10 de abril de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: aparente contradição, as tendências no Brasil, mudanças em muitos países do mundo, pragmatismo
Sempre existem os críticos contumazes que procuram marcar suas posições políticas oposicionistas ressaltando eventuais pontos falhos que ocorrem em qualquer economia, neste período de grandes incertezas em todo o mundo. Tudo indica que nenhum governo está fazendo exatamente o que quer, mas o que lhe é possível no momento, ainda que saiba que não pode contentar a todos. Na sua coluna semanal no Valor Econômico, o professor Antonio Delfim Netto procura mostrar que existem os que pretendem a elevação dos juros, diante da ameaça inflacionária, mesmo reconhecendo que isto não provoca a elevação da oferta atendendo a demanda existente. O que poderia se provocar é uma maior desaceleração da economia, com custo elevado para a redução geral da pressão inflacionária.
Isto poderia parecer contraditório com o que os jornalistas Claudia Safatle, Mauro Zanatta e Fernando Exman escreveram no mesmo jornal com base no depoimento de Luiz Gonzaga Belluzo, que participou de um almoço com a presidente Dilma Rousseff e o próprio Delfim Netto e Yoshiaki Nakano em Brasília. Registraram que ninguém teria se oposto a uma elevação dos juros pelo Banco Central nos próximos dias. Na realidade, parece que a posição pragmática da presidente é ouvir as mais variadas posições sobre as diversas medidas de política econômica que estariam sendo tomadas, incluindo a monetária. Mas tudo indica que se recomenda que também seja cogitada a elevação dos juros, mesmo que isto não seja necessariamente implementada pelo Banco Central.
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10 de abril de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: América Latina exportava mão de obra, artigo do The Economist, passou a importar mesmo com algumas dificuldades
Um artigo publicado no The Economist menciona não somente o Brasil assim como o México e outros países da América Latina, que costumavam exportar parte dos seus trabalhadores, oficial ou ilegalmente e passaram a ser importadores dos mesmos tanto da Europa como dos Estados Unidos. Com dados que não são precisos, informa-se que o desemprego nos países chamados desenvolvidos está provocando uma nova onda de migrações para os países emergentes que demandam recursos humanos para o seu atual crescimento, principalmente de países que apresentam similaridades como a Espanha e Portugal. Devem se somar ainda os que tinham migrado para a Europa, Estados Unidos ou Japão, e que estão retornando aos seus países de origem, que, bem ou mal, apresentam melhores oportunidades de emprego no momento.
O artigo menciona que isto está se refletindo na área dos restaurantes, que transferiam hábitos de consumo dos países latino-americanos para os desenvolvidos, e agora estão provocando transferências daqueles que preparam culinárias, como as europeias, para o novo mundo. Muitos novos restaurantes e estabelecimentos voltados a todos os tipos de culinária estão se multiplicando não somente no Brasil como nos seus vizinhos, apresentando novas leituras, diferentes e atualizadas dos que foram trazidos pelos antigos imigrantes do final do século XIX e todo o século XX. Observam-se, também, alguns restaurantes asiáticos e até peruanos, ainda que muitos não sejam autênticos.
Tasca da Esquina, que tem a matriz em Lisboa, conta hoje com uma unidade em São Paulo
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8 de abril de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: artigo no suplemento da Folha de S.Paulo, finalidade da educação, reprodução do artigo de Peter Catapano no The New York Times
As discussões sobre a educação dos filhos ganham relevância num período em que, tudo indica, há uma exagerada valorização dos avanços tecnológicos em algumas sociedades, notadamente na área eletrônica. Os europeus parecem continuar a valorizar as formações mais humanísticas, muitos asiáticos que receberam uma influência dos ensinamentos de Confúcio valorizam a educação em si, mas também existem os que exageram nas exigências de elevadas performances econômicas. O artigo de Peter Catapano publicado no The New York Times e reproduzido no suplemento da Folha de S.Paulo proporciona a oportunidade para sua discussão.
