17 de junho de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: incompreensão, mercado, problemas trabalhistas
Muitos meios de comunicação dos mais variados países noticiam as surpresas das empresas estrangeiras que efetuaram investimentos na China com os problemas trabalhistas que estão encontrando recentemente. As primeiras greves e aumento dos salários são noticiados com destaque, como se tratassem de eventos excepcionais, principalmente na faixa litorânea daquele país, onde se instalaram as que produzem para a exportação.
O que surpreende são estas reações. Será que estas empresas se instalaram na China pensando que iriam encontrar infinitos recursos humanos a custos baixos, por um longo período? Não se instalaram naquele país por acreditarem que os mecanismos de mercado começaram a ser utilizados? É mais que natural que determinados tipos de recursos humanos iriam se tornar relativamente escassos, elevando os seus custos.
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12 de junho de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: corrupção de políticos, particulares e partidários, punições
Lamentavelmente, enquanto os seres humanos existirem parece que as atividades políticas acabam se associando com as ilícitas em qualquer parte do mundo. Distinguem-se os que só se ligam com os que utilizam o poder para enriquecer, com os custeios das atividades eleitorais, sendo que mesmo nas democracias costumam ser caras, em qualquer país. Em muitos casos, as duas atividades se confundem.
Em alguns países, mesmo os mandatários máximos acabam sendo atingidos pelas punições. Noticia-se que a Alta Corte de Taiwan condenou o ex-presidente Chen Shui-bian e sua esposa a 20 anos de prisão, como Alberto Fujimori do Peru continua preso.
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9 de junho de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: alguns casos de lutas, marginalizados que receberam Prêmio Nobel, o delicado problema das nacionalidades
Uma das questões da Humanidade que mais incomoda a muitos é o da nacionalidade. Quando jovem, tive a oportunidade de contribuir com trabalho voluntário no chamado Advisory Committee on Technical Services, do World Churches Council, com sede em Genebra, na Suíça. Muitos trabalhos eram efetuados em conjunto com o Comitê de Refugiados da ONU, que procura atender os muitos que ficam sem pátria pós qualquer guerra. São os chamados apátridas, cujos países desapareceram, e só possuem documentos precários da ONU, sem terem um país ou passaportes. É muito triste a situação de um ser humano que não pode fixar as suas raízes em algum lugar.
Orham Pamuk, Prêmio Nobel da Turquia, foi exilado deste país por defender os curdos e os armênios que passam por esta situação. Aung San Suu Kyi, Prêmio Nobel de Myanmar (antiga Burma), está presa na sua residência por mais de uma década, por suas convicções políticas e democráticas, num país controlado por militares obtusos.
Vista noturna do atual Museu de Ayasofya, em Istambul
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7 de junho de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: importância dos salários, primeiros sinais de melhoria | 2 Comentários »
O que costuma ser de difícil compreensão até para os economistas é a importância dos salários reais, comparativamente aos de seus parceiros comerciais, para determinar o que está acontecendo de relevante num país específico. Se algumas empresas estrangeiras sentem as primeiras greves na China, fazendo com que os salários dos seus operários se elevem, como na indústria automobilística, algo de muito importante está acontecendo. Deve reduzir a sua capacidade de exportação, como se o seu câmbio tenha se valorizado.
O câmbio, por incrível que pareça, quando desvalorizado, provoca redução nos salários reais, aumentando a capacidade de aumento das exportações e redução das importações, vis a vis seus parceiros comerciais. O inverso também é verdadeiro. O Japão, ainda a segunda economia do mundo, segundo os japoneses, vem registrando aumentos dos seus superávits comerciais, como noticiado no seu jornal econômico Nikkei. Isto significa que, depois de muita insistência, sua economia começa a dar sinais de recuperação, ainda que de forma incipiente.
