Com a reunião dos chefes de Estado e de Governo do Brasil, Rússia, Índia, China e agora também da África do Sul, que passou a se chamar BRICS (ou seja, acrescentando o South Africa), em Sanya, na China, divulgou-se um comunicado conjunto que registra as decisões que foram tomadas. Esta reunião foi precedida por outra de ministros que chegaram ao tema: “Visão Ampla, Prosperidade Compartilhada” para os BRICS, que procurarão pelo fortalecimento da multipolaridade, pela globalização econômica e pela crescente interdependência.
Presidentes de Índia, Rússia, China, Brasil e África do Sul participam de encontro em Sanya, na China. Foto de How Hwee Young
Eles se manifestaram a favor da reforma do Conselho de Segurança da ONU, bem como do FMI, para que tenham maior eficácia, eficiência e representatividade, aumentando a presença de representantes dos países emergentes.
Repassam as discussões sobre os problemas atuais, como os que afetam os países árabes, manifestaram condolências ao povo japonês e decidiram intensificar a colaboração recíproca para procurar uma regulamentação financeira internacional, preocupados que estão com os fluxos financeiros que podem prejudicar os emergentes. Também estão preocupados com a elevação dos preços das commodities, como energia e alimentos, procurando ampliar a sua oferta.
Mostram-se preocupados com o desenvolvimento sustentado, com o uso de energias renováveis, admitindo que ainda precisem da energia nuclear. Combinaram atuações conjuntas para reduzir as restrições ao comércio internacional, inclusive com o ingresso da Rússia na OMC.
Colaborarão no incremento dos esportes nestes países, bem como na ciência, tecnologia e inovações. Estabeleceram uma agenda das próximas reuniões em diversos níveis, para intensificar a troca de ideias e posições. Estabeleceram que novas cooperações fossem efetuadas na área das cidades irmãs, saúde, pesquisas conjuntas sobre economias, como atualizar a bibliografia dos BRICS.
Como novas propostas, resolveram cooperar na área cultural, esportiva e desenvolvimento verde. Vão promover reuniões de altos funcionários para promover a cooperação científica, tecnológica e de inovações no âmbito dos BRICS.
Como as autoridades japonesas aumentaram o risco das radiações das usinas de Fukushima para o nível 7, equivalente ao desastre ocorrido em Chernobyl, todos se mostram preocupados com o assunto, naturalmente. Muitos veículos de comunicação respeitáveis estão dando elementos para uma avaliação mais clara, inclusive pelos leigos. A revista inglesa The Economist elaborou uma escala dos principais desastres atômicos, informando que esta escala da INES (International Nuclear and Radiological Event Scale) é subjetiva, classificando os incidentes como arte do que como ciência, sendo que a de Fukushima é significantemente menor ao meio ambiente do que a de Chernobyl, ainda que esteja no mesmo nível 7. A lista dos incidentes mais graves é a seguinte:
Nível 7 – 1986 – Chernobyl – houve uma explosão no centro do reator; 2011 – Fukushima – houve um derretimento num depósito de combustível provocando radiações flutuantes nas imediações da usina;
Nível 6: 1957 – Kyshtym – falha no resfriamento provocou uma explosão no tanque de lixo radioativo;
Nível 5: 1957 – Windscale – houve um incêndio no centro do reator, e sua fumaça depositou radioatividade nos arredores; 1979 – Three Mile Island – uma falha numa válvula provocou um derretimento na planta nuclear; 1987 – Goiânia – o roubo de uma cápsula radioativa de césio de um hospital abandonado expôs muitas pessoas à radiação.
O The Economist explica ainda que esta escala seja logarítmica, e em algum sentido, por exemplo, o 6 é dezenas de vezes mais danoso que o 5.
Procurando esclarecer o assunto segue também um vídeo de uma filmagem feita pela IPC TV, repetidora da TV Globo no Japão, com a especialista em radiação dra. Emico Okuno, que procura explicar o assunto de forma didática, esclarecendo que a radiação está presente até nas coisas mais banais, ainda que num nível baixo, que pode ser encontrado no: http://bit.ly/eopff5.
