21 de dezembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: assuntos relacionados com o trem de alta velocidade, inundação de notícias, Investimentos
Impressiona o número de notícias chinesas de interesse dos brasileiros que aparecem nos jornais, principalmente os que se originam do China Daily. Os mais impressionantes, que também apareceram em jornais brasileiros, informa que uma estatal chinesa de nome State Grid adquiriu dos espanhóis o controle de sete empresas brasileiras de distribuição de energia elétrica. Eles esperam obter cerca de US$ 110 milhões de ganhos anuais, com investimentos inferiores a US$ 1 bilhão, que acaba proporcionando um retorno muito superior ao que teriam com reservas financeiras em dólar norte-americano. De quebra, esperam colocar equipamentos chineses eletromecânicos pesados no mercado brasileiro.
Sabe-se, também, que os chineses estão almejando investimentos no exterior com sua tecnologia de trens de alta velocidade, cuja concorrência no Brasil teve o seu prazo de encerramento adiado. Uma notícia informa que concluíram um projeto de 377 quilômetros, numa região montanhosa, entre Yichang e Wanzhou, incluindo 159 túneis e 253 pontes, cujo custo foi o mais alto na China recente, chegando a US$ 4,370 milhões por quilômetro. O projeto brasileiro, menos complexo, tem uma estimativa de custo de quase o seu dobro. Os chineses já estão operando cerca de 7.000 quilômetros de trem rápido, e devem atingir mais de 16.000 dentro de poucos anos. Estão cogitando de fornecer para os Estados Unidos, associados a General Eletric, tanto na Califórnia como na Flórida.
Estas notícias impressionam muito, como a que o Valor Econômico divulgou ontem, informando que a maior indústria chinesa de equipamentos pesados de construção, Sany Group, está se instalando no Brasil, com uma tecnologia avançada, que começou aproveitando a espantosa expansão da construção civil na China, e hoje já é competitiva em todo o mundo.
Precisamos imitá-los e caminhar para atividades complexas que exigem tecnologias avançadas, para contar com condições de competitividade com outros países emergentes. O Brasil está bem, mas precisará se esforçar muito mais, para concorrer no mercado internacional.
21 de dezembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: Brasil como alvo, chineses determinados, contraste de duas notícias, japoneses reticentes
Duas notícias publicadas no Valor Econômico, contrastantes, mostram como o Brasil é alvo de atenções diferenciadas dos investidores estrangeiros. Uma, de autoria da Virginia Silveira, informa sobre a decisão da indústria mecânica pesada de construção chinesa, Sany Group, que deve faturar em 2010 cerca de US$ 8 bilhões, de enviar um dos seus sócios fundadores, Vitor Yuan, para dirigir seu principal projeto no exterior em São José dos Campos.
Em outro, Mariko Sanchanta, do Wall Street Journal de Tóquio, fala sobre a cadeia japonesa Uniqlo de confecções, da empresa Fast Retailing Co., que está aumentando suas lojas no exterior, inclusive cogitando o Brasil nos próximos cinco anos. Até agosto próximo pretende ter 844 lojas no Japão e 76 na China, para vender confecções baratas que sejam utilizadas somente por uma estação.
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21 de dezembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura | Tags: exemplos, fotógrafos estrangeiros, outono para os japoneses
Este site tem insistido que o outono é considerado por muitos japoneses como a estação do ano que mais os comovem, pela riqueza de cores, refletindo o que consideram a paisagem que expressa a alma de sua cultura. Mas isto acontece também com os profissionais estrangeiros, como consta do The Japan Times, que fornece ótimas indicações para os trabalhos do freelancer que se denomina JapanDave in Okazaki, que pode ser acessado no seu site (http://JapanDave.com). Vale a pena.
Como um aperitivo, nestes tempos de festas, incluimos alguns dos seus trabalhos que constam do The Japan Times, para enriquecer as nossas vidas.
Para ver as fotos, acesse www.onlinenewspapers.com/, entre na Ásia, depois Japan, Japan Times e finalmente Autumn Colors in HDR. Você vai se maravilhar.
20 de dezembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias | Tags: dificuldades japonesas, preservação da defesa externa, pretensões russas, problemas entre as Coreias
Um interessante artigo de Simon Tisdall, do The Guardian, publicado no O Estado de S.Paulo, resume muito bem os dilemas japoneses com as tensões que se observam no Extremo Oriente, tanto em função da agressividade chinesa, problema entre as Coreias, bem como as fricções com a Rússia. O Japão, que vinha contando com o guarda-chuva norte-americano, está colocado dentro de uma difícil situação que deve aumentar os seus gastos para a defesa externa, ainda que mantenha a sua posição pacifista desde o término da Segunda Guerra Mundial.
