10 de outubro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias | Tags: mudanças, o tufão mais forte da temporada, previsibilidade, tufão denominado Vongfong
Encontro-me nestes dias em Cingapura e estou programado para seguir domingo próximo para Tóquio. Os noticiários informam que está ocorrendo atualmente um forte tufão denominado Vongfong, o mais forte da temporada nesta parte do mundo, caminhando das Filipinas em direção a Okinawa, no Japão, tendo uma previsão de poder atingir o arquipélago japonês exatamente no período em que está prevista a minha chegada naquele país, com menor intensidade. Pelas experiências passadas, tenho conhecimento que tanto a velocidade do deslocamento, a intensidade dos ventos, bem como o roteiro podem sofrer alterações, ainda que os especialistas utilizem todos os seus conhecimentos para estas previsões. Elas são importantes por alertarem a população para que tomem as precauções possíveis.
Japanese time Thursday (5 a.m. EDT in the U.S.), the eye of Vongfong was just under 500 miles south-southeast of Kadena Air Base on Okinawa, moving north-northwest at 7 mph.
A partir de 18h no horário japonês da quinta-feira (05h00 EDT nos EUA), o olho de Vongfong estava a menos de 500 quilômetros ao sul-sudeste da base aérea de Kadena, em Okinawa, movendo-se em direção norte-noroeste a 7 mph. Os ventos máximos tinham cauda um pouco fina, mas ainda eram cerca de 155 mph, solidamente o equivalente a um furacão de categoria 4, de acordo com o Centro de Atenção Joint Typhoon do exército norte-americano.
Um par de características sutis nos pisos superiores da atmosfera norte de Vongfong, incluindo uma fraca perturbação no ar superior se movendo para o oeste do Japão. Em seguida, um sistema de alta pressão de bloqueio temporário irá desempenhar um papel significativo na determinação de quão perto o núcleo de faixas Vongfong chegará para algumas partes do Japão, segundo os especialistas. Infelizmente, esse bloqueio temporário alto agora parece prestes a empurrar o núcleo de ventos mais fortes do Vongfong para mais próximo das Ilhas Ryukyu, incluindo Okinawa, neste fim de semana.
Vongfong will continue to weaken slowly as it moves north, and will lose super typhoon status (150 mph or greater max sustained winds) shortly, but will still be a formidable typhoon as it draws close to southwest Japan this weekend.
O que acontece com estes tufões é que acaba provocando ventos fortes com elevadas precipitações na sua periferia. Ao mesmo tempo, ainda que as previsões dos especialistas sejam baseadas em muitos dados e modelos, sempre existem fatores que acabam determinando suas mudanças, não havendo uma segurança muito elevada nestas projeções.
8 de outubro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: dificuldades no setor imobiliário, fuga de recursos para o exterior, os problemas da poluição, pessimismo dos analisas financeiros
Um artigo publicado por Yasuo Awai e Fuyumi Takeuchi, publicado no Nikkei Asian Review informa sobre a possibilidade da economia chinesa apresentar um crescimento abaixo do 7,5% esperado pelas autoridades daquele país. Diversas razões estariam influenciando para tanto, destacando-se o comportamento do setor imobiliário onde as autoridades evitam as especulações dos investidores locais, os graves problemas de poluição que chegam a transferir executivos estrangeiros expatriados para outros países, bem como a fuga de recursos dos investidores chineses para economia de outros países, notadamente a inglesa e outros europeus. Na realidade estas pressões estão ocorrendo visando as autoridades chinesas de forma que medidas adicionais de estímulo sejam adotadas para ativar aquela economia.
O sol se põe sobre edifícios residenciais em um dia nebuloso em Pequim. Os economistas estão expressando preocupações crescentes de que a queda dos preços dos imóveis poderia colocar ainda mais pressão de baixa sobre a economia chinesa. © Reuters
A pesquisa trimestral realizada pelo grupo Nikkei recebeu respostas de 21 economistas especializados na economia chinesa. De acordo com a estimativa média dos entrevistados, o Produto Interno Bruto da China cresceu 7,3% no trimestre julho-setembro em uma base real. Os economistas consultados expressaram preocupações de queda dos preços dos imóveis poderia colocar ainda mais pressão de baixa sobre a economia.
Estes economistas informam que o PIB chinês vem decrescendo ligeiramente nos últimos trimestres, prevendo-se a mesma tendência para os próximos anos, frustrando as previsões das autoridades daquele país.
