19 de dezembro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: algumas adaptações necessárias, salão de automóveis de Tóquio inadequado para estrangeiros, um artigo do Wall Street Journal publicado no Valor Econômico | 1 Comentário »
Um artigo elaborado por Yoshio Takahashi, originalmente do Wall Street Journal, foi publicado em português no Valor Econômico, informando que o gosto peculiar dos japoneses para muitos produtos, inclusive automóveis, está dentro do que chamam de cultura de Galápagos. Ou seja, são específicos para os japoneses, o que inibiu as participações da General Motors, Ford e Chrysler no Salão de Automóveis deste ano em Tóquio. Os japoneses criaram carros pequenos e econômicos no pós-guerra e estes não estariam contando com demanda no mundo, inclusive os híbridos que combinam a utilização da gasolina com energia elétrica. Ainda que isto possa ser uma avaliação parcialmente correta, parece que há outras razões que poderiam ser acrescentadas numa apreciação mais isenta.
O mundo parece que caminha no sentido da sustentabilidade, o que faz com que os automóveis estejam se tornando mais compactos, consumindo menos combustível. Os híbridos, ainda caros, estão se disseminando em todo o mundo, pois as baterias de lítio estão ficando cada vez mais eficientes, fazendo com que os automóveis possam circular cerca de 50 quilômetros com o auxílio da energia elétrica que está sendo recarregada nas baterias nos momentos em que os veículos não estão sendo acelerados, acabando por ficar mais eficiente nos centros urbanos do que nas estradas. Os carros minúsculos estão voltando para os mercados internacionais, pois todos entendem que são mais fáceis de serem manobrados nos trânsitos caóticos que prevalecem na maioria dos países.
Novos modelos compactos da Honda e da Toyota
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19 de dezembro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: artigo da Folha de S.Paulo, dados elaborados pela IBPT, evolução da carga tributária no Brasil
Ainda que a Folha de S.Paulo tenha publicado um artigo elaborado por Claudia Rulli, com base nos levantamentos efetuados pela IBPT – Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação com a evidente intenção de criticar a carga tributária que vem se elevando no país recentemente, mesmo com as desonerações tributárias efetuadas, os dados apresentados acabam tendo um impacto diferente. Ressalta as elevações que foram mais acentuadas nas administrações anteriores de Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso, que foram de 3,23% e 4,03%, quando Fernando Collor tinha reduzido em 3,22%, ainda que forma não sustentável. Nas administrações de Lula da Silva e de Dilma Rousseff, ela continuou se elevando sobre um patamar já elevado, mas num ritmo menor de 1,58% e 2,20%, ainda que as gestões tenham períodos diferentes.
Mais do que as tributações efetuadas, as análises exigem o que foi oferecido pelos governos como contrapartidas. Os gastos públicos que vieram se elevando, aumentando também as dívidas públicas diante dos elevados juros, necessitam considerar que os investimentos, cujos conceitos estão se alterando, estão limitados e os custeios estão se elevando. Estes precisariam ser divididos também nos das máquinas públicas e os que são destinados para os fins desejados, como educação e saúde pública. Sem este quadro mais completo, torna-se difícil simplesmente condenar as elevações das cargas tributárias, que são elevadas em países como os escandinavos, desenvolvidos e de eficiência elevada.
Editoria de Arte/Folhapress
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19 de dezembro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias | Tags: dois volumes, estudos para serem examinados com profundidade, intercâmbio entre a FGV e a ILAS/CASS
Acabaram de ser publicados dois volumes com o título geral “Armadilha da renda média”, pela Editora FGV, Rio de Janeiro, 2013. No primeiro volume, autores brasileiros, incluindo o prefácio e a introdução, elaboraram quatorze tópicos tratando dos principais assuntos que interessam a todos os estudiosos que pretendem entender este país chamado Brasil e seus problemas. No segundo volume, doze tópicos elaborados por autores chineses tratam de assuntos relacionados com o seu país, que nem sempre são entendidos adequadamente por aqueles que pretendem conhecer a China. Este trabalho decorreu de uma parceira do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV/IBRE) e do Instituto de Estudos da América Latina da Academia de Ciências Sociais da China (ILAS/CASS). Merecem ser estudados com todo o cuidado por todos que se interessam pelos países que acabaram sendo englobados como BRICS, por serem grandes do ponto de vista geográfico e emergentes do ponto de vista econômico, ainda que apresentem diferentes problemas, que podem proporcionar conhecimentos aproveitáveis por todos.
