13 de março de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias | Tags: comunicação para a população, defesa civil, papel da estatal NHK, tecnologias, transmissões mundiais
O sistema de comunicação do Japão atribui à estatal NHK um papel que vai muito além das usuais para as televisões na maioria dos países. É quando ocorrem grandes desastres como os terremotos e tsunamis, que vêm flagelando o Japão nos últimos dias, que se torna possível avaliar a fundamental função atribuída a esta organização pela legislação japonesa. Todos que adquirem um aparelho de televisão no Japão são obrigados a pagar uma taxa para a NHK para que ela cumpra estas funções sociais.
A NHK tem uma capacidade de transmitir os seus programas integralmente para o Japão e para o mundo de diversos pontos de Tóquio e de diversas cidades japonesas, substituindo suas instalações centrais, se houver necessidade. Se ocorrer, por exemplo, um bombardeio atômico sobre Tóquio ou sua sede for danificada integralmente por um desastre natural, como um terremoto, imediatamente toda a sua transmissão é assumida por outro centro.
Seus centros de pesquisa desenvolveram equipamentos sofisticados para ajudar nos serviços de defesa civil. Tivemos a oportunidade de observar equipamentos que podem ser enviados para o subsolo na eventualidade de vítimas soterradas, e mesmo sem nenhuma iluminação, somente pelo calor humano, as imagens poderiam ser transmitidas para seus centros. Atualmente, estão fornecendo informações sobre os pontos de distribuição de água potável, estradas que estão funcionando, rodoviárias como ferroviárias. As limitações de energia elétrica e a sobrecarga do sistema de telefonia, inclusive celulares, aumentam a responsabilidade do NHK.
Na atual crise, as transmissões nacionais e internacionais foram unificadas, ao mesmo tempo em que todas as informações das mais variadas regiões do Japão são transmitidas imediatamente. Como as subsidiárias das empresas japonesas não estão conseguindo contato completo com suas sedes, a NHK está sendo um dos meios fundamentais para eles se manterem informados no exterior.
Eles possuem um sistema de alerta sobre os terremotos que continua ocorrendo alertando a população com alguns minutos de antecedência, transmitindo durante o sismo para informar a sua duração, e logo depois qual foi a intensidade nas diversas localidades.
O governo parece estar recomendando que somente notícias confirmadas sejam transmitidas, inclusive imagens. Assim, os fornecimentos de informações estão concentrados, ao máximo, nas autoridades responsáveis, ficando o chefe da Casa Civil responsável pelas entrevistas que estão sendo prestadas regularmente, diversas vezes por dia, com ajuda, por exemplo, dos técnicos das usinas atômicas de Fukushima.
Efetua-se um esforço para evitar o pânico evitando, por exemplo, cenas dos tsunamis que envolvessem pessoas desesperadas, selecionando-se os que mostravam a extensão dos danos materiais, o mesmo acontecendo com depoimentos da população sobre a triste experiência por que estão passando.
Tudo isto está demonstrando que, nesta emergência, há uma orientação unificada para o povo japonês, que está colaborando com as autoridades. Isto dá uma amostra da possibilidade de uma mobilização nacional para a recuperação do Japão, com as ajudas que estão chegando das mais variadas partes do mundo.
Como a NHK está autorizando o uso contínuo de suas imagens, em japonês e inglês, estamos providenciando um link para suas transmissões no nosso site.
13 de março de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais | Tags: estudos existentes sobre prejuízos de desastres naturais, o caso de Kobe, problemas das usinas atômicas, rodízio no corte de energia elétrica | 38 Comentários »
Uma dúvida que está intrigando a todos os analistas são os efeitos econômicos dos terremotos e tsunamis na economia japonesa, que se encontrava em situação frágil. A Reuters, por exemplo, elaborou um relatório especial sobre o problema, mostrando que os grandes desastres naturais nas economias desenvolvidas não provocaram efeitos significantes. Mas existem circunstâncias especiais no Japão atual que não permitem conclusões claras, pois existem fatores estimulantes como limitações.