A China tem sido atingida com uma série de dados econômicos fracos recentemente, incluindo dados de produção industrial para agosto, o que diminuiu o nível mais baixo em cinco anos e oito meses. Os economistas consultados pela maior parte vê a economia chinesa perder um novo impulso em 2015, com as suas previsões de crescimento do PIB para o próximo ano uma média de 7,2%.
Gráfico publicado pelo Nikkei Asian Review
Menos economistas preveem a flexibilização da política monetária, com a queda das taxas ou o coeficiente de reservas obrigatórias. Pelo contrário, muitos deles esperam que o Banco do Povo da China, banco central do país, afrouxar o crédito apenas de uma forma limitada, principalmente através da utilização de uma linha de crédito de curto prazo, que fornece fundos para as instituições financeiras para sustentar os empréstimos para setores específicos, como pequenas empresas e agricultura.
Cerca de 60% dos economistas entrevistados apontaram para uma queda dos preços imobiliários como o maior fator de risco provável de causar uma recessão econômica. Ainda que a campanha anticorrupção seja encarada como positiva, informam que à curto prazo acaba tendo uma conotação negativa para a economia.
Um artigo publicado no Financial Times por Jamil Anderlini informa que em 2012 os investimentos dos chineses chegaram a 27 bilhões de euro na Europa.
8 de outubro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias, Turismo | Tags: diferenças com a realidade brasileira, nova visita a Cingapura depois de anos, problemas comuns
Oliveira Lima, um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras nos ensinou que era sempre importante registrar as primeiras impressões, boas ou más, que vão se modificando depois de uma convivência mais longa. Conheci Cingapura nos fins dos anos sessenta do século passado, quando já começava a despontar como um importante centro financeiro do Sudeste Asiático e acompanhei uma parte de sua evolução. Tinha então um terço de população de origem chinesa, um terço de hindus e um terço de malaios. Hoje, cerca de 60% da população é de origem chinesa, figurando como os executivos mais importantes. Passando rapidamente os olhos sobre os três jornais mais importantes desta cidade/pais de cerca de 6 milhões de habitantes, o The Straits Times, o The Business Times e o International New York Times, no suplemento do The Business Times CEO Conversations quase se nota somente os líderes empresariais de origem chinesa.
Mas, comecemos pelos contrastes com o Brasil. Viajando pela Singapore Airlines numa linha que vem de São Paulo, passa por Barcelona na Espanha, vem para Cingapura e vai para Tóquio, observa-se hoje que nenhuma companhia aérea brasileira tem tamanha presença internacional, com a fama de prestar bons serviços. É verdade que seus equipamentos já estão bem utilizados, e os serviços não se destacam como no passado, mas mesmo no chamado business class observa-se que os espaços são bem maiores, com as poltronas podendo ser transformado em leitos. Isto é importante, pois neste trajeto São Paulo / Barcelona / Cingapura já se conta com quase 24 horas de voo.
Aeroporto de Changi
Este aeroporto de Changi é considerado um dos melhores do mundo, e conta-se com a participação dos seus operadores no novo terminal 3 do aeroporto de Guarulhos, junto com grupos brasileiros. A sua dimensão é gigantesca e o seu movimento é dos maiores, mas observa-se que a orientação interna para os seus usuários exige complementações com consultas aos funcionários.
No trajeto do aeroporto para o centro da cidade, no passado se contava com muitos edifícios que se igualavam aos do BNH – Banco Nacional da Habitação no Brasil. Hoje, milhares de edifícios de apartamentos contam com as melhores condições, sendo intercalados com jardins, como se fora o aterro do Flamengo no Rio de Janeiro.
Algo que provoca estranheza para os brasileiros é que o câmbio do dólar de Cingapura é difícil de ser encontrado mesmo nos jornais, quando no Brasil está em todos. Mesmo o câmbio manual não apresenta diferença com as cotações dos comerciais e financeiros, e pode ser efetuado sem o pagamento de comissões. Mostra que existem um estabilidade que se persegue entre os brasileiros.
Mesmo com o desenvolvimento impressionante de Cingapura observa-se que algumas coisas ainda não atingiram o nível do que pode ser encontrado nos grandes centros mundiais. Mesmo com hotéis de qualidade internacional, observa-se que no passado seus serviços foram melhores, como no uso da internet, ou de detalhes de muitas assistências.
