3 de setembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: agregando valores, artigos no Japan News, grandes grupos numa agricultura tecnificada, psicultura, substituindo uma agricultura de idosos, versão em inglês do Yomiuri Shimbun
Três artigos publicados em inglês no Japan News informa com matérias elaborados pelos jornalistas do Yomiuri Shimbun as novas facetas empresariais da agricultura japonesa. No primeiro elaborado por Katsutoshi Samata informa sobre uma empresa chamada My Vegetable, do grupo Sojitz que funciona na província de Chiba para a produção de hortaliças produzidas em estufa como rabanete, rúcula e tomate cereja, para ser vendida diretamente para os consumidores pela internet.
Employees of My Vegetable Corp. tend plants in Midori Ward, Chiba. Publicado no Japan News.
Chiba sofre com o problema do envelhecimento dos agricultores que estão abandonando suas pequenas propriedades agrícolas, e a trading Sojitz fez um arranjo com a JA Zenno Chiba, a cúpula da agricultura japonesa, para criar um canal para explorar a agricultura de forma altamente técnica. Os funcionários trabalham de forma mais confortável, pois atuam sem necessitarem se agacharem.
A produção é hidropônica, pois as plantas são alimentadas por água a fertilizantes líquidos sobre uma camada de areia, não necessitando de solo.
Outro projeto é da Toyo Reizo do grupo Mitsubishi, cultivando o atum mais apreciado no mercado, o chamado blue fin na Província de Nagasaki, onde possuem duas unidades além de outra na Província de Wakayama. Visam atender as demandas internas e até voltadas para a exportação para a China. A matéria consta do artigo elaborado por Ayuhiko Sasaki do Yomiuri Shimbun.
Farmed blue fin tuna in the Goto Islands, Nagasaki Prefecture. Publicado no Japan News.
A Toyo Reizo produz os avelinos e cultiva o atum até atingir cerca de 30 quilos, o que leva de dois a três anos. Hoje os peixes cultivados chegam a representar metade dos consumidos no mundo.
Outro projeto na Província de Hokkaido é relatado por Ryo Nakamura, também do Yomiuri Shimbun e conta com a participação da Mitsui. Cultiva uma espécie de cebola que é considerada como auxiliar na prevenção da arterosclerose, bem como aliviar os sintomas da diabete.
O projeto está ligado com a Escola de Agricultura da Universidade de Hokkaido e produz a cebola Sarasara Red, que começou a ser produzida em 2005. Ela é mais doce e picante que as normais, sendo muito apreciada pelos consumidores. Já existe uma nova variedade chamada Sarasara Gold, que deverá ser exportada para os Estados Unidos e Hong Kong a partir de 2018.
A Mitsui planeja também desenvolver produtos processados como sopas e temperos para acrescentar valor agregado à cebola. Estas tentativas de aumentar o valor da produção decorrem dos custos elevados dos cultivos hidropônicos, com energia e os chamados vinil house, criando um clima adequado para o desenvolvimento das plantas.
O cultivo do atum já é efetuado em diversas partes do mundo, e os efetuados no Japão certamente contam com custos mais elevados. Mas, os mesmos contam com maior teor de gordura, propiciando os chamados toro, ou seja, partes que são mais apreciados e de valor mais alto.
The Yomiuri Shimbun
Sarasara Red onions await harvesting in Kuriyama, Hokkaido.
2 de setembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Saúde | Tags: concentrado no Parque Yoyogi, dengue em Tóquio, doença tropical, verão rigoroso
Os doentes com a dengue, doença contraída pela picada de mosquitos é mais conhecida como uma que ocorre em regiões tropicais. Não se verificava no Japão deste a Segunda Guerra Mundial, mas neste ano já se observaram 22 casos, conforme informações do Ministério da Saúde daquele país, transmitida pela agência Jiji. A maioria é de moradores de Tóquio, mas as informações são de que as pessoas contraíram a doença com picadas de mosquito quando estavam no Parque Yoyogi, onde existe uma concentração de árvores. Mesmo os que moram em outras províncias frequentaram este parque, e as autoridades japonesas estão pulverizando inseticidas nos arredores desta localidade, inclusive na área verde ao lado, onde fica o popular Santuário Meiji. Não se registraram casos de morte, mas os mais graves pacientes chegaram a ter hemorragias.
