29 de maio de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais | Tags: Câmara de Comércio em Xangai, país de dimensões continentais, variados mecanismos
O jornal Folha de S.Paulo divulgou hoje uma matéria do jornalista Fabiano Maisonnave, enviado especial a Xangai, informando que se prepara uma câmara de comércio do Brasil na China, estimulado pelo cônsul geral em Xangai, Marcos Caramurú. A entidade reuniria muitas empresas brasileiras que atuam na China como a Vale, Embraer, Brasil Foods e escritórios de advocacia, somando cerca de 60 empresas. Esta providência estaria atrasada, quando comparada a Alemanha e Espanha que já contam com o mesmo tipo de entidade formal para representar os interesses coletivos no país.
Isto seria decorrente do Fórum Brasil, que foi criado em 2004, cujo coordenador atual é o Sérgio de Quadros, representante do Banco do Brasil no país. A decisão ainda não foi tomada, pois as matrizes no Brasil ainda não foram consultadas. Além da atuação governamental, haveria uma pauta de assuntos típicos do setor privado.
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28 de maio de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: aparecimento de perigosos líderes, campanhas em desenvolvimento, quadro propício no marasmo japonês | 2 Comentários »
Muitos reconhecem que o Japão passa por um período de falta de lideranças de estadistas que deem os rumos que devem ser seguidos num arrojado programa de reconstrução que o atual governo não está conseguindo galvanizar, o que parece estar acontecendo também no mundo empresarial. Há um sentimento que tudo ficou muito burocratizado, tanto na política, na administração pública, na cúpula do empresariado privado como até nas empresas. As decisões dependem exageradamente do consenso coletivo. O que se ouve falar é somente de iniciativas limitadas que podem minimizar as dificuldades de algumas empresas, ao mesmo tempo em que a população está disponível para trabalhos voluntários e construtivos.
Sente-se a ansiedade por fortes lideranças, como vem sendo expresso por alguns meios de comunicação social de grande importância, como os jornais Yomiuri, Asahi e até o Nikkei, entre muitos outros, que alcança muitos milhões de leitores. O Japão profundo parece esperar pelo surgimento de uma nova liderança ao mesmo tempo em que os jovens se mostram impacientes diante da lenta movimentação daqueles têm poderes para decidir.
Ao mesmo tempo, nota-se que algumas figuras difíceis de serem totalmente compreendidas, por não se enquadrarem totalmente nos padrões e na cultura japonesa, que parece capaz de liderar significativa parcela da opinião pública, lançam-se com gestos espetaculares e uma ampla utilização dos meios de comunicação, procurando capitalizar o atual clima que paira sobre o Japão. Transmitem ousadas posições relacionadas com as novas tecnologias, de amplo espectro, mostrando-se sensível aos movimentos de solidariedade social, que se confundem com promoções de caráter comercial. Podem empolgar, perigosamente, alguns grupos ansiosos por novas mensagens, mas tudo recomenda que muitas cautelas precisam ser adotadas, pelas impressões coletadas nos contatos pessoais com estas personalidades que são exuberantes, mas aparentam a falta de uma profundidade mais sólida.
Eles se referem a uma fase do Japão posterior ao do uso da energia nuclear, que certamente empolga a muitos, que já tinham resistências diante dos sofrimentos infringidos pelos bombardeios atômicos, e que se multiplicam diante da incapacidade de controle das radiações. Eles dizem que “viram uma luz”, algo que dá o calafrio de muito misticismo. Estaria baseado no intenso uso da energia solar e do sistema de transmissão pelo uso de cabos óticos.
Entre as muitas propostas concretas estão as necessidades de usinas nucleares que já venceram seus prazos de funcionamento razoável, que necessitam ser substituídas, por utilizarem tecnologias já obsoletas, que não deixa de ser uma verdade. Arrolam os exemplos que já acontecem na França e na Alemanha.
Com uma intensa movimentação junto a políticos, autoridades e empresários, ainda que sofram resistências, parece que já conseguem agrupar um núcleo significativo de pessoas, que ficam empolgados pelo empenho de suas fortunas pessoais bem como os seus discursos que envolvem muitos aspectos sensatos.
A Ásia, e principalmente o Japão, sempre foi campo fértil para personalidades deste tipo, que conseguem aproveitar boas ideias provenientes de diversas fontes, efetuando uma costura com aparência de um conjunto bem pensado e elaborado. No deserto de ideias acabam fazendo sucesso, criando um clima quase religioso.
Parece urgente que grupos acadêmicos e políticos sensatos gerem planos e estratégias sensatas, como já houve diversos lampejos, pois se não o fizerem com a máxima rapidez, as lideranças serão assumidas por aventureiros, como a história da humanidade é rica em exemplos. O Japão não necessita mais disso.