Assuntos internacionais ocupam espaços na imprensa como a preocupação com a ébola e os conflitos internacionais. Nos esportes, como a seleção brasileira deverá enfrentar a japonesa na inauguração de um novo estádio local, aparecem notícias sobre as vendas de ingressos, como a convocação de Kaká para a seleção.
Não poderia faltar a notícia da concessão do Prêmio Nobel de Física para os que contribuíram para o desenvolvimento das lâmpadas LED, os cientistas japoneses Isamu Akasaki e Hiroshi Amino, e o norte-americano de origem japonesa Shuji Nakamura, que contribuem para a economia de energia.
Outros assuntos econômicos como a expansão dos investimentos imobiliários com recursos de muitos estrangeiros também acabam ocupando espaços. Os jornais locais ainda não parecem ressentir da falta de anúncios, pois suas edições contam com o número de paginas que não se encontra mais no resto do mundo.
Cingapura firma-se como um centro financeiro de relevância, e é possível que o problema que está ocorrendo em Hong Kong acaba que proporcionando uma ajuda adicional.
3 de outubro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Política | Tags: artigo no The Economist, as manifestações populares em Hong Kong, grandes repercussões no mundo, um problema não só da China | 3 Comentários »
Um problema complexo como o que está ocorrendo em Hong Kong com as manifestações populares exige que apreciações experientes sejam consideradas na sua análise, como a do The Economist que lhe dedica a capa da edição que deve circular neste fim de semana, bem como artigos de profundidade inseridos na edição impressa. Quando Hong Kong acabou sendo absorvido pela China em 1997, saindo do controle inglês, admitindo-se um país e dois sistemas econômicos, eram previsíveis as dificuldades que surgiriam com o passar do tempo. Na ocasião pretendia-se manter Hong Kong como uma abertura chinesa para o resto do mundo.
Visão geral de Hong Kong
A revista considera que o atual problema tem a importância do desafio ocorrido em 1989 na Praça Tiananmen na Capital Beijing. Mais de 100 mil manifestantes, liderados pelos estudantes, exigem a ampliação do seu regime democrático neste território, permitindo que seja eleito seu governador aqueles que desejarem se candidatar, independentemente da indicação do Partido Comunista Chinês comandando por Beijing. No dia 1º de outubro zombou-se do líder do território, Leung Chun-ying que hasteou a bandeira nacional.
As manifestações em marcha estão sendo chamadas de “revolução do guarda chuva”, tanto pelas chuvas que estão precipitando sobre a cidade como por serem meios de proteção contra os gases sprey lacrimogentes que estão sendo lançados pelas forças policiais para conter os manifestantes.
Protestos em Hong Kong
Mesmo com o controle que se exerce na China sobre as informações para a população, variados meios acabam transmitindo para todo o país o que está ocorrendo em Hong Kong. As possibilidades que estes tipos de reivindicações acabem se espalhando são elevadas, o que seria difícil de ser admitindo pelo poderoso Presidente Xi Jinping e o Partido Comunista que não pretendem a implantação do regime político vigente nos países considerados democráticos.
As autoridades estão revelando a possibilidade de uma repressão mais dura, afirmando que podem chegar a situações extremas pelas quais os manifestantes seriam os responsáveis. Algumas organizações como o Occupy Central Love and Peace parece sugerir que seriam semelhantes ao que ocorreu em Wall Street, havendo também os que agrupam estudantes com líderes que estão se tornando conhecidos.
O centro das reivindicações são pelo aumento das liberdades políticas, mas existem protestos de insatisfações econômicas, e veem envolvimentos de milionários chineses manifestando simpatia pela repressão aos manifestantes.
O que se sente é que as autoridades nada podem oferecer para a redução da reivindicações. Há os que pedem a renuncia do atual responsável por Hong Kong, mas o que haveria seria somente a sua substituição por outro que seria indicado pelo governo central.
O fato apontado pelo The Economist é que a situação não apresenta uma saída do impasse. No entanto, a volta das atividades normais em Hong Kong em áreas estratégicas mostram que o pico das manifestações pode ter sido superado, podendo haver um esvaziamento gradual. Mas, parece que há alguns grupos de estudantes que procuram intensificar as pressões, como ocupando edifícios governamentais, forçando uma repressão mais forte que poderia provocar o agravamento da situação. Pode haver uma tendência que resíduos das dificuldades continuem sendo mantidos, com a disseminação destas notícias pelo China e pelo exterior, acabando por fomentar outros centros de insatisfações.