Está se noticiando amplamente que as autoridades japonesas elevaram o grau de risco atômico na região das usinas de Fukushima Daiichi, que foram atingidas novamente por fortes terremotos, providenciando a ampliação das zonas de segurança da população, ainda que não se registre agravamento. O grau 7 é equivalente ao que ocorreu na usina de Chernobyl, ainda que a atual radiação em Fukushima seja inferior a dela. Lá ocorreu uma explosão atômica na usina da Ucrânia, diferente da japonesa, onde a explosão foi provocada pelos gases.
Ainda assim, os residentes no Japão, inclusive alguns brasileiros, informam que está ocorrendo uma banalização dos terremotos, e dos seus danos, dada a elevada quantidade dos tremores que estão ocorrendo acima de 6 graus na escala Richter. Mesmo que estes abalos estejam causando estragos materiais nas residências, bem como afetando o estado psicológico dos estrangeiros, não acostumados com o mesmo treinamento e cultura sobre os terremotos como os japoneses. Os indivíduos são desiguais e o medo não pode ser explicado pela lógica.
Presidente da Tepco Masataka Shimizu. Novos tremores causam danos em residências
O concerto de lançamento do SOS Japão na Sala São Paulo, com a especial participação do Coro da OSESP, regida pela maestrina Naomi Munakata, e da Orquestra de Cordas da mesma orquestra, regida por Wagner Polistchuk, transcorreu conforme o programado pelos seus organizadores. Começou com o triste Réquiem, de Toru Takemitsu, três peças de Heitor Villa-Lobos e uma interessante Suíte Borboleta, de Yoshinao Nakata, que ficou restrita em dois movimentos.
A surpresa acabou sendo a fala da Monja Coen, que vai postada a seguir:
Um dos grandes problemas mundiais continua sendo o seu abastecimento com alimentos e o Brasil se mostra como um dos países onde a expansão da produção agroindustrial apresenta as melhores perspectivas. Até o passado recente, o Piauí era considerado o maior exemplo de uma região problemática, com baixo nível de renda. Mesmo os brasileiros que conhecem o meio rural brasileiro se impressionam com a rapidez do seu atual desenvolvimento. O jornal Valor Econômico traz hoje um importante artigo do jornalista Fernando Lopes com o título “Produção de grãos avança nas chapadas do ‘Mapito’” (Maranhão, Piauí e Tocantins), que pode ser acessado pelo: http://www.valoronline.com.br/impresso/agronegocios/105/410921/producao-de-graos-avanca-nas-chapadas-do-mapito
A matéria traz para os incrédulos fotos de uma fazenda de 24.000 hectares de área plantada no Estado do Piauí, bem como os equipamentos que estão sendo utilizados, que pode ser verificado parcialmente no site acima indicado. Em função dos cargos que exerci no governo federal brasileiro, tive a oportunidade de visitar cuidadosamente muitas destas áreas, que apresentavam condições semelhantes aos melhores do sudeste brasileiro, conhecido pelo seu desenvolvimento rural. A fronteira agrícola chegou lá, que apresenta uma topografia conveniente para grandes e racionais explorações rurais, das melhores do país.
A vida continua no Japão e no mundo, mas há que se destacar os dramas das famílias daqueles que continuam trabalhando nas usinas de Fukushima, com elevados riscos para suas vidas, decorrente da irresponsabilidade dos dirigentes da TEPCO, empresa de energia elétrica proprietária delas. Os que se ficaram conhecidos como os funcionários samurais estão conscientes das suas responsabilidades e dos riscos que suas vidas correm, merecendo a mais profunda solidariedade de todos, principalmente de seus familiares.
O site do Daily Yomiuri Online relata alguns casos dos dramas por que estas famílias estão passando. Há um relato de uma esposa que faz parte dos membros removidos para fora dos limites de 20 quilômetros estabelecidos pelas autoridades, cujo marido continua trabalhando na usina. Estão casados há 20 anos, com um filho universitário e uma filha no nível colegial. Seu marido tem orgulho do trabalho que vem fazendo, e num jantar revelou à família que no dia seguinte seguiria para o trabalho, tendo a esposa providenciado roupas e meias para uma semana. Ela gostaria de dizer: “Você precisa ir?”, mas respondeu somente, “Sei…”. No dia seguinte, ela informou à filha: “O pai escolheu ir por causa do seu senso de responsabilidade, e ele está trabalhando pelos outros”. A filha respondeu: “Meu pai é brilhante, ele é um herói”.
