Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Prêmio Nobel na Ásia e no Japão

11 de outubro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: laureados japoneses, Prêmio Nobel chinês, problemas políticos

O jornal econômico japonês Nikkei publica uma matéria reconhecendo que a indústria química japonesa deve muito a dois cientistas que foram premiados com o Prêmio Nobel neste ano, Akira Suzuki, da Universidade de Hokkaido, e Ei-ichi Negishi, atualmente na Universidade de Purdue, nos Estados Unidos. E isto vem ocorrendo há décadas, sem o merecido reconhecimento. O que chama a atenção é que muitos japoneses premiados ao longo dos anos atuam nos centros de pesquisa de outros países.

Na cultura japonesa, pouco da contribuição individual é destacada, mas a da coletividade. Os que são dotados de talentos pessoais nem sempre acabam sendo bem vistos, recebendo pouco suporte. Eles acabam encontrando melhores condições de trabalho nos centros de pesquisas em outros países, que procuram atrair cientistas de elevada potencialidade. As patentes das descobertas de novos conhecimentos relevantes acabam sendo atribuídas as empresas, que utilizam pesquisas feitas pelos cientistas.

Akira Suzuki Ei-ichi Negishi Liu Xiaobao Aung San Suu Kyi

Akira Suzuki, Ei-ichi Negishi, Liu Xiaobao e Aung San Suu Kyi

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Akira Kurosawa no Brasil

9 de outubro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Livros e Filmes | Tags: exposição imperdível, filme e desenhos de Akira Kurosawa, Instituto Tomie Ohtake

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Um sonho longamente acalentado está prestes a realizar-se. A partir de 22 de outubro próximo, no Instituto Tomie Ohtake, pinturas de cena, storyboard, de Akira Kurosawa estarão expostas. Projeto que Ricardo Ohtake, junto com outros colaboradores, planejou há anos, com negociações difíceis, será concretizado em São Paulo, Brasil, em coordenação com a Mostra Internacional de Cinema, que exibirá uma cópia restaurada de Rashomon, que tornou Akira Kurosawa conhecido fora do Japão.

A Folha de S.Paulo, Ilustrada, traz hoje um artigo de Ana Paula Souza sobre o assunto, completado pelo trabalho da reportagem local. Existe um museu em Tóquio onde se encontra esta coleção, junto com outras peças que lembram os trabalhos de Akira Kurosawa, este cineasta exigente, que além de desenhar o storyboard esboçava todos os figurinos que seriam utilizados nos seus memoráveis filmes. Castelos verdadeiros foram construídos para serem queimados durante a filmagem, cujas maquetes foram preservadas, como muitas coisas utilizadas na produção destas obras.

Toshiro Mifune e Machico Kyo, em Rashomon Pintura de cena de Ran Pintura de cena de Kagemusha

Como estes materiais exigem muito cuidado para o seu transporte, é preciso contar com patrocinadores de peso, o que não se consegue no Japão. Muitos filmes de Akira Kurosawa tiveram que contar com investidores estrangeiros, como Martin Scorsese e outros cineastas que reconheciam a genialidade do cineasta japonês, que nem sempre foi prestigiado no seu próprio país.

A exposição deve contar com a presença da Teruyo Nogami, produtora de muitos filmes do mestre japonês, e autora do livro “A espera do tempo”, que retrata o seu longo relacionamento profissional com o diretor. Kurosawa, com seu gênio difícil, ouvia poucos, entre eles a colaboradora Teruyo Nogami, que reconheceu explicitamente.

As duas páginas da Folha de S.Paulo, ainda que bem elaboradas e ilustrativas, dão uma pálida ideia do que foi deixado pelo grande mestre japonês do cinema, que começou a sua carreira como pintor. São notícias estimulantes que devem atrair um grande público para a exposição.

Akira Kurosawa é reconhecido no exterior como um dos ícones da cultura japonesa, mas nem sempre contou com o suporte necessário no Japão, o que continua acontecendo com as agências governamentais daquele país, que pouco se empenham no patrocínio de sua divulgação.


