Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

110 Anos da Morte de Lafcadio Hearn no The Japan Times

24 de setembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: Lafcadio Hearn que se tornou Yakumo Koizumi, para muitos o melhor interprete das coisas japonesas, professor na Universidade de Tokyo e de Waseda

Num artigo escrito por Roger Pulvers, autor de mais de 40 livros em inglês e japonês, publicado no The Japan Times, examina-se o legado do Lafcardio Hearn nascido grego, que se naturalizou japonês adotando o nome de Yakumo Koizumi, considerado por analistas como um dos melhores interpretes das coisas japonesas. É uma comemoração dos 110 anos de sua morte, ele que foi professor das Universidades de Tokyo e de Waseda, tendo morado no Japão por mais de 14 anos, na virada para o século XX. Sua contribuição teve períodos em que ficou esquecido como consequência da guerra do Japão com a Rússia, mas ele que faleceu em 1904 passou a ser reconhecido nos Estados Unidos que admitiam a importância japonesa, até a eclosão da Guerra do Pacífico, no final da Segunda Guerra Mundial. Reconheceu se que o Japão no século XIX despertava a atenção mundial de sua importância cultural, como se observou na sua influência na Europa no seu modernismo e no acervo do Museum of Fine Arts de Boston, atualmente exposto no The Ueno Royal Museum de Tóquio.

clip_image002  Lafcardio Hearn, que passou a chamar-se Yakumo Koizumi, depois de naturalizado japonês

Neste período muitos professores estrangeiros se encontravam na Universidade Imperial de Tokyo, com destaque para Basil Hall Chamberlain que orientou e ajudou Lafcardio Hearn, como menciona o brasileiro Oliveira Lima que também se encontrava na ocasião como diplomata no Japão, ele que mencionou também os primeiros escritos do homenageado falando das coisas boas daquele país.

O que se pode comentar sobre seus trabalhos é que tinha uma visão apaixonada do Japão, a ponto de se tornar japonês, inclusive mudando o seu nome para o usado localmente. Na minha particular avaliação, Oliveira Lima tinha uma visão mais equilibrada, capaz de ver também os aspectos negativos, tendo uma referência europeia para observar o que acontecia no país no período da Era Meiji, bem como sua verdadeira alma.


Educação de Alta Qualidade Pela Internet

22 de setembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias, Educação | Tags: artigo no Estadão, o Coursera, parceiros brasileiros, programas em português | 2 Comentários »

Um importante artigo foi publicado por Camilo Rocha no jornal O Estado de S.Paulo sobre a visita ao Brasil de Daphne Koller, presidente da maior plataforma mundial de aulas online conhecido como Coursera, aberto para as massas, sistema que é conhecido nos Estados Unidos como Moocs. Somente do Brasil já existem 300 mil alunos nesta plataforma, figurando depois dos Estados Unidos, a Índia, a China e o Reino Unido, quando os chineses possuem o esquema de maior apresentação em mandarim, e os demais países utilizam o inglês como idioma. No Brasil, com a ajuda da Fundação Lemann estão sendo traduzidas e adaptadas muitas aulas das grandes universidades norte-americanas, em português, que são oferecidos gratuitamente, atendendo as demandas dos estudantes brasileiros que reconhecem as limitações das ofertas de educação de alta qualidade. Agora serão incorporadas aulas em colaboração com a USP – Universidade de São Paulo e a UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas.

clip_image002                                           Dephne Koller, presidente da Coursera

A íntegra do resumo da entrevista com ela está no link: http://blogs.estadao.com.br/link/coursera-chega-ao-brasil/. As informações podem ser complementadas sobre as iniciativas com a USP e a UNICAMP pelo link: http://blogs.estadao.com.br/link/aulas-online-permitem-cursos-customizados/.

Dephne Koller explica que os cursos nos Estados Unidos também são gratuitos, mas os certificados das conclusões dos cursos são cobrados, sendo que naquele país estes são aceitos para os empregos nas grandes empresas. Ela espera que no Brasil também, como o maior conhecimento destes cursos, as empresas venham a considerar as conclusões dos mesmos para a seleção de pessoal.

Reconhece que no Brasil ainda existe uma insuficiência da oferta de cursos de alta qualidade, ao mesmo tempo em que muitos estudantes não dispõem das condições para frequentarem os cursos regulares, com os quais este esquema não pretende competir. Muitos estão efetuando os cursos pela internet, diante do reconhecimento que a educação é o meio mais adequado para a ascensão social.

