14 de dezembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: artigo do Wall Street Jounal, posições exageradas de desconfiança, relações bilaterais de dois grandes países emergentes
Uma visita do primeiro-ministro chinês Wen Jiabao acompanhado de 400 empresários à Índia deveria ser considerada um fato mais que natural, pois são dois vizinhos emergentes que possuem um significativo intercâmbio comercial. Têm seus problemas de fronteira e suas importâncias mundiais e devem ter uma ampla pauta para conversarem, o que seria útil para todos. No entanto, um artigo publicado pelos jornalistas Jeremy Page e Tom Wright, do Wall Street Journal, publicado no Valor Econômico, lista muitos riscos temendo o avanço da China sobre a Ásia. Até porque a Índia, visitada por outros importantes dirigentes ocidentais, lhes proporcionaram resultados muito brilhantes.
Estes dois países continuam sendo visitados pelos dirigentes de muitos outros, que reconhecem a importância que têm no mundo. Estão crescendo a taxas elevadas e são mercados potenciais importantes. Certamente incomodam outras potências que observam a redução de sua presença na Ásia, tanto pelas suas dificuldades econômicas como a incapacidade de continuar a ser o garantidor da segurança mundial, que passou a depender de um grande número de países, inclusive o Brasil.
A Índia e a China possuem uma extensa fronteira em comum
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14 de dezembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura | Tags: diferenças culturais, inverno para quem nasceu nos trópicos, Natal, saudades do Brasil | 2 Comentários »
A título de uma crônica e solidariedade. Aos brasileiros nascidos num país tropical, abençoado por Deus. Nos tempos de inverno, eles sentem mais saudades do Brasil. A falta dos seus entes queridos. Quando estão sob invernos rigorosos suas lembranças se voltam aos dias felizes. Nem eram tão conscientes.
Quando amanhece somente pelo meio da manhã, começa escurecer no fim da tarde, na alma uma nostalgia das bênçãos dos trópicos. Muitos habituados em regiões frias sentem a falta de um bom inverno com neves. Mas não é a mesma saudade intensa das alegrias humanas, agravada pelo frio. Um quê de solidão, a falta de uma parte de nós mesmo.
Coisa mais estranha, o Natal no Japão. Um dia normal como outros, com um pouco de enfeites nas lojas, um ar comercial. Talvez um jantar reunindo amigos, mas sem o clima necessário. Falta a expectativa das vésperas, do corre-corre dos países de tradição cristã. Ainda que se tenha esquecido a verdadeira razão da data. Só resta a exploração comercial, as trocas de presentes. Agradecimentos pelos favores. Falta a espontaneidade.
Nada de preparar uma árvore de Natal, um presépio. Enfeites pela casa até com lembranças que não são tropicais. Com flocos de algodão imitando neves, com pinheiros não brasileiros. Mas faz parte da tradição.
Imaginar um Papai Noel com o seu trenó, com alguém fantasiado de vermelho. Um saco nas costas para alegrar as crianças, inocentes. Uma canção natalina, um calor de horas felizes com amigos. Até com alguns calores etílicos.
Jornada normal num escritório impessoal, nipônico. O Natal só começa quando o expediente acaba. Uma despedida com um Feliz Natal formal para os colegas. Sente-se um nó no coração, a falta de algo. Talvez um pequeno encontro com familiares.
Que saudades do Brasil. Suas limitações são nadas. Quisera sentir um abraço amigo, desinteressado. O calor dos trópicos, humano, espontâneo. Sem precisar se embebedar para se libertar dos formalismos, das armaduras.
Isto, mais humano, com alegria de viver. Mesmo pobres, sem orgulhos. Simples. Porque não abraçar, beijar nas faces. Não há malícia, mas amizade. Contato de pele com pele, inocente. Tudo terminal em carnaval, alegria saltitante. Outros preferem o aconchego de uma igreja. Uma pausa para meditar sobre a doação.
Somos humanos… Com nossas falhas…
Um sincero Feliz Natal a todos…
14 de dezembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: corte das despesas, liderança na crise, sinergias dos esforços, visão de curto e longo prazo | 2 Comentários »
Proporciona-nos uma grande satisfação quando encontramos empresários como Carlos Ghosn com muitos pontos de vista que coincidem com os nossos, mais modestos. No seu terceiro artigo publicado no Nikkei, ele relata a experiência da ultrapassagem da recente crise, que começou com a quebra do Lehman Brothers e espalhou seus efeitos negativos em todo o mundo. Ele fala da necessidade de uma liderança forte, esclarecendo os seus comandados, nos momentos de grande turbulência.
