24 de outubro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: censura da premiação Nobel, problemas existentes, uso da internet
A Folha de S.Paulo, no seu suplemento Ilustríssima, traz uma coluna do jornalista Fabiano Maisonnave com o seu Diário de Pequim, centrado na lamentável censura que existe naquele país sobre a manifestação pública de alguns assuntos que as autoridades chinesas tratam, ainda que sejam possíveis, privadamente. O artigo relata os percalços, por exemplo, do ícone chinês Han Han, que aos 28 anos é um escritor best-seller, cantor, editor de revista, piloto de corridas e sex simbol, para tratar do censurado assunto da premiação Nobel para o dissidente político Liu Xiaobo no seu site muito acessado.
Para marcar criativamente o assunto, ele postou: “ ”, que foi entendido por muitos comentaristas, quase 17.000, com um “entendido”, “concordo” ou “bel” e outras formas de comunicação burlando a censura quando seu site usa Prêmio Nobel ou Liu Xiaobo. Quando estive recentemente em Xangai para visitar a Expo 2010, notei que o meu lap-top sofria pequenas interferências quando usava a internet, possivelmente com a censura.
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24 de outubro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: de Tsukiji para Toyosu, maior mercado de peixe do mundo, problemas do solo
Tsukiji é o maior e mais famoso mercado de peixes do mundo, frequentado pelos profissionais do ramo japoneses e internacionais, fornecedores e compradores. Também se tornou uma das principais atrações de Tóquio, atraindo turistas de muitos países, notadamente de madrugada quando operam. Toda a sua redondeza é ocupada por estabelecimentos ligados ao mercado, como o comércio de todos os tipos de ingredientes usados por restaurantes que trabalham com frutos do mar. Instrumentos utilizados por profissionais, como facas, produzidos por renomados artesãos, e utensílios de cozinha profissional. E até bons sushi-ya, ou casas que trabalham com sushi e sashimi. Eles utilizam ingredientes frescos, até ainda vivos. As coisas mais exóticas ligadas a restaurantes podem ser encontradas na região, até os mais inusitados e provenientes de todo o mundo. Uma cuidadosa visita a Tsukiji permite conhecer a rica variedade de produtos disponíveis para os profissionais de cozinha, com alguns preços de assustar os leigos.
E o espaço disponível nos seus arredores é insuficiente para toda a movimentação que o mercado provoca. Fica localizado próximo do conhecido bairro de Ginza, perto do centro de Tóquio, desde a época em que a localidade era adequada para este tipo de comércio. Há muito tempo discute-se a sua relocalização para um espaço mais amplo e conveniente, pois é destinado ao comércio atacadista, mas estes projetos acabam levantando movimentos contrários.
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22 de outubro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: aspectos fundamentais, importância do Brasil no mundo, qualidade das campanhas
As repercussões que a atual eleição brasileira provocam na imprensa internacional mostram a importância que o Brasil adquiriu no cenário mundial. Lamentavelmente, as campanhas que vêm sendo desenvolvidas não fazem justiça nem aos candidatos nem ao país, pois estão demasiadamente concentradas nos ataques pessoais e nos aspectos de menor importância.
Os eleitores estão mais interessados, bem como todos que se preocupam com o Brasil, com os grandes rumos que serão perseguidos pelo vencedor do pleito eleitoral nos próximos anos. Por se tratar de um país emergente com grande potencial, comprometido com o resto do mundo num processo de globalização, todos se mostram interessados como o eleito irá governar este vasto território e sua população.
Em que pesem os sistemas vigentes na China e na Índia, nota-se que eles possuem uma visão do futuro, sabendo onde pretendem chegar. E são nossos concorrentes diretos, conquistando uma participação crescente no cenário internacional. Todos reconhecem que o Brasil dispõe de mais recursos naturais, um povo disposto ao trabalho, miscigenado, com relacionamento pacífico com todos os países do mundo, podendo obter melhores padrões de vida para si e contribuir para a melhoria de muitos povos deste universo.