O que está se cogitando com a UNICAMP são cursos personalizados que atendam as necessidades de cada estudante, segundo informações do pró-reitor, João Frederico Meyer. Também o diretor executivo da Fundação Lemann, Denis Minze explica esta característica personalizada.

Espera-se que estas inovações e aperfeiçoamentos tenham um grande impacto na melhoria dos recursos humanos brasileiros, que seria relevante para o processo de aceleração do desenvolvimento econômico, político e social do Brasil.


Reflexões Sobre Hiroshima

22 de setembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: documentário do National Geographic, lembranças próximas ao bombardeio, outras documentações que foram secretas, quase 70 anos depois, visita a Hiroshima

Todos os seres humanos deveriam, para completar a sua educação, tomar conhecimento de um mínimo de documentação preservada sobre os efeitos da bomba atômica de Hiroshima no dia 6 de agosto de 1945, mesmo não sendo um pacifista fanático. Um documentário exibido pela National Geographic, no programa de televisão chamado Top Net Geo Deal me conduz à reflexão sobre os mais gritantes e lamentáveis acontecimentos daquela data de 1945 e todos os que se seguiram, pelos indescritíveis crimes cometidos pelas autoridades norte-americanas que perpetraram um dos maiores crimes da humanidade, que continuam sendo subtraídos do conhecimento de todos. Como afirma uma das vitimas de Hiroshima no documentário, não para nenhum sentimento de vingança, mas para que todos tenham consciência dos efeitos de um bombardeio atômico, para que nunca mais se repita tal crime.

No primeiro momento depois do bombardeio atômico de Hiroshima as autoridades norte-americanas ainda não tinham consciência da enormidade do horror que tinham cometido. Tanto que muitas revistas, inclusive as norte-americanas como Life, importante naquele período, e outras publicações japonesas retratavam todos os horrores com as fotos mais chocantes que vi quando ainda criança. Hoje, algumas delas estão disponíveis até pela internet. Sabe-se agora que as autoridades norte-americanas confiscaram todas as imagens, passando a considera-las “top secret” até 1952, e ficaram com o seu acesso restrito aos cientistas que estudavam os efeitos da bomba sobre os seres humanos vitimas da bomba, como todos os tipos de construções do tipo que restaram em Hiroshima. Mas sabiam que a explosão a alguma altura do solo provocaria estragos mais violentos, que não sabiam ainda dimensionar, provocando o famoso cogumelo que hoje é de conhecimento de todos.

clip_image001                                      Cogumelo formando pela explosão atômica

A todos que visitam hoje Hiroshima, no Museu que reúne muitas coisas relacionadas com a bomba atômica que destruiu a cidade ainda expõe fotos e materiais que demonstram parte dos horrores, que só conseguem ser acompanhados pelos que possuem um espírito mais forte. Fica quase ao lado do monumento erguido para lembrar a todos a necessidade da Paz. Na cidade ainda estão preservados os restos do que restou dos poucos edifícios cujas paredes ficaram ainda de pé.

Neste site já foram apresentados notícias sobre os exames periódicos a que estão sendo submetidos às vitimas sobreviventes do bombardeio, inclusive os que vivem no Brasil. O documentário da Top Nat Geo mostra cenas em que uma adolescente precisa se despir para exibir o seu corpo que foi mutilado perante um grupo de cientistas, ainda que se sentisse extremamente constrangida pelo ato e nenhuma responsabilidade tivesse sobre o bombardeio. Alega-se que os conhecimentos que vieram sendo acumulados nestes quase 70 anos, e que são muitos, devem ajudar a humanidade para cuidar das possíveis vitimas de radiações como os provocados por acidentes do tipo de Chernobyl, Fukushima ou até em Goiânia aqui no Brasil, com um acidente com parte de um equipamento médico.

Tanto era o criminoso desconhecimento das autoridades norte-americanas que experiências foram efetuadas no Atol de Bikini, inclusive com tropas de soldados norte-americanos postados a várias distâncias do centro da explosão.