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6 de junho de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: de Istambul, demonstrações, noticiário
Estando em Istambul, é impossível ficar indiferente à crise que se desenvolve no mundo, relacionada ao bloqueio provocado por Israel ao acesso à Faixa de Gaza. Esta cidade, que parece muito com as grandes metrópoles brasileiras como São Paulo ou Rio de Janeiro, fica na fronteira da Europa com a Ásia, e foi de onde partiram os navios que tentaram romper o bloqueio de Israel ao acesso à Faixa de Gaza, pelo Mediterrâneo.
Taksim Place e cena noturna do famoso e agitado bairro de Taksim
Logo na chegada à cidade, passamos por uma demonstração com uma profusão de bandeiras turcas, na praça principal que fica em Taksim. É preciso lembrar que entrem os que foram mortos naqueles navios, que ainda estavam em águas territoriais internacionacionais, eram turcos. É impossível ficar indiferente a esta tragédia que está provocando uma indignação mundial. Os noticiários locais e internacionais invadem o cotidiano da população local, predominantemente de muçulmanos, mas que conta com uma forte influência europeia. Atingem também os muitos turistas estrangeiros que visitam a cidade, provenientes de todas as partes do mundo.
A Turquia, onde se respira as influências de diversas civilizações que por aqui passaram, é predominantemente de muçulmanos, apesar dos esforços para a ocidentalização, que significa o aumento da cultura europeia. As bandeiras turcas, representando o nacionalismo deixado pelo Império Otomano, tremulam por toda a parte, e as expressões das publicidades em outras línguas é mínima. Tudo é expresso em turco, mesmo os nomes das localidades, apresentando algumas dificuldades para os estrangeiros.
Para os brasileiros, que receberam muitos imigrantes turcos, quando o Império Otomano ainda tinha o domínio da Síria e do Líbano, muitas lojas aparentam os que se encontram no Brasil, desde o Acre até o Rio Grande do Sul, passando por Manaus, São Paulo ou Rio de Janeiro. Aparentam a região da 25 de Março, com seu comércio intenso e tráfego pesado. A influência dos “mascates” turcos no Brasil, pois todos os imigrantes árabes vieram com passaporte turco, foi descrito até por Jorge Amado, com seu personagem “Nassif”.
É natural que haja uma solidariedade com os palestinos. As diversas ONGs internacionais que participaram da tentativa de rompimento do bloqueio vieram de todo o mundo, e tudo aparenta que deixará consequências, pois as reações são profundas, rejeitando bloqueios desta natureza.
Mesmo que todos os países contem com radicais, tudo indica que uma negociação no âmbito da ONU terá condições para mudar o “status quo”, resultando num novo relacionamento, como desejado também por muitos israelenses, apesar do discurso do governo. O sacrifício destes turcos parece ter galvanizado o mundo.
4 de junho de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: combate à burocracia, mudança do governo, Naoto Kan, redução do déficit | 2 Comentários »
Após a queda do último governo japonês, foi eleito o presidente do DPJ – Partido Democrata do Japão, que se torna automaticamente primeiro-ministro, o ex-vice-primeiro-ministro Naoto Kan, com a esperança de algumas orientações novas, que devem ser limitadas.
Naoto Kan difere um pouco dos tradicionais líderes que vêm se destacando, pois não é de uma família tradicional de políticos que passam de gerações para gerações, e é formado em tecnologia. Mas tentará uma coalizão com novos pequenos partidos que se formaram, além de manter a que já vinha sustentando com o SDP – Partido Social Democrata. Ele foi sempre combatente do poder da burocracia pública japonesa, e seu maior desafio será a redução do déficit público, que é o mais elevado do mundo, chegando a 200% do PIB japonês. Portanto, bem superior aos dos países europeus em crise como a Grécia.
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3 de junho de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: empresários, Guido Mantega, presença brasileira em Xangai, Vale
É verdade que o Brasil se esforçou levando autoridades, jornalistas e empresários a Xangai e contou com o forte suporte da Vale, a nossa maior exportadora para a China. Os jornais brasileiros destacaram o evento, mas para as dimensões chinesas os eventos não foram suficientes para despertar uma maior atenção, que merecessem manchetes na imprensa local ou internacional, causando um impacto apreciável.