Tratando-se de organizações tradicionais e respeitáveis, contam com profissionais treinados para diversas análises de temas diferentes, que são tratados com os cuidados e seriedades que merecem. Os dados contidos nestas análises são os mais confiáveis disponíveis em ambos os países e como os que são responsáveis pelos diversos tópicos estão treinados no seu uso sabem muitas vezes das limitações que os cercam. O que poderia se discutir é o título, “Armadilha da renda média”, que decorre de um seminário efetuado com a participação de brasileiros e chineses que vem sendo adotada por muitos estudiosos, que acabam dando uma impressão da existência de um determinismo para a passagem de um nível de renda per capita, quando cada caso parece um caso, não se devendo induzir a generalizações desta espécie. A capa escolhida acaba sugerindo que os problemas seriam apavorantes.
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17 de dezembro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: exagero de precisão, Haruhiko Kuroda para o Financial Times, parecendo um assunto acadêmico
Os jornalistas Martin Wolf, David Pilling e Jonathan Sobie, do Financial Times, que sempre escrevem sobre assuntos asiáticos, entrevistaram o presidente do Bank of Japan, Haruhiko Kuroda, sobre a atual política daquele banco central para o Japão nos próximos anos. A esperança de precisão é tamanha que parecem informações irritantes de acadêmicos, em que alguns têm a pretensão que a economia seja uma ciência exata. O governo japonês junto com o BOJ anunciou que perseguem uma inflação de 2% ao ano, ainda que num prazo incerto, adotando uma política que denominam “quantitative and qualitative easing”, que difere pouco da norte-americana e da inglesa, onde aquele banco central se compromete a dobrar a compra de títulos do governo japonês, ampliando o crédito a baixos juros, chegando a um prazo de vencimento médio em sete anos. Isto está provocando a desvalorização do seu câmbio e melhorando substancialmente as cotações de sua bolsa de valores.
O entrevistado informa que metade da chamada primeira flecha do Abeconomics estaria atingida, com a inflação mostrando uma inflação de 0,9% quando tinham deflação, mas que teria um longo caminho para chegar a 2% estável, a partir da qual pretende reduzir para 1% ao ano. Para quem está acostumado com inflações bem mais elevadas como os brasileiros, com grandes intervalos, tudo isto parece um sonho. Eles esperam que com isto os juros que o mercado projeta para o futuro estejam caindo, alterando também o reequilíbrio do portfólio dos bancos e outros que os mantêm, com uma moeda desvalorizada. A inflação atual, excluída a de energia e de alimentos, estaria em 0,3% de aumento. Os nove membros do Comitê de Política Monetária esperam que esta inflação esteja em 1,9% no ano fiscal de 2015, que vai de abril a março naquele país. Eles esperam que o excesso de capacidade sobre o produto potencial esteja entre 1 a 1,5%, ao mesmo tempo em que o crescimento da economia esteja em 1,5 anual, todas estimativas difíceis de serem feitas para prazos mais longos.
Haruhiko Kuroda
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17 de dezembro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: mistura com oposições políticas, protestos sobre os produtos geneticamente modificados, repetição do que se observa no resto do mundo
Também na China, como no resto do mundo, os que combatem os produtos geneticamente modificados aproveitam para contestar o governo, misturando o assunto com as oposições às orientações governamentais. Alegam que os Estados Unidos estão mais avançados nestas pesquisas e procuram boicotar a China, algo como quando ocorreu a Guerra do Ópio, visando à dominação do país. Os protestos se repetem na frente do Ministério da Agricultura, envolvendo muitos descontentes com as autoridades, desde cientistas até militares, que são tratados de forma política pelo governo, que procura informar a população com o apoio de muitos acadêmicos. Isto acontece em muitos países, inclusive no Brasil, ainda que as pesquisas estejam avançando, mostrando que os receios parecem infundados.
Na realidade, muitos que contestam o governo, mesmo na China, acabam provocando manifestações, sendo que as menos expressivas acabam sendo toleradas. Somente os que ganham muita projeção acabam sendo coibidas pelas autoridades, e os relacionados com estes produtos geneticamente modificados são considerados de forma suave. Na realidade, mesmo com os avanços nas pesquisas, sempre existe um espaço para a controvérsia, ainda que a prioridade pelo aumento da produção para o abastecimento da população acabe prevalecendo.