Os Estados Unidos não estão mais em condições de proporcionar a segurança do Extremo Oriente, depois das dificuldades no Vietnã, no Iraque e agora no Afeganistão, necessitando partilhar com outros países os pesados encargos que carrega. É uma situação estranha a do Japão, uma potência econômica que está limitada pelas disposições constitucionais em cuidar de sua defesa externa, ainda que opte por uma posição pacifista.
Compreende-se que, sendo a única vítima de um bombardeio atômico, tenha arraigada na cultura do seu povo a contrariedade de contar com força militar para a sua defesa, principalmente em uma potencial guerra. No entanto, todos os países que desejam ser independentes precisam contar com condições de assegurar o seu abastecimento, tanto de alimentação para a sua população como de energia e matérias-primas para assegurar o funcionamento de sua economia. Quando se entendem agredidos por países externos, como no atual caso com a China, ou potencialmente em risco com a Coreia do Norte e a Rússia, não pode depender de outras potências ainda que sejam os Estados Unidos e outros vizinhos do Pacífico.
O seu sistema de Defesa Interna não é suficiente, quando outros países aumentam seus gastos como vem fazendo a China, e contar com os Estados Unidos que nem consegue encontrar uma forma adequada para convivência com as tropas estacionadas em território japonês gera dificuldades que precisam ser equacionadas, ainda que com gastos expressivos. Alguns segmentos de sua opinião pública interna consideram que o Japão se encontra em condições humilhantes quando não pode reagir de forma vigorosa.
Ninguém imagina o uso da força, mas ela precisa existir como forma de dissuasão de potenciais agressões. Sempre a diplomacia é o caminho preferível, mas até ela precisa contar com a força capaz de dar forma a uma reação vigorosa.
Não é um problema fácil de ser resolvido, e nem claramente compreendido por aqueles que não vivem a atual situação, com o passado dramático pelo qual passaram. De qualquer forma, são problemas de segurança mundial que afetam a todos, e os esforços de beneficiar toda a humanidade com a atual globalização pode ser ameaçada por dificuldades que estão longe de serem somente regionais.
Mesmo para os países sul-americanos que se situam longe do cenário das atuais tensões, como todos vivemos numa aldeia global é preciso que se acompanhe, no mínimo, todas estas démarches com muita atenção.
20 de dezembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: caso do Brasil e da Rússia, importância da demografia, migrações
Neste site procura-se chamar a atenção para a importância da demografia, um aspecto do conhecimento humano que, por se alterar no longo prazo, nem sempre chama a atenção devida de todos. Ela influi de forma expressiva no comportamento da economia, muito acima do que normalmente é admitido pelos analistas, que estão se voltando para aspectos de curto prazo. Segundo os dados da ONU, entre os BRICs, o Brasil conta em 2010 com cerca de 195 milhões de habitantes, com uma população de cerca de 132 milhões entre os 15 a 65 anos. A Rússia, outro membro do grupo, menos noticiado que a China e a Índia que superam ao bilhão de habitantes, conta com cerca de 140 milhões, com pouco mais de 100 milhões entre os mesmos 15 a 65 anos.
A Gazeta Russa, publicada mensalmente junto com muitos jornais internacionais, inclusive com a Folha de S.Paulo, numa nota escrita por Andy Potts de Moscow News, informa que os russos desejam contar com 20 milhões de migrantes até 2020, pois estimam que sua força de trabalho seja de 88,6 milhões de russos. Já mencionamos neste site que o Brasil deveria adotar uma política semelhante, pois a nossa população tende a se estagnar nas próximas décadas, e seria conveniente contar com uma maior, para fazer frente aos asiáticos.
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20 de dezembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: ação da JBIC no Brasil, japoneses divulgam pouco suas atividades, pouco conhecimento da opinião pública, resultados limitados
Ainda que os japoneses e suas agências governamentais colaborem muito com o Brasil, suas atividades são pouco conhecidas do grande público, e eles acabam obtendo poucos resultados gerais para as suas empresas. Na medida em que elas não obtêm lucros, seus interesses pelo país continuam limitados, ainda que tenham uma orientação geral de transferirem parte de suas atividades para as economias emergentes como o Brasil, que continuam dinâmicas, apresentando perspectivas mais otimistas que no mundo já industrializado.
