Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Monge Budista Ganha Medalha de Ouro em Hipismo

20 de novembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: Jogos Asiáticos, modalidade de hipismo, monge budista ganha medalha de ouro

A imagem usual de um monge budista no Ocidente é de uma pessoa que fica nos mosteiros com suas vestimentas tradicionais, fazendo as suas meditações. O máximo que se conhece como mais usuais são atividades que exigem grande concentração, como as de arco e flecha. Que eles sejam casados, mantendo muitas atividades humanas não religiosas pode parecer estranho. Agora o jornal tailandês Bangkok Post anuncia que o monge Kenji Sato, do Japão, ganhou a medalha de ouro de hipismo, montando Toy Boy nos Jogos Asiáticos realizados em Gangzhou na China. Ele já vinha obtendo bons resultados em outras competições.

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The Economist Escreve Sobre o Modelo Brasileiro

20 de novembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: a revista The Economist, análise dos aspectos brasileiros positivos e que merecem reparos, pontos a serem observados

A revista inglesa The Economist, que tem milhões de leitores qualificados em todo o mundo, é considerada como uma das mais influentes internacionalmente, não tratando exclusivamente de economia. Está ligada a London School of Economics, adotando uma posição liberal, democrática e a favor dos mecanismos de mercado. Seus artigos costumam ser cuidadosos, merecendo considerações, mesmo quando não se concorda totalmente com as posições adotadas. Publicou no último número uma análise do que chamou de modelo brasileiro, ressaltando alguns aspectos positivos, mas fazendo também suas observações críticas.

A revista fez uma análise do sistema adotado pela Embraer, informando que, do quase colapso em que se encontrava em 1990, ela conseguiu se firmar no mercado globalizado dos jatos de porte médio. Chamou este sistema de reverse outsourcing, algo como terceirização reversa, desenhando e montando ela mesma os aviões com ricas fornecedoras de partes dos seus produtos, como a General Eletric, que produz suas turbinas. Introduziu a divisão dos riscos, persuadindo os consumidores e os fornecedores a adiantarem parte dos recursos necessários para seus projetos.

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Pragmatismo Chinês na Solução dos Seus Problemas

19 de novembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: a reunião do Grupo dos 20, evolução do Partido Comunista Chinês, pontos de vista dos vizinhos, reunião da APEC

Observando-se atentamente o que vem acontecendo na China nos últimos anos, nota-se um forte pragmatismo diante da evolução dos acontecimentos que os afetam, e isto tem sido sua marca mais importante. No livro do jornalista Richard McGregor, antigo chefe do bureau do Financial Time na China, “O Partido – O Mundo Secreto dos Dirigentes Comunistas da China” (tradução livre), publicado este ano, o autor levanta algumas perguntas sobre qual seria o modelo que eles perseguem, depois de Deng Xiaping. Seria uma benevolente autocracia do tipo de Cingapura (com lideranças de raízes chinesas)? Um Estado capitalista desenvolvimentista como alguns têm chamado o Japão (mais socializado que muitos países chamados comunistas)? Um Neoconfucionismo (que recomenda uma hierarquização na sociedade) misturado com economia de mercado? Uma lenta (em eficiência) versão como a Rússia pós-soviética? Um socialismo de barões desonestos (que redistribuíam seus lucros em ações beneficentes)? Ou algo diferente baseado no “Consenso de Beijing” (que ninguém sabe o que é ao certo, mas que se contraporia ao de “Consenso de Washington” com condições listadas, mas nunca implementadas). Parece difícil de classificar a China atual em qualquer destes “modelos”.

O que alguns editoriais como do jornal japonês Nikkei tentam esboçar, podendo refletir o simples desejo de um vizinho bastante afetado pelos chineses, é que parece ter havido uma evolução entre a reunião do G20 em Seul e a reunião da APEC em Yokohama na posição da China, mostrando que existe um elevado pragmatismo na sua política externa.