A reflexão que pode ser feita é sobre a condenação de criminosos de guerra de muitos povos pelos norte-americanos, que poderia ser considerado justo em termos internacionais. Sem nenhuma posição partidária, parece que os Estados Unidos ficam sem autoridade moral se os responsáveis pelas atrocidades cometidas em Hiroshima e Nagasaki continuam sem merecer nenhuma palavra de condenação, sob a justificativa que muitas vidas seriam sacrificadas num desembarque no território japonês no final da Segunda Guerra Mundial.


Escolas Primárias Internacionais Para Japoneses

22 de setembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: escolas internacionais no Japão, mecanismos alternativos, os problemas dos filhos de expatriados

Um longo artigo publicado no The Japan Times elaborado em conjunto por Teru Clavel e Minori Kawakami informa sobre a disponibilidade de algumas escolas internacionais para os filhos de japoneses no Japão. Estas escolas existem em diversos países, principalmente para atender os filhos de funcionários expatriados, mas também estão sendo utilizados por japoneses que estudaram no exterior e entendem que as escolas japonesas são para seus filhos demasiadamente padronizados, principalmente quando comparadas com as norte-americanas e outras estrangeiras, que permitem maior liberdade para os alunos questionarem inclusive os professores. Este artigo pode ser acessado, em inglês, no: http://www.japantimes.co.jp/community/2014/09/14/issues/all-japanese-families-take-a-chance-on-international-schools/#.VBn4m_9OVLM.

Segundo uma nota explicativa daquele jornal, Teru Clavel é um colaborador regular deles e Minori Kawakami é a mãe de uma aluna do Nishimachi International School, que pretende estudar numa Universidade norte-americana no futuro. Muitos consideram que a sociedade japonesa é exageradamente homogenia comparada com outras e no futuro a tendência será a de maior globalização, optando que seus filhos já tenham estas experiências desde as escolas primárias, ainda que existam muitos problemas de ajustamentos tão complexos. Como esta escola, existem muitas outras no Japão que atendem principalmente os filhos de estrangeiros que trabalham e moram naquele país.

As experiências de brasileiros expatriados, funcionários de empresas ou diplomatas, indicam a conveniência de que seus filhos tenham uma raiz fixa, por exemplo, no Brasil, para adquirirem outras habilidades em países estrangeiros, sem o que podem correr o risco de ficarem desorientados. Se seus pais desejam conhecimentos de línguas estrangeiras ou outras experiências, existem muitos programas como os chamados “home stay”, estágios que os preparam para estudos posteriores no exterior.

A experiência europeia, nos cursos universitários, é de um período final dos cursos serem efetuados em outros países, pois se acaba exigindo, no mínimo, o domínio de três línguas, além outros conhecimentos culturais diferenciados.

Evidentemente, como todas as famílias apresentam necessidades diferentes, a disponibilidade de alternativas é sempre interessante. Mas, também existem crianças com personalidades diferentes que merecem ser respeitadas, evitando-se a sua desorientação com a exagerada exigência dos seus pais.

O conhecimento de culturas diferentes sempre é enriquecedor, principalmente no atual mundo globalizado. No entanto, parece que se deve evitar o exagero, pois todos os seres humanos parecem necessitar de uma pátria, ou onde estão as suas raízes. A partir deste ponto, parece que todas as demais experiências podem ser somadas.


Aspirações Pela Educação de Tempo Integral no Primário

19 de setembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias, Educação | Tags: o aumento de alternativas no setor privado, problemas existentes, suplemento do Estadão sobre educação de tempo integral

No Estado de São Paulo está se verificando uma multiplicação de escolas particulares para o ensino fundamental, de forma que em três anos os alunos matriculados aumentaram em 77%. Os pais dos alunos estão preferindo que seus filhos, ao invés de frequentarem diversos estabelecimentos para completarem a sua educação, estão preferindo as escolas que em tempo integral também proporcionam outras atividades alem das normais. Um suplemento sobre educação do jornal O Estado de S.Paulo fornece informações à respeito, havendo muitos anúncios de escolas que estão proporcionando estes tipos de ensino, que não se resume somente ao ciclo fundamental.