O JBIC – Japan Bank for International Cooperation é uma das agências oficiais que conta com um escritório de representação no Rio de Janeiro, que acaba de distribuir um livreto explicativo de suas atividades, em português, informando sobre as suas atividades em todo o mundo, que concede uma elevada prioridade para os projetos relacionados com o meio ambiente. Mas já vem colaborando com o Brasil, sendo possivelmente a instituição mais importante nos financiamentos dos projetos de longo prazo, alguns com taxas privilegiadas, abaixo dos praticados no mercado, dentro de um entendimento governo a governo.
Capa da publicação da JBIC em português
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20 de dezembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: balanços positivos, dados comparativos com outros Brics, seus méritos
Mesmo os balanços efetuados pelos órgãos da imprensa naturalmente críticos, como o da Folha de S.Paulo, concedem que nos dois mandatos do governo Lula da Silva os resultados econômicos foram expressivos, principalmente quando comparados com os das administrações anteriores. Destaca-se a brutal melhoria na distribuição de renda, com uma significativa ascensão da população que se situava nas camadas mais modestas, ampliando o mercado interno. Um expressivo crescimento foi obtido, com a redução da inflação e da dívida externa, deixando um quadro promissor para a sucessora. Os reparos concentram-se na educação, saúde, segurança pública e infraestrutura, apesar do substancial aumento das despesas públicas e da carga tributária.
Com todos os elogios possíveis, não se pode esquecer as comparações internacionais com os demais emergentes do BRICs. Como os que costumam fazer os ingleses pelos seus jornais, tipo Financial Times e revistas de grande credibilidade, como The Economist. Principalmente para colher subsídios úteis para as políticas que serão formuladas pelo governo que sucederá o atual, o da presidente Dilma Rousseff, que, mesmo sendo eleita com a ajuda decisiva de Lula da Silva para dar continuidade a sua, terá que se diferenciar do anterior, para se consolidar no poder.
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20 de dezembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Tecnologia | Tags: absorção chinesa da tecnologia estrangeira, atração do gigantesco mercado, concorrência no exterior, tecnologia do trem rápido
Um interessante artigo do jornalista John Gapper, do Financial Times, publicado na Folha de S.Paulo, apresenta um bom resumo do atalho tecnológico chinês, como vem sendo divulgado por este site. Como observamos, todos ficam impressionados, inclusive este jornalista inglês, quando usam os novos trens rápidos chineses, que estão sendo implantados com uma velocidade impressionante. Somente a Kawasaki Heavy reclama que sua tecnologia foi utilizada com pequenos aperfeiçoamentos introduzidos pelos chineses, pois os demais fornecedores como a General Eletric, Bombardier, Siemens e Alstom preferem se calar publicamente, diante da possibilidade conseguir ainda algumas vantagens dos chineses.
O fato concreto é que os chineses passam a competir no mercado internacional com pequenos aperfeiçoamentos efetuados em cima da tecnologia que lhes foi transferida pelos grupos estrangeiros, deixando de ser utilizada somente na China. Inclusive em grandes projetos nos Estados Unidos, num entendimento consorciado, que retira a força de uma reclamação internacional.
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16 de dezembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Tecnologia | Tags: China, investimentos em P&D, japao, ritmo de crescimento chinês, USA
Os dados publicados por Gautan Naik num artigo no Wall Street Journal Asia informam que a China supera em 2011 os investimentos que serão efetuados em pesquisa e desenvolvimento pelo Japão, tornando o segundo no mundo, ainda liderados pelos Estados Unidos que despenderam US$ 395,8 bilhões em 2010. Eles estão baseados nos estudos efetuados pelo Battelle Memorial Institute, que pode ser considerada uma instituição insuspeita, pois gerenciam seis laboratórios nacionais para o Departamento de Energia dos Estados Unidos.
Os chineses continuam aumentando seus investimentos nestas áreas, tendo despendido US$ 141,4 bilhões em 2010 e programam US$ 153,7 bilhões em 2011, enquanto os japoneses investiram US$ 142,0 bilhões e pretendem despender US$ 144,1 bilhões em 2011. Outros dados desta instituição informam que o Brasil firma-se como líder latino-americano, ainda longe dos asiáticos, pois também a Índia apresenta uma perspectiva auspiciosa.