Comparando com o Brasil ou outras áreas tropicais, o caso do Japão é de controle mais fácil, por estar concentrado num lugar público, e não espalhado pelas regiões residenciais. Como se sabe, o controle da multiplicação dos mosquitos acaba ficando mais complexo quando todos os lugares com possibilidade de contar com águas paradas podem facilitar a disseminação destes mosquitos, que picando pacientes infectados, acabam transmitindo para outros a dengue.
Mosquito Aedes Aegypti, transmissor da dengue e da febre amarela
A dengue não é transmitida pessoa a pessoa, mas somente pela picada de doentes que possuem a doença, que é transmitida pelo sangue com a picada de outra ainda sadia. O seu combate concentra-se sobre a eliminação dos transmissores.
Verificou-se que no passado alguns japoneses que tinham visitado outros países tinham contraído a dengue. Entre os doentes estão atores que filmavam um show de televisão naquele parque de Yoyogi, e os pacientes costuma sofrer febre repentina, três a sete dias depois de picados, acompanhados de dores de cabeça e algumas erupções cutâneas.
2 de setembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: compondo uma equipe competente, exposição de Jorge Paulo Lehmann, lições importantes, ousadia nos riscos
Com a credencial de ter acumulado em algumas décadas uma fortuna estimada em R$ 52 bilhões segundo a Forbes, o empresário e filantropo brasileiro Jorge Paulo Lehmann apresentou uma aula magna para os alunos da EBAPE – Escola de Administração Pública e de Empresas da FGV – Fundação Getúlio Vargas no Rio de Janeiro. Ele relatou a sua trajetória, que começou com algumas dificuldades, mas conseguiu consolidar-se com uma equipe competente formando o Banco Garantia, expandindo pela aquisição das Lojas Americanas, e a compra da Brahma, formando a AB InBev, o maior grupo cervejeiro do mundo, alem de controlar agora o Burger King, entre outros empreendimentos internacionais. Ele ressalta que não é um professor, não é um intelectual e não têm teorias complicadas, mas expôs o que acha importante na vida econômica e que não é discutido nas escolas, segundo um artigo publicado no site do jornal O Globo, segundo um artigo escrito por Maíra Amorim.
Caricatura do empresário bilionário e filantropo Jorge Paulo Lehmann –
Arte/Igor Machado, publicado no O Globo
Ele considera, como primeiro aspecto, que o risco é importante, tanto na vida comercial como individual. Acredita que com muitos estudos, profissionais tentam transformar os riscos em formuletas matemáticas acabando por não tomar decisões. Segundo ele, a única maneira de aprender é ir treinando aos poucos. Quem não arrisca acaba ficando com a mediocridade igual a dos outros, e todo o mundo deve tentar ser excepcional fazendo algo diferente e especial, segundo o artigo.
Nascido em 1939, em 1960 com 26 anos ele estava com o nome sujo na praça. Ele optou por ficar no mercado financeiro profissionalmente. Ao invés de tentar um emprego numa grande organização, ele escolheu por começar com um pequeno empreendimento, que se transformou no Banco Garantia, onde foi capaz de reunir uma equipe competente, que entende como um ensinamento relevante.
Além de tomar riscos, com a devida cautela, ele entende que as pessoas de sucesso costumam serem fanáticos pelos focos, e ele cita Sam Walton que construiu o Walmart e até o Warren Buffet que é sócio dele em alguns empreendimentos. Outra lição é ter sonhos grandes, para conseguir sempre as melhores empresas, o que vem perseguindo na sua carreira.
Finalmente ele destaca a eficiência, sempre procurando melhorar o que for possível. Com o sucesso e a fortuna que acumulou tornou-se um filantropo, fundando o Instituto Lehmann que se dedica a proporcionar condições para a melhoria do conhecimento, como a tradução para o português das melhores aulas dadas nas universidades norte-americanas, que podem ser acessadas gratuitamente no Brasil.
