 1958 e atendem as necessidades daqueles que não dispõe de tempo para o preparo adequado de alimentos mais elaborados. Como muitas donas de casa passaram a ter empregos em todo o mundo, mesmo de tempo parcial, não contam com o tempo para cuidar de suas casas e dos preparos de refeições para seus familiares. Estes produtos que somente com água fervida já podem ser consumidos, apresentando uma qualidade cada vez mais aceitável, estão com suas demandas em expansão nos mais variados mercados.

As pesquisas que estão sendo efetuadas no Japão já permitem que o arroz com curry, muito consumidos pelos japoneses também sejam preparados somente com água fervida, como os macarrões de sabor ajustado para os paladares da cozinha como a tailandesa. Estão sendo adicionadas novas linhas que permitem atender as preferências de diversas populações que estão aderindo a estes tipos de alimentos semelhantes aos fast foods. Há um reconhecimento que mesmo nos países emergentes, como muitos asiáticos, também as mulheres estão entrando no mercado de trabalho formal, ao mesmo tempo em que novas faixas da população ingressam nas classes médias mais modestas, passando a consumir produtos que podem ser encontrados nos supermercados ou lojas de conveniência. Chegam a ser de consumo habitual, além de eventuais.

clip_image001    Nissin está chegando com novos sabores de apelar para o paladar dos clientes em todo o mundo.

Depois de 50 anos a demanda global de macarrões instantâneos tinham alcançado mais de 100 bilhões de refeições por ano. Eles esperam que dentro de 10 anos cheguem a 130 a 140 bilhões de refeições. Mesmo a Nissin não consegue atender toda esta demanda, sendo que 17,5% das vendas no último ano fiscal (que termina em março no Japão) teria ocorrido no além mar. Estão ampliando suas parcerias em muitos países.

Agora a Nissin visa o mercado chinês, testando a linha chamada Hap Mei Do em Hangzhou, que tem um molho com sabor de produtos marinhos. O produto tem boa aceitação entre os jovens e com a publicidade esperam conseguir um crescimento anual de 30% por ano. Planejam estar com um staff de mil funcionários em torno do ano de 2016 naquele país.

Os planos da Nissin na Indonésia é aumentar a participação do parceiro local dos atuais 49% para 98% do capital. Expandiram em 2013 suas atividades para a Turquia e o Kenia e esperam elevar as vendas no exterior para 50% no ano fiscal de 2025, para abastecer 80 países em todo o mundo, tornando-se uma empresa global.


Foreign Affairs e a Economia Energetica Mexicana

20 de agosto de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: artigo sobre o México no Foreign Affairs, energia elétrica, novas funções para o Pemex

A economia mexicana está sendo considerada no momento pelos investidores internacionais como uma das que apresentam maior potencial no mundo, como decorrência da política que vem sendo praticado pelo Presidente Enrique Peña Nieto desde 2012, enfrentando seus problemas políticos históricos, com mudanças significativas no setor energético do México. A sua proximidade dos Estados Unidos, se apresenta vantagens por contar com um grande mercado representado pela NAFTA – Integração Econômica da América do Norte, que conta também com o Canadá, sempre estimula um forte nacionalismo para se afirmar independente. Tem uma tradição estatizante que se consolidou ao longo da história do PRI – Partido Revolucionário Institucional. Apesar de ter contado com uma campanha pela nacionalização do petróleo que resultou na PEMEX, talvez mais radical que a do Brasil que gerou a PETROBRÁS, procura agora consolidar um sistema que se abre para os investimentos privados, inclusive externos.

Difícil imaginar que um setor estratégico que conta com grandes e poderosas empresas multinacionais, onde os investimentos são pesados, as tecnologias avançadas e as unidades produtivas como as refinaria são gigantescas consiga consolidar rapidamente um sistema concorrencial. É da natureza destas organizações que existam poderosos interesses grupais, mesmo dentro das estatais como acontece em ambos os gigantes, como a PEMEX e a PETROBRÁS, por mais que existam governos e agências reguladoras governamentais. De qualquer forma é uma orientação ousada do atual governo que vai exigir uma forte determinação política, pois até os investimentos privados tendem se acomodar com um sistema monopolístico, onde também os interesses do governo e do Estado sempre estarão presentes.

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Os Estados Unidos e a Foreign Affairs tem interesses ideológicos que o México de consolide como um grande país emergente, contando com energia barata e competitiva no mercado internacional, até para fortalecer a NAFTA. Com acesso tanto pelo Pacífico como pelo Atlântico, muitas subsidiárias de empresas estrangeiras se instalam no México, tanto para abastecer o mercado interno, como ter acesso aos mercados dos Estados Unidos como do Canadá.