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Reunião de cúpula do G20 em Seul, Coreia do Sul, que reuniu os líderes de países ricos e dos principais emergentes

Para um país que almeja continuar crescendo rapidamente, podendo-se tornar o mais importante do mundo nos próximos anos, não há interesse em ser confrontado com críticas generalizadas diante de sua política cambial e comercial, ao que soma as restrições para a exportação de minerais estratégicos como terras raras. Também não interessa continuar a ser alvo de pressões externas diante de dissidências internas, como a que foi premiada como Prêmio Nobel da Paz. Não lhe parece convenientes os aprofundamentos das desgastantes tensões de disputas territoriais com seus vizinhos. Não lhe interessa ser taxado como um país que procura sua estabilidade social interna a qualquer custo. Os chineses sabem que precisam conviver num mundo globalizado, que possuem organismos com regras consolidadas, o que procuram fazer dentro do cronograma de sua conveniência.

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Líderes das 21 nações que compõem o bloco da Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico durante encontro no Japão

O que se sentiu, e ainda pode ser uma mera impressão, é que os chineses passaram a adotar uma orientação mais suavizada, mais contemporizadora, enfatizando a necessidade da cooperação internacional, mostrando-se sensíveis às críticas internacionais. Procuraram fortalecer suas relações bilaterais e regionais. Eles almejam a liderança num mundo sadio, não herdar um globo arrasado.

Vão continuar procurando as fontes de matérias-primas que necessitam, em todos os continentes, concedendo maior prioridade à expansão do seu mercado interno, necessitam continuar a exportar para todo o mundo, mas sabem suficientemente que não podem forçar a ponto de contar somente com hostilidades de todas as partes, como sempre foi de sua boa tradição comercial.

O que se espera é que os que negociam com os chineses, parceiros próximos ou distantes, também tenham aperfeiçoado suas técnicas, defendendo com convicção seus claros interesses nacionais, pois os dirigentes da China são extremamente preparados, possuindo um sistema eficiente de planejamento a longo prazo, e de ação coordenada do governo, estatais e empresas privadas.


China Próxima de Superar a Economia dos Estados Unidos

17 de novembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: em 2014 calculado pelo PPP, menção na Folha de S.Paulo, previsões de Martin Wolf do Financial Times

Martin_Wolf A Folha de S.Paulo tem uma coluna chamada Toda Mídia que costuma noticiar diariamente as referências mais importantes dos principais jornais internacionais. Chama a atenção para o artigo de Martin Wolf, consagrado economista, enviado de Xian, a antiga capital da China. Ele publica regularmente no site do Financial Times, e informa que o “estamos vendo o fim de séculos de domínio ocidental”. Joseph Needham, o mais profundo acadêmico conhecedor da China, da Universidade de Cambridge, considera que somente após a revolução industrial o País do Meio perdeu a liderança, que agora procura retomar.

Martin Wolf estima que em 2014, calculado pelo PPP – Poder de Paridade de Compra, ou uma cesta de produtos e serviços que se pode obter com uma quantidade de renda, a China ultrapassará a economia dos Estados Unidos em termos de dimensão, ainda que não em termos de renda per capita. Nos Estados Unidos, esta cesta é cara, e na China barata. E no final da década pelo PIB calculado em dólares norte-americanos, com as distorções que ocorrem com os câmbios. Seria muito antes das previsões da Goldman Sachs, que criou a expressão BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China), que aventava esta possibilidade em torno de 2030.

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Capitalismo de Estado da China

17 de novembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: artigo do Wall Street Journal no Valor Econômico, críticas aos chineses, o que pode ser discutido

O jornal Valor Econômico reproduz artigo dos jornalistas Jason Dean, Andrew Browne e Shai Oster, do The Wall Street Journal, com o título “Capitalismo de Estado da China gera críticas globais”, que faz um bom resumo de como as empresas estatais daquele país atuam, não permitindo condições de concorrência com empresas privadas de outros países.

