29 de agosto de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: diversidades asiáticas, geradora da dinâmica mundial, problemas existentes
O mundo volta suas atenções para a Ásia, que recentemente vem desempenhando o papel de pólo dinâmico da economia mundial, principalmente com o elevado crescimento chinês, que passa a utilizar também o seu mercado interno para superar as limitações do mundo desenvolvido. Os Estados Unidos ainda não conseguem superar seus problemas, a Europa se recupera lentamente, com alguns países apresentando dificuldades, e o Japão continua enfrentando problemas. As esperanças mundiais acabam recaindo sobretudo na China, parte na Índia e na periferia constituída pelo sudeste asiático.
Como representam, no conjunto, mais da metade da população mundial, onde o nível de renda per capita ainda é baixo, há uma disposição de utilizar bem os recursos disponíveis, sua mão-de-obra relativamente barata, inclusive a melhoria do seu mercado interno. Mesmo a melhoria deste consumo chinês não parece suficiente para compensar a letargia do resto do mundo. E sempre existem dificuldades neste continente que não é uniforme, contando com uma grande diversidade étnica, religiosa, política, com importantes disputas de fronteiras.
A Índia, por exemplo, entende que sofre retaliações na Expo Internacional de Xangai por ter distribuído um material onde seu mapa ocuparia parte de áreas pretendidas pela China. São constantes os conflitos religiosos e étnicos entre vizinhos, alguns deles portadores de armamentos atômicos. Ainda que o intercâmbio continental venha se elevando substancialmente, com esforços para o estabelecimento de zonas de livre comércio, sempre existem problemas relacionados com as restrições de exportações ou importações.
Registra-se melhorias nos fluxos financeiros e de serviços entre muitos países asiáticos, como ocorre no resto do mundo. Mas ainda restam problemas complexos, como entre as duas Coreias, além de atritos que remontam passados mais remotos.
Mesmo com as esperanças que os diversos países sejam capazes de conviver harmonicamente, admitindo as diferenças existentes, sempre acabam ocorrendo incidentes agudos, principalmente com os muitos radicais que estão naquela região. As interferências externas, como no Afeganistão, não são capazes de resolver as difíceis questões que mesmo os asiáticos não conseguem equacionar, principalmente quando incluem controles sobre recursos minerais estratégicos.
No fundo, tratam-se de povos com longas tradições, adaptados a ambientes hostis, constituídos por seres humanos com todas as suas complexidades. O máximo que se pode esperar é que os interesses comerciais permitam convivências razoáveis, mesmo com as diferenças existentes, como vem ocorrendo.
A evolução continuará a ocorrer, mas como se trata de assuntos econômicos, sempre haverá grandes flutuações inevitáveis. Esperar muito mais que isto parece um idealismo superior ao que se pode esperar da espécie humana.
28 de agosto de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: entrevista no Valor Econômico, potenciais futuros, trabalhos já efetuados
Em que pesem sempre preconceitos de alguns setores sobre os profissionais que atuam em determinados governos, alguns merecem atenções tanto pelas contribuições que já deram como pelos seus potenciais futuros. O jornal Valor Econômico apresenta uma interessante entrevista feita pelo jornalista Paulo Totti, que foi publicada no suplemento Eu & Fim de Semana com o título “Um keynesiano pouco ortodoxo”. Ela foi concedida pelo economista Nelson Henrique Barbosa Filho, atual secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda.
Nelson Barbosa é conhecido por ter ajudado a formular dois programas importantes para o atual governo: o PAC – Programa de Aceleração do Crescimento e Minha Casa, Minha Vida, e tem já uma carreira respeitável, tanto como acadêmico como economista do setor público.
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27 de agosto de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: dimensões chinesas, impressionam a todos, ordem de grandeza, verificação in loco
Muitas dimensões chinesas são tão altas que impressionam a todos, havendo alguns que duvidam de sua exatidão, inclusive entre os analistas chineses. Aqueles que estudam a elaboração dos dados estatísticos sabem que alguns deles, em qualquer país, são aproximações que dão uma ideia da grandeza, não apresentando a exatidão desejada. Autoridades japonesas, com a ajuda de suas empresas privadas, efetuaram a estimativa do mercado chinês para diversos produtos quando ela ia iniciar a sua abertura. Comparando com a demanda que se apresentou efetivamente no mercado posteriormente, constataram que as subestimações foram gritantes, exigindo estudos das causas de tamanhos erros.
Acabaram concluindo que a população chinesa deve ser superior à oficial, principalmente no meio rural, onde se encontram muitos “gêmeos” com idades diferentes. A pressão social para que as famílias da etnia “han” tenham somente um filho, resultaram em artimanhas para desrespeitarem as orientações oficiais. Mesmo num país como o Brasil, pode-se duvidar da dimensão, por exemplo, do seu rebanho, pois os censos agropecuários não são frequentes. Os das produções da pecuária, incluindo os aumentos dos rebanhos, certamente estão subestimados dada a sonegação de informações.