Temos os naturais problemas de um país em desenvolvimento rápido, obstáculos que temos que transpor. Como faremos isto, com que recursos, com que estratégia? Qual é o sonho que perseguimos como nação, como nos relacionaremos com nossos vizinhos, com os nossos parceiros internacionais?
Parece que ainda estas e outras questões fundamentais não estão suficientemente esclarecidas. Muitos eleitores já tomaram as suas decisões, mas para que possamos contribuir galvanizados num programa, parece conveniente que estejamos convencidos dos rumos que vamos trilhar juntos.
Já realizamos muito, aproveitando os nossos recursos, tanto naturais como dos humanos que se miscigenaram neste país, servindo como um exemplo para o resto do mundo. Mas para continuar a evoluir, temos que realizar aperfeiçoamentos de grande profundidade, pois o resto do mundo não está paralisado. Pelo contrário, luta com todas as armas para conquistar seu espaço, que será parcialmente ocupado dos outros.
Como pretendemos consolidar nossas posições, melhorando a nossa educação, a nossa saúde, desenvolvendo nossas tecnologias, contribuindo para uma convivência mais inteligente, até com os que pensam de forma diferente das nossas?
Todos reconhecem que temos boas condições, mas vai exigir muito trabalho para que elas se tornem realidade, aglutinando o máximo das nossas forças. Os obstáculos são naturais, temos que identificá-los adequadamente, e estabelecer a estratégia mais conveniente para superá-los, estabelecendo as prioridades do que vamos resolver antes. Os recursos com que contamos são naturalmente limitados, mas de formas diferenciadas. Existem mecanismos para alavancar outros, gerar novos de forma mais eficiente. Para que todos estejam engajados nas futuras jornadas é preciso que se saiba o que eles pensam sobre os que pretendem ser nossos líderes.
Chega de perder tempo, vamos para os assuntos fundamentais.
22 de outubro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: 6% em 12 meses, inflação de 3, ligeira queda do crescimento chinês para 9.6% ao ano
Muitos jornais em todo o mundo noticiam, com certo alarde, que a economia chinesa passou a crescer menos, mas está ainda num patamar muito elevado se comparado com o resto do mundo, ou seja, 9,6% ao ano. Este seria um nível com o qual até mesmo outros emergentes gostariam de contar. Ao mesmo tempo, mostram que a inflação naquele país chegou a 3,6% nos últimos 12 meses, acima da meta que persegue na sua política econômica. Sempre existem algumas visões diferentes para avaliar estes dados.
Muitos vinham criticando que a China crescia muito em função do seu câmbio desvalorizado, invadindo o resto do mundo com suas exportações. Passando a estimular o mercado interno, a China certamente sofrerá uma pressão inflacionária, que não é nada alarmante, e ainda abaixo do que continua ocorrendo no Brasil. Na realidade, parte da inflação brasileira decorre do exagerado aquecimento da economia chinesa, que vem puxando os preços das principais commodities, inclusive agropecuária.
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22 de outubro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: crise cambial destaca emergentes no G20, reuniões em nível ministerial e presidencial, solicitação da Índia e Brasil participarem ativamente
O site da Folha divulga uma notícia da agência Efe, proveniente de Washington, afirmando ter uma alta funcionária do Tesouro norte-americano, que solicitou manter-se incógnita, apelado para a Índia e o Brasil não darem as costas para o G20 no momento em que o grupo precisa se unir. Visaria conseguir avanços num acordo cambial geral bem como equilíbrio comercial mundial. Os países emergentes, incluindo a China, ganham importância cada vez maior no cenário internacional e reivindicam mais participação nas decisões que afetam todos os países.
Mas o ministro da Fazenda do Brasil, Guido Mantega, não está programado para participar da reunião do grupo que ocorrerá, inicialmente, em nível ministerial ainda no próximo fim de semana. O de nível presidencial, onde o presidente Lula da Silva ainda não confirmou presença, deve ocorrer em novembro próximo em Seul, na Coreia do Sul.
