Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Desaceleração Econômica e Inflação Chinesa

22 de outubro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: 6% em 12 meses, inflação de 3, ligeira queda do crescimento chinês para 9.6% ao ano

Muitos jornais em todo o mundo noticiam, com certo alarde, que a economia chinesa passou a crescer menos, mas está ainda num patamar muito elevado se comparado com o resto do mundo, ou seja, 9,6% ao ano. Este seria um nível com o qual até mesmo outros emergentes gostariam de contar. Ao mesmo tempo, mostram que a inflação naquele país chegou a 3,6% nos últimos 12 meses, acima da meta que persegue na sua política econômica. Sempre existem algumas visões diferentes para avaliar estes dados.

Muitos vinham criticando que a China crescia muito em função do seu câmbio desvalorizado, invadindo o resto do mundo com suas exportações. Passando a estimular o mercado interno, a China certamente sofrerá uma pressão inflacionária, que não é nada alarmante, e ainda abaixo do que continua ocorrendo no Brasil. Na realidade, parte da inflação brasileira decorre do exagerado aquecimento da economia chinesa, que vem puxando os preços das principais commodities, inclusive agropecuária.

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Crescente Importância dos Emergentes no G20

22 de outubro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: crise cambial destaca emergentes no G20, reuniões em nível ministerial e presidencial, solicitação da Índia e Brasil participarem ativamente

O site da Folha divulga uma notícia da agência Efe, proveniente de Washington, afirmando ter uma alta funcionária do Tesouro norte-americano, que solicitou manter-se incógnita, apelado para a Índia e o Brasil não darem as costas para o G20 no momento em que o grupo precisa se unir. Visaria conseguir avanços num acordo cambial geral bem como equilíbrio comercial mundial. Os países emergentes, incluindo a China, ganham importância cada vez maior no cenário internacional e reivindicam mais participação nas decisões que afetam todos os países.

Mas o ministro da Fazenda do Brasil, Guido Mantega, não está programado para participar da reunião do grupo que ocorrerá, inicialmente, em nível ministerial ainda no próximo fim de semana. O de nível presidencial, onde o presidente Lula da Silva ainda não confirmou presença, deve ocorrer em novembro próximo em Seul, na Coreia do Sul.

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Presidente Lula e o ministro da Fazenda Guido Mantega

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A Rota do Chá e do Cavalo II

22 de outubro de 2010
Por: Naomi Doy | Seção: Livros e Filmes | Tags: documentário de Michel Noll, França-China 2007, TV5-Monde, “Sur la route légendaire du thé”

Colhidas de árvores nativas centenárias desde antes da era Cristã, a colossal demanda por folhas da Camellia sinensis provocou seu cultivo em larga escala nas regiões subtropicais amenas do sudoeste chinês. A colheita pode durar de 6 a 8 meses após as chuvas de monções, e é feita com triagem rigorosa das folhas por delicadas mãos femininas, a fim de preservar as plantas e a qualidade das folhas. Chineses sempre beberam infusões de chá verde fresco, mas para facilitar o transporte e a conservação, adotou-se o processamento de fermentação das folhas por secagem natural; quando adquiriam cor acobreada, interrompia-se a decomposição natural por calor – em forno, ou a vapor. O produto era então comprimido em bolos, ou em formas de discos, ou tijolos. As folhas assim processadas continuavam a fermentar, mesmo depois de acondicionadas e transportadas no dorso de mulas e cavalos em longas viagens, que duravam meses. O popular chá pu’er é processado até hoje dessa maneira.

Chama Dao, Rota do Chá e do Cavalo, era o caminho através do qual se comerciavam cavalos de guerra tibetanos, peles, tapeçarias etc., por chá, sal, açúcar, vindos do sudoeste chinês. Tornou-se via crucial de comunicação e comércio entre as culturas das atuais Yunnan e Sichuan, e Lhasa, no Tibete. Atingia até Pérsia e Mongólia, através de Butão, Nepal, Índia. Postos fiscais por onde passavam caravanas deram origem a vilas, povoados, e cidades. Pontilhados de templos, estátuas e locais de oração, todo o trajeto se impregnava de uma aura de religiosidade e fé das mais diversas seitas budistas, de etnias como han, dai, uighur, naxi, bai, hui. Esta rota atravessava o “teto do mundo” por mais de 4.000 quilômetros de trilhas tortuosas, vinte cadeias de montanhas – com picos de mais de 6.000 metros, dois planaltos desérticos, canyons e gargantas profundas, poderosos rios de montanhas – Jinsha/Yangtsé, Lancang/Mekong, Nujian/Salween, e seus afluentes não menos avassaladores.