Mostra que, na última década, a economia chinesa consegue melhores resultados que a de outros países, que o controle estatal é mais acentuado, suas estatais aumentam a participação no PIB e seus lucros estão em alta, que recebem assistência dos bancos oficiais e estão ampliando seus gastos em pesquisa e desenvolvimento, utilizando dados de muitas fontes oficiais. E elas estão se preparando para atividades futuras, como as tecnologias voltadas para o desenvolvimento sustentável, como a utilização da energia solar.

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Reprodução da foto publicada no Valor Econômico

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Humildade Para Reconhecer Que Não Sabemos Nada

16 de novembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: Irã dos dias atuais, o Iraque e a Mesopotâmia, o Ocidente não conhece o Oriente, Rússia e sua Sibéria | 2 Comentários »

Ainda que tenhamos uma ideia superficial da realidade de alguns países de longas histórias, culturas importantes, relevância no cenário internacional, e outras suas características marcantes, somos induzidos a gigantescos equívocos, em parte por uma mídia engajada na disseminação de inverdades.

Esquecemos que o Iraque é herdeira da antiga Mesopotâmia, que teve a sua estupenda Babilônia com seus jardins suspensos, país donde poucos resquícios eu tive a oportunidade de conhecer numa memorável exposição realizada há tempos no Museu do Oriente Médio, em Paris. Foram humilhados por anos por tropas de ocupação, recentemente, formados de coitados comandados por aqueles que deveriam ser submetidos ao Tribunal de Haia.

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Representação dos jardins suspensos da Babilónia, como imaginados por Martin Heemskerck.

Minha filha visita atualmente o Irã, de onde me relata pela internet e pelo telefone uma admirável hospitalidade do seu povo, que a levou a empreender a viagem que me preocupava, onde as mulheres se comportam como se estivesse em Istambul, na Turquia, vestindo calças jeans. Isto me traz a memória que aquele país é a herdeira do fabuloso Império Persa, hoje transformado num lamentável inferno a ser destruído, instigado por parte da mídia que atende a alguns interesses distorcidos. Ela, que cavalgou pelos desertos da Jordânia, acha que as condições que hoje encontra são superiores às daquele país.

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Minha limitada experiência com a Rússia não me permite fazer uma correta noção do frio de Moscou, ainda que muitas vezes relatado por um auxiliar brasileiro do nosso escritório, hoje um respeitável economista num banco brasileiro de grande prestígio. Ele me informava sobre a sua infância vivida naquela cidade, quando as aulas eram suspensas nos invernos rigorosos, os canos de água ficavam congelados, e as urinas dos adolescentes chegavam ao chão como pedrinhas de gelo. O máximo de frio que passei, por pouco tempo, foi pelo menos 20 graus numa base aérea do Alasca ou no festival do gelo em Hokaido.

O impressionante relato de Teruyo Nogami, da filmagem de Dersu Uzala, dirigido por Akira Kurosawa, por todo um longo inverno siberiano, até numa tomada noturna com a temperatura de 40 graus abaixo de zero, faz-me dar mais valor àquele filme a que assisti muito emocionado.

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Sempre pensei que os carrapatos do tipo conhecido como pólvora, invisíveis, mas extremamente incômodos na virilha por baixo das calças, era uma experiência tropical terrível porque passei na Amazônia. Não é que ela me relata algo parecido na Sibéria com estas pragas, bem com banheiros malcheirosos iguais aos que encontrei nos garimpos e outros confins deste Brasil?

Tive o privilégio de viajar por muitos países do mundo, até as suas regiões mais afastadas, estudando um pouco das suas histórias. Ainda assim, tenho que reconhecer que são sei nada e tenho que continuar aprendendo muito, consciente que nada observado pontualmente pode ser generalizado. Só deixei de considerar outros povos que vivem de forma diferente dos nossos, como bárbaros.