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17 de dezembro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: despesas da vida noturna das grandes empresas, formas de elevação dos salários, medidas surpreendentes para ativar a economia
Ainda que se possa concordar com a política japonesa para ativar a sua economia, algumas medidas heterodoxas que estão sendo tomadas surpreendem os analistas estrangeiros. De um lado, tomou-se a política chamada de easing monetary policy, que veio sendo adotada pelos Estados Unidos que acabou provocando a desvalorização do dólar, que entre outras contrapartidas resultava na valorização do yen. Mas, para estimular às exportações japonesas, as autoridades daquele país tinham que conseguir uma desvalorização do seu câmbio, ao mesmo tempo em que se perseguia uma inflação de 2% ao ano, para sair de um longo período de deflação que tinha efeitos mais deletérios.
Tentaram que suas empresas elevassem os salários para provocar um aumento da demanda, mas os resultados ainda continuam duvidosos. Agora, as autoridades econômicas, estimuladas pelo ministro Taro Aso, que sempre abusou destas despesas, autorizaram que as grandes empresas japonesas tenham parte de suas despesas com as noitadas de seus dirigentes e funcionários, inclusive em bares, parcialmente deduzidas das tributações, também visando o aumento de suas atividades destinadas ao relaxamento. O assunto mereceu uma nota no The Economist dando a impressão que o governo japonês está exagerando na sua criatividade.
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16 de dezembro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias | Tags: artigo no The New York Times sobre os atendimentos dos telefonemas pelos japoneses, linguagens adequadas, polidez, vozes claras
Por incrível que pareça, uma das formas de distinguir se uma asiática é ou não japonesa é a sua atitude no atendimento de um telefonema. As japonesas costumam ou costumavam sempre abaixarem as cabeças afirmando “hai, hai” que não significa que esteja concordando, mas permitindo que o interlocutor saiba que sua conversa está sendo acompanhada com atenção. Diferente do Brasil, quando um telefonema é dado, quem está chamando começa a conversa se identificando, do tipo “aqui e fulano de tal, da empresa X”, pois se supõe que quem está atendendo seja uma pessoa conhecida pelo número discado, quando quem atende não pode adivinhar quem está ligando, a não pelo reconhecimento de uma voz já conhecida ou nos novos aparelhos que fornecem o número do telefone de onde está sendo feito a ligação. Um artigo elaborado por Hiroko Tabuchi, publicado no The New York Times, informa que existe uma competição no Japão para julgar quem melhor atende aos telefonemas.
O artigo informa que mais de 12 mil concorrentes participam desta competição anualmente que já está na sua 52ª versão, e os atendimentos telefônicos profissionais como dos Calls Centers envolvem cerca de US$ 7 bilhões de serviços todo ano. Os japoneses costumam ser extremamente corteses com seus clientes e as ligações não devem ser atendidas de forma exagerada, que crie uma indisposição com os potenciais clientes ou simples interlocutores. Cultiva-se uma arte de bem atender, com vozes claras, firmes, que permitam a compreensão mais fácil, mostrando que há uma disposição amigável da atendente. Hoje, com a ascensão social das mulheres, alguns homens também estão se dedicando a estes atendimentos, tendo como superiores profissionais do sexo feminino.
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16 de dezembro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Gastronomia, Notícias | Tags: artigo no The Japan Times, posições da FAO, volta aos hábitos passados no mundo
Um artigo elaborado por Jun Hongo e publicado no The Japan Times informa que no Japão também está se aumentando as opções de seres que não estavam servindo senão como alimentos exóticos que já foram mais utilizados em algumas regiões do país. Novos livros de Shoichi Uchiyama, um entomologista (aqueles que utilizam insetos como alimentos), estão oferecendo novas opções, estimulado pela posição da FAO – Food and Agricutural Organization das Nações Unidas que reconhece que alimentos que já estavam sendo esquecidos devem ser utilizados para suprir as demandas de forma mais sustentável. Também no Brasil, o chef Alex Attala está estimulando o uso de alguns tipos, como de formigas, que faziam parte usual da alimentação de alguns brasileiros, e que estavam sendo esquecidos, voltando a ser utilizados como iguarias.