Temos muito que aprender de suas preciosas lições.
1 de setembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: experiência no FMI, na prática na Índia, ntrevista de Raghuram Rajan para o Financial Times no suplemento do Valor Econômico, sólida formação acadêmica
Uma interessantíssima entrevista concedida por Raghuram Rajan, presidente do RBI – Reserve Bank of India, a autoridade monetária daquele país, a James Crabtree do Financial Times foi publicado em português no suplemento Eu & Fim de Semana do Valor Econômico. Como a Índia é um grande país emergente que passa por uma tentativa de implantação de uma nova política econômica voltada ao mercado, vinda de um regime fortemente socialista, com o comando do Primeiro Ministro Narendra Modi, sua experiência pode dar boas indicações para o Brasil. Ele, como muitos economistas brasileiros estudou engenharia no Indian Institute of Technology, mas passou para a área da economia pelos seus trabalhos no Booth School of Business da Universidade de Chicago, e o doutorado no Instituto de Tecnologia de Massachusetts com uma tese “Essays on banking”. Trabalhou por um tempo no FMI – Fundo Monetário Internacional, tendo antecipado a crise mundial de 2007/2008.
Raghuram Rajan, presidente do Reserve Bank of India
Reconhece que a implantação da nova política pelo Primeiro Ministro Nerendra Modi vem ocorrendo de forma mais pausada do que se esperava com sua ascensão ao poder. A Índia também estava infestada pela corrupção, pois se tratando de uma economia ainda pobre, os empresários necessitavam da assistência das autoridades governamentais, o que propiciava um clima de favorecimento a aqueles que contribuíam para determinadas pessoas que ocupavam posições estratégicas.
Raghuram Rajan também reconhece que todas as grandes organizações, como o FMI ou o RBI contam com muitos grupos que ocupam posições estratégicas e possuem suas formas de expressarem seus interesses, não se recomendando mudanças bruscas nas suas formas de atuação.
Também se mostra realista, admitindo que ainda existam muitas dúvidas como se processará as mudanças no sistema financeiro internacional, que utilizou muito as facilidades monetárias, e necessitam começar reduzi-las, de forma cautelosa, não se sabendo exatamente o que vai acontecer. Como os fluxos financeiros internacionais são elevados, uma mudança brusca da política do FED – Sistema Federal de Reservas dos Estados Unidos pode alterar o quadro global.
Como o quadro que ele coloca apresenta uma grande similaridade com o que ocorre no Brasil, suas observações podem alertar sobre os cuidados que devem ser tomados por aqueles que assumirem o poder no Brasil, notadamente na área das autoridades monetárias. Ainda que se pretendam mudanças, sempre um pouco de cautela parece recomendável.
29 de agosto de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Saúde | Tags: alimentos funcionais, conhecimentos antigos que estão entrando na moda, mercado em expansão, nutracêuticos
Um interessante artigo elaborado pelo professor emérito hindu Tejraj M. Aminabhavi da Soniya College of Pharmacy, Dharwad, India foi publicado pelo Nikkei Asian Review informando sobre o nutracêuticos, que seria uma junção da nutrição e farmacêutica. Ele pode ser acessado em inglês no: http://asia.nikkei.com/Tech-Science/Tech/Tejraj-M.-Aminabhavi-Nutraceuticals-advances-in-health-supplements. Segundo o autor as ervas naturais têm sido usadas na Ásia há séculos pelos antigos indianos, chineses, egípcios e sumérios da Mesopotâmia. Têm benefícios terapêuticos nas lutas contra a fadiga e a prevenção ou atrasos de doenças relacionados com a idade: artrite, câncer, síndrome metabólica, problemas cardiovasculares, Alzheimer, Huntington, osteoporose, catarata, distúrbios cerebrais entre muitos outros. A International Food Information Council definiu os alimentos que têm benefícios para a saúde, alem da nutrição básica, como “alimentos funcionais”. Estes podem variar de brócolis para alimentos enriquecidos, tais como cálcio e suco de laranja enriquecido com vitamina C, produtos à base de soja e suplementos dietéticos.