Sempre houve escolas em São Paulo com a fama que qualificavam os seus alunos para superarem os vestibulares para os cursos superiores. Um dos complementos eram os ensinos de língua, que ao invés de estabelecimentos especializados, eram dados junto com os ensinos convencionais. As informações são que muitos alunos pretendem completar as suas formações no exterior. Muitas escolas estão, ao lado do aumento do tempo em que os alunos ficam no estabelecimento, pensam numa formação mais ampla, como aulas para o ensino do cultivo de alimentos que fazem parte do cotidiano das crianças. Os aparelhamentos utilizados também estão se sofisticando, havendo muitos que contam com a informática que também é utilizada pelos alunos, mudando fundamentalmente as técnicas de ensino.

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Também existem algumas escolas públicas que estão proporcionando ensino de tempo integral, com muitas localizadas no interior do Estado de São Paulo que são acompanhadas pelos pais mais interessados. Existem até as que efetuam pesquisas em conjunto com entidades de ensino superior, para estimularem os alunos aos trabalhos didáticos mais intensos.

Evidentemente, os pais com formações mais sofisticadas se interessam nas pesquisas das instituições que podem proporcionar um ensino de qualidade para seus filhos. Costumam ser de nível econômico mais elevado, pois estes cursos acabam sendo tendo custos mais elevados. Alguns estão constatando que as públicas também são competitivas com as privadas.

Como existe um exagero na importância atribuída ao nível de aprovação nos vestibulares, muitos pais procuram examinar com profundidade o tipo de ensino, para garantirem aos seus filhos uma formação mais integral, que não seja somente marcado pela ênfase na concorrência.

Existem até pais que escolhem escolas diferentes para seus muitos filhos, considerando as características pessoais de cada um deles. Também a praticidade do que é ensinado, com exemplos dos usos cotidianos acabam sendo aproveitados.

O que se espera é que estes tipos de inovações que começaram em algumas escolas tendam a se generalizar-se pelos ensinos básicos de todas as escolas, começando por Estados mais privilegiados, mas que já existem também em algumas localidades onde os pais estão mais interessados e atualizados.


Importância da Logística na Economia Brasileira

18 de setembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: aproveitamentos possíveis, atividades internacionais, da produção para os consumidores, dimensão brasileira

Mesmo que a logística seja importante em qualquer econômica, quando se trata de uma economia como a brasileira que ocupa uma grande extensão territorial ela ganha uma relevância maior. As zonas de produção se espalham por todo o território e mesmo com a concentração dos consumidores pelos grandes centros, o que vem se verificando é o aumento da importância das regiões que antes eram considerados menos desenvolvidos. As distâncias que necessitam serem cobertas são grandes e com a deficiência histórica das ferrovias no Brasil, as rodovias ganharam importância, ainda que não sejam as mais recomendáveis para grandes distâncias. Mesmo que haja alguns aproveitamentos dos transportes fluviais, a grande maioria dos rios brasileiros não corre na direção que seria mais conveniente, salvo na bacia Amazônica. Em que pese o grande litoral brasileiro, a navegação de cabotagem sempre enfrentou obstáculos que não permitem o seu pleno aproveitamento.

Nos relacionamentos com o exterior, sempre se contou com o transporte marítimo para as importações, e foram efetuados esforços para viabilizarem as exportações. Mas, todos acabam exigindo transportes multimodais, pois os grandes centros consumidores como produtores brasileiros continuam localizados longe dos portos, havendo necessidades variadas para os deslocamentos necessários, bem como localização dos pontos de estocagem das mercadorias.

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Um suplemento setorial de importância acaba sendo publicado já com regularidade pelo jornal Valor Econômico, fazendo um balanço bastante completo sobre o que existe em matéria de logística no país, bem como os graves problemas ainda enfrentados, pela falta de investimentos em todos estes sistemas de transportes que permitam o seu funcionamento eficiente.

Os grandes desafios sempre foram às cargas de retorno, pois muitos transportes de grandes massas continuam sendo feitos a granel, e o desejável seria contar com outros correspondentes em sentido contrário. Quando são de cargas de produtos industrializados, muitos hoje em conteiners, sempre existem formas de aproveitamento das capacidades de transportes para outras mercadorias, ainda que de características diferentes.

O grande problema está na logística que dá apoio ao comércio internacional, que ainda conta com minérios e commodities agrícolas que são transportados a granel. Como os produtos importados são normalmente manufaturados, transportados em conteiners, acaba havendo um desequilíbrio dos seus fluxos. Há que se imaginarem formas criativas que permitam que os mesmos sejam utilizados para outras cargas de retorno, aproveitando as capacidades existentes.