Produtos Amazônicos na Culinária Saudável

9 de outubro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Gastronomia | Tags: interesse do chef Toshio Tanahashi, possibilidade de ampla divulgação, produtos amazônicos para alimentação saudável | 2 Comentários »

Uma interessante matéria de autoria da jornalista Iara Biderman está sendo publicada pela Folha de S.Paulo, Saúde, com o título “Dieta amazônica aumenta longevidade”. A reportagem informa que os 50 mil habitantes de Maués, no Estado de Amazonas, contam com mais moradores de 80 anos, o dobro quando comparado com a capital Manaus ou outras cidades do Estado. O assunto acabou sendo motivo de estudo do gerontólogo Euler Ribeiro, da Universidade Estadual do Amazonas, bem como da bióloga e geneticista Ivana Mânica da Cruz, da Universidade Federal de Santa Maria, do Rio Grande do Sul.

Alem da expectativa de vida mais elevada, os habitantes de Maués gozam de boa saúde, com 60% menos diabetes, hipertensão, reumatismo e demência. Constatou-se que eles possuem mais filhos, mesmo com a idade avançada, e consumem regularmente guaraná em pó. Sua dieta tem as mesmas propriedades da mediterrânea e as do uso do chá oriental, que também facilitam a longevidade com saúde.

cupuaçu Guarana peixes da amazonia

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Acadêmicos Japoneses Visitam o Brasil

9 de outubro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: alternativas nos emergentes, dificuldades de relacionamento com a China, Japão procura estudar o Brasil, redução da dependência | 2 Comentários »

Não se duvida que os japoneses, tanto empresários como acadêmicos, estejam mais interessados no intercâmbio com o Brasil e procuram aprofundar os seus conhecimentos sobre o país, do ponto de vista político e econômico, enviando muitas missões. Constata, porém, que o conhecimento deles ainda é precário, havendo necessidade de muito trabalho para que possam ser úteis no incremento deste intercâmbio bilateral.

Somente nesta semana, três credenciados acadêmicos encontram-se no Brasil, um deles bastante conhecido: Heizo Takenaka, diretor do Global Security Research Institute, da Keio University, uma das mais importantes universidades privadas do Japão, que visita o Brasil pela segunda vez, tendo sido destacado ministro do governo Junichiro Koizumi; Yasuhiro Matsuda, do Institute for Advanced Studies on Asia, da University of Tokyo, que está no The Today-Yale Iniciative, especialista em China; e Takeshi Kishikawa, do Department of International Relations, da Sophia University Faculty of Foreign Studies, especialista em México e China.

 Yasuhiro Matsuda Heizo Takenaka

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Bolha Imobiliária na China

8 de outubro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: importância do setor imobiliário chinês, medidas tomadas em Xangai, tendência a um desaquecimento

Um dos setores que vinha alavancando o espantoso crescimento econômico chinês recente era o seu setor imobiliário. Com as construções de edifícios e habitações, a infraestrutura chegou a representar mais da metade do setor de construção do mundo, inclusive produções de cimentos e usos de equipamentos para a engenharia. Havia suspeitas que este processo não poderia continuar indefinidamente, e um artigo publicado no China Daily informa que medidas começaram a ser tomadas naquele país.

Xangai, uma das cidades mais importantes da China e do mundo, regulamentou que cada família possa adquirir somente um novo apartamento, evitando que haja uma especulação com os mesmos. O mesmo já aconteceu em Beijing em abril passado.

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Rota do Chá e do Cavalo: O Chá “Pu’er” (I)

8 de outubro de 2010
Por: Naomi Doy | Seção: Depoimentos | Tags: Camellia sinensis, chá fermentado, Pu’er, Xishuangbanna, Yunnan

Reprisado pela TV5-Monde, Sur la route légendaire du thé, produção franco-chinesa de 2007, este belíssimo documentário em três episódios nos desvenda a lendária Rota do Chá e do Cavalo. Quase desconhecida no Ocidente até o século XX, ligava o Sudoeste da China – atuais províncias de Sichuan, Yunnan e Qinghai – à Lhasa, no Tibete, através de planícies e platôs a 2000 metros de altitude, entre montanhas nevadas, traiçoeiros penhascos e desfiladeiros, e florestas selvagens. Na região conhecida como “teto do mundo”, dos mais inóspitos lugares da Terra.