30 de setembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: demanda esperada, dimensões apreciáveis, trabalho conjunto da Serasa Experian e a Data Popular, um estudo sobre a classe média brasileira
Duas organizações de pesquisa, a Serasa Experian já bastante conhecida pelos trabalhos que vem desenvolvendo no Brasil que conta com uma vasta experiência internacional, e a Data Popular, com experiência de mais de 10 anos principalmente nos países emergentes, anunciam que unificaram seus esforços para pesquisas um dos fenômenos mais impressionantes nos últimos anos que é a forte expansão da classe media brasileira. Hoje, a classe classificada como média ou C da população do Brasil chegaria a mais de 108 milhões de pessoas, que gastaram em 2013 algo como R$ 1,17 trilhão, movimentando 58% de crédito do país. Seria da dimensão da 12ª economia no mundo, com mais habitantes que a Alemanha, o Egito e a França.
As informações da pesquisa informam que nos próximos 12 meses estes consumidores da classe média, denominada C, pretendem adquirir dos que chamam bens individuais nos seguintes montantes: 8,5 milhões de viagens nacionais, 7,8 milhões de notebooks, 4,5 milhões de tablets, 3,9 milhões de smartphones e 3,2 milhões de viagens internacionais.
Dos bens que denominam domiciliares, pretendem adquirir: 7,8 milhões de móveis para a casa, 6,7 milhões de aparelhos de TV, 4,8 milhões de geladeiras, 3,9 milhões de máquinas de lavar, 3,0 milhões de carros e 2,5 milhões de casas ou apartamentos.
Estas pesquisas se destinam a orientar as empresas, agências e profissionais de marketing, estudiosos e gestores de políticas públicas. Informam que levaram um ano para levantar estes dados, e informam que segmentaram a população utilizando 400 variáveis, considerando as informações geográficas, demográficas, creditícias e comportamentais, segundo a nota distribuída.
Segundo a Serasa Experian e a Data Popular a Classe Média continuará crescendo, estimando-se chegar a 58% da população brasileira
No trabalho eles classificaram esta classe C brasileira entre 39% que consideram batalhadores, 26% que consideram experientes, 19% que consideram promissores e 16% que consideram empreendedores.
Mesmo sem uma análise mais detalhada da metodologia utilizada, a profunda experiência das entidades envolvidas na pesquisa, há que se considerarem estes dados como confiáveis, para as finalidades que se destinam.
29 de setembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: inovações, também no Brasil a importância das pequenas e médias empresas, uso do on-line
Em todas as economias desenvolvidas, como na Alemanha, no Japão e muitas outras, as pequenas e médias empresas desempenham um papel importante, pois possuem a flexibilidade para introduzir inovações rapidamente. No Brasil também se repete o fenômeno, como mostra o suplemento especial do Valor Econômico publicado hoje sobre o assunto, focando o uso de variados serviços on-line por elas, com destaque nas vendas. Apesar de um crescimento modesto em toda a economia, informa-se o comércio eletrônico, segundo relatório da WebShoppers da E-bit, como consta no artigo de Jacilio Saraiva, na primeira página do suplemento citado. Os crescimentos de todas as empresas chegariam a 26% nominal com relação ao ano passado, sendo que as pequenas e médias representariam 20% deste total, compreendendo 20 mil lojas.
Tudo indica que os jovens e a população que usa a internet para o seu trabalho apresentam uma demanda maior, confiando nas empresas que utilizam estas facilidades, proporcionando as entregas se socorrendo dos Correios e empresas especializadas nas entregas nos locais indicados, com a rapidez indispensável. Os pagamentos costumam ser efetuados com os cartões e as qualidades dos produtos oferecidos costumam corresponder aos descritos. A quantidade de operações que acabam gerando problemas como devoluções e outras pendências, pelo que se saiba, continuam sendo desprezível.
Evidentemente, além das pequenas e médias empresas cuidarem da produção de alguns produtos, necessita contar com as promoções de seus produtos, além de contar com um serviço de logística que permita localizar os produtos prontos num estoque, para serem enviados, via os sistemas de entrega para os consumidores. As cobranças envolvendo cartões apresentam alguns custos que não são desprezíveis no Brasil, mas evitam os riscos das inadimplências.
O que o suplemento parece sugerir é que as pequenas e médias empresas que são apoiadas pela Sebrae – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas não procurem concorrer com as grandes que já possuem experiências acumuladas nestes tipos de operações. O suplemento apresenta muitos artigos que relatam as experiências variadas destas empresas.