Alguns dias depois, o marido retornou para casa e disse a ela: “Eu trabalhei num lugar onde o nível de radiação era elevado”, e dormiu até o meio-dia, e ela entendeu que seu trabalho foi extremamente duro. Os parentes a criticavam por não fazer nada para impedir o seu marido a continuar trabalhando, mas ela informou que pensar nisto poderia destruir seus nervos. “É meu trabalho como esposa pensar que ele está a salvo e esperar a sua volta após um trabalho arriscando a sua vida”.
Outros casos semelhantes estão relatados no artigo do Yomiuri, informando que todos os trabalhadores estão cansados, cientes que estão trabalhando em áreas de alta radiação, mas sentem a responsabilidade que pesa sobre eles. Alguns são de empresas subcontratadas que efetuam outros serviços na usina. Suas famílias procuram dar o suporte que eles necessitam procurando não criticar suas atitudes.
Apesar de poderem utilizar os telefones celulares, procuram não incomodá-los enquanto estão trabalhando, enviando somente mensagens escritas. Acompanham pelo noticiário da televisão o que está acontecendo. Estes ombros amigos são vitais para os que estão trabalhando, com o espírito do bushido, o código de honra dos samurais, pensando na coletividade.
Mas também os seus familiares, principalmente as esposas que ficaram com todos os encargos de continuar a administrar os seus lares, cuidando dos filhos, resistindo às pressões dos parentes. O desgaste físico e psicológico delas deve ser sobre-humano, mas se apoiam na cultura dos japoneses, que lhes impôs responsabilidades difíceis de serem avaliadas pelos ocidentais.
Muitos ainda possuem a imagem de que as mulheres japonesas são submissas, caminhando na rua atrás dos seus maridos. Na realidade, as decisões fundamentais da família e da sociedade japonesa dependem delas, tanto na administração do seu patrimônio, que significa também os investimentos do país, e educação dos filhos que é a continuidade da família e do Japão.
Se os trabalhadores das usinas podem ser considerados samurais, elas são as heroínas que continuam sustentando o país, que certamente emergirá mais forte, diante das duras provas por que estão passando.
Temos insistindo, como economista, que muitos colegas apresentam análises que refletem mais os seus interesses, muitos ligados ao sistema financeiro do que aos da sociedade. Surge agora uma onda entre os mais credenciados acadêmicos mundiais mostrando que muitos dos supostos conhecimentos de macroeconomia e instrumentos estatísticos possuem limitações que não são devidamente alertados para os jornalistas e seus leitores leigos. Um crítico que vem insistindo nesta linha é o prêmio Nobel Joseph Stiglitz, que pelo site de uma organização chamada Project Syndicate publica um importante artigo reproduzido no O Estado de S.Paulo de hoje.
Joseph Stiglitz em foto de Antonio Milena/Agência Estado
Utilizando o lamentável exemplo de Fukushima, Joseph Stiglitz informa que os cientistas divulgaram que os riscos de derretimento nuclear, provocando catástrofes na usinas, haviam sido praticamente eliminados. De forma similar, que na crise financeira internacional de 2008, com inovações dos instrumentos estatísticos e financeiros, os riscos poderiam ser reduzidos ao mínimo.
Tecnicamente, os cientistas e os financistas subestimaram e iludiram não só a sociedade como a eles próprios, sem compreender a complexidade dos riscos. Em termos estatísticos, os eventos raros (chamados de black swan ou cisnes negros) têm uma distribuição estatística que originam de causas grossas (fat-tail) diferindo das chamadas normais, ou seja, podem ocorrer mais nos extremos da distribuição. Numa explicação mais clara para os leigos, são eventos que se imaginavam poder ocorrer a cada 100 anos, e que estão ocorrendo a cada 10 anos.
Lamentavelmente, isto elevou os lucros dos bancos e das empresas de energia elétrica, com consequências catastróficas. Os alemães suspenderam o funcionamento das usinas similares, o que não vem ocorrendo nos Estados Unidos, como informa Joseph Stiglitz.