A presença de empresários chineses interessados no Brasil superou as modestas expectativas dos organizadores e a visita dos brasileiros sempre é proveitosa, devendo provocar efeitos, principalmente para conhecimento do que ocorre naquela economia. Uma Expo 2010 é um evento para atrair visitantes locais, não se destinando a finalidades de intercâmbio econômico e comercial, como já reconhecido oficialmente pela diplomacia brasileira. Tanto que a participação brasileira acabou sendo patrocinada pelo setor privado.
Alguns salões do Pavilhão Brasileiro na Expo Xangai 2010
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2 de junho de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: criador do Butoh, influências no mundo, passamento de Kazuo Ohno
O mundo ficou mais pobre. O artista japonês Kazuo Ohno, criador do Butoh, que esteve no Brasil diversas vezes, faleceu. Ele inovou a dança, dando uma nova dimensão para toda a capacidade de expressão corporal. Apesar de sua idade, foi um criador que deixa muitos seguidores. Quem não se lembra de “Hanami, Cerejeiras em Flor”, onde uma personagem se expressa pelo Butoh? Os jornais repercutem em profusão, com expressões de profundo respeito e admiração, de respeitáveis personalidades, sobre o monumental trabalho deste artista. Muito trabalho, com exercícios que permitiam o seu corpo, e de seus seguidores, expressar os mais fortes sentimentos humanos.
Inovador, mas poderia ser considerado um clássico. Uma síntese de anos de observação do que a dança tinha de melhor. Gestos que pareciam econômicos, mas certamente muito estudados, que se tornavam como automáticos, incorporados no seu porte físico. Pantomimas incorporadas do Kabuki, atitudes do Noh, com novas leituras, algumas vezes chocantes aos que não eram do ramo. Mas que transmitiam até para os que não eram frequentadores de espetáculos de dança.
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2 de junho de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: novas lideranças, PDJ, queda do premiê Yukio Hatoyama
Era previsível a queda do primeiro-ministro japonês Yukio Hatoyama, que contava com menos de 20% de suporte dos eleitores do Japão, como já postado neste site. Na realidade, as vitórias eleitorais do PDJ – Partido Democrata do Japão foram mais pelos desgastes do PLD – Partido Liberal Democrata que se manteve no poder na maior parte do tempo, desde o término da Segunda Guerra Mundial, do que pelos méritos da oposição.
O antigo líder do PDJ, Ichiro Ozawa, não pode se tornar primeiro-ministro, pois é acusado de escândalos políticos, na parte dos recursos financeiros das campanhas. Ele se livrou até agora das acusações, passando a responsabilidade para seu funcionário do setor, que foi punido. O mesmo aconteceu com Yukio Hatoyama, cujo tesoureiro foi condenado por motivo semelhante. Portanto, a sua queda não pode ser atribuída somente à questão da base militar de Futanma, em Okinawa. Seu curto governo não conseguiu avanços na superação da crise em que está envolvido o Japão.
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1 de junho de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: agressividade chinesa, investimentos estrangeiros, privados e estatais
São frequentes as notícias sobre investimentos chineses no Brasil, notadamente voltadas a assegurar os seus abastecimentos, com base nos recursos naturais. Na sua coluna semanal, o professor Delfim Netto, no jornal Valor Econômico, registra as diferenças quando são privadas e benvindas com as cautelas que precisam ser tomadas quando se tratam de estatais.
Na China atual, confunde-se o que é privado, e que recebe forte suporte governamental, com o que é estatal. A presença dos chineses, interessados em recursos fundiários e minerais, apresenta algumas potenciais dificuldades de controle das autoridades brasileiras, pois estão totalmente voltadas ao seu abastecimento. Nem sempre obedecem aos mecanismos de mercado internacional, pois os preços de exportação podem estar vinculados aos interesses chineses, que podem diferir dos brasileiros.
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