Professor Tejraj M. Aminabhavi, da Soniya College of Pharmacy,
Dharvad, India, também muito respeitado nos meios acadêmicos norte americanos.
Segundo ele, com o advento da nanotecnologia em aplicações farmacêuticas, abriram-se novos caminhos para a estabilidade, solubilidade e aumento da permeabilidade de nutracêuticos problemáticos. Muitos detalhes técnicos são fornecidos sobre as vantagens hoje possíveis nestes medicamentos no artigo mencionado.
Os nutracêuticos estão crescendo em notoriedade com o aumento da consciência dos consumidores com relação à saúde. Espera-se crescer ainda mais pelas mudanças do estilo de vida nos países emergentes no Oriente Médio, na Ásia do Pacífico e na América Latina.
Muitos produtos nutracêuticos já estão nas prateleiras, na maioria antioxidantes e probióticos, mas não muitos que utilizam a nanotecnologia, que já existem. Como os da NutraLease em Israel, os da BioDelivery Sciences International, uma empresa norte-americana e a Aquanova, uma empresa alemã.
Europa, Estados Unidos e o Japão dominam o mercado de alimentos funcionais, tendo 85% do mundial. Em 2015 nos Estados Unidos o tamanho do mercado deve chegar a US$ 90 bilhões, e o mundial a US$ 243 bilhões. Os emergentes como a Índia e o Brasil, os países da Ásia do Pacífico, como o Japão e a China devem ser grandes consumidores destes produtos.
Estas notícias são alvissareiras.
28 de agosto de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Saúde | Tags: aquisição da Jasmine pela controlada francesa, informação do Estadão, Otsuka Pharmaceutical adota estratégia semelhante a da Takeda
Segundo informações constantes de um artigo de Fernando Scheller publicado no O Estado de S.Paulo a empresa do Estado do Paraná, Jasmine, distribuidora de alimentos saudáveis no mercado brasileiro, acaba de ter o seu controle adquirido pela francesa Nutrition et Santé, que é uma subsidiária da Otsuka Pharmaceutical, uma grande produtora de produtos farmacêuticos do Japão. Seria uma estratégia semelhante a adota pela maior empresa farmacêutica japonesa, a Takeda. Informa-se que a Jasmine vinha crescendo em suas vendas em torno de 20% ao ano ao longo da última década.
A Jasmine tem uma ampla lista de 150 itens de alimentos saudáveis, desde biscoitos, cereais matinais, funcionais, infantis, orgânicos, adoçantes, bebidas e snacks, possuindo certificações de diversas agências. São desde produtos prontos para consumo, como ingredientes de qualidade que podem ser utilizados para as mais variadas finalidades.
No Japão como em muitos países asiáticos não se faz distinção de medicamentos com produtos voltados à saúde, que na realidade possuem as mesmas finalidades.
As empresas japonesas que estão ampliando suas atenções pelo mundo, estão utilizando suas capacidades econômicas e financeiras para ampliarem suas atividades em mercados que apresentam potencialidades de expansão. Como a população japonesa está em declínio, os países emergentes como o Brasil apresentam possibilidades atrativas, além de serem produtores de algumas matérias primas, acabam sendo escolhidas.
Entre os produtos que apresentam boas perspectivas de mercado estão a chia e a quinoa, que são produzidas nos países andinos, além de adoçantes como a stevea em que o Brasil é um grande fornecedor.
Também nestes mercados estão aumentando as consciências das necessidades de se evitar elementos nocivos como agrotóxicos, fazendo com que o mercado de produtos orgânicos esteja em alta. Portanto, além do mercado interno, existem produtos que possam ser colocados no mercado internacional.