Destaca as diferenças daqueles que almejam resultados de curto prazo, como os observados nos sistema financeiro, dos que têm uma visão mais estratégica de longo prazo, onde os esforços na produção exigem uma perspectiva mais longa. Utiliza a experiência por que passaram na Nissan/Renault que exigiu a eliminação dos desperdícios que existiam na produção, concentrando os esforços para preservarem a sua liquidez, procurando a sinergias que poderiam derivadas das experiências de ambos os grupos.
Carlos Gosn se preparando para uma entrevista para TV
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14 de dezembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Tecnologia | Tags: adoçantes naturais, demanda asiática, largo consumo industrial, pesquisas avançadas | 10 Comentários »
Todos sabem que os brasileiros herdaram dos portugueses e dos árabes os costumes de consumir produtos extremamente doces, com o uso abundante do açúcar e do mel. Quando os seres humanos não enfrentavam graves problemas de diabetes e efetuavam grandes esforços físicos, os consumos destes produtos podiam ser exagerados, ainda que muito calóricos. Agora, muito deste açúcar foi substituído por produtos químicos, quando se dispõe de uma boa alternativa natural, que é a estévia, mais conhecida pela denominação tradicional stévia.
Um extenso artigo publicado no Valor Econômico, de autoria de Fabiana Batista, dá conta de pesquisas adicionais para melhorar a qualidade deste produto, deixando o certo gosto amargo do qual alguns consumidores se queixam. O fato concreto é que este produto é largamente consumido na Ásia, principalmente nos produtos industriais como sorvetes, pois são de transporte fácil, e são muito mais poderosos que o açúcar na sua capacidade de adocicar o que quer se deseje.
O pesquisador Airton Goto mostra como extrair o doce da estévia
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14 de dezembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Tecnologia | Tags: Cosan, deslanche, etanol para a indústria química, Expo Tsukuba 85 | 2 Comentários »
Já em 1985, na Expo Tsukuba 85, o Pavilhão Brasileiro apresentava como tema o uso do hoje conhecido como etanol, que na ocasião ainda era simplesmente álcool. O Brasil começava a utilizar automóveis movidos por álcool e já se esperava que a petroquímica, baseada numa matéria-prima finita, seria ainda que em parte substituída pela alcoolquímica, utilizando matérias-primas renováveis e menos poluentes.
Num entrevista publicada pelo Valor Econômico, o presidente Pedro Mizutani, da Cosan Açúcar, Álcool e Energia, explica que o álcool para a indústria química está cada vez mais competitivo com o destinado como combustível de veículos. Tudo começou em escala industrial com a Braskem, depois das pesquisas iniciadas pela Coopersucar, voltado para a produção de polietileno, que está sendo abastecido pela Cosan que conta com 23 usinas em operação.
O presidente da Cosan Açúcar e Álcool (CAA), Pedro Mizutani
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13 de dezembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais | Tags: as diferenças que determinam performances discrepantes, comparações econômicas do Brasil, hipóteses que podem ser levantadas, Índia e China
Num espaço como deste site não cabe uma discussão profunda sobre as causas das diferenças atuais de crescimento econômico registrados em três grandes países emergentes como o Brasil, a Índia e a China. Mas parece que interessam a muitos mesmo as pinceladas que podem ser levantadas como hipóteses para tentar explicar as possíveis diferenças. O senso comum para os brasileiros é que a economia chinesa e a hindu apresentam maiores dificuldades para o crescimento, mas eles estão conseguindo resultados superiores ao do Brasil nas últimas décadas.
Examinando superficialmente dois livros recentemente publicados em 2010 pela Oxford Economic Press, “Emerging Giants – China and India in the World Economiy”, editado por Barry Eichengreen, Pooman Gupta e Rajiv Kumar, e “India’s Economy – Performance and Challanges Essays in Honour of Montek Singh Ahluwalia”, editados por Shankar Acharya e Rakesh Mohan, colhe-se a impressão que os acadêmicos daqueles países estudaram mais aspectos relacionados com o desenvolvimento econômico que os brasileiros. Muitos que são os responsáveis atuais pelo destino da China e da Índia, ou formam as equipes que orientam suas políticas econômicas, estavam mais preocupados com reformas e problemas relacionados com o desenvolvimento. No Brasil, diante dos problemas inflacionários por muitos anos, os acadêmicos concentraram-se na atenção dos aspectos monetários, com a manutenção de taxas de juros extremamente elevados, relevando outros aspectos relacionados com a produção.