Tanto as empresas brasileiras como estrangeiras que operam com a logística no Brasil estão plenamente capacitadas para trabalhos eficientes. Algumas ineficiências que se encontravam no setor público passam a ser supridas com as privatizações, que ainda não são completas. E existem regulamentações que necessitam ser removidas dos obstáculos que apresentam para os fluxos eficientes.


A Confusa Situação da Segurança Internacional

16 de setembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Política | Tags: dificuldades dos envolvimentos, falta de mecanismos internacionais adequados, os problemas do Estado Islâmico, quadro complexo

O problema agravado pelas divulgações internacionais dramáticas das decapitações de jornalistas pelo Estado Islâmico está em todos os meios de comunicação do mundo, mas as medidas até agora tomadas não parecem contar com a operacionalidade adequada para enfrentar esta lamentável situação. A revista The Economist costuma apresentar uma avaliação ponderada, mas até ela parece confusa com a complexidade do quadro, avaliando que sua solução demandará muito tempo, exigindo paciência de todos. Comenta o pronunciamento de Barack Obama sobre o assunto aproveitando o aniversário do ataque às Torres Gêmeas, considerando o Estado Islâmico um câncer, com o qual todos concordam. Mas, sua intenção de só proporcionar ataques aéreos, além de oferecer limitada assistência técnica ao Iraque indica a lamentável perda do poder dos Estados Unidos para interferir em questões internacionais desta natureza e até de organizar uma coalizão de países para tanto.

A medida da complexidade do atual problema pode ser dado pela lamentável participação de norte-americanos e ingleses radicais nas ações do Estado Islâmico, alem da adesão de muitos países árabes para o seu combate, inclusive a disposição do Irã. São notórias as dificuldades da maioria dos grandes países ocidentais no envolvimento de suas tropas nas operações territoriais, que sofre uma forte rejeição de suas populações. Ao mesmo tempo, organismos internacionais como as ONU – Nações Unidas, ou a NATO – Organização do Tratado do Atlântico Norte não contam com condições operacionais para interferir num quadro tão dramático.

clip_image002                                   Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama

O The Economist que a proposição genérica de Barack Obama só funcionará se o Oriente Médio começar a superar o caos em que se encontra, com a lamentável política externa dos Estados Unidos nos últimos anos. Todos sabem, infelizmente, que borbardeios aéreos, por mais intensos que sejam, não conseguem desorganizar o Estado Islâmico que nem se sabe com quantos membros contam, e na medida em que inocentes civis são atingidos as resistências mundiais acabam se agravando.

Considerando um inimigo maior o Estado Islâmico até se aceita as participações da Síria, quando os Estados Unidos não conseguiram equacionar adequadamente a situação do Iraque, depois de muitos recursos humanos e materiais lá sacrificados. Outras participações de países árabes sempre são complicadas, pois existem problemas etnicos alem de diversas facções que possuem orientações diversas, inclusive do ponto de vista religioso.

Mesmo entre os demais aliados ocidentais com que os Estados Unidos possam contar, existem muitos problemas políticos que estão sendo enfrentando, tanto com as eleições como o estado ainda precário de suas economias. Se existem problemas como da atual NATO que é regional, as dificuldades de se chegar a um mínimo de consenso na ONU aparenta ser mais difícil.

Um detalhe a ser observado é que os jornalistas decaptados pelo Estado Islâmico usavam uniformes idênticos com os utilizados pelos prisioneiros de Guantanamo, que Barack Obama prometeu fechar, mas não teve condições para tanto.

Tudo indica que é preciso haver uma clara consciência que estas guerras atuais não são as convencionais, aparentando ser mais de guerrilhas, como as que foram enfrentadas no Vietnã e em muitas outras intervenções mais recentes, quando não fica muito claro quem é inimigo e quem é amigo.


