27 de julho de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias | Tags: algumas leituras em pauta, comentários incompletos, escassez de tempo
Para a maioria das pessoas, dentro das prioridades individuais, o tempo disponível acaba sendo difícil de ser administrado. Existem informações sobre alguns livros interessantes para postar neste site, mas a escassez de tempo não permite uma leitura mais cuidadosa. Entre eles, destaco “Trilhos na Selva”, de Rose Neeleman e Gary Neeleman, da Editora BEl (com til no I), São Paulo, 2011, que traz uma documentação preciosa sobre a construção da ferrovia Madeira-Mamoré, do qual só tive a oportunidade de ver seus destroços em Porto Velho, Rondônia. Traz novidades nem sempre conhecidas dos brasileiros, com ricas fotos da época de Dana Merrill, bem como documentações com algumas reproduções de jornais em inglês “The Porto Velho Marconigram”, publicados em torno de 1910.
Tive a oportunidade de trabalhar intensamente em Rondônia onde existem monumentos que deveriam ser conhecidos pelos brasileiros, como o Forte Príncipe da Beira, que foi construído pelos portugueses entre 1766 e 1776, às margens do atual rio Guarajá-Mirim na fronteira da Bolívia, e que se encontra preservado adequadamente. Foram marcos que justificaram que o Acre fosse incorporado ao Brasil, nas negociações diplomáticas conduzidas por Rio Branco, que obrigaram que fosse construída a ferrovia Madeira-Mamoré para transpor as cachoeiras existentes naquele trecho do rio. O livro relata a epopeia dos norte-americanos que comandaram a construção desta ferrovia, com a participação dos confederados que vieram para a hoje cidade de Americana, no Estado de São Paulo. Lá foram encontradas preciosas documentações, inclusive fotográficas, que foram milagrosamente preservadas até a publicação deste livro.
Forte Príncipe da Beira
Outro livro é o muito recomendado internacionalmente, “Monsoon – The Indian Ocean and the Future of American Power”, de Robert D. Kapan, The Random House Publishing, New York, 2010, que mostra a importância que a região do sudeste asiático já assumiu, e continuará ampliando nas próximas décadas. Com a relevância que a China e a Índia adquiriram nas últimas décadas, o controle desta parte do mundo, por onde passam as rotas importantes para o comércio internacional, tende a se tornar crucial, com o declínio do poder naval dos Estados Unidos, e aumento da presença chinesa para assegurar o seu adequado suprimento.
Outro pequeno livro é “L’économie de l’Inde”, de Jean-Joseph Boillot, que o escreveu originalmente em 2006, mas conta com uma versão atualizada em 2009, da editora La Découverte, Paris. O autor é um sociólogo que trabalhou na CEPII – Centre d’Etudes Prospectives et d’Informations Internacionales da França e foi conselheiro financeiro do Tesouro em Nova Deli por alguns anos. Ele faz um resumo interessante da evolução recente da economia da Índia. Outra pequena publicação é “Retour em Inde”, de Patric Boman, um grande viajante, Arléa, Paris, 2011, que reporta as observações sobre a evolução da Índia captada em suas diversas viagens por aquele país.
Todas estas publicações são importantes para o melhor conhecimento recíproco da Ásia e da América do Sul, que continuam ainda pouco exploradas, mas que exigem o escasso tempo para leituras mais cuidadosas.
27 de julho de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, webtown | Tags: artigo do Financial Times, emprego por toda a vida, mudanças que já ocorreram há tempos | 4 Comentários »
Num artigo escrito por Mure Dickei no Financial Times volta-se à discussão da mudança ocorrida no Japão, quando o emprego tinha a perspectiva de uma carreira ao longo da vida mesmo no setor privado, comportamento que já desapareceu há algum tempo. O artigo refere-se, também, à queda da renda familiar dos japoneses ao longo dos anos recentes. Cita o caso de um casal, onde o marido está no terceiro emprego e sua esposa no sexto, mas pretendem hoje ter um filho, quando antes pretendiam dois. Informa que na geração dos seus pais, isto que está acontecendo agora não era imaginável.
O mundo mudou e o Japão também, sendo que nas últimas décadas a performance econômica japonesa vem sendo inferior a de muitos dos seus vizinhos, principalmente a China, a Índia e a Coreia do Sul, ainda que sua renda per capita continue num nível elevado, e sua população esteja se reduzindo, contando com um patrimônio nacional apreciável. O Japão sempre foi um país onde uma parcela significativa dos investimentos era feita pelas empresas que utilizavam também as poupanças geradas pelas famílias, via mercado de capitais.
