Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Acordo Conseguido em Cancun no COP 16 México 2010

13 de dezembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: acordo conseguido, fundos, os maiores poluidores (China e USA), pessimismo brasileiro, posição japonesa, resistência da Bolívia

Aqueles que possuem alguma experiência em reuniões internacionais que congregam cerca de 200 países sabem que sempre se atinge um acordo mínimo. O que se conseguiu na madrugada do sábado de 11 de dezembro, cujo texto final não foi divulgado até o momento, parece ter superado as expectativas que se mantiveram baixas até a sexta-feira, inclusive por este site, e apesar a resistência quixotesca da Bolívia. Todos sabiam que os dois países mais poluidores do mundo, que são a China e os Estados Unidos, evitavam compromissos claros, o que levou o Japão a uma posição radical contra a prorrogação pura e simples do Protocolo de Kyoto, que lhe impunha pesados encargos enquanto seus concorrentes não assumiam os mesmos compromissos.

Alguns países como o Brasil se empenharam com seus delegados nos entendimentos bilaterais para evitar o fracasso da reunião e, segundo está na imprensa, a chefe da delegação brasileira, ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira deu nota 7,5 à conferência, a qual não compareceu o presidente Lula da Silva, certamente porque não esperava por resultados espetaculares. O Brasil é um dos países que mais tem constituído reservas ecológicas, reduzindo drasticamente o desmatamento, e espera por ajudas como do Fundo REED – Fundo de Redução das Poluições com Manutenção das Florestas e Degradações ora criado, e que deve contar com US$ 100 bilhões de contribuições dos países desenvolvidos, US$ 20 bilhões imediatos.

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Adaptação das Empresas Japonesas no Mundo Globalizado

9 de dezembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Empresas | Tags: comportamento no mundo globalizado, empresas japonesas no exterior, estrangeiros nas empresas japonesas

Mostrando o quanto as empresas japonesas e o Japão não estavam preparados para o processo de globalização das economias, apesar de atuarem há décadas no exterior, um artigo do Financial Times, escrito pela Michiyo Nakamoto, acaba de ser publicado no jornal econômico japonês Nikkei noticiando sobre contratação de empregados estrangeiros. Em condições normais, o assunto não merecia ser pautado, mas como o processo ainda é uma novidade tardia naquele país, que ainda se mantém bastante isolado como um arquipélago, ele acaba sendo notícia. Certamente, o mesmo problema não acontece nas economias desenvolvidas com o mesmo grau, como na dos Estados Unidos, Inglaterra ou França, ainda que qualquer crise aprofunde os sentimentos nacionais, de forma lamentável.

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O artigo informa que empresas japonesas, com critérios variados, procuram incorporar funcionários estrangeiros. Espera-se que comecem com os já residentes no Japão, que trabalham como temporários, pois já passaram por um período de adaptação, possuindo experiências internacionais, ainda que mais idosos em média, acabando com alguns preconceitos injustificáveis. Mesmos os funcionários estrangeiros nas subsidiárias das empresas japonesas continuam com a impressão que não recebem as mesmas oportunidades de ascensão dentro das mesmas, quando comparados com os japoneses.

Algumas empresas desejam funcionários estrangeiros qualificados que tenham o domínio do idioma japonês. Outros se satisfazem com o inglês, que vem sendo mais utilizado nas operações internacionais. Muitas desejam executivos treinados em mercados externos, principalmente emergentes, onde pretendem ampliar suas operações. Mas a grande pergunta que deveriam formular é: “por que muitos estrangeiros adequados receiam trabalhar ou não se sentem atraídas pelas empresas japonesas, ainda que elas possuam boas imagens internacionalmente?”

Parece que existem diversas respostas, todas complexas: 1) muitos dos sistemas e processos, inclusive administrativos das empresas japonesas, não são os mesmos de outras empresas estrangeiras; 2) muitos sentem que não possuem as mesmas oportunidades de ascensão dos colegas japoneses; 3) sentem que existem grupos japoneses que os marginalizam, considerando-os inferiores; 4) existem grandes barreiras linguísticas e culturais; 5) os critérios de remuneração ao longo da carreira são inadequados para os estrangeiros; 6) dão exagerada importância à performance coletiva, não reconhecendo talentos individuais etc.