Já existem muitas empresas especializadas na prestação de serviços para pequenos e médios produtores, trabalhando com uma gama mais ampla de produtos. Como a escala acaba sendo relevante como em qualquer empreendimento, observam-se muitos prestadores de serviços, dependendo dos produtos que envolvem volumes variados, além de atenções diferenciadas aos consumidores.
Como este segmento é relativamente novo, nota-se que muitas empresas e bancos que desejam ter as novas pequenas e médias se interessam em apresentar seus anúncios nestes suplementos, acabando por sustentar um suplemento de 24 páginas, tornando-se interessante para os jornais.
29 de setembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: artigo no Japan News do grupo Yomiuri Shimbun, estrangeiros morando nas habitações públicas de Saitama, japoneses residentes no exterior, pequenos problemas de costumes
Um interessante artigo de Yuki Sato foi publicado no site do Japan News, que é do grupo Yomiuri Shimbun. Refere-se ao aumento de estrangeiros que vivem nas habitações de administração pública da província de Saitama. Ao mesmo tempo, são frequentes as notícias sobre japoneses, principalmente aposentados, que moram em outros países asiáticos, onde os custos de vida são mais baixos que no Japão. O artigo informa sobre muitos estrangeiros da Omiya Higashi-Miyashita de Saitama de administração pública, cujos custos são inferiores aos de gestão privada. Existem pequenos problemas de hábitos destes moradores semelhantes aos que sempre existiram com os chamados dekasseguis, trabalhadores temporários de origem nikkei, que diferem da população local, efetuando-se esforços para estes ajustamentos reconhecendo que a globalização implica nesta convivência.
É preciso que seja considerado que as autoridades japonesas só concedem vistos para residência no Japão para os chamados expatriados, ou seja, que exerçam atividades profissionais naquele país, ou como empresários, ou como funcionários de empresas estrangeiras ou japonesas, que necessitam de recursos humanos diferenciados. A exceção, temporária é com os descendentes de japoneses até a terceira geração, no momento, entre os quais estão os brasileiros e outros latino-americanos. Só que esta temporariedade está se tornando permanente, dada à redução da população no Japão. Há também asiáticos que vão ao Japão para estudos ou outras atividades, e acabam ficando quase permanentes naquele país.
Casal de paquistaneses que vivem no Omiya Higashi-Miyashita
Este casal paquistanês já vive 25 anos no Japão trabalhando numa loja de móveis e o grosso de suas receitas são enviados para os parentes na sua terra natal. Vivem modestamente num apartamento administrado pelo setor público da província de Saitama, estão satisfeitos, e consideram que o seu custo é 30% abaixo dos privados. Estes casos estão aumentando no Japão.
Tudo indica que o padrão de vida destes estrangeiros são modestos quando comparados com os dos japoneses, e eles estão acostumados com isto, pois as condições que enfrentavam nos seus países de origem eram mais precários ainda. Se conseguirem enviar recursos para seus parentes, eles se consideram satisfeitos.
O que se constata é que os aposentados japoneses que estão procurando viver no exterior, contam com recursos que são inferiores aos exigidos pelos padrões do Japão, e procuram países onde os custos de vida são baixos, ao mesmo tempo em que as aplicações financeiras podem proporcionar complementos à suas aposentadorias.
Também são frequentes as situações onde muitos estrangeiros trabalham por longos anos, estando acostumados com os hábitos habitacionais, preferindo continuarem nestes países mesmo depois de aposentados, usufruindo de facilidades com que não podem contar no Japão, como auxílios nas tarefas domésticas, facilidades de condução e outras pequenas conveniências.
Tudo isto leva a consideração que a globalização, além dos fluxos de capital e financiamentos, acaba exigindo uma flexibilidade na mobilidade dos recursos humanos, e mesmo havendo restrições, até existem casos que implicam em risco de vida, como de imigrantes de países extremamente pobres para os Estados Unidos ou a Europa.
Se até o Brasil é receptor de muitos imigrantes latino-americanos e africanos, há que se considerar que existem necessidades de regulamentações que facilitem os deslocamentos legais, pois muitos tentarão mesmo na clandestinidade.