Multidão caminha pelas ruas de Tóquio
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26 de julho de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, webtown | Tags: paralelos com a imagem da China, pesquisas profundas para novas tecnologias, problemas adicionais nos trens rápidos chineses
Justa ou injustamente, a imagem do rápido desenvolvimento que vinha caracterizando a economia chinesa acabou ficando afetada pelo acidente ocorrido com os trens rápidos na proximidade de Wenzhou, como noticia hoje o Financial Times num artigo escrito por Simon Rabinovitch, referindo-se também aos constantes problemas de atrasos no novo trecho que liga Beijing a Xangai, alegando dificuldades no suprimento da energia.
Ma, trabalhos fundamentais estão sendo efetuados na China, como relata Marli Olmos, no seu artigo no Valor Econômico, referindo aos que estão sendo feitos em Chengdu (CDHT – Chengdu Hi-Tech Zone), criando um grande centro científico e tecnológico na afastada província de Sichuan, com o apoio da APEC – Asian-Pacific Economic Cooperation.
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26 de julho de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias | Tags: capacidade de financiamento, dúvidas sobre os projetos chineses, projeto russo de trem rápido entre Moscou e São Petersburgo
O jornal Financial Times publica um artigo de Isabel Gorst dando conta que o desastre ocorrido com o trem rápido na China já provoca reservas sobre a participação chinesa no projeto que liga Moscou a São Petersburgo, com incrível rapidez. Estas duas cidades ficam a uma distância de pouco mais de 630 quilômetros, e atualmente é ligada por uma ferrovia cuja viagem demanda cerca de 8 horas, mesmo utilizando trens alemães. Com o aumento do tráfego em decorrência do movimento, principalmente de turistas, a Rússia cogita de um projeto de trem rápido, onde os chineses teriam possibilidade dada a sua elevada capacidade de financiamento.
Mas já se levanta dúvidas, alegando questões sobre a tecnologia dos chineses que absorveram de outros fornecedores externos, sendo questionado pela japonesa Kawasaki Heavy. Entre outros possíveis concorrentes estão os alemães, franceses e os coreanos, reconhecendo-se que os chineses teriam melhores capacidades financeiras, mas parece que o desastre ocorrido é um dos motivos que levanta dúvidas.
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26 de julho de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais | Tags: abastecimento da Ásia, Complexo Sadara Chemical, Dow Chemical com a Aramco, Oriente Médio e emergentes europeus, um dos maiores do mundo
O jornal Financial Times anunciou hoje que a Dow Chemical, junto com a Aramco da Arábia Saudita, anunciou os planos para instalar até 2016 um dos maiores complexos petroquímicos com o nome de Sadara Chemical perto da cidade de Jubail, com o custo estimado em US$ 20 bilhões. O projeto visaria atender as demandas asiáticas, do Oriente Médio e dos emergentes europeus, utilizando as matérias-primas de baixo custo da Arábia Saudita, ainda um dos maiores produtores de petróleo do mundo.
O complexo deverá produzir cerca de 3 milhões de toneladas anuais de produtos petroquímicos por ano, sendo que 45% deles estarão voltados para a área da Ásia e Pacífico. Com isto, os árabes pretendem criar no próprio país um complexo que adicione valor ao seu petróleo para atender as demandas que estão aumentando entre as populações locais. Entre os seus produtos devem estar materiais químicos de alto valor e plásticos para embalagens, indústria automobilística e outras indústrias.
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25 de julho de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, webtown | Tags: novos lançamentos navais, preocupações com a segurança, problemas relacionados com os trens rápidos
Os chineses já vinham se preocupando com o seu sistema de trens rápidos que chegam a 10 mil quilômetros de extensão. Muitas das autoridades do setor ferroviário foram acusadas de corrupções e acabaram substituídas. E elas estão sendo contestadas por alguns fornecedores de apropriação de suas tecnologias e agora sofreram novos abalos com os desastres ocorridos em Wenzhou, que devem provocar novas demissões. Isto no momento que pretendem chegar a 16.000 quilômetros de trens rápidos, internamente, e competir em alguns projetos no exterior. O próprio jornal China Daily alerta que a segurança é fator fundamental para que haja passageiros.
Outro setor em que a China vem se empenhando com grande velocidade é na construção de navios de porte para atender as suas necessidades de logística. Os chineses estão produzindo navios de grande porte, como o SCL Mercury com 155.470 TDW (unidades em toneladas deadweight, usado na construção naval), para o transporte de contêineres.