No caso do sistema bancário, inventaram que alguns bancos eram tão grandes que não poderiam quebrar, pois as autoridades monetárias seriam obrigadas a intervirem, ajudando-os. Os lucros foram privados, enriquecendo-os, mas os prejuízos foram socializados, sendo pago por todos. E continua havendo uma resistência política para o controle dos fluxos financeiros internacionais, que podem complicar inclusive a situação brasileira, cujas autoridades estão atentas, contrariando os interesses das instituições financeiras, seus economistas e jornalistas lobistas.
Haveria outros cisnes negros à espreita? Stiglitz informa que sim, o aquecimento global e as mudanças climáticas.
O verdadeiro tsunami de informações sobre a China que está ocorrendo com a visita da presidente Dilma Rousseff àquele país dificulta a seleção das notícias mais relevantes. Muitas informações originárias de jornais internacionais, mesmo tentando ser isentos, sempre apresentam vieses ideológicos e naturais interesses de outras potências, como o exagero dos assuntos relacionados aos direitos humanos, ainda que eles sejam importantes e possam ser mencionados genericamente nos comunicados conjuntos.
O Brasil tem uma melhor consciência do que é de seu interesse nacional, como o relacionamento de longo prazo com a atual economia mais dinâmica no mundo. O que interessa é estabelecer bases sólidas para um intercâmbio como o de tecnologias, onde ambos os países possuem avanços em determinados setores, podendo interessar uma parceria para a sua evolução. Os chineses, pela estrutura do Partido Comunista Chinês, presente em todas as organizações relevantes e com uma estratégia profundamente estudada de longo prazo, sabe exatamente o que pode obter de interessante no intercâmbio com o Brasil.
1. Presidente Dilma Rousseff desembarca na China. Foto Frederic J. Brown – AFP.
2. Capa do suplemento espcial do Valor Econômico
O jornal Valor Econômico inclui na edição de hoje um suplemento especial referindo-se às oportunidades e desafios nas relações bilaterais, com alguns textos resumidos em inglês. Como operação de consequências imediatas, noticia que será anunciada durante a visita a compra de 35 jatos BEM-190 da Embraer, com capacidade para 114 passageiros, pelas empresas chinesas, dentro da linha de aumentar as exportações brasileiras de produtos de maior valor agregado. E noticia a possibilidade de produzir na joint venture que mantém naquele país os jatos executivos do tipo Legacy 600.
A grande comitiva que acompanha a presidente Dilma Rousseff poderá colher alguns resultados interessantes, mas a sua finalidade básica deve ser aumentar o conhecimento recíproco para identificar as oportunidades de negócios interessantes, principalmente que tenham conteúdo tecnológico mais avançado.
É preciso entender que a China é um país e uma economia complexos, com longa história e vasta cultura, com diversidades pelas suas muitas regiões. Com o rápido crescimento por que vem passando nas últimas décadas, desenvolveu tecnologias avançadas em muitos setores, como o da construção civil e infraestrutura, dispondo de elevada capacidade de investimentos. No entanto, só nos interessam na medida em que não exijam a utilização de seus recursos humanos, que são abundantes, em obras locais, como estão fazendo em países de menor nível de desenvolvimento. O Brasil já conta com um complexo industrial, agrícola e de serviços, mais avançado do que o normal para economias do mesmo nível de renda.
Sendo o Brasil um país relativamente jovem, com história ainda recente, e uma elevada miscigenação étnica e cultural, contando com uma invejável disponibilidade de recursos naturais, uma biodiversidade impar no mundo, tem todas as condições para discutir de igual para igual, como já fez com os Estados Unidos. Mas, como todos os jovens, algumas vezes somos mais ousados e muitos dos nossos empresários procuram resultados de curto prazo.
Os interesses nacionais brasileiros devem ser colocados acima de tudo, como os chineses também os fazem. Há mais interesses comuns do que aspectos que nos separam. Vamos procurar tirar o máximo proveito desta oportuna viagem da presidente Dilma Rousseff que será relativamente longa, até a reunião de cúpula do BRICs que deverá ocorrer na próxima quinta feira.