A experiência brasileira vem demonstrando até agora que a presença de uma grande estatal faz com que o setor privado, nacional ou estrangeiro só conte com uma participação marginal no setor de petróleo. O México está estimulando também a presença privada no setor elétrico, mas também neste segmento o Brasil vem demonstrando que o controle acaba sendo exagerado, quando existem interesses políticos do governo.

Se o México conseguir um razoável equilíbrio, com variadas atividades privadas interlaçadas, poderá se tornar um exemplo da forma de convivência entre atividades estatais com os de grupos nacionais e estrangeiros guiados pelo mercado.

A formação dos recursos humanos de ponta no caso mexicano conta com um intercâmbio mais intenso com as universidades norte-americanas, inclusive pela proximidade geográfica, quando comparado com o Brasil. Ainda que isto tenda a influenciar na formação ideológica no sentido da utilização mais intensa dos mecanismos de mercado, também fomenta um forte sentimento nacionalista do ponto de vista político, para afirmar sempre a sua identidade.

Com o mundo cada vez mais globalizado, estas experiências acabam se transferindo pela América Latina, ainda que não exista um perfilamento automático com os Estados Unidos.

Com a junção de todos estes e outros fatores, observa-se que a tradição da diplomacia mexicana acaba sendo a de formação de quadros competentes e ativos, servindo como um exemplo para outros setores da atividade internacional.


Estudos Japoneses Sobre Despesas Médicas

19 de agosto de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias, Saúde | Tags: estudos no Yomiuri Shimbun, exemplos que podem ser imitados no Brasil, população idosa | 4 Comentários »

Se existe um país que antecipa os estudos sobre as tendências futuras, e que já conta com uma população idosa, que deverá se repetir no Brasil no futuro como em outros países ainda emergentes certamente este é o Japão. Como na recente visita do Primeiro Ministro Shinzo Abe ao Brasil começaram a se esboçar os intercâmbios na área de saúde entre os dois, parece oportuno que sejam analisadas algumas possibilidades futuras.

clip_image002                                                          The Yomiuri Shimbun

É evidente que os problemas existentes das despesas médicas no Japão e no Brasil são diferentes, mas as metodologias dos estudos efetuados naquele país podem ser adaptados para os brasileiros, havendo a possibilidade de alguns trabalhos serem efetuados em conjunto, absorvendo parte da tecnologia lá aplicada, dentro dos mecanismos que foram criados pelos dois governos.

Os dados disponíveis no Japão são abundantes, permitindo análises comparativas entre as diversas províncias, para aprofundar as causas que determinam alguns gastos mais elevados em algumas. Isto também pode ser observado no Brasil, ainda que os serviços médicos não sejam tão uniformes no país.

Mas, estes estudos permitem identificar ineficiências e desperdícios que possam estar ocorrendo em algumas regiões, estabelecendo-se metas regionais a serem alcançadas ao longo do tempo. Como tais despesas são astronômicas tendendo a um crescimento rápido, principalmente com o princípio constitucional existente no Brasil de serviços médicos universais para a população, não existem fontes de recursos suficientes que acabam sendo resolvidos injustamente pelas filas.

Entre as despesas que aparentam ser elevadas parece figurar a prescrição exagerada de medicamentos. Também os prazos de internação costumam ser elevados, como no Japão, quando todos sabem que os atendimentos ambulatoriais ou residenciais podem reduzir estas despesas em muitos casos.

A medicina preventiva utilizada no Japão permite visualizar as despesas que costumam ocorrer com os diagnósticos tardios que implicam em medidas de custo mais elevado.

Evidentemente, não existem medidas milagrosas que resolvam todas as situações. No entanto, se identificados os focos que necessitam ter atacados com prioridade, pode se estabelecer uma política de longo prazo para que os problemas de saúde sejam minorados em muitos casos.


Forte Engajamento da Imprensa na Campanha Eleitoral

19 de agosto de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Política | Tags: análise das pesquisas como do Datafolha, análises que nem sempre correspondem às indicações, o problema do engajamento da imprensa na campanha eleitoral

Ainda que existam os que defendem a posição que os meios de comunicação social deveriam adotar uma posição equidistante dos diversos candidatos em qualquer campanha eleitoral, existem países de longa tradição democrática onde estes engajamentos são plenamente aceitos, desde que estas posições sejam explicitas. O que parece inconveniente é que análises que não correspondem aos dados de uma pesquisa sejam apresentadas, o que mostra que ou existe uma disfarçada intenção de induzir os leitores a erros, ou uma incompetência mesmo em analistas experimentados, o que deve ser uma hipótese que deve ser rejeitada. Com a oportuna divulgação da pesquisa efetuada pela Datafolha, após o lamentável falecimento do candidato Eduardo Campos do PSB, havendo fortes indícios da sua substituição pela Marina Silva, muitas indicações preciosas acabaram sendo reveladas.