WSJ Comenta Alibaba no E-Commerce com o Brasil

15 de setembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias, Tecnologia | Tags: a moda e seus perigos, mercado brasileiro de e-commerce, quantidade de notícias ligadas à Alibaba

Neste período em que o grupo chinês Alibaba procura concluir sua gigantesca operação de captação de recursos utilizando o mecanismo da IPO no valor recorde que deve chegar a US$ 24 bilhões, há que se admitir a competência de seus dirigentes para inundar os veículos de comunicação social do mundo com as mais variadas notícias sobre as operações do grupo, ainda que sempre caibam dúvidas respeitáveis sobre alguns dos produtos vendidos. Os brasileiros são suscetíveis às modas, sem avaliar todos os seus riscos. Com a ascensão de muitos consumidores brasileiros para a classe média, ampliaram-se os consumidores desejosos de pechinchas, navegando pela internet procurando oportunidades, segundo analistas destes tipos de atividades, que coloca no Brasil entre os cinco maiores consumidores utilizando estes mecanismos, segundo um artigo publicado no The Wall Street Journal de autoria de Loretta Chao, com a contribuição de Paulo Travisini de Brasília.

O artigo cita casos de compradores que considerados os preços oferecidos vantajosos comparados com os praticados no Brasil, mesmo com as tributações a que estão sujeitos na alfândega e as demoras nas suas liberações. Quando o Presidente chinês Xi Jinping esteve em Brasília visitando a Presidente Dilma Rousseff conseguiu acordos com os Correios do Brasil para acelerar a redução dos procedimentos burocráticos. Mas, o que vem se constatando é que muitos produtos comercializados pela Alibaba estão sendo questionados como falsificações, notadamente nas de algumas griffes. Mesmo assim, a Alibaba considera que o Brasil é onde suas atividades devem se expandir nos próximos anos, mesmo que este nome seja associado no país com os 40 ladrões.

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Um dos sites utilizados pelo grupo apresenta suas ofertas em português, e os isentos de tributações de importações devem estar abaixo de US$ 50, havendo ainda uma taxa que eles cobram por encomenda.

Outros grupos que atuam nesta faixa de mercado também estão promovendo importações, como os provenientes da China. A pouca importância que o Brasil veio adotando para a expansão de suas atividades no exterior não vem permitindo um razoável equilíbrio nestas operações de comércio internacional, que deveria contar com um volume também de exportações nesta faixa.

Muitos afirmam que o câmbio seria um fator fundamental, mas é preciso considerar que também existem muitas outras iniciativas que devem tornar os produtos brasileiros competitivos, incluindo a logística, todos os procedimentos burocráticos, alem das tributações que devem incidir tanto sobre os produtos acabados como matérias primas e componentes envolvidos, alem dos encargos sobre os custos de mão de obra.


Notícias Alvissareiras Sobre as Livrarias Japonesas

12 de setembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: livrarias japonesas reagindo as vendas pela internet, livros em línguas estrangeiras, notícias no Japan News

Entre as livrarias no mundo, as japonesas sempre foram as mais atraentes, tanto para aquisições de livros novos e usados como materiais correlatos como os utilizados em escritórios. Como o professor Antonio Delfim Netto costumava frequentar muitos estabelecimentos espalhados pelo mundo, ele ficava impressionado com a limpeza, organização e profissionalismo que encontrava nestes estabelecimentos no Japão, que se diferenciavam do resto do mundo. Eles também organizavam catálogos até de livros usados que eram enviados para os clientes habituais, e podiam ser adquiridos até do Brasil, ainda que seus preços fossem mais elevados devido ao câmbio. Uma parte dos livros que constituíram o acervo de sua biblioteca, hoje doada para a FEA-USP Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária da Universidade de São Paulo, a maior que foi formada por um particular, foi constituído desta forma.

Num artigo escrito por Hiroko Ihara, publicado no site do jornal Japan News traz notícias alvissareiras que as livrarias japonesas estão reagindo às Amazons da vida, ampliando suas instalações para estantes com livros físicos, notadamente em línguas estrangeiras, para atender os clientes que gostam de folhear os livros, examinando seus conteúdos antes de comprarem. Famosas livrarias como a Maruzen de Tóquio informam que passaram o seu departamento de livros em idiomas estrangeiros, notadamente em inglês, de 90 mil para 120 mil exemplares, ocupando espaços que eram destinados aos aparelhos e equipamentos eletrônicos. Algo semelhante aconteceu também no Kinokuniya e até a Bookoff, a maior cadeia japonesa de livros usados do Japão que atua também no exterior, acompanha esta tendência.

 clip_image002             Long rows of bookshelves at Maruzen Marunouchi Main Store, The Japan News.