Os noticiários dos jornais nacionais e internacionais apresentam inúmeras discussões sobre os difíceis problemas cambiais e suas consequências. São assuntos complexos, não havendo nem um razoável consenso sobre o assunto entre os economistas. Mas qualquer que seja a posição adotada por um analista, parece evidente que o real está exageradamente valorizado, facilitando as importações que sacrificam empregos locais, e dificultando as exportações brasileiras que criam empregos. No entanto, não existe nenhuma concordância sobre o que pode ser feito para corrigir este desequilíbrio que continua se agravando. O leigo pode entender que o real valorizado significa um benefício, mas nem isto é verdade.
Muitos se queixam que os chineses mantêm o seu yuan extremamente desvalorizado e, para se defenderem, como os norte- americanos, ampliaram brutalmente o montante do dólar no mercado internacional, o que o desvalorizou e continua a fazê-lo, prejudicando os países que ainda o aceitam como referência para os seus negócios. No passado, o câmbio dependia do volume das exportações e importações, mas hoje são determinados pelos fluxos financeiros no mundo globalizado, onde as diferenças de taxas de juros entre os países possuem uma influência decisiva.
A China é o país emergente de maior destaque no mundo atual, e é o mais importante parceiro comercial do Brasil, que também conta com respeitáveis credenciais. A pauta que está sendo preparada para discussão entre os dois países, pelos diplomatas de ambos os governos, parece centrar-se nos intercâmbios de tecnologia, visando o relacionamento bilateral de longo prazo. Os funcionários do governo brasileiro e os representantes do setor privado que acompanham a presidente Dilma Rousseff nesta viagem são expressivos e numerosos, e terão contato com as elites chinesas mais preparadas que pode encontrar no mundo emergente, com clara visão dos seus interesses de longo prazo. Mais que resultados imediatos, o relevante parece ser o estabelecimento de bases sólidas para um intercâmbio profícuo de longa durabilidade.
A presidente Dilma Rousseff é conhecida pela sua qualidade pessoal de estudar profundamente os assuntos que exigem suas decisões. Do lado da China, os brasileiros encontrarão dezenas de chineses com as qualidades dela, preparados nos melhores ambientes nacionais e internacionais, conhecendo profundamente todos os assuntos que possam ser colocados em discussão. A nossa experiência pessoal negociando naquele país nos ensinou que para cada brasileiro preparado é preciso esperar que haja no mínimo dez chineses do mesmo naipe ou superior.
Presidente Dilma Roussef, presidente chinês Hu Jintao e o premiê Wen Jiabao
É do conhecimento geral que o Partido Comunista Chinês controla todas as decisões relevantes na China, ainda que algumas dissidências no país, e a cúpula partidária é composta de uma elite muito preparada e selecionada pelo mérito, que discute intensamente o Plano Quinquenal do país. Tem uma clara idéia de sua estratégia política interna e internacional estabelecida de forma consensual. Consideram o Brasil importante para as suas pretensões de continuarem com um desenvolvimento acelerado, melhorando a qualidade de vida de sua população, necessitando de alianças para assegurar o abastecimento de todas as suas necessidades, bem como colocação de seus produtos.
O Brasil, pelo seu sistema democrático e de mercado, ainda que pragmático, não conta com igual planejamento de longo prazo, nem um consenso tão amplo sobre as políticas a serem adotadas. O governo Dilma Rousseff, ainda no seu início de gestão, conta com um elevado nível de aprovação de sua população.
Existem muitos pontos e interesses que são comuns entre os dois países, mas também alguns aspectos onde existem divergências respeitáveis. As visitas desta natureza podem incrementar e aprofundar sensivelmente o intercâmbio bilateral e estabelecer bases para atuações conjuntas no plano internacional. As diferenças existentes não devem tirar o brilho dos entendimentos, principalmente por que será seguido da reunião do BRICs que, além dos emergentes Brasil, Rússia, Índia e China terá como convidado a África do Sul.
Em que pesem as parcerias já existentes, o desconhecimento recíproco entre o Brasil e a China ainda é amplo e generalizado. Tanto os empresários como a população em geral se conhecem ainda superficialmente, havendo um amplo campo para o seu aprofundamento, que poderá ser feito ao longo de muito tempo. Ambos os países são extensos, com diferenças regionais, étnicas e culturais apreciáveis, bem como potencialidades pouco conhecidas.
A visita pode representar um ponto de inflexão na evolução do intercâmbio bilateral, que é de alto interesse de ambas as partes.