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16 de dezembro de 2010
Por: Naomi Doy | Seção: Cultura, Depoimentos | Tags: documentos Joseon da Coreia, sutras budistas de Mogao-Dunhang, tesouros incas do Peru, Tung Huang, Yasushi Inoue
Acordo firmado pelos governos do Japão e Coreia do Sul estabeleceu, para o fim deste ano, a devolução de objetos históricos coreanos levados para o Japão durante a dominação japonesa da península coreana. Entre os mais de 1.200 itens negociados, incluei-se conjunto de arquivos do protocolo real da Dinastia Joseon (1392-1910). Igualmente, após disputa de décadas, o Peabody Museum of Natural History da University of Yale, New Haven, vai devolver ao Peru, a partir do início de 2011, cerca de 4.000 objetos extraídos das ruínas de Machu Picchu. A coleção inclui peças de cerâmica, têxteis e ossos levados pelo estudioso Hiram Bingham III, entre 1911 e 1915, patrocinado pela Fundação Peabody-Yale.
São notícias alvissareiras, aquietam corações daqueles que, visitando ricos museus mundo afora, se questionam até onde iria a legalidade da possessão de milhares de objetos arqueológicos supostamente levados para “pesquisa” e nunca devolvidos. Monumentais peças pré-colombianas e incaicas estão em alguns dos mais conceituados museus ligados ou não a prestigiosas instituições universitárias americanas. Múmias, totens, esculturas de pedra, máscaras e potes de cerâmica, objetos de jade, prata, ouro e tecido de civilizações asteca, maia, inca, mochica etc., fazem qualquer pessoa imaginar que nada deve ter restado das ruínas desses povos nas Américas Central e do Sul. Belíssimas peças da mais fina arte pré-colombiana em puro ouro maciço lembram que o El Dorado existiu, sim.
Os detentores dessas coleções alegam, não sem razão, que não tivessem esses tesouros sido levados, catalogados e preservados devidamente em locais seguros e adequados, hoje estariam todos vandalizados, derretidos, sumidos e que, da maneira como estão conservados, mais pessoas poderão apreciá-los. Os países de origem, por sua vez, contestam: acusam o imperialismo de governos e instituições patrocinadoras de terem feito saques e pilhagens em indefesos países coloniais. Por exemplo, instalando-se de mala e cuia junto às ruínas maias de Chichen Itza, Yucatán, México, o suposto arqueólogo Edward Thompson levou equipe a escavar sítios sem o devido rigor científico, nos anos 1890. Negociações levaram o governo mexicano a reaver alguns dos objetos levados ao Museu de Etnologia Peabody-Harvard, e Thompson se safou das acusações de pilhagem e venda. No Peru, além de Machu Picchu, das maltratadas ruínas pré-colombianas da costa norte do país também saíram preciosos objetos de ouro e pedras preciosas. Na verdade, a pilhagem vem de longos séculos: diz-se que o ouro levado à Espanha por conquistadores das Américas causou tamanho desequilíbrio monetário que chegou a desestabilizar a economia europeia na época. Na França, até hoje a expressão “ce n’est pas un Pérou” indica situação de muita riqueza, como em “a herança recebida não é nenhum Peru, mas dá pro gasto”.
Pilhagens e saques sempre foram demonstrações de força e poder ao longo da história. O maior deles talvez tenha acontecido quando Rússia e Inglaterra disputavam o Grande Jogo de influência na Ásia Central, nos fins do século XIX: segundo constatou o historiador Joseph Needham em 1943, Aurel Stein, explorador a serviço de sua majestade em 1907, levou algo como 24 vagões cheios de papéis e objetos antigos de uma das cavernas de Mogao, a 25 km de Dunhuang, norte da China. Needham o classifica como um dos mais ricos achados da história da arqueologia: objetos e documentos guardados durante séculos por monges, copistas e peregrinos budistas, só descobertos, então, 900 anos depois (Simon Winchester, “O Homem que Amava a China”, páginas 176-187). Espalhados por museus da Europa e Ásia (British Library, British Museum, Srinagar Museum, National Museum de Nova Delhi, Índia, e afins), ficaram longo tempo esquecidos em seus porões. No Reino Unido, hoje estão sendo cuidadosamente catalogados e digitalizados. Através de senha, internautas vão poder visualizá-los, quiçá copiá-los, inclusive a mais rica descoberta de Stein, o Sutra do Diamante: são rolos de pergaminho com transcrição de sutras budistas considerados o mais antigo documento impresso da história da humanidade. Em “Tung huang” (Tonkô, 1959), o escritor Yasushi Inoue tece uma apaixonante história sobre como, quando e porque muita seda e bateladas de sutras, documentos, pinturas, esculturas e relíquias búdicas foram zelosamente guardados nessas cavernas de Mogao, próximas de onde partiam caravanas pela Rota da Seda. Há dez séculos.