Resumidamente, as indicações foram que a candidata Marina Silva apresentou um empate técnico com Aécio Neves no segundo lugar, com a candidata Dilma Rousseff como a preferida para Presidente da República, mas levando à necessidade do segundo turno. No segundo turno haveria uma superação da atual Presidente pela Marina Silva, hipótese que não se verificaria com Aécio Neves, neste levantamento. Evidentemente, estas pesquisas indicam o que se observa no momento e a Datafolha costuma utilizar uma amostra estratificada que reduz as margens de erro. Como informações complementares, evidenciou-se a recuperação dos que consideram o governo bom ou ótimo quando comparada com a pesquisa anterior, ao mesmo tempo em que se identifica um desejo pela mudança do governo do PT e seus coligados, o que seria conseguido no segundo turno pelo PSB e seus coligados, ainda que a tradição brasileira seja o voto no candidato e não nos partidos.

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A íntegra da pesquisa pode ser obtida no: http://datafolha.folha.uol.com.br/eleicoes/2014/08/1502039-com-marina-disputa-presidencial-iria-para-o-segundo-turno.shtml

Comparando com os dados coletados nas pesquisas anteriores, verifica-se que a Dilma Rousseff como Aécio Neves obtiveram os mesmos percentuais do levantamento anteriores e Marina Silva conseguiu seus 21%, mais que o dobro do obtido por Eduardo Campos pela redução dos indecisos e brancos e nulos.

O que parece incorreto é que se atribuía as maiores dificuldades para Dilma Rousseff, ainda pelos dados ela tenha que se submeter ao segundo turno, com a possibilidade de perder para Marina Silva. O que parece mais provável é que Aécio Neves, igualmente, tende a perder eleitores para Marina Silva, na medida em que não teria condições de vencer no segundo turno, o que poderia ser conseguido por Marina Silva.

Evidentemente, estas tendências ainda não se encontram consolidadas, pois a campanha pela televisão e rádios com o uso dos tempos concedidos pela atual legislação eleitoral mal começou. Muitos atribuem que o impacto emocional do desastroso desaparecimento de Eduardo Campos ainda estaria muito elevado.

As campanhas devem ressaltar que Marina Silva não dispõe de experiência no comando do Executivo, ainda que regionalmente. E haveria restrições de alguns segmentos políticos diante do seu passado com fortes marcas conservacionistas. Procura-se ressaltar que ela assumiria todos os compromissos de Eduardo Campos, contando o PSB com um programa substancioso já elaborado.

A campanha eleitoral deverá ser acirrada, pois as margens atuais são pequenas.


Limitações das Previsões Climáticas

15 de agosto de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: consequências econômicas, previsões de um El Niño forte, redução das previsões dos japoneses e australianos

Lamentavelmente, parece que existem ainda muitos analistas que são masoquistas, na medida em que as previsões de um El Niño muito forte neste ano estão se reduzindo nas estimativas de meteorologistas de todo o mundo, notadamente japoneses e australianos. Parece que prezam mais os acertos de suas previsões catastróficas, que ainda são precárias e só permitem estimar grosseiramente as suas probabilidades. As mais atualizadas continuam estimando em 50% a ocorrência de graves problemas climáticos, quando eram mais elevadas no início do ano, prevendo a possibilidade de fortes furações e provocaria uma sensível redução da produção agrícola na América do Sul, em decorrência de secas violentas. Não se dão conta que este tipo de El Niño poderia provocar uma queda de cerca de 10% na produção agrícola, reduzindo o crescimento econômico da região e elevando as pressões inflacionárias dos alimentos, levando muito sofrimento para os agricultores como consumidores, inclusive para a população como um todo.

Um artigo publicado no site da Bloomberg num artigo elaborado por Brian K. Sullivan registra o que está acontecendo no meio de muitos meteorologistas, na medida em que em meados de agosto ainda não ocorreram fenômenos climáticos dramáticos. Muitos estimam que pudesse ocorrer o que se observou em 2012, quando mesmo com previsões alarmantes, não ocorreram estes problemas lamentáveis. Michelle L’Heureux, cientista do Climate Prediction Center dos Estados Unidos ressalta que existem algumas diferenças neste ano com o que ocorreu naquele ano, nas observações no Pacífico, de aquecimento de suas águas em algumas correntes que levam as estimativas que foram efetuadas. Mas, as suas estimativas continuam prevendo a possibilidade de 50% de que o El Niño ocorra ainda este ano, o que é um percentual assustadoramente elevado.

clip_image002                      Condições que aumentam a possibilidade da ocorrência do El Niño,
                 com o aumento das temperaturas de algumas correntes marítimas no Pacífico.

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