24 de maio de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: as dúvidas sobre os dados chineses, as limitações dos dados estatísticos, estatísticas brasileiras
Sempre houve dúvidas sobre alguns dados estatísticos chineses, ora subestimados ora superestimados. Os próprios acadêmicos chineses não confiavam muito na sua validade e agora até as autoridades chinesas afirmam que elas são “elaboradas por homens”. Como dentro da “meritocracia” daquele país, alguns resultados obtidos podem estar inflados para beneficiar a ascensão de alguns líderes. De outro lado, os japoneses sempre acreditaram que os dados populacionais chineses estavam subestimados, pois no meio rural o número de filhos considerados gêmeos e trigêmeos eram bem acima do normal internacional, com idades físicas diferentes, como consequência da política oficial de filhos únicos, mais efetivas nos centros urbanos, com a existência das chamadas “inspetoras de quarteirão”.
Estas deficiências dos dados estatísticos não ocorrem somente naquele país. Nas pesquisas estatísticas efetuadas no Brasil, como na maioria dos países em desenvolvimento ou emergentes, acredita-se na hipótese que nos grandes números os erros se compensam, quando podem apresentar vieses tendenciosos. Muitas das informações estatísticas começam pelas fornecidas pelas empresas, havendo uma forte tendência à sonegação, ainda que algumas correções sejam efetuadas. As unidades municipais de estatísticas são consideradas encargos para os municípios, salvo no que se refere aos dados demográficos que servem para efeito das cotas de participações nos tributos estaduais e federais. O mesmo acontece na agregação por Estados e acabam chegando às nacionais, cujos censos não são tão precisos como desejados.
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23 de maio de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: Ásia ou América Latina, coincidências internacionais, na Europa, o normal é a instabilidade | 2 Comentários »
Dois artigos de autores diferentes, um de R.Daniel Kelemen, professor de Ciência Política e Diretor do Centro para Estudos Europeus da Rutgers University, New Jersey, USA, outro de Noeleen Heyzer, de Cingapura, subsecretária geral das Nações Unidas e secretária executiva da Comissão Econômica e Social para a Ásia e o Pacífico, utilizam a mesma expressão “novo normal” para países europeus e do Sudeste Asiático. O primeiro foi publicado no Foreign Affairs e o segundo no Project Syndicate, ambas as instituições são respeitáveis e se dedicam à divulgação de estudos de profundidade. Os dois credenciados autores informam sobre as instabilidades dos países europeus e asiáticos no atual quadro internacional. Como isto também ocorre na América Latina, notadamente no Brasil, pode-se deduzir que se trata de um fenômeno praticamente universal, sendo necessário se adaptar ao novo quadro.
Noeleen Heyzer e R.Daniel Kelemen
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22 de maio de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: antecipação à crise, aumento do crédito, críticas, redução de impostos e juros
Diante do conjunto de medidas tomadas pelo governo brasileiro visando a ativação de sua economia, alguns críticos se apressam a apresentar suas objeções, observando que a da demanda não seria a melhor das soluções. Quando os pátios das montadoras de automóveis estão abarrotados com produtos que aguardam a sua colocação, haveria alternativas mais inteligentes? A economia mundial está desaquecida, e a tentativa de ampliar as exportações teria limitadas possibilidades, e os investimentos públicos em infraestrutura demandaria muito tempo para produzir resultados. Poucas seriam as alternativas para ativação da economia, num prazo curto.
Todos os meios de comunicação do país divulgam as medidas tomadas, e entre elas a redução dos encargos tributários e de juros sobre a aquisição de bens de produção como caminhões, equipamentos etc.. Também ajudam a desovar parte do estoque, diante de uma produção realizada, e cujo consumo ficou limitado com os endividamentos assumidos com encargos pesados. Esta nova rodada de medidas tem, evidentemente, um efeito mais limitado que a primeira do mesmo tipo em 2008. Sem a redução do atual estoque não haveria condições para novos investimentos no setor automobilístico, que tem um forte impacto em toda a economia brasileira. O outro setor equivalente em resultados, o da construção civil, já está suficientemente beneficiado.