27 de maio de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais | Tags: demanda de TV LCD chineses, estímulos do governo, mudanças no mercado | 2 Comentários »
Como os norte-americanos lançaram a campanha “Buy Americans” (compre produtos americanos), as autoridades chinesas desenvolveram uma promoção para que o mercado local comprasse mais TV de telas planas produzidas pelas indústrias do país. Isto está fazendo com que produtores japoneses e coreanos percam parte do maior mercado mundial destes aparelhos. As coisas, segundo artigo do jornal japonês Nikkei, estão mudando rapidamente de modo que as entregas destas empresas chinesas superem os norte-americanos e dos europeus, tornando-se o maior mercado do mundo.
A dura política das autoridades chinesas para a compra de imóveis (estão exigindo uma entrada de 50 a 60% na compra do segundo apartamento) ajudou a reduzir, temporariamente, a demanda de televisões no começo deste mês de maio, mas está estimulando a demanda no setor rural, para compensá-la, com subsídios. Muitos chineses adquirem televisores de grande dimensão para usarem coletivamente nos seus edifícios. Eles estão proporcionando descontos significativos, de forma que os de 32 polegadas sejam vendidos por cerca de 300 dólares norte-americanos, quando no Brasil custa cerca mais de 800.
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27 de maio de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais | Tags: candidatura europeia, emergentes dispersos, sucessão no FMI
Quando tudo indicava que havia um processo de crescente aumento da influência dos países emergentes no mundo, pois suas economias estão crescendo mais rapidamente, nota-se na discussão da sucessão do FMI um sentimento de retrocesso. A reunião do G-8 mostra que o defasado mundo desenvolvido volta a demonstrar ao seu apego ao status anterior, até porque as reuniões do G-20 vêm se mostrando dispersivos, com belos discursos, mas sem conquistas reais que tenham efeitos operacionais.
A aparente consolidação da candidatura da ministra da Economia da França, Christine Lagarde, mostra que o atual poder econômico continua sendo o único e realístico critério das decisões relevantes, ajudando a preservar um mundo decadente. Todos sabem que os Estados Unidos e a Europa vivem hoje dos recursos provenientes do mundo emergente, como na época colonial, deixando as migalhas para o resto do mundo, que não consegue ter uma posição uniforme. Ainda que as declarações dos emergentes sejam para o consumo interno, na hora das decisões cada pais procura agradar os mais poderosos, como sempre foi nas diversas reuniões preparatórias do FMI, lamentavelmente.
Líderes em reunião do G-8 e ministra da Economia da França Christine Lagarde
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25 de maio de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais | Tags: demora nos efeitos da política econômica, indicadores recentes e futuros, visões defasadas
São frequentes os depoimentos de responsáveis economistas sobre os problemas brasileiros utilizando dados defasados, que refletem quadros já superados de meses atrás. Parece que muitos dirigem seus veículos olhando o vidro retrovisor, sem prestar a devida importância para um horizonte que se vislumbra para o futuro. Mas quase todos admitem que as medidas de política econômica não têm efeitos imediatos, demandando um tempo que não é curto para provocar resultados, ainda que o mercado tenda a antecipar algumas coisas com as perspectivas que se foram sobre o futuro. O risco evidente destas análises é recomendarem excessos de medidas restritivas aprofundando, de forma necessária, uma desaceleração mais forte que vai exigir esforços hercúleos para ser superada.
O jornal Valor Econômico traz o resultado de um artigo de Adriana Mattos e Sergio Lamucci relatando um estudo feito pela consultoria Kantar Worldpanel que visitou 8,2 mil residências brasileiras nas últimas semanas, informando que no primeiro trimestre de 2011 a classe emergente já estaria contendo o seu consumo. Na classe A e B teria havido um crescimento modesto de 3% no consumo dos itens básicos sobre o mesmo período do ano anterior, e 4% nos considerados não básicos. Na classe C, os básicos estariam estáveis, e os não básicos estariam crescendo 13%, e nas classes D e E o consumo dos itens básicos teria decrescido 2% e os dos não básicos teriam aumentado 10%. As informações do setor de construção civil dão conta que neste começo do ano as vendas já estão bem mais difíceis. Muitas outras informações mais atualizadas, como as relacionadas com o emprego, dão conta que a economia brasileira já passou por um pico, estando em desaquecimento que vem se acentuando nas últimas semanas, inclusive por efeito da política econômica do governo federal.
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25 de maio de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais | Tags: avanço nos entendimentos, China, Coreia e Japão, esperanças de conclusão dos estudos neste ano | 6 Comentários »
O jornal japonês Daily Yomiuri, que tira cerca de 15 milhões de exemplares diários entre as edições matutinas e vespertinas, num artigo escrito por Koichi Uetake, informa que o Japão, a China e a Coreia caminham para chegar a um acordo de Zona de Livre Comércio, depois da visita do premiê da China, Wen Jiabao, e do presidente da Coreia, Lee Myung Bak, que se reuniram com o primeiro-ministro japonês Naoto Kan. A resistência era dos chineses, mas o premiê Wen Jiabao expressou a esperança que o estudo seja concluído ainda este ano, o que reacendeu as esperanças de todos para a negociação no próximo ano.