O atual desastre vem provocando uma devastação estimada em cerca de 700 vezes a que ocorreu na região de Kobe em 1995, que não alterou a evolução do PIB japonês naquele ano. Está havendo uma aglutinação significativa de toda a sociedade japonesa, fazendo com que a oposição política declare que apoiará o governo em todas as medidas para minorar as dificuldades do povo do Japão. Os trabalhos de reconstrução estimulam a economia, mas o poder público japonês está extremamente endividado, tendo limitações para a mobilização de novos recursos para as obras necessárias. No entanto, toda a dívida pública vem sendo financiada pelas poupanças do povo japonês, não dependendo do exterior, como em muitos países em dificuldades.
As características do povo japonês, mais que de outros países, tendem a juntar os seus esforços nos desastres naturais, pois tem a cultura de um arquipélago, onde todos dependem dos demais de forma mais direta. As poupanças japonesas, onde o principal instrumento são os depósitos no sistema de correios, representam volumes impressionantes, estáveis, e com custos extremamente baixos. Eles podem ser mobilizados para as compras dos bônus do governo japonês, com custos baixos e prazos longos.
A região mais afetada do Japão não é de concentração industrial, que se situa na área mais próxima de Tóquio e se prolonga para o sul. No entanto, naquele país utiliza-se muito o sistema do “just on time”, pois contavam com sistema eficiente de logística, exigindo poucos estoques de componentes industriais. Foi o aspecto que imobilizou muitas indústrias no episódio de Kobe. Mas foi instituído um sistema de rodízio de corte de energia elétrica por região, por algumas horas durante cada dia, pois sem as usinas atômicas há um risco de black out nacional.
O sistema de transportes está prejudicado, e necessitará de tempo para ser totalmente restaurado. Isto provoca dificuldades nas atividades econômicas, mas as preocupações com o abastecimento da população são de prazo mais curto, pois a agricultura que foi atingida representa hoje menos de 20% da alimentação japonesa.
A dimensão do desastre atual é inusitada. Não há forma de avaliar os prejuízos sobre os recursos humanos, pois muitos estão traumatizados, sofrendo naturais dificuldades psicológicas. Algumas organizações estrangeiras cogitam transferir parte do seu pessoal para áreas menos sujeitas a desastres desta natureza.
O sistema bancário, ainda com dificuldades de comunicação, já começa a funcionar para proporcionar recursos financeiros aos afetados. As prateleiras dos supermercados estão vazias, mas o seu reabastecimento depende do sistema logístico, que pode ocorrer em algumas semanas, ainda que sofrendo limitações.
Quanto aos dados da estagnação da economia japonesa nas últimas décadas, ela pode estar superestimada, pois muitas empresas japonesas cresceram no exterior, na China como no sudeste asiático que passou a ser importante para o abastecimento japonês, inclusive de componentes e produtos industrializados como confecções e eletrodomésticos.
Os poucos estudos econômicos existentes informam que os efeitos dos prejuízos patrimoniais, em países desenvolvidos, não afetam demais a economia, que pode ser estimulada pelas obras necessárias. Com a mobilização de toda a sociedade japonesa, com a ajuda marginal do exterior, tudo indica que a economia japonesa vai acabar se recuperando, podendo representar um desafio que não se observava no Japão recente.
13 de março de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: revisão da intensidade do terremoto para 9, seu significado
Oficialmente, o governo japonês vinha utilizando 8,8 graus na escala Richter para o terremoto ocorrido, que tem continuidade registrando outros que superaram 6 graus, em diversas regiões do Japão, com algumas possibilidades de tsunami. Houve uma revisão para 9 graus nesta escala.
Este aumento de 0,2 graus na escala Richter significa que os danos causados pelo terremoto resultaram em DOBRO dos anteriormente calculados, pois esta escala é elaborada no sistema logaritmo, que os estudantes aprendem simplificadamente como sistema log.