Sobre a Ascensão e Declínios das Cidades e Regiões

15 de novembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: estudos sociológicos, mobilidade geográfica, um fenômeno universal

Um notável professor de sociologia da FEA – Universidade de São Paulo, professor Heraldo Barbuy, nos ensinava sobre os estudos sociológicos das ascensões e declínios de regiões, inclusive dentro das grandes metrópoles. Havia uma tendência de um centro dinâmico, depois uma faixa com a formação de áreas decadentes, cercada por uma área em ascensão, até chegar à periferia. Um artigo publicado no The New York Times e reproduzido no suplemento da Folha de S.Paulo, do jornalista Edward Wong sobre Jili, na Província de Zhejiang, na China, nos leva a reflexões sobre o assunto.

Jili, segundo o artigo, teria sido a região onde se originou a produção da seda há cerca de 4.000 a.C., sendo o sinônimo de seda de boa qualidade na Dinastia Qing, com produção manual, quando vestia os imperadores da China. Passou por um longo período de prosperidade, inclusive no áureo da Rota da Seda. Com o seu declínio provocado pela produção da seda, inclusive industrial em outras localidades, hoje, os jovens da região procuram emigrar na procura de trabalhos nas regiões mais dinâmicas, restando uma pequena indústria não competitiva na cidade.

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Rota da Seda: as estradas estão indicadas em vermelho e a rota na água em azul

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O Luxo em Alguns Países Emergentes

15 de novembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: Brasil, China, distribuição de renda, Índia, revistas especializadas | 2 Comentários »

Lamentavelmente, o processo de desenvolvimento acelerado da economia é acompanhado, na maioria dos países, por uma maior concentração da renda, como acontece na China e na Índia. O Brasil é uma honrosa exceção em decorrência dos resultados atingidos pelo governo Lula da Silva, que se concentrou na melhoria da distribuição de renda, com a substancial melhoria da situação das camadas mais pobres, ainda que os extremamente ricos tenham se beneficiado dos elevados juros e lucros financeiros, que estão entre os mais altos do mundo.

Algumas revistas brasileiras, como a Veja São Paulo, Edição Especial, com o seu Almanaque do Luxo, trazem informações impressionantes sobre os consumidores que chamam de AAA. Outras como Wish e especializadas em clientes de determinadas ruas que concentram lojas voltadas aos consumidores de altíssimo poder aquisitivo de São Paulo apresentam apreciáveis anúncios de produtos de luxo internacional. A Folha Online postou matéria sobre a expansão das lojas das grandes grifes nesta Capital. Para estas camadas parece que as dificuldades econômicas não existem.

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Capa da Revista Wish e da edição especial de Veja São Paulo, Almanaque do Luxo

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Libertação da Prêmio Nobel da Paz Aung San Suu Kyi

14 de novembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: Aung San Suc Kyi, Mianmar (Burma), Prêmio Nobel da Paz, significado

Todo o mundo saúda a libertação da Prêmio Nobel da Paz Aung San Suu Kyi (nome que significa literalmente “a brilhante vitória de estranhas conquistas”), heroína de Mianmar, também conhecida como Burma em muitos países. Ela foi liberada da prisão a que estava submetida arbitrariamente por 16 anos descontínuos, parte na forma residencial. Ela recebeu o seu prêmio por lutar pela volta da democracia no seu país pela não violência, um país que prima pela arbitrariedade dos seus militares que se encontram no poder. Como a notícia saiu em todos os jornais importantes internacionalmente, utilizamos parte dos dados publicados pelo jornal inglês Financial Times, pelo jornalista Tim Johnston.

Ela é filha do general Aung San, também considerado herói nacional por ter conseguido a libertação do seu país do colonialismo inglês. Ela estudou filosofia, política e economia na prestigiosa Universidade de Oxford, na Inglaterra, entre 1964 a 1967, e casou-se com o acadêmico inglês Michael Aris, que conheceu naquela escola superior. Ela foi presa pela primeira vez em 1989 pela Junta Militar por ser a favorita nas eleições do ano seguinte, que o seu partido, Liga Nacional para a Democracia, ganhou fragorosamente, mas não o levou ao poder.