Parece evidente que as crianças atuais, antes mesmo de frequentarem as primeiras escolas, são atraídas pelos variados instrumentos eletrônicos e digitais utilizados pelos seus pais, cujas imagens as fascinam antes mesmo que tenham uma razoável compreensão de como eles funcionam. Os métodos tradicionais de educação que seus pais receberam acabam parecendo obsoletos, mas os exemplos dados pelos pais parecem continuar válidos na formação básica de suas personalidades. Os atuais pais destas crianças possuem valores diferenciados, sendo que os norte-americanos parecem tender a valorizar exageradamente as eficiências econômicas, com extremos de especializações, ao lado de uma liberdade individual também muito flexível, que com a redução dos filhos, parecem assumir o comando até dos seus pais.
Peter Catapano
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8 de abril de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: noroeste da China, região autônoma no Xinjiang Uygur, Rota da Seda, Tashi Kuergan Tajik
Muitos sabem que os han são apenas uma das etnias que representam a quase totalidade da população chinesa, mas que existem dezenas de etnias que são totalmente diferentes fazendo parte desta gigantesca China. Um interessantíssimo e curto artigo de Li Xinzhao publicado no China Daily dá uma mostra fotográfica destas diferenças, muito expressiva. Trazem quatro fotografias dos últimos anos deste consagrado fotógrafo, constantes dos arquivos daquele jornal oficial da China, mostrando fisionomias que muitos não considerariam como de chineses.
Foram tiradas num condado autônomo de Tashi Kuergan Tajik, na região de Xinjiang Uigur, que tem uma longa história como uma das paradas da antiga Rota da Seda, que ligava a China à atual Europa, capturando as belezas dos seus povos esquecidos. Segundo o artigo, Tashi Kuergan significa fortaleza ou torre de pedra, informando que muitos estudiosos o consideram o verdadeiro início da viagem pela Rota da Seda, que oficialmente começa em Xian, antiga capital da China.
O fotografo Li Xinzhao recebeu informações sobre esta região e a visitou por meses colhendo uma rica coleção de fotos, tanto das paisagens, mas com destaque para as pessoas que lá encontrou, para a nossa admiração, utilizando avançados equipamentos especializados. Segundo ele, “meu impulso criativo era capturar a simplicidade imaculada da vida da tribo e cultura”.
Esta cultura e o meio ambiente estão correndo hoje o risco de extinção, diante do processo de globalização e redução da ampla biodiversidade que ainda existe na China, como no Brasil. Estas fotos mereceram o maior destaque na Exposição de Arte Fotográfica Nacional da China de número 24, considerado um dos mais importantes eventos de fotografias daquele país, e quiçá do mundo.
Esforço idêntico deve ser feito no Brasil, pois do que tive a oportunidade de conhecer nos mais afastados rincões deste país, observo a lamentável uniformização que está ocorrendo rapidamente com as facilidades dos meios de comunicação como a televisão, que já reduziram os sotaques regionais que distinguiam, por exemplo, os gaúchos e catarinenses.
Já não se distingue os nordestinos, as diferenças dos baianos e dos mineiros, com o que se encontra em grandes centros como o Rio de Janeiro ou São Paulo. Estamos perdendo não somente a forma de falarmos e os seus diferentes acentos, como até as fisionomias e formas de comportamento, fazendo com que lamentáveis padrões que são aceitáveis nas praias cariocas sejam rapidamente copiados até o Acre ou Roraima.
Seria de vital importância que estas diferenças, principalmente nas localidades rurais deste vasto Brasil, fossem registradas, antes que sejam absorvidas, nacionalizadas ou globalizadas, reduzindo a ampla riqueza da nossa biodiversidade.
8 de abril de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: aspectos positivos, Joseph Stiglitz no Project Syndicate, os custos da política, outros aspectos positivos, predominância de torcidas | 2 Comentários »
Um apoio expressivo de um Prêmio Nobel de Economia como Joseph E.Stiglitz à política econômica japonesa que está sendo chamada de Abenomics ajuda a consolidar importantes condições para o seu sucesso, ainda que sejam evidentes os que devem arcar com seus custos. O aspecto que parece mais importante é que isto está motivando o setor empresarial japonês que há tempos aguarda por sinais para a recuperação de sua econômica. Joseph Stiglitz afirma que ele vem propondo algo semelhante para os Estados Unidos e a Europa, vendo uma consistência entre aspectos monetários e cambiais, com a fiscal e estrutural, ainda que se possa colocar em dúvida a fiscal. Ela vai acrescentar mais dispêndios, esperando-se que a dívida pública seja reduzida em termos reais por aumento da inflação, ou seja, um imposto não explícito sobre a população, que vai sofrer quedas de salários reais e redução dos seus ativos financeiros, que não podem ser desprezados do ponto de vista político.