Portanto, eles crescem exponencialmente, sendo um meio para dar uma idéia dos efeitos de cada sismo.
12 de março de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: efeitos do terremoto em todo o Japão, fluxo contínuo de informações, o sistema de defesa civil do Japão
Transcorrido cerca de 24 horas a partir do terremoto principal, pois nestes processos de encontro das placas tectônicas, como é o caso, podem ser antecipados e seguidos por outros tremores, já é possível fazer um primeiro balanço equilibrado de suas nefastas consequências. O terremoto teve graus diferentes nas diversas regiões a partir do epicentro que ocorreu no mar, na província de Miyagi, no nordeste do Japão, onde a grande cidade mais próxima é Sendai, onde foi estimado em 8,9 graus Richter. Em muitos lugares, foram superiores a 7 graus, e mesmo Tóquio e Yokohama, distantes cerca de 500 quilômetros do epicentro, foi superior a 6 graus. Continuam ocorrendo tremores de 6 a 7 graus em diversas localidades.
Mesmo o The New York Times reconhece que o Japão é um dos países mais preparados para estes desastres naturais, contando com um sistema preventivo e uma defesa civil eficiente, inclusive sobre o tsunami que pode se seguir. Os estragos foram incalculáveis e as mortes registradas já superam a milhares de vidas, segundo a NHK, televisão oficial do Japão, que conta com um sistema para fornecer o máximo de informações para a população. Esta TV continua registrando os tremores que continuam ocorrendo com muita frequência, com forte intensidade. O jornal Yomiuri também fornece dados atualizados, no seu site, como o mapa que se segue.
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11 de março de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais | Tags: avaliação dos bancos, estudos sobre o crescimento de longo prazo das principais economias
A jornalista Patrícia Campos Mello, da Folha de S.Paulo, publica um extenso artigo sobre o crescimento das principais economias do mundo, destacando que a China deve superar PIB dos Estados Unidos até 2020. Seu artigo se baseia numa série de estudos efetuados pela Goldman Sachs, Citigroup e HSBC, para chegar a esta conclusão, que compara o comportamento das principais economias até 2050.
Ela cita o relatório “3G – Geradores Globais de Crescimento” do Citigroup que, ousado, tem uma projeção que a China supere os Estados Unidos antes de 2020, e mais, que a Índia se tornará a primeira superando a China até 2050. Isto decorre de uma estrutura populacional mais jovem da Índia, enquanto os Estados Unidos estará com a população decrescendo e a China com muitos idosos. Willem Buiter, economista chefe do Citi, um dos autores do relatório, indica que países emergentes ainda estão com a renda baixa, atraindo novos investimentos estrangeiros.
Xangai, na China,Mumba, na Índia, e ilha de Manhattan, em Nova Iorque
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11 de março de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: 9 graus, 9 graus Richter atinge costa noroeste do Japão, defesa civil, o grande terremoto de Tóquio de 1923 tinha 7, terremoto de 8 | 4 Comentários »
Imagens da destruição provocada pelo terremoto e tsunami no japão. Fotos NYT
Um grande terremoto em torno das 14h46 locais, infelizmente, atingiu o Japão espalhando seus estragos por uma vasta área. Informam que teria sido de 8,9 graus Richter, ficando seguramente entre as cinco mais violentos conhecidos no mundo. As mortes até agora anunciadas ainda se restringem a algumas dezenas. Isto mostra que o Japão está bastante preparado para grandes desastres, desde o grande terremoto que arrasou Tóquio em 1923, que se estima tinha 7,9 graus Richter. Este atual acidente poderia estar provocando milhões de mortes, além dos infindáveis prejuízos materiais.
O tsunami provocado pelo terremoto continua espalhando seus estragos, com ondas de 10 metros. Muitos meios de comunicação do Japão e do mundo estão dando as informações possíveis, pois há dificuldades energéticas, de comunicações, bem como de transportes, que foram desligadas preventivamente. Muitas usinas atômicas foram atingidas, mas não existem informações sobre vazamentos.