28 de agosto de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Política | Tags: a consolidação da situação da Marina Silva, aspirações por mudanças dos eleitores brasileiros, influência do setor financeiro, o novo não muito novo
Ainda que o quadro sucessório brasileiro não esteja totalmente definido as pesquisas de opinião como as demais informações disponíveis indicam uma nítida tendência para a vitória da candidata Marina Silva para a Presidência da República na eleição de outubro próximo, que poderá se consolidar politicamente nas próximas semanas com as novas adesões populares que possam ser esperadas. A ideia de uma terceira via alem do PT – Partido dos Trabalhadores e do PSDB –Partido Social Democrata Brasileiro, que vem sendo proposta pela coligação do PSB – Partido Socialista Brasileiro e a Rede da Solidariedade parece atender a aspiração da renovação política de parcela importante do eleitorado brasileiro, ainda que seja somente uma esperança vaga acrescentada de forte emoção com o desastre que vitimou Eduardo Campos. O acidente provocou a sua substituição por uma nova chapa tendo Marina Silva como cabeça, secundada por Beto Albuquerque que se diferencia dela em muitos pontos, como vice-presidente. A falta de experiência administrativa parece menos relevante para os eleitores que a vontade que se acredita suficiente para superar obstáculos concretos e reais.
Mesmo que esquema atualmente existente, procurando conseguir credibilidade e maioria no Congresso que dê sustentação ao novo governo pouco tenha de novo, parece que isto está se tornando irrelevante pela enxurrada que está ocorrendo na procura de mudanças. Como o PSB não é um partido expressivo, estando preso aos esquemas tradicionais da política brasileira, a candidata Marina Silva acena para alvos preferências de novas incorporações até como de Lula da Silva e José Serra que contariam com quadros experientes do ponto de vista político partidário. Exatamente parte política do que se desejaria substituir na nova colocação, mas o desejo de mudanças parece atropelar a tudo, mesmo a razão. Também nos quadros técnicos acena-se para a participação de profissionais ligados ao setor financeiro e empresarial, inclusive com capacitação operacional, que resulta numa solução tradicional, sem correspondência nos aspectos reais. Ainda que resolvendo os problemas de curto prazo, parecem apresentar dificuldades para o desenvolvimento no longo prazo, que exige setores engajados com as inovações tecnológicas.
Marina Silva, candidata à Presidência da República
Marina Silva conta com uma capacidade de se expressar como uma batalhadora que vem lutando pelos seus ideais, mesmo diante de obstáculos dos mais difíceis, chegando até a convencer segmentos que normalmente adotam posturas mais conservadoras. Mesmo tendo fortes convicções pessoais, coloca-se na posição para entendimentos pragmáticos com correntes de diferentes, surpreendendo a muitos.
Diante de adversários desgastados procura convencer o eleitorado que suas fortes determinações são capazes de superar os obstáculos hoje existentes no Brasil, promovendo a união de forças relevantes com suportes populares. As experiências que se repetem pelo mundo recentemente demonstram que estas mudanças expressivas nem sempre são fáceis, principalmente num período curto como o de um mandato de quatro anos.
Marina Silva expressa que é contra a reeleição, que vem se mostrando com um mecanismo com muitas dificuldades e se compromete que a reforma política ampliando o período do mandato será aplicado somente a quem a venha a suceder, caso seja eleita.
Ainda que a eleição confirme estas tendências, tudo indica que governar bem o Brasil pode ser algo com mais complexidade que exige outras condições que ainda não estão equacionadas.
27 de agosto de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Saúde | Tags: ajuda restrita a 300 mil yens anuais, artigo no The Japan Times, mesmos tratamentos que recebem no Japão, pedido entregue ao Primeiro Ministro Shinzo Abe
Existe uma Associação de Paz das Vitimas das Bombas Atômicas que vivem no Brasil, presidida pelo Takeshi Morita, hoje com 90 anos, que foi atingido em Hiroshima no dia 6 de agosto de 1945, quando trabalhava como policial. A sua sede fica em São Paulo num supermercado da propriedade dele chamado Sukiyaki, onde estão afixados 101 nomes destas vitimas que viviam em São Paulo, muitos já falecidos. Eles só recebem anualmente uma ajuda equivalente a 300 mil yens anuais, menos de US$ 3.000, e são submetidos a um check up anual no Hospital Santa Cruz. No seu pico chegaram a 270 vitimas que vivem no Brasil, mas já estão reduzidos a menos da metade. Os que residem no Japão recebem a assistência integral para doenças provocadas pelas radiações, como 4.440 que vivem no exterior reconhecidos como “hibakusha”. Com a idade avançada, média de 79 anos, não contam mais como viajarem para o Japão para receberem tais tratamentos.