As empresas japonesas estão reconhecendo que precisam das contribuições dos funcionários e técnicos estrangeiros que tenham experiências onde os japoneses são carentes, sendo que preparam alguns para atuar no exterior, por um curto espaço de tempo. Para estabelecerem conexões locais relevantes, eles necessitam de maior tempo, além do completo domínio do idioma local, ou precisam da colaboração de pessoal local, sem nenhum resquício de preconceito. Se elas necessitam de tais habilidades, precisam estar dispostas a proporcionar as remunerações adequadas, com as mesmas oportunidades de ascensão nas suas carreiras no nível mundial, sem nenhuma sombra de desconsideração que acumularam ao longo do tempo, e que se tornaram culturais de um arquipélago. É difícil, mas precisam absorver que “gaijin” e japoneses são iguais, e em alguns casos superiores as suas atuais qualificações, para as tarefas que hoje necessitam executar.

Muitas empresas japonesas, tanto as que atuam no exterior como as que trabalham voltadas ao mercado interno do Japão, estão atingidas pela globalização, e não conseguem se isolar dela sem contraírem suas atividades. As cifras de empregados estrangeiros mencionados no artigo são insignificantes ainda, e muitas empresas se tornarão mais importantes no exterior que no Japão. Nada mais natural que contar com maior número de dirigentes e empregados estrangeiros, se desejarem continuar competitivas.

Existem muitas qualidades dos japoneses e atrativos no Japão, mas é preciso reconhecer também os dos estrangeiros no mundo globalizado, senão o Japão não continuaria estagnado como há décadas. É preciso que os japoneses reconheçam que algumas economias nasceram e se desenvolveram voltadas para o exterior, até porque não contavam com o mercado interno, que não é o caso do Japão.

Assim, nada mais lógico, se pretendem expandir no mundo, que absorvem mais estrangeiros, ao mesmo tempo em que os recursos humanos japoneses possam competir em empregos nas empresas estrangeiras. Como tenderá a acontecer se possível com menor fricção, e se resistirem com maiores dificuldades.


Interesses Chineses em Informações Sobre o Brasil

8 de dezembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Intercâmbios | Tags: informações sobre o Brasil no China Daily, reciprocidade de informações | 2 Comentários »

Ainda que existam muitas informações errôneas sobre a China no Brasil, também os chineses não possuem muitas informações sobre os países da América do Sul. Muitos acreditam que o jornal China Daily só divulga informações parciais sobre os problemas chineses, e podem ficar surpresos quando examinam alguns artigos críticos sobre o que lá ocorre como a poluição. Ou quando se noticia sobre a concessão do Prêmio Nobel da Paz ao dissidente Liu Xiaobo, e o comparecimento de muitos países à cerimônia, apesar do apelo em contrário da China.

Não é preciso concordar com tudo que afirmam, mas que existem muitas informações interessantes sobre a China ninguém pode contestar. Como o que os leitores podem encontrar no que se refere a multimídia, Eye on China, Brazil no www.chinadaily.com.cn/, que relata a viagem de um seu repórter ao Estado de Tocantins, que estabeleceu um contacto com aquele país, que também consta de um vídeo em inglês.

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Fotos de Palmas, capital de Tocatins

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China Já É Uma Assustadora Potência Militar

8 de dezembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias | Tags: capacidade chinesa, lições a serem absorvidas, segurança nacional

Um competente professor de sociologia, Heraldo Barbuy, explicava em suas brilhantes aulas que havia forças dentro de uma sociedade que eram necessárias, mas que não deveriam ser utilizadas. É o caso das forças armadas, indispensáveis para qualquer país que pretenda ser realmente independente, junto com a sua capacidade de abastecimento de alimentos e de energia. Um impressionante artigo do jornalista Jeremy Page, do Wall Street Journal, publicado ontem no Valor Econômico, fala da capacidade militar chinesa atual.

Lamentavelmente, todos sabem que o mundo hoje se divide entre os que detêm a tecnologia da bomba atômica e os que não a possuem. Além disso, a China conta com uma poderosa força terrestre fortemente armada, capaz de defender todo o seu amplo território, de uma força naval que está presente nos mares asiáticos e uma força aérea cuja tecnologia foi desenvolvida a partir da transferência da mesma depois da dissolução da União Soviética.

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Caça J-11B

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Ainda o Outono do Hemisfério Norte

6 de dezembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias, Tecnologia | Tags: as alegrias outonais, fotos emocionantes, técnicas profissionais, trabalho dos amadores

O outono no hemisfério norte, com seus coloridos indescritíveis, emocionam os orientais que acham que coadunam melhor com o seu espírito, mas também impressionam outros treinados profissionais de todo o mundo. Num artigo de Christopher Johnson, publicado no The Japan Times, algumas recomendações são dadas para os fotógrafos melhor aproveitar tudo que a natureza oferece nesta época do ano. Não se trata somente das belezas coloridas das montanhas, que tocam os japoneses, mas de detalhes das árvores, das folhas, dos instantes que ficam gravados, mas também da paciência para conseguir a melhor iluminação natural, os detalhes de uma folha caindo, coisas que para uma só foto exigem o empenho de toda uma tarde.