Já experimentei alguns tipos de grilos, que, devidamente temperados, aparentavam petiscos para acompanharem bebidas, tendo o sabor semelhante ao de camarões. Em Shinjuku, no edifício Kabukicho, aumentam todo ano os participantes do Mushi Fes (festival de insetos), que já eram utilizados nas áreas rurais de Nagano e Yamagata. A FAO informa que mais de 2 bilhões de habitantes do mundo utilizam alguns tipos de insetos para se alimentar, e que continua como uma espécie de tabu nas sociedades ocidentais. Três razões são apontados para a volta do seu uso em maior escala: os insetos contêm os nutrientes necessários para os seres humanos, incluindo vitaminas, gorduras, fibras e minerais; sua expectativa de vida é mais curta e as técnicas de seu cultivo exigem menos espaços que os gados, emitem menos gases de efeito estufa, e são mais amigáveis ao meio ambiente; e exigem menores investimentos para a sua criação.
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15 de dezembro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: a exigência de análises históricas e comparativas, as dificuldades dos jornais e rádios com matérias mais trabalhosas, os problemas emocionais envolvidos, série de artigos sobre Belo Monte no suplemento Ilustríssima da Folha de S.Paulo
Uma importante matéria sobre Belo Monte elaborado por uma equipe composta por Marcelo Leite, Dimmi Amora, Morris Kachani, Lalo de Almeida e Rodrigo Machado envolvendo cinco partes, a primeira com duas páginas do suplemento Ilustríssima da Folha de S.Paulo, começou a ser publicada neste fim de semana. Informa-se que a reportagem consumiu dez meses de trabalho de muitos jornalistas. Constata-se que a imprensa diária impressa está encontrando dificuldades para coberturas desta natureza, dado o seu elevado custo e a concorrência com as publicidades voltadas para notícias mais rápidas, como as veiculadas nos meios eletrônicos. Os trabalhos investigativos que exigem mais tempo e dedicação acabam procurando outras formas de patrocínio, inclusive financiamentos até de instituição que não visam o lucro.
Ainda que estes trabalhos sejam cuidadosos e demorados, exigindo o empenho de bons jornalistas, que não sejam envolvidos por posições radicais de alguns ambientalistas bem como de outros interesses políticos, há que se constatar que os grandes projetos de infraestrutura exigem planejamentos e visões de prazo de muitas décadas. Nem sempre os jornalistas contam com os meios para estabelecer paralelos com outras obras semelhantes a Belo Monte, como Itaipu e o complexo de Jupiá e Ilha Solteira até porque suas histórias são anteriores ao nascimento de muitos jovens e competentes profissionais.
Hidroelétrica de Itaipu Belo Monte. Foto: Lalo de Almeida/Folhapress
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15 de dezembro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: acordos globais da OMC, artigo da Folha de S.Paulo trata da prioridade para o entendimento do Mercosul com a União Europeia, política brasileira, realidade dos entendimentos plurilaterais, TPP e Ttip
Diante dos avanços de entendimentos como o do TPP – Transpacific Partnership, reunindo países da Bacia do Pacífico e do Ttip – Acordo Transatlântico do Norte entre os Estados Unidos e a Europa, mesmo com os seus problemas, o Brasil para não ficar isolado procura pragmaticamente acelerar os entendimentos do Mercosul com a União Europeia, apesar dos entendimentos obtidos em Bali no âmbito da OMC – Organização Mundial do Comércio. A Folha de S.Paulo deste domingo publica uma matéria sobre o assunto elaborado por Patrícia Campos Mello. Todos sabem que o Brasil vinha insistindo nos acordos globais, mas os entendimentos da Rodada Doha não avançavam, exigindo também a aceleração dos entendimentos plurilaterais. E ainda haverá brevemente a perspectiva do fim do Sistema Geral de Preferência, que vinha ajudando os países em desenvolvimento, inclusive o Brasil.
O desejável é que o Brasil tivesse uma política de comércio internacional atacando claramente as duas linhas simultaneamente. Atrasou-se nos acordos plurilaterais ou até bilaterais que estão se ampliando em todo o mundo, considerando também que no âmbito do Mercosul conta-se com dificuldades para a aceitação na Argentina de acordos desta natureza. As autoridades brasileiras necessitam deixar claras as linhas perseguidas ao longo do tempo, que, mesmo marcado pelo pragmatismo, exigem esforços para conseguir um mínimo de consenso interno, pois as dificuldades de negociações com parceiros externos são extremamente complexas.
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