Presidente Lula e o ministro da Fazenda Guido Mantega
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20 de outubro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: confusão mundial, limitações da economia, restrições existentes
Acompanhando o noticiário internacional, podemos sentir que o mundo está numa confusão generalizada. É a hora em que desejamos ser poetas e não economistas, pois estes são uns pessimistas, sempre lembrando as dificuldades, as limitações e restrições a que todos estamos sujeitos, os conflitos de interesses que temos uns com os outros. Parece que alguns poetas são também pessimistas, mas a maioria deles pode sonhar livremente com as coisas boas da vida, sem se preocupar com um mundo onde tudo é limitado.
No passado, muitos diziam que o ar que respiramos era livre e gratuito para todos. Hoje se sabe, infelizmente, que o ar respirável na qualidade e quantidade que desejamos acaba custando muito, e que nos eventos como o COP 10 em Nagóia, e outros que devem se seguir, mais de uma centena de países discutem quem paga a conta e como.
Ouve se falar muito da guerra cambial e comercial que parece em plena marcha, com países tentando usufruir as vantagens e alguns se defendendo de possíveis danos, ainda que em detrimento de outros, conscientes de que tudo tem alcance limitado. O comércio internacional deixou de ser um meio para proporcionar vantagens para os países parceiros, propiciando bem-estar para suas populações. Os fluxos financeiros internacionais liberalizados, que proporcionam astronômicos lucros para os seus operadores, suplantam em milhares de vezes as cifras dos intercâmbios comerciais, influenciando fatores que deveriam contribuir para uma arbitragem razoável.
As autoridades mundiais constituídas por acordos amplos, como as Nações Unidas e seus principais braços como o Fundo Monetário Internacional, Banco Mundial ou Organização Internacional de Comércio, mostram-se impotentes para limitar a desastrosa escalada dos confrontos entre países e blocos.
Tudo indica que os problemas terão que se tornar insuportáveis para que um acordo mínimo de convivência se torne possível. Não há mais lideranças capazes de pensar como estadistas, impondo com a sua força moral um mínimo de racionalidade, algo que permita uma convivência entre países que pensam de formas diferentes.
Pelo contrário, parecem predominar as posições dogmáticas, inclusive religiosas, esquecendo-se das esperanças da construção de um mundo ecumênico, tolerante, que respeita a humanidade existente em cada um de nós.
Mas o que nos conforta é que tivemos períodos mais conturbados ao longo da história, que geraram conflitos catastróficos, ou pessimismos como os que alimentaram os malthusianistas. Mas a humanidade foi capaz de superar a todas as intempéries, e hoje estamos mais instrumentalizados e conscientes dos riscos pelos quais passamos. Não podemos ser movidos somente pela emoção, principalmente as que mobilizam coletividades, ainda que ela seja importante.
Conseguir um acordo global sempre será difícil, mas tentativas continuam sendo feitas para alcançar um mínimo aceitável pela maioria, com todos abrindo mão de algo. Não podemos ser suicidas coletivos, ainda que muitos se encontrem no limite do desespero. Será que aprendemos tão pouco com todos os sofrimentos pelos quais já passamos?
Os economistas sabem que existe teoricamente uma curva de conflito onde os interesses se contrapõem e as decisões precisam ser tomadas. Que os nossos negociadores, diplomatas treinados, sejam capazes de estabelecer entendimentos minimamente aceitáveis para as diversas partes, pois as populações da maioria dos países sabem que é melhor ter um pouco mais que perder tudo.
19 de outubro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: fora dos padrões tradicionais, sushi preparado por garotas
No Japão, os sushimen costumavam ser somente homens, sob alegação de que as mulheres tinham as mãos mais quentes, o que era inadequado no preparo de sushis. Pode ser que fosse um preconceito, mas era a tradição. Agora, o jornal japonês Nikkei noticia que um tradicional proprietário de restaurantes, com experiência de 30 anos como sushiman, acaba de abrir um estabelecimento no bairro de Akihabara em Tóquio. A diferença é que o sushi-ya trabalha com 28 jovens chefs mulheres, com idade em torno de 20 anos, utilizando folclóricos “happy coats”, equipes de seis membros. O local está despertando muita atenção.