Acidente com trem rápido em Wenzhou / SCL Mercury no porto de Lianyungang. Foto: Xinhua
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25 de julho de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, webtown | Tags: KDD preocupada com os idosos, parcerias público-privadas, término da era analógica na TV japonesa
Os tempos estão mudando rapidamente em todo o mundo, e muitas inovações estão sendo introduzidas no Japão, apesar de sua aparente falta de flexibilidade. Neste fim de semana, diversos jornais noticiaram com destaque o fim da era analógica na televisão japonesa, dada a introdução do sistema digital de alta definição em todo o país. Preocupada com os idosos que estão aumentando cada vez mais, a KDD lança uma linha de produtos denominados Mi-Look de telefones celulares para ajudar os parentes dos idosos a acompanhá-los nas suas movimentações. E a Toshiba anuncia que conseguiu um acordo com o governo japonês para participar no capital de uma empresa suíça.
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25 de julho de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias | Tags: caso de Harlem, outras situações, preconceitos arraigados | 2 Comentários »
Todas as grandes metrópoles do mundo passam por uma evolução no tempo, como ensinava um sábio professor de sociologia, Heraldo Barbuy, nos cursos da FEA-USP. Depois de um período de ascensão, surgia nos arredores das áreas mais dinâmicas uma periferia que se deteriorava, até um novo ciclo de melhoria. No caso de Nova Iorque, um artigo publicado no The New York Times, republicado no suplemento da Folha de S.Paulo, de autoria de Guy Trebay, informa que no bairro de Harlem um restaurante conquistou um grande prestígio, recebendo clientes VIPs que se mistura à população local, numa recuperação que vem se processando há décadas naquela região antes deteriorada.
Apesar da fama de perigo de Harlem, tive a oportunidade de visitar à noite um local onde um bom conjunto tocava jazz da melhor qualidade com um nissei brasileiro que tinha uma frota de veículos para entregas de encomendas em Nova Iorque. Ele conhecia muito bem a periferia da ilha de Manhattan, caminhando a pé ruas que, por preconceito, eram consideradas perigosas. Evidentemente a cozinha dos afro-americanos era pesada, mas a música ótima.
Harlem: recuperação das áreas deterioradas
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25 de julho de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: destaques sobre o falecimento de Amy Winehouse, os acontecimentos na Noruega, os dilemas da imprensa
Nestes últimos dias, a imprensa mundial concedeu grandes espaços para dois lamentáveis acontecimentos. De um lado, o falecimento da popular cantora inglesa Amy Winehouse, que todos reconheciam que utilizava uma quantidade absurda de álcool e drogas, que certamente provocaria um fim trágico para a sua vida. Havia até uma casa que aceitava apostas sobre quando este triste desenlace aconteceria. De outro, o incrível massacre que o desequilibrado radical norueguês Anders Behring Breivik provocou, chegando quase a uma centena de vítimas na Noruega. O país não estava preparado para enfrentar tais acontecimentos, aumentando o número de jovens que perderam suas vidas.
É claro que estas notícias necessitam ser divulgadas, mas não são acontecimentos que honram a humanidade, e o exagero nas suas divulgações tendem a estimular outros que podem ser influenciados por estes gestos que proporcionam uma popularidade a certas personagens, ainda que negativa e temporária. O mundo está repleto de desequilibrados que não conseguem administrar suas famas ou suas frustrações. E as informações sobre suas motivações e envolvimento de outras pessoas ainda não ficam devidamente esclarecidas, pois as coberturas acabam dando uma conotação sensacionalista. Espera-se que, com o tempo, os responsáveis pelos meios de comunicação social proporcionem o adequado tratamento destas notícias, que não devem visar somente a audiência com fatos chocantes, mas evitar que eles se repitam.
Bandeiras da Noruega e da Inglaterra
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22 de julho de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: comparações de viagens feitas pela China em 1985 com as atuais, distorções das visões ocidentais, mudanças materiais
Tive a oportunidade fazer uma longa viagem particular pela China, país onde me preparava para instalar o escritório de uma trading brasileira em Beijing. Acompanhado de minha família, minha esposa e três filhos, percorremos cidades como a própria capital, Xangai, Xian, Luoyang e Hangzhou fugindo dos pacotes turísticos que já existiam. Recentemente, um grupo de jornalistas latino-americanos, inclusive Marli Olmos, do Valor Econômico foi convidado pelo governo da China para conhecer entre outros lugares Beijing, Xangai e Wuhan, pois os chineses continuam achando que os ocidentais conhecem pouco do verdadeiro País do Meio. O Valor Econômico publicou alguns artigos que foram elaborados com base nestas visitas, com extrema competência.
Da comparação das impressões destas viagens pode-se colher algumas observações importantes sobre o que mudou neste período de acelerado desenvolvimento da China, e o que permanece com as características que diferenciam este país que desperta, hoje, a curiosidade de todos dada à importância mundial que ela conquistou, ainda que de forma extremamente resumida.
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