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Perspectivas dos Jovens da Elite na China

22 de outubro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura | Tags: análises comparativas, os jovens da elite chinesa, outros países emergentes

 Tsinghua_Emblem Um interessante artigo foi publicado por John Gapper no prestigioso jornal Financial Times referindo-se às perspectivas dos jovens chineses de elite, como os alunos da Universidade de Tsinghua, onde estudaram o atual presidente da China Hu Jintao e o seu provável sucessor Xi Jinping, promovido recentemente a um dos mais elevados cargos do comando militar. É possível fazer uma comparação com os formados nas mais respeitosas universidades de outros países, inclusive emergentes, como o Brasil.

John Gapper participou de um programa organizado pelo Committee of 100, uma organização sino-americana que tenta estabelecer uma ponte entre os Estados Unidos e a China. Visitou estudantes que participam desta elite chinesa. Observou que eles possuem interesses semelhantes dos outros em diferentes países, não estando muito ligados aos assuntos políticos locais.

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Ser Poeta e Não Economista

20 de outubro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: confusão mundial, limitações da economia, restrições existentes

Acompanhando o noticiário internacional, podemos sentir que o mundo está numa confusão generalizada. É a hora em que desejamos ser poetas e não economistas, pois estes são uns pessimistas, sempre lembrando as dificuldades, as limitações e restrições a que todos estamos sujeitos, os conflitos de interesses que temos uns com os outros. Parece que alguns poetas são também pessimistas, mas a maioria deles pode sonhar livremente com as coisas boas da vida, sem se preocupar com um mundo onde tudo é limitado.

No passado, muitos diziam que o ar que respiramos era livre e gratuito para todos. Hoje se sabe, infelizmente, que o ar respirável na qualidade e quantidade que desejamos acaba custando muito, e que nos eventos como o COP 10 em Nagóia, e outros que devem se seguir, mais de uma centena de países discutem quem paga a conta e como.

Ouve se falar muito da guerra cambial e comercial que parece em plena marcha, com países tentando usufruir as vantagens e alguns se defendendo de possíveis danos, ainda que em detrimento de outros, conscientes de que tudo tem alcance limitado. O comércio internacional deixou de ser um meio para proporcionar vantagens para os países parceiros, propiciando bem-estar para suas populações. Os fluxos financeiros internacionais liberalizados, que proporcionam astronômicos lucros para os seus operadores, suplantam em milhares de vezes as cifras dos intercâmbios comerciais, influenciando fatores que deveriam contribuir para uma arbitragem razoável.

As autoridades mundiais constituídas por acordos amplos, como as Nações Unidas e seus principais braços como o Fundo Monetário Internacional, Banco Mundial ou Organização Internacional de Comércio, mostram-se impotentes para limitar a desastrosa escalada dos confrontos entre países e blocos.

Tudo indica que os problemas terão que se tornar insuportáveis para que um acordo mínimo de convivência se torne possível. Não há mais lideranças capazes de pensar como estadistas, impondo com a sua força moral um mínimo de racionalidade, algo que permita uma convivência entre países que pensam de formas diferentes.

Pelo contrário, parecem predominar as posições dogmáticas, inclusive religiosas, esquecendo-se das esperanças da construção de um mundo ecumênico, tolerante, que respeita a humanidade existente em cada um de nós.

Mas o que nos conforta é que tivemos períodos mais conturbados ao longo da história, que geraram conflitos catastróficos, ou pessimismos como os que alimentaram os malthusianistas. Mas a humanidade foi capaz de superar a todas as intempéries, e hoje estamos mais instrumentalizados e conscientes dos riscos pelos quais passamos. Não podemos ser movidos somente pela emoção, principalmente as que mobilizam coletividades, ainda que ela seja importante.

Conseguir um acordo global sempre será difícil, mas tentativas continuam sendo feitas para alcançar um mínimo aceitável pela maioria, com todos abrindo mão de algo. Não podemos ser suicidas coletivos, ainda que muitos se encontrem no limite do desespero. Será que aprendemos tão pouco com todos os sofrimentos pelos quais já passamos?

Os economistas sabem que existe teoricamente uma curva de conflito onde os interesses se contrapõem e as decisões precisam ser tomadas. Que os nossos negociadores, diplomatas treinados, sejam capazes de estabelecer entendimentos minimamente aceitáveis para as diversas partes, pois as populações da maioria dos países sabem que é melhor ter um pouco mais que perder tudo.


O Máximo da Experiência de um Jantar no Japão

19 de outubro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Livros e Filmes | Tags: controvérsia, experiência impecável, Kitcho, livro de Kunio Tokuoka

kitcho A indiscutível qualidade da culinária kaiseki, que evoluiu das cerimônias de chá da antiga capital japonesa Quioto, tinha como referência a cadeia de estabelecimentos do grupo Kitcho. Há alguns anos, um dos locais administrados pelos familiares dos proprietários passou por um escândalo que abalou o seu prestígio. Alguns dos seus produtos comercializados fora dos restaurantes estavam com a validade vencida.