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27 de agosto de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: artigo no China Daily, avanços tecnológicos, toilets japonesas | 4 Comentários »
Muitos viajantes estrangeiros ficam impressionados com as toilets japonesas que exercem funções que não se encontram em outros países. O curioso é que um artigo no China Daily informa sobre os novos avanços, não somente para torná-los mais higiênicos como para auxiliarem na preservação da saúde, sendo exportados para outros países da Europa, Estados Unidos e Ásia. Informa-se que até o Brasil poderá dispor do seu uso.
Muitas inovações vieram sendo introduzidas ao longo do tempo. Os primeiros proporcionavam o aquecimento dos assentos, de forma que durante um inverno mais rigoroso não houvesse um desconforto no seu uso. Seguiram-se as trocas automáticas de coberturas plásticas, para segurança de diferentes usuários. Depois foram os jatos de água, com temperaturas e intensidades controladas, de forma a eliminar o uso dos “bidês”, permitindo a adequada higienização até daqueles que tinham algumas limitações físicas.
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27 de agosto de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: a orientação geral continua sendo do Partido, artigo no jornal Nikkei, o exemplo do Banco Central
Um interessante artigo publicado ontem, dia 26 de agosto, no jornal econômico japonês Nikkei dá um exemplo da diferença na condução da política econômica chinesa com o que ocorre em outros países similares. Reconhecendo a importância que hoje o People´s Bank of China, o banco central daquele país tem nas finanças internacionais, informa-se no artigo como o seu comportamento é diverso.
Em meados de julho passado, quando a vice-governadora daquele banco central, Hu Xiaolain, publicou cinco ensaios em que ela admitia que o Yuan pudesse sofrer uma valorização excitou todo o mercado mundial, que pensou que se tratava de uma sinalização desta possibilidade. Mas os analistas melhores informados sabiam que os executivos daquele banco não tinham este poder.
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25 de agosto de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: futuro da economia chinesa, o uso do mercado interno, recursos para o desenvolvimento, suas exportações
São frequentes as dúvidas dos analistas de todo o mundo sobre a capacidade chinesa de se manter num elevado ritmo de desenvolvimento, como o dos últimos anos com um pouco de acomodação, quando as principais economias desenvolvidas hoje enfrentam dificuldades para voltar a crescer. Acusam os chineses de manterem o seu câmbio extremamente desvalorizado, causando um desequilíbrio mundial. Mas não se ignora que as autoridades da China procuram estimular o seu mercado interno para sustentar o seu processo de crescimento, e a remuneração dos seus trabalhadores está crescendo, ainda que a desigualdade interna seja marcante. Estes analistas sabem que o fator relevante é o custo da mão-de-obra, que está se elevando naquela economia.
O volume e o ritmo de investimentos chineses em construção de habitações, edifícios e infraestrutura vêm impressionando o mundo. Reclama-se que se promove agora a interiorização forçada do seu desenvolvimento industrial, para reduzir a desigualdade com relação ao litoral, onde se instalaram os investimentos dos grupos estrangeiros, procurando aproveitar o baixo custo da mão-de-obra chinesa para promover a exportação de bens lá fabricados. As autoridades chinesas procuram agora reduzir a necessidade das migrações internas. Seu setor rural vem aumentando a produtividade, tanto para abastecer o seu gigantesco mercado interno como atender as necessidades dos seus vizinhos como as Coreias e o Japão.
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25 de agosto de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: câmbio valorizado, crescimento das exportações, editoriais do Nikkei, redução das importações
Os dados contraditórios japoneses mostram, em que pesem as dificuldades, que esforços estão sendo efetuados pelas empresas para compensar a extrema valorização do yen. As exportações de julho cresceram 23,5% com relação ao mesmo mês do ano anterior, quando em junho tinha crescido 27,7%. As estimativas para este ano são de crescimento de 22,9%, que não pode ser considerado um resultado ruim. As importações cresceram somente 15,7%, dobrando o superávit comercial. As exportações estão sendo beneficiadas pelo elevado crescimento da China e da Ásia como um todo.
Mas o Japão sofre um problema de deflação, ou seja, os preços estão caindo por falta de uma demanda interna. Com isto o índice Nikkei, o principal da Bolsa de Tóquio, está abaixo de 9.000 pontos, provocando constantes editoriais irados do principal jornal econômico japonês, que tem o mesmo nome do índice. O diário reclama da inércia governamental, que provoca uma extrema valorização do câmbio, quando comparado com o dólar e o euro, a mais alta nos últimos 15 anos.