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22 de maio de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: artigo no The Wall Street Journal, ativos líquidos internacionais, títulos e investimentos diretos
Ainda que a China já tenha ultrapassado o Japão como a segunda economia do mundo, e esteja ampliando seus ativos financeiros e investimentos diretos em todo o mundo, um artigo publicado por Takashi Nakamichi, que atua em Tóquio no The Wall Street Journal, baseado nos dados fornecidos pelo FMI – Fundo Monetário Internacional, informa que o Japão continua como o primeiro do mundo nestes ativos líquidos. O líquido considera a diferença entre os ativos que os japoneses possuem no exterior, inclusive os títulos do Tesouro norte-americano, deduzidos os que os estrangeiros possuem no Japão. O artigo recebeu o título “Japan Retains Status as Biggest Creditor”.
Segundo os dados informados pelo Ministério de Finanças do Japão em fins de 2011, o país tinha um saldo de cerca de US$ 3,19 trilhões, apesar de um declínio de 5,5% com relação ao ano anterior. A China, junto com Hong Kong, possuía cerca de US$ 2,43 trilhões líquidos, mas continua aumentando estes ativos, como uma tendência do aumento das economias emergentes. Nos últimos quatro anos, os chineses triplicaram seus ativos no exterior, segundo o artigo, mas também estão desacelerando estes investimentos nos últimos meses.
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22 de maio de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: artigo de Robert Skidelsky no Project Syndicate, discussão sobre a liderança chinesa, posições acadêmicas variadas
A China vem registrando um crescimento econômico e político respeitável no cenário internacional, e são muitas as discussões sobre o que acontecerá no futuro se ela vier a superar os Estados Unidos. Robert Skidelsky, professor emérito de Política Econômica da Warwick University e biógrafo de John Maynard Keynes entre outros, elaborou um artigo que está sendo distribuído pela credenciada Project Syndicate, com o título “Why China Won’t Rule”, informando sobre as restrições que existem no próprio país que nunca se dedicou à expansão de seu domínio político, mesmo pelos seus vizinhos.
O autor argumenta que parece inevitável que a China continuará crescendo mais que o resto do mundo, enquanto o mundo desenvolvido permanece atolado em recessão ou perto dela. Pode chegar à primeira do mundo em 2017, ao mesmo tempo em que seus gastos militares crescem mais rapidamente que o seu PIB. Segundo o autor, para a mente norte-americana só pode haver uma superpotência, e se a China conquistar esta posição será em detrimento dos Estados Unidos, e isto constitui um grande desafio.
Robert Skidelsky
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21 de maio de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: editorial do Nikkei, envelhecimento, o problema do decréscimo populacional
Segundo um editorial publicado pelo jornal econômico japonês Nikkei, a falta do sentimento de urgência com relação ao decréscimo da população no Japão confundem os observadores estrangeiros. Eles chegam a questionar por que os japoneses não flexibilizam a imigração estrangeira. Alguns chegam a considerar que esta atual política populacional chega ser considerada um suicídio do Japão.
Algumas avaliações são simplistas, segundo o editorial, mas oferecem a oportunidade para a reflexão japonesa sobre a perspectiva do declínio da população e seu impacto no futuro do Japão. Sabe-se que se existem variáveis que acabam influindo fortemente e de forma inexorável em toda a economia elas são as demográficas.
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21 de maio de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: limitações para as medidas de estímulo, preocupações na China e outros lugares do mundo
Como um exemplo da preocupação generalizada no mundo sobre o desaquecimento que se observa em todas as economias, o site do Bloomberg informa que o premiê chinês Wen Jiabao prometeu concentrar os esforços do governo no estímulo ao crescimento naquele país. Ainda que a taxa de crescimento da China continue elevada em termos internacionais, houve um desaquecimento, e para a manutenção da sua estabilidade política e social é vital que a mantenham alta. Os problemas das pressões inflacionárias são considerados secundários, pois os das commodities importadas estão em queda, havendo necessidade de manter os salários em elevação para ampliar o seu mercado interno.
Estes tipos de colocações ocorrem na maioria dos países emergentes, inclusive na Índia e no Brasil. Mas, no caso da China, existe uma limitação que parte substancial do mercado financeiro depende das instituições não bancárias, e a redução da taxa de juros tem um efeito mais limitado. O câmbio na China, depois de uma valorização continua e gradual por longo tempo, também acusou algumas mudanças, para preservar suas exportações.
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21 de maio de 2012
Por: Naomi Doy | Seção: Depoimentos, Livros e Filmes, webtown | Tags: Kiseki / O que eu mais desejo - Hirokazu Koreeda-Japão-2011, Ohayoh / Bom Dia - Yasujiro Ozu – Japão - 1959, trem bala, vulcão Sakurajima.