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Mais de cinco mil pessoas foram saudar a Prêmio Nobel em sua casa. Foto France Press

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Reflexões Sobre os Gênios Populares e os Intelectuais

10 de novembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: intelectuais e seus pessimismos, lições da psicologia, sabedorias populares e seus otimismos, “dismal science”

O sábio Joãozinho Trinta já tinha sintetizado que “intelectual é que gosta de miséria”. Lula da Silva, um presidente operário, sem curso superior, foi capaz de, com o seu carisma, fazer com que o povo brasileiro mantivesse o seu consumo na recente crise para preservar o seu emprego. Ele superou em prestígio popular os intelectuais que possuíam dezenas de diplomas “doctor honoris causa”, mostrando que a população tem uma inteligência coletiva. Só isto bastaria para ficar com a massa, fugindo dos “pensadores” que preferem “curtir uma fossa”.

joaozinho_trinta Acompanhando o recente noticiário internacional fica-se com a impressão de que a maioria dos líderes mundiais está confusa, tendo até proposta da volta do padrão ouro. Jornalistas de todo o mundo acabam sendo parciais, destacando as notícias desastrosas, dando pouca importância aos heróicos esforços feitos pelo povo, principalmente pelos mais modestos, para superar as naturais limitações impostas pela vida. Apesar dos contínuos prenúncios dos profetas do apocalipse, o mundo continua melhorando de padrão de vida, na distribuição universal da renda, de eficiência tecnológica, obrigando os chamados “desenvolvidos” a caírem na realidade, enquanto emergentes como “besouros que não poderiam voar” conseguem obter crescimentos impressionantes. Graças à mobilidade social, os que tinham posições mais modestas estão virando consumidores, enquanto muitos que tinham privilégios curtem a sua decadência ou vivem como vampiros sugando o sangue alheio.

Os centros dinâmicos mundiais passaram a ser dos chineses, hindus e brasileiros, entre os povos de maiores dimensões territoriais, mas também dos coreanos, vietnamitas e dezenas de outros emergentes. Os desenvolvidos, como os escandinavos, norte-americanos, europeus e japoneses, parecem ter entrado num ciclo de canibalismo consumindo suas próprias entranhas, como aconteceu ao longo da história com muitos povos que passaram por suas fases de ascensão, apogeu e queda. O mundo não vai acabar, mas convém estar plugado nos emergentes, que devem se proteger dos especuladores financeiros e seus agentes, verdadeiros parasitas dos trabalhos da massa dos que se dedicam à produção.

Que continuem os “desenvolvidos” com seus elevados graus de suicídios, que mostram que não é somente a riqueza que traz a felicidade humana. Os meus colegas economistas pseudointelectuais já deveriam ter aprendido da psicologia que um clima otimista ajuda a superar muitos problemas provocando verdadeiros milagres, e o pessimismo coletivo aprofunda as dificuldades, não gera a confiança no futuro, indispensável para o investimento físico e a criação do emprego.

Não basta inundar o mundo com liquidez financeira e acelerar os fantásticos fluxos internacionais de recursos só para proveitos pessoais. As bolhas só beneficiam os operadores financeiros, com riscos que não são capazes de calcular, apesar dos sofisticados modelos matemáticos ou econométricos. Parece necessária a humildade com as limitações da análise acadêmica, bem como dos instrumentos de política econômica. Que haja consciência do “dismal science”, ou a melancólica ciência que é a economia, como o professor Delfim Netto identificou ter origem em Thomas Carlyle já em meados do século XIX.

Thomas Carlyle A comunicação social, com todos os seus riscos, parece de importância fundamental para a superação do atual estado depressivo no chamado mundo desenvolvido, que continuará a ter a sua importância, ainda que esteja na sua fase descendente. Parecem ser algumas das lições que podem ser retiradas da atual guerra, que se generalizou, deixando de ser cambial para ter retroagido para um aumento do protecionismo comercial, com prejuízo para todos. Como a libra esterlina que caiu em desuso, o mesmo poderá acontecer com o dólar norte-americano, mas o mundo não sentirá a sua falta.

Os seres humanos continuam criativos, vão acabar encontrando formas de combinar a iniciativa produtora com a alegria de viver com liberdade.