Agora, talvez até para superar a crise que os afetou, o chef Kunio Tokuoka, da terceira geração da família, editou o livro traduzido para o inglês pela tradicional editora Kodansha International, com o título “Kitcho: Japan’s Ultimate Dining Experience”, que mereceu um comentário de Jonathan Hayes no The New York Times.

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Restaurante Original em Akihabara

19 de outubro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: fora dos padrões tradicionais, sushi preparado por garotas

sushiwoman No Japão, os sushimen costumavam ser somente homens, sob alegação de que as mulheres tinham as mãos mais quentes, o que era inadequado no preparo de sushis. Pode ser que fosse um preconceito, mas era a tradição. Agora, o jornal japonês Nikkei noticia que um tradicional proprietário de restaurantes, com experiência de 30 anos como sushiman, acaba de abrir um estabelecimento no bairro de Akihabara em Tóquio. A diferença é que o sushi-ya trabalha com 28 jovens chefs mulheres, com idade em torno de 20 anos, utilizando folclóricos “happy coats”, equipes de seis membros. O local está despertando muita atenção.

Elas foram treinadas durante um mês e meio e já deviam ter conhecimento do ofício. Preparam sushis tradicionais, mas também originais na forma de um coração ou animais. Eles são servidos em utensílios perfeitos de vidro.

O restaurante possui somente 17 lugares no balcão, e os clientes gastam em média em torno de 3.000 ienes por visita.


Universidade de Keio Desenvolveu Tela 3D Gigante

19 de outubro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Tecnologia | Tags: demonstração efetuada no Japão, para medicina e esportes, tela gigante em 3D

O jornal Nikkei anuncia que o professor de Ciência e Tecnologia da Universidade de Keio Yasuhiro Koike fez demonstração com uma gigantesca tela que permite a transmissão em alta definição de imagens em terceira dimensão. O protótipo tem a dimensão impressionante de 150 polegadas e ele espera que seja utilizado na medicina e nas transmissões esportivas, devendo ser comercializado no futuro mediante entendimentos com a Toshiba, Asahi Glass e Mitsui Chemical.

A transmissão foi feita por fibra óptica do campus Hiyoshi, da Universidade de Keio, em Yokohama, para o National Museum of Emerging Science and Innovation em Tóquio, a uma distância de aproximadamente 50 quilômetros. O professor Yasuhiro Koike conversou na transmissão com o conhecido astronauta japonês Mamoru Mohri, diretor chefe executivo do Museu.

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Mamoru Mohri, à direita, em um aperto de mão virtual através da TV de tela grande

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Sucessão Chinesa Sem Nenhuma Surpresa

18 de outubro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: ascensão do vice-presidente Xi Jinping, linhas básicas do próximo plano quinquenal, sucessão chinesa

Há quase uma unanimidade na imprensa mundial, inclusive do jornal governamental chinês Xinhua e do maior jornal daquele país, o China Daily, que a Quinta Plenária do 17º Comitê Central do Partido Comunista Chinês aprovando as diretrizes do próximo plano quinquenal para 2011 a 2015, e anunciando a promoção do vice-presidente Xi Jinping para vice-chairman da Comissão Militar Central, consagrou o próximo dirigente máximo da China.

Ele era considerado favorito, e na política chinesa dificilmente há surpresas. Deverá ser o próximo secretário-geral do Partido e presidente no lugar de Hu Jintao. É considerado o seguidor da Visão Científica do Desenvolvimento, que começou com Deng Xiaoping, e deve contar com as condições para executar as reformas necessárias para a continuidade do crescimento da China.

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Xi Jinping, futuro secretário-geral do partido e presidente da China

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Desinformações Sobre Terras Raras

18 de outubro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Tecnologia | Tags: confusão de informações, perspectivas de prazo mais longo, reservas limitadas, uso de terras raras

Um artigo do Wall Street Journal, reproduzido hoje no Valor Econômico, que contou com a colaboração de muitos jornalistas de diversos pontos do mundo, dá uma mostra da confusão que está instalada no trato do assunto relacionado com terras raras, que são 17, tanto por parte dos empresários e acadêmicos como por profissionais da imprensa. A partir de medidas que começaram a restringir a exportação chinesa, tanto oficial como de contrabando, disseminam-se muitas desinformações, sabendo-se que a China é o maior produtor destes minérios.

Indica, também, que as visões de muitos estão ligadas somente a curto e médio prazo, não se examinando os problemas com perspectivas mais longas. Por se tratarem de produtos estratégicos para atividades de alta tecnologia, as autoridades e os empresários deveriam se preocupar com as análises com horizontes de décadas, não se restringindo à recente alta dos seus preços, pois existe uma tendência de sua elevação que vem ocorrendo há anos.

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Gráfico mostra que o preço de terras raras subiu vertiginosamente

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