Se a política conseguir despertar o espírito animal dos empresários para expandir suas atividades exportadoras e seus investimentos, como parece que está ocorrendo, aumentar os consumos da população com os riscos das perdas sobre suas poupanças, há possibilidades de sucesso desta política. Mas, parece difícil que simultaneamente os Estados Unidos, a Europa e o Japão continuem desvalorizando seus câmbios e ampliando suas exportações, com ganhos para todos. Uma surda resistência política da população poderá ocorrer, ainda que os empresários tenham uma forte influência sobre o estado de espírito da população como um todo, utilizando todos os meios de comunicação social, que até o momento não vem revelando grande entusiasmo.
Joseph Stiglitz
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6 de abril de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: além das notícias positivas da China, artigo de Claudia Safatle, novo comando de Xi Jiping e Li Keqiang, tarefas hercúleas, visita à China
O mundo acostumou-se com as notícias que só informam os aspectos positivos da China, que são muitos, mas os desafios que enfrentam são também gigantescos. Metade da população chinesa ainda encontra-se no campo, a renda per capita média do país é a metade da brasileira, com uma distribuição de renda pior. Claudia Safatle foi uma das poucas convidadas para visitar a China quando da entrevista coletiva para a imprensa internacional dada pelo presidente Xi Jinping e, além dos seus muitos artigos já publicados, ela apresenta no suplemento Eu & Fim de Semana do Valor Econômico um quadro mais completo do que observou pessoalmente naquele país. Principalmente com a entrevista com o diretor Zhang Yuyan, do Instituto de Economia e Política Mundial da Academia Chinesa de Ciências Sociais.
Os desafios dos novos líderes, presidente Xi Jinping e primeiro-ministro Li Keqiang, são das dimensões chinesas, necessitando reformar sua economia que se sustentava com suas exportações e passam a depender fortemente da expansão do mercado interno. Resume-se o quadro com uma população estimada em 1,3 bilhão de habitantes, renda per capita média anual de US$ 6.100, 56 etnias diferentes e 130 milhões de habitantes abaixo da linha de pobreza absoluta, que vivem com menos de US$ 1 por dia. O governo trabalha perseguindo um crescimento de 7,5% ao ano para dobrar a sua renda per capita, que se igualaria a brasileira em 2020, levando 700 milhões de trabalhadores do campo para o regime de previdência social.
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6 de abril de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, Saúde, webtown | Tags: artigo sobre a Cracolândia no The Economist, necessidade de ações sociais além das policiais, solução demorada e difícil, tentativas ainda sem resultados, tristes cenas
Se existe uma chaga social que entristece todos os paulistanos é a lamentável Cracolândia, cuja fama chegou até a ser motivo de notícia no The Economist, para conhecimento do mundo. Diversas ações já foram tentadas, inclusive a internação compulsória, com a devida assistência jurídica, mas os lamentáveis usuários desta terrível droga acabam voltando ao vício, depois de uma curta permanência em instituições especializadas na sua assistência. Os esforços governamentais se concentram no combate aos traficantes, havendo algumas alternativas para o seu tratamento social, inclusive com a criação de centros para proporcionar os seus atendimentos adequados, que acabam exigindo intensos trabalhos voluntários de instituições beneficentes.
O problema não se restringe a São Paulo, ocorrendo também no exterior, mas a sua intensidade parece mais forte por aqui. A ação contra os traficantes não parece ainda eficiente, e ainda que as prisões estejam sobrecarregadas, não se conseguem resultados expressivos. Houve tentativas para a sua dispersão que acabou espalhando por muitos locais da cidade os seus pobres viciados. O fato concreto é que o crack, por ser barato e altamente viciador, acaba atingindo as camadas mais pobres da população. Até o artigo do The Economist acaba admitindo que as ações dos voluntários sejam mais eficientes do que os oficiais.