O editorial lista uma série de medidas que podem ser tomadas, como a maior flexibilização do crédito pelo Bank of Japan, o Banco Central japonês, um dispêndio maior do Tesouro, em que pese o elevado endividamento público japonês. Uma desregulamentação maior da economia é proposta. Até uma redução tributária é cogitada, alegando que as autoridades ficam sem ação diante das desvalorizações do dólar e do euro.
Haverá uma eleição da presidência do partido no governo, o DPJ – Partido Democrático do Japão, no próximo dia 14 de setembro, e não se sabe se o premiê continuará o mesmo, pois está com um prestígio baixo. Não aparece nenhuma figura capaz de liderar a sociedade japonesa.
Na realidade, a média da população japonesa é extremamente conservadora e seus dispêndios em crises como a atual mantêm-se modestos, mesmo com os apelos das autoridades para maiores consumos, como o que foi conseguido por Lula da Silva no Brasil.
O Japão deixou de ser a segunda economia do mundo, perdendo recentemente a posição para a China. Apesar do elevado nível educacional de sua população, continua trabalhando coletivamente, sem nenhum destaque individual, quer empresarial como político. Já se encontra estagnada há mais de duas décadas, em que pesem as medidas de estímulo para aumento dos dispêndios em construção civil como ações de preservação do meio ambiente.
Esboçam-se esforços isolados, mas mostra-se incapaz de retomar o desenvolvimento como o que se seguiu à Segunda Guerra Mundial, período que ficou conhecido como “milagre japonês” que serviu para estimular os demais “tigres asiáticos”.
Tudo isto parece demonstrar que o processo de desenvolvimento depende de um complexo de fatores que provocam uma mobilização como a que se observa recentemente na Coreia e na China, seguida também por outras sociedades emergentes, que não dependem somente dos instrumentos de política econômica.
24 de agosto de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: economia em expansão, lucro das empresas coreanas, mercado interno e externo
Quando a maioria das economias no mundo passa por períodos de dificuldades, a coreana prova o seu vigor, mostrando que no trimestre que terminou em junho último suas empresas tiveram um crescimento dos seus lucros de 47% com relação ao mesmo período do ano passado. Isto ocorreu tanto pelo crescimento de suas exportações como pela ampliação do consumo do seu mercado interno, segundo artigo publicado pelo jornal econômico Nikkei. Mas com a desaceleração das economias norte-americana e chinesa, o futuro mostra-se pouco claro.
As 565 empresas listadas na Bolsa Coreana tiveram um lucro de US$ 14 bilhões no ano fiscal que terminou em dezembro último, de forma agregada, com um crescimento das vendas de 17% anuais, de forma não consolidada. A maioria das empresas opera no mercado internacional.
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24 de agosto de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: diversas faixas de renda, interesses específicos, notícias constantes
As medidas tomadas pelas autoridades japonesas, como a dispensa dos vistos para os turistas chineses e os pacotes oferecidos pelas agências de turismo, provocam uma enxurrada de viajantes provenientes da China ao Japão, com suas variadas características. Provocam uma impressionante integração entre os dois países, com um significativo impacto sobre a economia japonesa. Os consumidores japoneses se mantêm conservadores, apesar de todas as medidas de estímulo oficial, e a demanda dos turistas chineses é bem-vinda para eles.
Os de maiores níveis de renda compram bens de luxo como relógios e aparelhos eletrônicos japoneses que gozam da imagem de apresentarem elevada qualidade. Os mais modestos, segundo notícias do jornal econômico japonês Nikkei, preferem cosméticos e roupas, portando listas que são até atendidas nas lojas de conveniência. Até as cadeias destes estabelecimentos procuram se equipar para atender as demandas destes turistas chineses.
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23 de agosto de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: controvérsias, exposição no distrito 798 em Beijing, um começo
A Folha de S.Paulo, no seu suplemento Ilustríssima de domingo, dia 22 de agosto, publicou um interessante artigo de Fabiano Maisonnave com o título “Uma nova China? Arte, liberdade e censura”. Em se tratando de arte, sempre haverá controvérsias, como muito bem colocado no artigo, com algumas manifestações de satisfação pelo início da abertura das autoridades chinesas, como das críticas por que ela não é completa, sendo somente um acontecimento limitado.
Na realidade, no chamado distrito 798 de Beijing, alguns artistas que se manifestam rebeldes com os pontos de vista oficiais obtiveram um pequeno espaço onde podem apresentar seus trabalhos. Obras que seriam chocantes para o grande público chinês, que ainda conta com muitos admiradores das orientações impostas na era Mao, e poucos na Revolução Cultural, são expostas sem oposição aberta das autoridades. Pela descrição do artigo, até obras que ridicularizam Mao são apresentadas, o que em qualquer hipótese significa uma abertura.
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