Considerado por alguns como herdeiro cinematográfico de Yasujiro Ozu, o diretor Hirokazu Kore-eda igualmente preza temas sociais que envolvem laços de família e relações humanas complexas. Seu mais recente filme, Kiseki – O que eu mais desejo, 2011, que acaba de estrear em São Paulo, fala de adoráveis crianças, focalizando o universo infantil numa releitura ao mesmo tempo muito similar e bem diversa da concebida por Ozu, por exemplo, em Ohayoh (Bom dia), 1959.
Como Ozu, Kore-eda é fã de trens e ferrovias, mas não mais os lentos e românticos trens que iam e vinham carregando sonhos, esperanças e saudades. Kore-eda quis documentar a chegada dos trens balas Tsubame e Sakura que iriam ligar as cidades na Ilha de Kyushu de Fukuoka (ao norte) e Kagoshima (ao sul). Para isso, usou a história de dois irmãos vivendo separados, naquelas cidades, após o divórcio dos pais. O anseio do irmão mais velho é ver a família reunida de novo. Ao ouvir sobre lenda de que desejos se realizariam se pedidos fossem feitos na interseção de dois trens-balas, vindos de direções opostas, o garoto Koichi resolve levar avante plano de se encontrar com o irmão mais novo, Ryu, no meio caminho onde os trens passariam pelo outro em grande velocidade. Cada qual recebe adesão de colegas de classe, todos eles trazendo desejos ancorados em anseios que abrandariam problemas em suas tenras vidas: sagrar-se astro de baseball seguindo os rastros do ídolo Ichiro Suzuki, do Seattle Mariners; virar celebridade cintilante do show biz como as estrelas do Arashi ou AKB 48; tornar-se designer ou maratonista de ponta etc.
Cenas do filme O que eu mais desejo,
Vulcão Sakurajima / Kyushu Shinkansen, tsubame-sakura
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21 de maio de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias | Tags: direções variadas, fluxos internacionais de estudantes, instalações de unidades nos países emergentes
Um interessante artigo dos jornalistas Ken Moriyasu e Satoshi Iwaki, do jornal econômico Nikkei, informa a diversificação dos fluxos de estudantes de pós-graduação no atual mundo globalizado. Até algumas décadas, notava-se o aumento de estudantes chineses nas prestigiosas universidades, principalmente as norte-americanas. Informa-se que em 2010 estimavam-se mais de 150 mil chineses e mais de 100 mil hindus nas universidades norte-americanas, representando cerca de um terço dos estrangeiros, gastando cerca de US$ 20 bilhões por ano. Mas com a crise depois de 2008, os subsídios e os levantamentos de recursos para bolsas e pesquisas sofreram reduções.
Hoje nota-se a intensificação de cursos de universidades estrangeiras na China e na Índia, notadamente, tanto para aproveitar as populações ascendentes destes países por estudos complementares, como de estrangeiros que pretendem fazer carreiras nestes países emergentes. O artigo informa que somente no mês passado instalaram-se na China unidades da Monash University da Austrália em Suzhou, província de Jiangsu, como da Queen’s University de Belfast, uma instituição de pesquisa britânica, com campus em Shenyang, província de Liaoning.
Prédio da Universidade de Pequim / Harvard Business School em Mumbai, India
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21 de maio de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: assuntos sérios com poesia, filme de Hirokazu Kore-eda, nuances da cultura japonesa
Alguns frequentadores de cinemas podem achar que o filme “O que mais desejo” (kiseki – milagre), do cineasta japonês já consagrado Horikazu Kore-eda, seja de uma poesia ingênua. Mas ele está agradando a muitos críticos e certamente ao público, mesmo aqueles que não têm a completa compreensão de todas as nuances da atual cultura japonesa que são captadas. O drama dos filhos de pais separados é universal, mas acaba ganhando conotações mais profundas numa sociedade como a japonesa, onde o divorcio é mais numeroso entre idosos aposentados, sendo raro que irmãos pequenos sejam separados.
O filme reflete uma realidade das crianças na região sul do Japão, na província tradicional de Kagoshima, onde vive o irmão mais velho que tem um tratamento específico “onisan” no idioma japonês, junto com a mãe e os avós, separado do irmão mais novo que vive com o pai em Fukuoka, uma província vizinha. Somente numa sociedade hierarquizada como a japonesa existe este tipo de tratamento respeitoso com relação a um simples irmão mais velho com uma palavra específica. Ele que sonha por juntar a família separada.
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