O assunto mereceu um artigo escrito por Junichiro Nagasawara e publicado no The Japan Times, pois eles entregaram uma petição ao Primeiro Ministro Shinzo Abe quando de sua visita ao Brasil. Eles pleiteiam receber as assistência no Brasil. São citados alguns casos concretos como Yoshitaka Samejima, 85 anos, nascido no Brasil e começou a estudar no Japão aos 11 anos, e participou das operações de resgate do exército japonês em Nagasaki, em 10 de agosto de 1945, um dia após o bombardeio atômico naquela cidade. Ele desenvolveu sintomas de radiação, como doenças de pele, aos 60 anos. Tendo sofrido um derrame cardíaco no ano passado não tem condições de suportar uma viagem a Nagasaki para a continuidade do seu tratamento. Takeshi Morita continua acompanhando estes assuntos e mostra uma caderneta com os dados médicos que são registradas as ocorrências, emitido pelo governo japonês.
Takashi Morita, presidente da Associação de Paz da bomba atômica Vítimas no Brasil, mostra um notebook médico emitido pelo governo japonês para as vítimas da bomba atômica que vivem no Brasil, em São Paulo in July. | KYODO Publicado no The Japan Times
Yasuko Saito, 67 anos, filha de Takashi Morita, segunda geração das vitimas da bomba atômica informa que os dramas sofridos por estas pessoas precisam ser transmitidas para as gerações futuras, alertando sobre o uso de energias perigosas como as atômicas.
Hoje, um professor de 40 anos, Andre Lopes Loula desempenha o papel de membro executivo da Associação e organiza sessões com estudantes para ouvir as experiências dos Hibakusha. Planeja-se publicar uma coleção de testemunhos de hibakushas do Brasil e de outros países sul americanos.
26 de agosto de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: a baixa prioridade dada à exportação, redução do crescimento e dificuldades do setor industrial, velhos problemas brasileiros
Muitas análises superficiais nem sempre conseguem, de forma simples, identificar os grandes problemas brasileiros que nos afetam, lamentavelmente, resultando num baixo crescimento econômico, pressões inflacionárias e dificuldades no setor externo. O professor Delfim Netto na sua coluna semanal no Valor Econômico com uma tabela muito singela, mostra que há muito tempo o Brasil perdeu a consciência que o setor externo é fundamental para manter um desenvolvimento sustentável. O problema vem ocorrendo desde antes do período analisado, que ficou restringido ao início da crise de 2007/2008, quando a estabilização inflacionária bem obtida no Plano Real “esqueceu-se” a prioridade das exportações, para sustentar o desenvolvimento.
Do artigo citado do Valor Econômico consta a tabela abaixo:
Na realidade, a crise de 2007/2008 agravou os problemas do setor externo, resultando na redução do ritmo de crescimento da economia brasileira e aumento das pressões inflacionárias. A situação piorou no período 2011 a 2014. Mas esta situação que hoje está dramática vinha já indicando antes que o Brasil estava reduzindo a prioridade do seu setor exportador, com o congelamento do câmbio por três vezes, retirando a competitividade do setor industrial que antes se encontrava numa situação razoável.
Muitos criticam que as autoridades não efetuaram as correções necessárias depois da crise de 2007/2008 contentando-se com uma redução do ritmo de crescimento que foi menos acentuada que no resto do mundo. Também indicam que problemas de muitas décadas passadas continuam sendo desenterradas.
O que parece conveniente que fique claro é que as deteriorações como do setor industrial brasileiro, que limitam o crescimento da economia brasileira são fenômenos de longo prazo. Antes do Plano Real, que teve o mérito de estancar o processo inflacionário de forma imaginativa, o Brasil registrava expansões das exportações superiores à coreana ou a chinesa. Se tivessem continuado o quadro atual seria totalmente diferente.