26 de setembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: competitividade brasileira, industrialização, suplementos do Estadão e do Valor Econômico, transparência contábil
Ainda que os candidatos aos principais postos nas próximas eleições não venham travando um debate adequado dos programas que deveriam defender, nota-se nas proximidades das mesmas um aumento da discussão na sociedade brasileira de assuntos relevantes, pelos eventos que muitos meios de comunicação social do país estão promovendo. Os jornais O Estado de S.Paulo e Valor Econômico destacam-se nas edições de hoje, pelas publicações dos suplementos Fóruns Estadão Brasil Competitivo, além dos Especiais sobre a Reindustrialização e sobre a Transparência contábil, que poderiam ser aperfeiçoados, mas são boas bases para discussões que deveriam se prolongar entre os que pensam o Brasil e seus problemas. Alem dos assuntos importantes abordados pelos próprios jornalistas nos seus artigos nas suas pautas habituais.
O Estadão promoveu um debate entre personalidades que participaram da administração pública bem como outros representantes de entidades de classe ou centros acadêmicos, cujos pontos principais são publicados no suplemento. A competitividade, o custo Brasil, modelos de crescimento, agências reguladoras, os problemas do agronegócio, desperdícios dos recursos públicos e outros aspectos relacionados acabam de receber subsídios adicionais, com respeitáveis pontos de vistas de diversos ângulos. Eles todos podem ser acessados no suplemento publicado.
No Valor Econômico está o suplemento tratando da reindustrialização e da transparência contábil. Em que pese a preocupação de conseguir contribuições de representes de diversos setores que ligam destes assuntos, que são inesgotáveis, notam-se algumas ausências lamentáveis, possivelmente diante da falta de empenho da parte dos serviços relacionados com os meios de comunicação social em algumas entidades. Por exemplo, ainda que a FEAUSP – Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária, tenha quadros expressivos que estão contribuindo com o aperfeiçoamento das auditorias no Brasil e no mundo, não se nota depoimentos ou artigos destes profissionais.
O que parece importante é que estes subsídios estejam conectados com a classe política, tanto dos candidatos que estão envolvidos no pleito próximo, como dos que estarão fazendo parte do Congresso, que deve expressar a vontade popular. Mesmo que estes conhecimentos dos especialistas sejam relevantes, se não forem transmitidos adequadamente para aqueles que disputam as eleições, ou podem influir nas suas orientações, tudo ficará como estudos meramente acadêmicos.
Certamente, muitas destas discussões deverão estar subsidiando os auxiliares que estão envolvidos na campanha, mas até agora parece que o papel dos chamados marqueteiros parecem estar ressaltados, com as agressões que podem atingir alguns candidatos, mas em nada contribuem para programas construtivos para a sociedade brasileira.
26 de setembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias, Gastronomia | Tags: 8º Paladar Cozinha do Brasil, ampliação constante., dependências do Anhembi Morumbi Vila Olímpia, evento realizado nos dias 20 e 21 de setembro, suplemento do Estadão
Um suplemento Paladar publicado pelo jornal O Estado de S.Paulo informa com detalhes o que foi o amplo evento realizado nos dias 20 e 21 de setembro nas dependências do Anhembi Morumbi Vila Olímpia, em São Paulo, que pelo oitavo ano vem comprovando o elevado interesse de todos quantos estão ligados com a culinária no Brasil. Chefs já consagrados ao lado de outros menos conhecidos procuram divulgar suas habilidades utilizando matérias primas até pouco conhecidas, disponíveis na imensidão deste país, com as suas acentuadas diferenciações regionais. O local escolhido, o Anhembi Morumbi da Vila Olímpia, por ser uma escola tradicional de culinária, dispõe das condições adequadas para as diversas “aulas” e palestras que foram dadas, onde os participantes tiveram oportunidade de ver os mais conhecidos preparando desde pratos sofisticados até os mais simples. A novidade que está ganhando força também em São Paulo é o que está se divulgando como cozinha de rua, apresentado de forma simples.
Informa-se que o evento contou com a participação de chefs que já conquistam um prestígio elevado na população, principalmente nos segmentos interessados nas leituras novas que estão sendo dados até para as culinárias mais tradicionais das diversas regiões brasileiras. Mas, também os que atuam nos restaurantes mais cotados do Brasil atraindo novos profissionais que desejam conhecer parte dos segredos que os tornaram tão prestigiados. Como, além de acompanharem as preparações, contam com oportunidades raras para experimentares os resultados dos trabalhos, não há como não interessarem tanto os profissionais da culinária como os que comentam nos meios de comunicação as novidades que continuam sendo lançadas no Brasil. Muitos ingredientes pouco conhecidos também são apresentados, mas há que se considerar que nem sempre estão disponíveis de forma regular, de forma que possam ser utilizados profissionalmente. O que muitos estão tomando conhecimento é sobre a disponibilidade de muitos queijos, ainda preparados artesanalmente, que se diferenciam como já existem em centros tradicionais e oferecidos regularmente em estabelecimentos especializados.