O Japão e os parques de Tóquio oferecem os materiais indispensáveis para todos, desde os amadores que utilizam as atuais máquinas digitais que comportam milhares de fotos nos seus chips até os treinados profissionais como David Guttenfelder, fotógrafo chefe da Ásia da AP – Associated Press, nos intervalos de suas missões.

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Algumas fotos de Christopher Johnson do outono japonês

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Políticas Anti-Inflacionárias no Brasil e na China

6 de dezembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: menores danos sobre a produção e o emprego, política fiscal, política monetária, preocupações com a inflação

Ainda que os sistemas de governo sejam bastante diferentes na China e no Brasil, as políticas de combate à inflação que começa voltar a dar sinais de aceleração acabam sendo semelhantes. Não existe milagre em economia, e todos se preocupam de forma responsável com a redução das tensões inflacionárias, procurando as melhores formas para preservar o crescimento da economia e do emprego. A redução do crédito que é concedido para os consumidores procura coibir os excessos, de forma a ajustar a evolução da demanda ao aumento da oferta.

Os jornais brasileiros, assim como o China Daily, anunciam políticas semelhantes, ainda que críticos envolvidos em interesses paralelos sempre acabem apresentando suas restrições, recomendando políticas alternativas que os beneficiem. É claro que a simples redução de crédito, isoladamente, não é suficiente para amainar as pressões inflacionárias, mas o que se procura são medidas que provoquem menos danos para o total da economia.

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Músicos Brasileiros Internacionais

6 de dezembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais | Tags: carreiras internacionais, diferenças de profissionais maduros e os jovens, presenças no Japão

É na música que se sente o impacto da idade de forma mais forte. Ouvir os sons de alguns jovens que encostam seus carros nos cruzamentos do tráfego de São Paulo chega a nos deixar confusos. Seus alto-falantes estão com os decibéis máximos, chegam a tremer os nossos veículos. Não há dúvidas que eles estarão mais surdos que Beethoven no final de suas vidas. Assisti à apresentação de um jovem brasileiro que está, ainda no início de sua carreira, fazendo sucesso no exterior. Sua banda tinha uma bateria tão barulhenta que desequilibrava o resto do conjunto, e saí desanimado do suplício, pensando estar deslocado neste mundo.

Mas hoje tive o privilégio de ter a alma lavada, pois assisti a um estupendo concerto de César Camargo Mariano, este atuante pianista, compositor e arranjador brasileiro e internacional, que depois de uma longa temporada no exterior apresentou-se em São Paulo. Em alguns números, foi acompanhado por outro veterano internacional, Arismar do Espírito Santo. E nos dias precedentes por Teo Cardoso e Ulisses Rocha. São monstros sagrados, que tocam pelo mundo, inclusive com Sadao Watanabe, nos Estados Unidos e no Japão.

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Cesar Camargo Mariano, Arismar do Espírito Santo e Sadao Watanabe

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O Mundo em Acentuadas Mudanças

6 de dezembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias | Tags: as percepções de certa confusão, evoluções deveriam ser estimulantes, os sentimentos de nostalgias

No mundo no qual vivemos é que fica mais evidente o sentimento filosófico do budismo da transitoriedade e efemeridade de nossas vidas. Estas mudanças que deveriam gerar ambientes estimulantes com as coisas novas que estamos descobrindo e experimentando estão sendo superadas, lamentavelmente, por uma mídia mundial presa aos sentimentos saudosistas dos privilégios que estão sendo derrubados. Angelo Ishii, no seu artigo mensal do Diário de Tóquio, publicado na Folha de S.Paulo, reflete parte deste drama, mostrando a discussão da disparidade social que se acentua na atual literatura japonesa, referindo-se ao que se processa na morna classe média nipônica, que deixa de lado os recordes mundiais de investimentos em pesquisa e desenvolvimento do Japão, que devem superar parte das dificuldades por que passam.

Os problemas enfrentados pelos Estados Unidos, de um governo e economia enfraquecidos, atingidos visceralmente pelas revelações do WikiLeaks, deixam a nação líder mundial nua. Os mais experientes sabem que todos os detalhes divulgados não podem culpar o site, e são usuais nas comunicações diplomáticas, mas quando ficam publicamente expostas criam constrangimentos, obrigando os norte-americanos a se humilharem nas suas solicitações de desculpas no exterior. O grave parece a fragilidade do sistema de sigilo, com vazamentos maciços, que continuarão sendo veiculados pela mídia ávida de escândalos que aumentam as suas audiências.