O que estas reflexões sugerem é que muitos dos grandes problemas brasileiros não podem ser resumidos aos períodos de gestões curtas no comando da economia brasileira. Sem uma visão estratégica de longo prazo só será possível tapar buracos que vão surgindo, não havendo como detectar problemas que só serão sentidos décadas depois.
A responsabilidade por esta consciência não é somente do governo cujos mandatos são curtos. Os acadêmicos e outros que deveriam ter a função de pensar nos problemas brasileiros no longo prazo necessitam proporcionar subsídios para que todos tenham consciência destas considerações estratégicas.
A administração pública necessita, também, de setores que estejam pensando os grandes problemas com enfoques mais longos, pois tanto os pesados investimentos em infraestrutura, como a maturação das pesquisas destinadas às inovações demandam prazos longos.
25 de agosto de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: as potencialidades do pré-sal, o balanço comercial externo do setor, o problema do pré-sal, suplemento especial do Valor Econômico
Administrar um país com a complexidade do Brasil é certamente um desafio que nem todos podem compreender facilmente. Além de um comando que seja capaz de estabelecer as diretrizes é necessário que se tenha a capacidade de escolher e coordenar uma equipe para o seu funcionamento, para o qual seria desejável uma habilidade política invejável. Tantos são os postos que necessitam serem preenchidos, talvez dezenas e milhares, não somente nos ministérios, como nas mais variadas agências, estatais e institutos que compõem o governo federal, em seus diversos escalões. Escolher as pessoas mais adequadas para cada cargo exige uma especial capacidade, e por melhores que sejam as escolhas, sempre haverá necessidades posteriores de ajustamentos, pois é preciso que sejam respeitadas as restrições políticas, além de permitir que o governo funcione como uma razoável equipe.
Coordenar uma maioria estável no Senado Federal e na Câmara dos Deputados acaba exigindo um prestígio capaz de aglutinar correntes que pensam de formas diferentes, pois dificilmente numa eleição se conseguiria que uma coligação seja capaz de obtê-la, pois mesmo dentro dos partidos existem facções com interesses divergentes. E o Executivo, no caso brasileiro, necessita contar com maioria parlamentar para aprovar suas diversas proposições. Imaginar que estas tarefas são fáceis beira a uma ingenuidade perigosa. Incorporar recursos humanos de outros partidos, ainda que possível, não é uma tarefa fácil.
No suplemento especial publicado pelo jornal Valor Econômico que trata do petróleo e gás no Brasil um artigo dá uma pequena noção da dimensão das tarefas envolvidas pela exploração do pré-sal. (http://www.valor.com.br/empresas/3665746/novo-patamar) Os dados do IEA – International Energy Agency estima que em 2012 o Brasil produzir 2,1 milhões de barris dias de petróleo, sendo a 13ª no mundo, deve chegar a 4,4 milhões em 2020, passando para 6ª no mundo e poderá chegar a 6 milhões em 2035. Só na Bacia de Santos poderá estar produzindo mais que a média do Golfo do México e do Mar do Norte somados. Ainda assim, o Brasil importa 12% da gasolina que consome e 17% do diesel, com uma balança comercial negativa de US$ 13,7 bilhões em 2012, piorando para US$ 27,9 bilhões no ano passado, devendo chegar a US$ 22,5 bilhões neste ano, dada a sua incapacidade de refino local.
Muitas razões contribuem para tanto. A gigantesca Petrobrás não contou com resultados para contar com recursos indispensáveis para tanto, não só financeiros como humanos, além dos fornecimentos de todos os componentes para tanto, inclusive tecnologia. Ainda terá que continuar a importar muitas destas condições mesmo não desejando, contando com a ajuda de empresas estrangeiras mesmo com as restrições existentes para tanto no Brasil.
Este é somente um segmento, ainda que importante. Muitos outros envolvem complexidades semelhantes. São tarefas gigantescas até para países desenvolvidos, quando mais para um emergente como o Brasil.