Quando se fala em culinária, não se podem separar as bebidas que os acompanham. Tanto os vinhos como cervejas artesanais, além dos destilados com grande variedade estão mostrando que neste país existem produtos de qualidade que até estão sendo conhecidos no exterior.
Mas, é interessante que também chefs já conhecidos estão apresentando de forma mais popular as suas criações, como se fosse comidas de rua, para que um público mais amplo possa conhecer parte dos seus trabalhos, que são apreciados mais nas alimentações cotidianas, apresentando algo mais do que pode ser encontrado normalmente.
Muitas das receitas apresentadas nestes eventos também estão ficando disponíveis pelos meios eletrônicos, proporcionando a possibilidade de acesso também daqueles que não tiveram a oportunidade de comparecer pessoalmente neste tipo de evento. O que fica muito claro é que o público interessado na culinária continua numa acentuada expansão, deixando de ser somente uma moda, mas uma tendência para a melhoria da alimentação.
Mas, parece que para estes conhecimentos sejam consolidados, há que se ter a consciência que muitos trabalhos ao longo do tempo terão que ser exercidos, não sendo somente algo que possa ser experimentado como algo simplesmente criativo. Para que tenham uma verdadeira qualidade, é preciso entender que muito trabalho e esforço foram acumulados ao longo de muito tempo. Tudo exige muito trabalho acumulado.
24 de setembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: as dificuldades que vão além do abastecimento de água, cuidados adicionais, desperdícios, problemas energéticos
Um artigo publicado por Mac Margolis que coopera com diversos jornais internacionais no site da Bloomberg nos leva a algumas reflexões diante da forte seca em São Paulo, que prejudica sobretudo o abastecimento de água nesta grande metrópole. Mas, também coloca em risco o fornecimento de energia elétrica, que passa a depender de outras fontes que a hidroelétrica, com custos mais elevados, alem de outras consequências que exigem alterações no comportamento da população. Sabe-se que o problema não se resume a seca, pois há mais de 50 anos vem se apontando esta possibilidade, exigindo medidas para o suprimento de localidades distantes, o que nunca foi providenciado. Os especialistas em problemas hidráulicos da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo já recomendavam que se providenciassem abastecimentos como do Vale do Ribeira, que além de uma distância apreciável, exigiria a elevação da água por mais de 500 metros de diferenças de altitudes.
Na realidade, os brasileiros adquiriram uma cultura como se todos os suas necessidades fossem atendidas pela Providência, e que não haveria carência de investimentos para prover as suas demandas, num país abençoado pela natureza. Os custos destes abastecimentos nunca foram considerados e desperdícios foram praticados ao longo do tempo, sequer providenciando para que possíveis vazamentos na rede de abastecimento fossem coibidos. Nunca que providenciou o reaproveitamento da água utilizada, deixando que a poluição se tornasse um problema hoje difícil de ser contornado. Agora, premido pela necessidade, muitas alterações terão que ser providenciadas, talvez com custos mais elevados.
Situação crítica na Reserva de Cantareira
O autor do artigo estranha que a imagem do Governador Geraldo Alckmin ainda não esteja sendo afetado segundo as pesquisas de opinião para a próxima eleição. Com esta seca, além do abastecimento de água, também a produção agrícola brasileira já começa a ser afetada, tornando-se também um problema nacional, como também é o problema da energia elétrica.
O que se espera com esta dura lição é que o Brasil reformule sua cultura com relação ao abastecimento do que hoje é providenciado pela natureza. Há que se antecipar, como já era feito no passado, algumas medidas de longo prazo que assegurem as necessidades mínimas para a população, com a clara consciência que existem custos, e os pesados investimentos necessitam ser providenciados.
Não se trata somente de água e energia elétrica, mas outras limitações existentes no Brasil precisam ser encaradas, não se imaginando que os problemas podem ser resolvidos sem sacrifícios, como a atual campanha eleitoral, infelizmente, vem enfatizando pelos mais variados candidatos.