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13 de dezembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Livros e Filmes | Tags: artigo na Ilustríssima da Folha de S.Paulo, esteve no Brasil, Lijia Zhang, livro de memórias
Lijia Zhang, uma jornalista chinesa que era operária na China e formou-se na Inglaterra, onde se refugiou depois de participar dos eventos de 1989 que marcaram os protestos estudantis naquele país, escreveu o livro “A Garota da Fábrica de Mísseis – Memória de uma Operária da Nova China”, tradução de Roberto Grey, Reler Editora, que foi objeto de um artigo da Izabela Moi no Ilustríssima da Folha de S.Paulo.
Segundo este artigo, ela pretende servir de ponte entre a China e o Ocidente, pois entende, como este site, que existem informações distorcidas de ambas as partes, havendo necessidade de um melhor entendimento recíproco, mesmo sem uma concordância com as posições adotadas de cada lado. Ela não se considera uma dissidente oficial, como o Liu Xiaobo, mas seu livro foi escrito em inglês, pois até a resenha que saiu no New York Times acabou sendo censurado na China.
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13 de dezembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Intercâmbios | Tags: biodiversidade, dificuldade para uma visão equilibrada, locais turísticos, reportagem sobre o Brasil
Uma longa reportagem sobre o Brasil foi publicada no The Japan Times por Mark Brazil (o nome é mera coincidência), como ele mesmo se denomina, um “naturalista viajante”. Ele tem visitado o Brasil com frequência, pois se interessa pela biodiversidade e sua preservação. Concentra-se nos aspectos turísticos e exóticos do país, com a melhor boa vontade procurando um equilíbrio na sua avaliação. Mas acaba disseminando um quadro que pode acabar dando uma imagem distorcida do Brasil, mal conhecida pela sua própria população.
A reportagem está recheada de fotos da Catarata do Iguaçu, dos animais como onças, jacarés, macacos, capivaras e araras, como se isto fosse parte do cotidiano dos brasileiros. Chegaram a me perguntar no exterior se corremos o risco de tropeçar em alguns destes animais pela rua. De tanto se repetir as imprecisões, elas acabam ganhando tons de verdades categóricas, pois até os livros didáticos brasileiros cometem alguns pecadilhos, como se trata de um país católico onde se comunica somente em português.
Cataratas do Iguaçu, onça pintada e araras: exemplos de nossa rica diversidade
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13 de dezembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: acordo conseguido, fundos, os maiores poluidores (China e USA), pessimismo brasileiro, posição japonesa, resistência da Bolívia
Aqueles que possuem alguma experiência em reuniões internacionais que congregam cerca de 200 países sabem que sempre se atinge um acordo mínimo. O que se conseguiu na madrugada do sábado de 11 de dezembro, cujo texto final não foi divulgado até o momento, parece ter superado as expectativas que se mantiveram baixas até a sexta-feira, inclusive por este site, e apesar a resistência quixotesca da Bolívia. Todos sabiam que os dois países mais poluidores do mundo, que são a China e os Estados Unidos, evitavam compromissos claros, o que levou o Japão a uma posição radical contra a prorrogação pura e simples do Protocolo de Kyoto, que lhe impunha pesados encargos enquanto seus concorrentes não assumiam os mesmos compromissos.
Alguns países como o Brasil se empenharam com seus delegados nos entendimentos bilaterais para evitar o fracasso da reunião e, segundo está na imprensa, a chefe da delegação brasileira, ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira deu nota 7,5 à conferência, a qual não compareceu o presidente Lula da Silva, certamente porque não esperava por resultados espetaculares. O Brasil é um dos países que mais tem constituído reservas ecológicas, reduzindo drasticamente o desmatamento, e espera por ajudas como do Fundo REED – Fundo de Redução das Poluições com Manutenção das Florestas e Degradações ora criado, e que deve contar com US$ 100 bilhões de contribuições dos países desenvolvidos, US$ 20 bilhões imediatos.