A área atingida não é de concentração de brasileiros que trabalham no Japão, mas há informações que estragos foram provocados mesmo em Tóquio e em Saitama, com níveis de terremoto mais baixos, mas que chegam ou supera 7 graus Richter, que é respeitável.
Espera-se que os japoneses, com a ajuda solidária do resto do mundo, dediquem-se com afinco para a reconstrução, usando esta calamidade como desafio para provocar o soerguimento de um país que tem tecnologias e uma capacidade de aglutinação da população para esforços coletivos diante de desafios desta magnitude, como já demonstrou em outros, como o de Kobe há alguns anos.
Nossa mais irrestrita solidariedade a todos que, de uma forma ou outra, foram afetados por este desastre natural.
11 de março de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais | Tags: estudos recentes sobre seus efeitos na poupança, os efeitos da evolução demográfica, outras considerações
Se existe algo confiável para os economistas são as tendências demográficas e suas consequências na economia, que costumam ser estáveis salvo uma calamidade como uma guerra avassaladora. Na atual reunião do Congresso Nacional do Povo do Partido Comunista Chinês, informa-se que está em discussão a modificação da política de um filho ou filha por casal da etnia han, que vigora nos centros urbanos. As estimativas dos especialistas nestas questões informam que a futura estrutura demográfica chinesa, com uma proporção muito elevada de idosos, é uma redução percentual da mão de obra ativa. A China tende a ser ultrapassada na economia pela Índia em algumas décadas. O assunto tem sido divulgado por muitos jornais, inclusive o China Daily.
De outro lado, o Wall Street Journal publica um artigo da Brenda Cronin informando que alguns estudos relacionam a falta de noivas na China com sua elevada poupança, que desequilibra o mundo. Um estudo divulgado por Shang-Jin Wei, diretor do Instituto Chazen e professor da Columbia Business School, informa que existem 1,15 homens na idade pré-casamento para cada mulher naquele país. E, por causa disto, seus pais utilizam a educação e a riqueza para que seus filhos tenham possibilidade de casamento no incrivelmente competitivo mercado destas uniões, como ele anunciou no prestigioso Council on Foreign Relations em Nova Iorque.
Pirâmide da população chinesa no geral
Pirâmide da população chinesa proporcional
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10 de março de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais | Tags: déficit comercial chinês depois de muito tempo, influência do Ano Novo Chinês, mês atípico e deve voltar à tendência
Para surpresa de muitos analistas a China registrou em fevereiro um expressivo déficit de cerca de US$ 12 bilhões em fevereiro último, o maior desde fevereiro de 2004. Os feriados do Ano Lunar afetaram as exportações que ficaram abaixo do esperado, e os analistas entendem que este resultado é temporário, devendo se retornar à tendência de elevados superávits, conforme registrou o site da IG, mas também foi noticiado nos principais jornais do mundo, inclusive o China Daily.
O déficit é um resultado positivo para as autoridades chinesas, ajudando a reduzir a pressão que sobre de muitos países para uma valorização do seu câmbio. As exportações cresceram somente 2,4% com relação ao mesmo mês do ano passado, ficando bem abaixo dos 26,2% previstos. Também as importações cresceram 19,4% quando se esperava 32,3%.
Imagens do Porto de Xangai
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10 de março de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: New York Times; China; BNDS; Banco Mundial, Wall Street Journa;
Notícias de notícias 10 mar 11
Muitos jornais – Déficit comercial da China de US$ 7,3 bilhões – postando
WSJ – Competição por casamentos na China – postando
NYT – Chineses nas terras raras
FT – Demanda chinesa de matérias-primas robusta
Reuters – Defasagem militar do Leste e Oeste
OESP – BNDES empresta 3 vezes mais que Banco Mundial – postado