Elas foram treinadas durante um mês e meio e já deviam ter conhecimento do ofício. Preparam sushis tradicionais, mas também originais na forma de um coração ou animais. Eles são servidos em utensílios perfeitos de vidro.
O restaurante possui somente 17 lugares no balcão, e os clientes gastam em média em torno de 3.000 ienes por visita.
18 de outubro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: ascensão do vice-presidente Xi Jinping, linhas básicas do próximo plano quinquenal, sucessão chinesa
Há quase uma unanimidade na imprensa mundial, inclusive do jornal governamental chinês Xinhua e do maior jornal daquele país, o China Daily, que a Quinta Plenária do 17º Comitê Central do Partido Comunista Chinês aprovando as diretrizes do próximo plano quinquenal para 2011 a 2015, e anunciando a promoção do vice-presidente Xi Jinping para vice-chairman da Comissão Militar Central, consagrou o próximo dirigente máximo da China.
Ele era considerado favorito, e na política chinesa dificilmente há surpresas. Deverá ser o próximo secretário-geral do Partido e presidente no lugar de Hu Jintao. É considerado o seguidor da Visão Científica do Desenvolvimento, que começou com Deng Xiaoping, e deve contar com as condições para executar as reformas necessárias para a continuidade do crescimento da China.
Xi Jinping, futuro secretário-geral do partido e presidente da China
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18 de outubro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: análises do Foreign Policy, discussão do novo plano quinquenal e futuras mudanças na cúpula política, observações de Pequim | 1 Comentário »
Antonio Freitas, um diplomata brasileiro que ocupa uma posição estratégica na área econômica da embaixada brasileira em Pequim, nos envia uma importante análise efetuada por Kerry Brown para o Foreign Policy, a mais importante publicação na área de política internacional. Agradecemos muito por esta colaboração. Ele informa que dirigentes chineses já estão reunidos em um hotel na capital chinesa discutindo internamente pontos primordiais, como o próximo plano quinquenal e a sucessão do atual comando da China.
O artigo do Foreign Policy refere-se à luta pelo poder que se processa atualmente na China, para determinar quem comandará o país depois do atual presidente Hu Jintao e do primeiro-ministro Wen Jiobao, no restrito Politburo de nove membros. Sete destes nove atingirão a idade limite para permanecer no Politburo nos próximos anos. Será a passagem da quarta geração dos líderes chineses para a quinta, que se efetivará em 2012. Tudo isto tem como pano de fundo os problemas do seu câmbio extremamente desvalorizado que incomoda o resto do mundo, o aumento da presença chinesa nos confrontos com seus vizinhos como o Japão, que preocupa toda a Ásia e seus aliados, e a premiação do Prêmio Nobel a um dissidente chinês, entre outros acontecimentos de grande repercussão mundial.
Reunião de dirigentes do alto comando chinês
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17 de outubro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: artigo da Folha de S.Paulo, avaliação de Sun Xupei, o caso de Prêmio Nobel Liu Xiaobo, pronunciamentos do premiê Wen Jiabao
O jornalista Fabiano Maisonnave, correspondente da Folha de S.Paulo, expõe as divergências que estariam ocorrendo na China como indícios de que haveria posições conflitantes entre dirigentes daquele país. Mas a sua entrevista com Sun Xupei, ex-diretor de investigação do Centro de Pesquisas Jornalísticas na Academia Chinesa de Ciências Sociais, esclarece parte desta questão, pois não se trata da primeira vez que algo semelhante acontece entre os dirigentes chineses.
A Folha de S.Paulo destaca a frase do premiê: “não só devemos avançar na reforma do sistema econômico, mas também na do sistema político. Sem uma reforma política, a China pode perder o que já conseguiu por meio da reestruturação econômica” que teria sido censurada para divulgação interna. Ele teria expresso, também, numa entrevista à CNN, que: “os desejos e a necessidade da população por democracia e liberdade são irresistíveis”.
Premiê chinês Wen Jiabao
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