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9 de dezembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Empresas | Tags: comportamento no mundo globalizado, empresas japonesas no exterior, estrangeiros nas empresas japonesas
Mostrando o quanto as empresas japonesas e o Japão não estavam preparados para o processo de globalização das economias, apesar de atuarem há décadas no exterior, um artigo do Financial Times, escrito pela Michiyo Nakamoto, acaba de ser publicado no jornal econômico japonês Nikkei noticiando sobre contratação de empregados estrangeiros. Em condições normais, o assunto não merecia ser pautado, mas como o processo ainda é uma novidade tardia naquele país, que ainda se mantém bastante isolado como um arquipélago, ele acaba sendo notícia. Certamente, o mesmo problema não acontece nas economias desenvolvidas com o mesmo grau, como na dos Estados Unidos, Inglaterra ou França, ainda que qualquer crise aprofunde os sentimentos nacionais, de forma lamentável.
O artigo informa que empresas japonesas, com critérios variados, procuram incorporar funcionários estrangeiros. Espera-se que comecem com os já residentes no Japão, que trabalham como temporários, pois já passaram por um período de adaptação, possuindo experiências internacionais, ainda que mais idosos em média, acabando com alguns preconceitos injustificáveis. Mesmos os funcionários estrangeiros nas subsidiárias das empresas japonesas continuam com a impressão que não recebem as mesmas oportunidades de ascensão dentro das mesmas, quando comparados com os japoneses.
Algumas empresas desejam funcionários estrangeiros qualificados que tenham o domínio do idioma japonês. Outros se satisfazem com o inglês, que vem sendo mais utilizado nas operações internacionais. Muitas desejam executivos treinados em mercados externos, principalmente emergentes, onde pretendem ampliar suas operações. Mas a grande pergunta que deveriam formular é: “por que muitos estrangeiros adequados receiam trabalhar ou não se sentem atraídas pelas empresas japonesas, ainda que elas possuam boas imagens internacionalmente?”
Parece que existem diversas respostas, todas complexas: 1) muitos dos sistemas e processos, inclusive administrativos das empresas japonesas, não são os mesmos de outras empresas estrangeiras; 2) muitos sentem que não possuem as mesmas oportunidades de ascensão dos colegas japoneses; 3) sentem que existem grupos japoneses que os marginalizam, considerando-os inferiores; 4) existem grandes barreiras linguísticas e culturais; 5) os critérios de remuneração ao longo da carreira são inadequados para os estrangeiros; 6) dão exagerada importância à performance coletiva, não reconhecendo talentos individuais etc.
As empresas japonesas estão reconhecendo que precisam das contribuições dos funcionários e técnicos estrangeiros que tenham experiências onde os japoneses são carentes, sendo que preparam alguns para atuar no exterior, por um curto espaço de tempo. Para estabelecerem conexões locais relevantes, eles necessitam de maior tempo, além do completo domínio do idioma local, ou precisam da colaboração de pessoal local, sem nenhum resquício de preconceito. Se elas necessitam de tais habilidades, precisam estar dispostas a proporcionar as remunerações adequadas, com as mesmas oportunidades de ascensão nas suas carreiras no nível mundial, sem nenhuma sombra de desconsideração que acumularam ao longo do tempo, e que se tornaram culturais de um arquipélago. É difícil, mas precisam absorver que “gaijin” e japoneses são iguais, e em alguns casos superiores as suas atuais qualificações, para as tarefas que hoje necessitam executar.
Muitas empresas japonesas, tanto as que atuam no exterior como as que trabalham voltadas ao mercado interno do Japão, estão atingidas pela globalização, e não conseguem se isolar dela sem contraírem suas atividades. As cifras de empregados estrangeiros mencionados no artigo são insignificantes ainda, e muitas empresas se tornarão mais importantes no exterior que no Japão. Nada mais natural que contar com maior número de dirigentes e empregados estrangeiros, se desejarem continuar competitivas.
Existem muitas qualidades dos japoneses e atrativos no Japão, mas é preciso reconhecer também os dos estrangeiros no mundo globalizado, senão o Japão não continuaria estagnado como há décadas. É preciso que os japoneses reconheçam que algumas economias nasceram e se desenvolveram voltadas para o exterior, até porque não contavam com o mercado interno, que não é o caso do Japão.
Assim, nada mais lógico, se pretendem expandir no mundo, que absorvem mais estrangeiros, ao mesmo tempo em que os recursos humanos japoneses possam competir em empregos nas empresas estrangeiras. Como tenderá a acontecer se possível com menor fricção, e se resistirem com maiores dificuldades.