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Angelo Ishii e Julian Assange, criador do WikiLeaks

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Posicionamentos Estratégicos Relevantes

3 de dezembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Tecnologia | Tags: decisões chinesas, o que se cogita no Brasil, opções indianas, perspectivas de longo prazo

Este site vem insistindo que o futuro dos países emergentes depende da sua disposição em investir em tecnologias de ponta. Consultando os artigos de órgãos de comunicação social relevantes no mundo, nota-se que a China e a Índia tomam posições decididas, como noticia hoje o jornal Valor Econômico. Este utiliza nestas matérias informações provenientes de agências como a Reuters e Bloomberg, mas também revistas importantes como The Economist e jornais internacionais como a Financial Times, Wall Street Journal ou Nikkei contam com inúmeros artigos dando conta dos investimentos feitos em tecnologia pelos dois países, acompanhados por outros menores como a Coreia.

O que se sente é que no Brasil e na América do Sul também se fazem esforços, mas numa escala sensivelmente inferior, sem que haja um plano estratégico para tanto. É claro que os países desenvolvidos, como o Japão, os Estados Unidos e os da Europa, continuam mantendo expressivos investimentos, mas os volumes do que vêm sendo feito pelos países emergentes demonstram suas intenções de conquistar posições de destaque, até de liderança.

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Trem rápido chinês e planta de complexo siderúrgico da Mittal na Índia

Esta parece uma corrida em que os que estão correndo serão atropelados pelos mais velozes que estão embalados por maciços investimentos de centenas de bilhões de dólares, contando já com muitos recursos humanos e centros de pesquisas ligadas às instituições como universidades, tanto públicas como privadas. Aproveitam o que já se desenvolveu no exterior e possuem horizontes de prazos longos, com suas milenares histórias.

Informa-se que a Índia vai consolidar “zonas econômicas especiais” que ajudaram a acelerar os recentes desenvolvimentos chineses. O Brasil, apesar de contar com alguns projetos desta natureza, eles foram bloqueados por restrições de grupos que não conseguiram ver num horizonte mais longo. Enquanto o setor financeiro comandar o processo, inclusive de formação da opinião pública, eles que atuam on time, visando resultados de curto prazo, não há como estabelecer um programa sério, elevando o nível de investimento em pesquisas e desenvolvimento, dominando setores pesados da economia, que determinam as perspectivas de prazo mais longo de um país.

O Brasil detém uma quantidade enorme de recursos naturais, uma biodiversidade ímpar no mundo, com limitado número de pesquisados de nível internacional, mas uma capacidade criativa invejável. Ou geramos condições para que eles permaneçam no Brasil efetuando os seus trabalhos, ou eles cuidarão de temas de outros interesses em países que os remuneram adequadamente, mas que pouco se relacionam com as problemáticas brasileiras.

O período de mudança de governo, com a elaboração de novos planos é oportuno para alterações de monta, que marquem as características da nova administração. Precisamos superar as picuinhas relacionadas às vantagens almejadas pelos partidos políticos, e escolher onde serão os setores aonde vamos priorizar os investimentos em pesquisas.

Já estamos avançando nas áreas agropecuárias, nas técnicas de preservação da vida e estamos pesquisando mais no crescimento sustentável, com o aumento de “papers” de nossos pesquisadores em credenciadas revistas internacionais. Mas precisamos fazer muito mais, criando muitos centros de excelência nas novas atividades como produção de equipamentos para a exploração do petróleo em grandes profundidades, aproveitamento da rica biodiversidade nacional, produção de ligas especiais com uso das terras raras e outros minérios, equipamentos pesados para a agroquímica, sensíveis melhorias nas comunicações, logística de um país com grandes extensões e bons portos, uso intensivo dos fatores de produção mais abundantes, economia dos fatores escassos e muitos outros setores estratégicos.

Já provamos que somos capazes, como nos trabalhos da Embrapa, da Embraer, com todas as limitações que são naturais em países emergentes. Já estivemos na ponta da tecnologia em obras de grandes estruturas como em Itaipu. Fomos capazes de implantar um complexo como Carajás. Ocupamos amplas terras aproveitadas extensivamente, e hoje temos uma agricultura competitiva. Mas hoje estamos com a infraestrutura sucateada, tendo que importar tecnologias até na construção civil.