As economias combinadas dos três países do Extremo Oriente representam 20% do total mundial. A China tenta proteger o seu mercado interno colocando tarifas sobre as importações, mas parece que o desenvolvimento que estão atingindo permite que sejam competitivos com seus vizinhos.
Wen Jiabao, Naoto Kan e Lee Myung Bak
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24 de maio de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: artigo no Foreign Policy, melhoria continua do padrão de vida, previsões malthusianistas desmentidas
Um interessante artigo de Charles Kenny, do Foreign Policy, pede: “More People, Please” (tradução livre, Mais População, Por Favor), informando que muitas notícias estão sendo divulgadas baseadas em previsões malthusianas, estimando que no final do século XXI o mundo estará com mais de 10 bilhões de habitantes, prevendo-se dificuldades. Mas o artigo mostra que o crescimento do nível de bem-estar está se elevando em todo o mundo, com todos desejando viver por mais tempo. Os estudos das Nações Unidas informam que atual expectativa média de vida de 68 anos passará para 81 em 2100.
O autor informa que muitas mulheres no mundo não possuem a liberdade de escolher quantos filhos desejam, como nos Estados Unidos, Europa ou Japão, onde estão consumindo de forma que comprometem a sustentabilidade. Mas o autor acha que chegar a sete bilhões de habitantes brevemente deve ser saudado e não lamentado.
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24 de maio de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais | Tags: além do currículo, artigo emocionante do Yomiuri Shimbum, lições de vida
Existem muitos exemplos de educadores que nos lembram e nos deixam conscientes de que a educação se destina a preparar os jovens para a vida, não se restringindo ao simples cumprimento de uma pauta montada teoricamente, sem levar em consideração cada pessoa que está sendo educada. O Yomiuri Shimbum informa sobre um caso concreto que não pode deixar de nos emocionar, num artigo escrito pela Nao Yako, sobre o que chamam no Japão de “yogo kyoyu” (algo como professor de saúde). Baseia-se na professora Taeko Kokawa, considerada uma enfermeira da escola, e no episódio que se seguiu ao grande terremoto de 11 de março, quando os alunos tiveram que assumir que sua escola se tornou um centro de evacuação. Isto ocorreu na escola primária de Kimachi-dori, em Sendai.
A função básica da professora yogo é manter a saúde mental e física dos alunos, bem como a sua higiene. Aos alunos que tiveram que passar a noite na escola, perguntou como tinham dormido e como estavam. Eram estudantes em torno dos 12 anos. Estas professoras não são necessariamente formadas enfermeiras, mas cuidam dos primeiros socorros, com treinamento especial.
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24 de maio de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais | Tags: enfrentando as dificuldades, novas associações, outras mudanças necessárias
A Toyota, depois de afetada na sua imagem com os maciços recalls que foi obrigada a efetuar em todo o mundo, está tomando algumas medidas importantes para mudança da sua estratégia de desenvolvimento, visando recuperar a sua posição, com novas formas de relacionamento com seus veículos e clientes. Alan Ohnsman, do Bloomberg, numa notícia publicada em O Estado de S.Paulo, informa que a Toyota assume a necessidade de mudança na administração da segurança de seus veículos, no mínimo no mercado norte-americano, admitindo a sua descentralização. O jornal japonês Nikkei informa que o seu presidente Akio Toyoda anunciou a associação com a Microsoft e com a Salesforce, visando tecnologias para se comunicar com seus clientes mediante tecnologias de controle remoto com os seus produtos.
Ainda que a Toyota seja uma empresa originária da produção de teares, tendo desenvolvido internamente dentro de sua organização tecnologias para a indústria automobilística, acabou sofrendo dificuldades com a eletrônica embarcada, que não era a sua especialidade. Espera-se que a sua associação com a Microsoft e com a Salesforce permita-lhe superar parte destas dificuldades.
Akio Toyoda e Marc Benioff
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24 de maio de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais | Tags: contratos de longo prazo, disputa pelo suprimento de energia, infraestrutura para tanto
A Reuters está divulgando uma análise informando que a disputa para assegurar o fornecimento estável de gás natural liquefeito (LNG) está se acirrando principalmente entre a Índia, o Japão e a China. Todos necessitam assegurar o abastecimento de variados tipos de fontes de energia para sustentar o seu desenvolvimento, principalmente quando algumas fontes, como a nuclear, sofrem maiores resistências por parte da população. Como envolvem elevados custos para o estabelecimento de uma infraestrutura para o abastecimento estável por longos períodos, as fontes regionais, como as do Oriente Médio e da Austrália, acabam sendo objeto de atenções.
Todos estão se apressando para estabelecer os entendimentos de longo prazo, pois há fortes indicações que nas próximas décadas estes abastecimentos se tornarão cruciais, implicando também em elevações dos seus custos. A Índia procura o suprimento no Qatar e na Austrália, segundo analistas internacionais, tentando antecipar-se ao Japão e a China, até porque não conta com muitas alternativas. No passado, esperavam preços mais convenientes, como no caso do petróleo, mas o mercado está ficando mais disputado.
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