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6 de abril de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: noticias cautelosas no Japão, notícias eufóricas no exterior, os problemas, resultados positivos
Ficaram mais evidentes as diferenças da economia japonesa com outras no exterior com as reações diante da nova política monetária do Bank of Japan, banco central daquele país, agora presidida por Haruhiko Kuroda. No exterior, ouve-se um amplo reconhecimento da ousadia do novo “monetary easing”, num montante mais agressivo do que o FED – banco central dos Estados Unidos, provocando uma aceleração da desvalorização do yen, uma substancial elevação das ações na bolsa de Tóquio, visando perseguir uma elevação da inflação para 2% ao ano. Mas seria interessante entender a reação cautelosa da imprensa japonesa, que se espera conheça melhor a sua economia que analistas que atuam no exterior.
O Bank of Japan anunciou a compra maciça de títulos do governo japonês, aumentando o meio circulante visando estimular o crédito e as compras, esperando que a deflação que vinha se observando por muitos anos resultem numa reversão para o aumento da inflação. Ao mesmo tempo, haveria um aumento da competitividade da economia japonesa, aumentando suas exportações e elevando os preços das importações. Como a taxa de juros continua mantido em torno de zero, espera-se que a expectativa de inflação futura acabe induzindo muitos poupadores a utilizarem seus recursos financeiros nos aumentos de consumo, evitando a desvalorização dos seus ativos, ou caminhando para a aquisição de ações que registram uma apreciável elevação quase imediata.
Haruhiko Kuroda
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5 de abril de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: muitos artigos sobre o assunto, o influente site Project Syndicate pergunta se os BRICS estão em queda, problemas também no resto do mundo
Como a economia mundial passou por anos de expansão até 2008, como costuma acontecer nos ciclos econômicos que não se consegue evitar até hoje, observam-se problemas que parecem não somente dos países emergentes incluídos como BRICS. O site do prestigioso Project Syndicate, que publica regularmente os mais variados autores consagrados em todo o mundo, abrangendo análises sempre interessantes, pergunta se que os BRICS estão em queda. Mas pode-se arguir se isto não estaria acontecendo em todo o mundo, salvo honrosas exceções, mostrando que o passa-se pelo ramo descendente de um forte ciclo. As exceções parecem concentrar-se entre os países de baixíssima renda per capita, que começam a sair da chamada miséria absoluta, dentro deste mundo globalizado.
Project Syndicate menciona com destaque artigos como de Joseph S. Nye que se refere à visita de Xi Jinping à Rússia para visitar Vladimir Putin, tentando renovar uma aliança importante que se manteve com a China no pós-Segunda Guerra Mundial para fazer face aos aliados. Noruriel Roubini, sempre considerado entre os mais pessimistas, que viajou por diversos países recentemente, menciona que a economia mundial não decola. Sanjaya Baru, que sempre escreve sobre a Índia, refere-se aos constantes atritos com a China, estes dois gigantes asiáticos.
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4 de abril de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Gastronomia, Notícias, webtown | Tags: formação de um polo na Vila Medeiros em torno do Mocotó, intensificação dos chamados defumados, noticias interessantes sobre gastronomia, pad thai
Em São Paulo, que é um centro gastronômico de importância internacional, sempre se encontram novidades como os que são destacados por suplementos como o Paladar do jornal O Estado de S.Paulo. No mais recente número, divulga-se que produtos defumados estão aumentando, de forma criativa. Todos sabem que o processo tradicional de defumação decorria da necessidade de preservação de algumas carnes, principalmente durantes os longos períodos de inverno, ou onde não se dispunha da refrigeração adequada. Os mais veteranos constatavam muitos toucinhos defumados junto aos fogões de lenha, ou embutidos de vários tipos.
Costuma apresentar vários produtos ricos em gordura, com ligeiras alterações nos seus paladares, para darem toques diferenciados até em pratos tradicionais. Um feijão com alguns produtos defumados, principalmente quando preparados em fogões de lenha, ainda que mais calóricos, lembra sabores da infância de muitos. Mas também se observam a moda de alguns pratos, como o pad thai em São Paulo, que são criativas adaptações, nem sempre adequadas, procurando adicionar muitos legumes e folhas, com a desculpa que são mais saudáveis. Alguns molhos, com exageros de shoyu, acabam provocando efeitos contrários com o excesso de sal e outros condimentos erroneamente utilizados.
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