Algumas razões são apontadas para esta nova tendência nas livrarias japonesas. Certamente a globalização está levando mais japoneses a procurarem livros de outros idiomas, notadamente o inglês. Há um aumento de clientes estrangeiros, pois muitos foram trabalhar no Japão. Alguns japoneses induzem seus filhos a estudarem em livros estrangeiros para aperfeiçoarem seus idiomas. Eventos internacionais como a próxima Olimpíadas de 2020 no Japão provocam interesses da população.

Observa-se que, mesmo que os jovens utilizem muitos livros que podem ser obtidos nas suas versões eletrônicas pela internet, os que amam realmente as leituras apreciam usufruir do prazer de toca-os diretamente, entre eles os de mais idade que desenvolveram estes hábitos ao longo de suas vidas.

Na realidade, as visitas as livrarias acabam sendo um programa, onde podem ser obtidos “stationary” da melhor qualidade, que dificilmente podem ser adquiridos em outras partes do mundo, pela sua ampla variedade. O que se espera é que esta tendência que começa a se verificar no Japão espalhe-se pelo mundo, para alegria de todos que apreciam os livros.


Sentimentos Recíprocos Entre Chineses e Japoneses

12 de setembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Política | Tags: pesquisas de opinião, sentimentos dos chineses, sentimentos dos japoneses

Foram efetuadas pesquisas de opinião pela organização não governamental Genron de Hong Kong por solicitação da China Daily procurando avaliar a opinião de chineses e japoneses sobre as relações entre o Japão e a China. Eles vêm fazendo estes levantamentos, pois se preocupam com a melhoria das relações entre estes dois países relevantes no Extremo Oriente. Ainda que estejam sendo publicadas pelos jornais japoneses como chineses, para procurar maior isenção, aproveitou-se um artigo de Demetri Sevastopulo publicado no Financial Times. Indicam pequenas melhoras, mas os resultados continuam preocupantes.

De acordo com a pesquisa, 38% dos japoneses pensam que a guerra poderá ser evitada, um percentual de 9 por cento percentuais abaixo do levantamento feito em 2013. Mas, 93% dos nipônicos possuem pontos de vista negativos com os seus vizinhos, e 87% dos chineses sobre os japoneses, ainda que com uma redução de 6 pontos com relação à pesquisa anterior. São dados alarmantes, mostrando que entendimentos importantes entre eles apresentam grandes dificuldades. O Primeiro Ministro Shinzo Abe solicitou ao Presidente Xi Jinping uma reunião de cúpula entre as autoridades dos dois países, mas não recebeu uma resposta favorável.

clip_image002                                          Primeiro Ministro Shinzo Abe do Japão

clip_image004                                                   Presidente Xi Jinping da China

Todos sabem que o clima entre a China e o Japão pioraram depois das disputas sobre as ilhas deshabitadas Senkaku/Diaoyu no mar entre os dois paises. O governo japonês comprou as mesmas para evitar que radicais japoneses os adquirissem. Os chineses ficam contrariados com as visitas das autoridades japonesas ao Templo Yasukuni onde estão enterrados herois japoneses, alguns considerados criminisos de guerra pelos chineses.

Ainda que as relações comerciais entre os dois países sejam os mais intensos no mundo, estas dificuldades políticas alimentam estes sentimentos antagonicos entre os japoneses e chineses. As pesquisas indicam que 53% dos chineses e 29% dos japoneses que seus países irão à guerra.

Existem minorias nacionalistas tanto entre os japoneses como entre os chineses que fomentam atitudes belicistas, e as autoridades procuram reduzir as ansiedades, mas não estão se conseguindo avanços expressivos.

São constantes os sobrevoos de aviões, inclusive militares dos dois países sobre as ilhas em disputa, e os Estados Unidos procuram dar um respaldo para seus aliados japoneses, mas evitam confrontos diretos com os chineses que poderiam agravar os conflitos que se extendem por outros países da região. Também são frequentes as presenças de navios de guerra, principalmente da China na região que ampliam os sentimentos contrários de muitos países que possuem outras disputas com aquele país.

Os entendimentos diplomáticos teriam que ser intensificados, mas muitas questões passadas não facilitam que se cheguem a resultados. O que continua predominando é a possibilidade de que estas tensões emocionais sejam adomercidas, fazendo com que interesses econômicos e comerciais continuem aumentando de importância.