O que estamos fazendo é vergonhosamente pouco diante do que fazem os outros BRICs, nem temos planos sustentáveis de prazo mais longo. Estamos comprometendo os nossos recursos humanos bem como o futuro deste país. Precisamos encarar os nossos desafios, aproveitando as melhores inteligências que dispomos, traçando um programa sério, ou continuaremos sendo produtores e exportadores de produtos de pouco valor agregado. Nossos concorrentes estão ativos, e a distância deles com relação ao Brasil está aumentando, tanto em ritmo de crescimento como na geração de novas tecnologias.


Confiança é um fundamental e frágil sentimento

3 de dezembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: Complexo do Alemão, falta de confiança, os Estados Unidos, os problemas mundiais, outros casos, perspectivas da inflação

Os economistas tendem a achar que os agentes econômicos atuam numa sociedade com racionalidade, ou seja, tentam maximizar suas vantagens com o uso dos mecanismos de mercado. As suas teorias estão se tornando muito sofisticadas com modelos de todos os tipos, incluindo previsões de riscos e de expectativas com relação ao futuro, que entendem estar precificadas e antecipadas pelo mercado. Diante da realidade mais complexa, que vai além das hipóteses utilizadas, acabam constatando que existem fatores psicológicos, ideológicos, culturais e outros que acabam sendo mais fortes que os interesses econômicos, complicando as questões econômicas, que deixam de ser tratadas por uma ciência e acabam caindo no campo da arte política.

Os Estados Unidos passam por uma fase difícil, pois, apesar do aumento da sua liquidez, tanto os bancos como as empresas temem efetuar investimentos, ampliando sua capacidade produtiva que poderia ativar sua economia, criando empregos. A fragilidade política do atual governo, adicionando-se as incertezas relacionadas com o futuro, inibe as ampliações do emprego e da renda dos seus recursos humanos. Existem, infelizmente, problemas ideológicos, bem como prazo para a maturação dos investimentos, e eles não se sentem seguros sobre as perspectivas futuras.

As mudanças demográficas que ocorrem em todo o mundo aumentam, relativamente, as populações mais idosas e diminuem os jovens, sobrecarregando os que estão ativos. Os encargos previdenciários e de saúde aumentam a dívida pública, com riscos para a democracia social que procuravam, como na Europa.

Não havendo uma confiança adequada entre os parceiros de um projeto, sempre haverá necessidade de garantias adicionais como forma de reduzir os riscos assumidos. Ainda que o mundo entenda que a expansão está ocorrendo atualmente nos chamados países emergentes, como a China, a Índia, o Brasil e a Rússia, de grandes extensões geográficas e populações expressivas, teme-se sobre a continuidade dos resultados recentemente obtidos. Não adianta bradar que eles estão errados nos seus temores, mas oferecer as informações que os convençam, ainda que isto implique num trabalho cansativo.

A recente crise que começou no sistema habitacional dos Estados Unidos transformou-se em mundial, diante da perda de confiança nas instituições financeiras que paralisaram seus empréstimos para as outras, nas operações internacionais. Ficou evidente que os exageros do sistema financeiro na economia mundial precisam ser controlados, no que eles resistem, procurando disseminar agora o medo sobre a retomada da inflação, que seria combatido com juros mais elevados, ainda que exista deflação em alguns países. Parece ser mais uma questão a ser resolvida com o aumento da produção.

Um exemplo da frágil confiança de natureza diferente ocorreu no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro. Quando a população carioca sentiu que a ação coordenada das autoridades locais com o suporte das Forças Armadas era para valer, apoiaram maciçamente esta operação oferecendo com as denúncias muitos endereços onde atuavam os traficantes criminosos. Estabeleceu-se um importante elo de confiança que exige um longo trabalho detalhado e aperfeiçoado para ser consolidado. Mesmo dentro de pequenas organizações como um hospital, na medida em que não exista um mecanismo adequado para a convivência de grupos que pensam de formas diferentes, os projetos futuros ficam mais difíceis.

Parece que estes aspectos psicológicos coletivos são importantes de serem entendidos, onde a capacidade de comunicação social adequada torna-se importante. A hipótese de comportamento hedonístico dos seres humanos, na qual se baseia os economistas, pode ser questionada, no mínimo. No Brasil, internamente parece que se conseguiu estabelecer uma confiança razoável, apesar de aspectos que ainda podem ser corrigidos, mas parece que há necessidade de um intenso trabalho de convencimento de alguns grupos estrangeiros que podem ajudar em alguns projetos nacionais.