No milênio que antecedeu a era cristã, quando a China mantinha com sucesso o monopólio do bicho da seda e da sua produção, a Rota da Seda ligava chineses ao mundo mediterrâneo, proporcionando intensa troca de cultura e comércio de raras e valiosas mercadorias. Mas a origem e a principal base do longo e contínuo comércio Leste-Oeste através dessa rota estava na troca da seda chinesa por cavalos da Ásia Central. Cavalos, de primeira necessidade para o imenso território: para transporte e segurança, para abastecer o exército do país. Quando o segredo do bicho-da-seda foi quebrado, a seda começou a ser produzida desde a Índia ao Bizâncio, e se tornou produto mediterrâneo. A China perdeu definitivamente o monopólio que era a razão de ser da Rota da Seda; mas continuava a precisar dos cavalos da Ásia Central. A partir da Dinastia Tang (séc.VII d.C.), os chineses descobriram outro produto muito apreciado por povos do Tibete e da Ásia Central, e entre nômades da Mongólia: o chá, proveniente das folhas da Camellia sinensis largamente nativa no Sudoeste da China, mas não cultivável nos gelados platôs tibetanos, nem nas estepes ou desertos da Mongólia. Rica moeda de troca por cavalos.

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Amplia-se a Disputa Mundial do Poder Cambial

8 de outubro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: economia em desaquecimento, FMI, guerra cambial

Dominique Strauss-Kahn Ainda que o assunto seja técnico, ele merece uma atenção de todos, pois seus efeitos são gerais, afetando tanto os países desenvolvidos quanto os emergentes como a China e o Brasil. Todos são constantemente informados sobre uma verdadeira guerra que se processa em muitos países diante do quadro cambial mundial. Hoje, o jornal Valor Econômico publica um artigo do jornalista Alex Ribeiro sobre a disputa de poder no FMI – Fundo Monetário Internacional, relacionando com o câmbio dos países emergentes, que se processará nas reuniões regulares previstas para os próximos dias.

O atual diretor-gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn, vem expressando o desejo de todos que haja um acordo internacional para estabelecer um novo quadro cambial mundial, evitando que ocorra uma onda de protecionismo como decorrência da atual guerra cambial. Os chineses estão com o câmbio desvalorizado, como todos admitem, inclusive eles, mas entendem que a medida atende aos seus interesses. Os norte-americanos tomam medidas para desvalorizar o dólar que é utilizado na maioria das operações financeiras internacionais. E outros, como os japoneses e brasileiros, procuram se defender com medidas para evitar a exagerada valorização de suas moedas.

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Japão Preocupado em Reduzir sua Dependência da China

6 de outubro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: opiniões do jornal Nikkei, problemas entre o Japão e a China, verdadeira campanha

senkaku Um editorial do jornal japonês Nikkei explicita as preocupações que vem se acumulando com os atritos entre Japão e a China, tanto pelos incidentes com navios de ambos os países como pela disputa de uma ilha denominada Senkaku. Os japoneses entendem que os chineses estão aumentando seus investimentos na área militar e que as relações bilaterais estão num ponto de inflexão, o que constitui em problemas para o mundo.

O Japão considera que precisa diversificar suas fontes de abastecimento de matérias-primas, não podendo ficar dependente da atual China. Informa que quando Deng Xiaoping visitou o Japão, há 32 anos passados, a China ainda estava iniciando o uso dos mecanismos de mercado, e ele solicitou a assistência japonesa.

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Problemas Cambiais Mundiais

5 de outubro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: desvalorização do yuan chinês, do dólar norte-americano, valorização do real brasileiro

Como o real brasileiro está exageradamente valorizado, inibindo as exportações do Brasil e estimulando suas importações, cortando o emprego dos que moram neste país, as autoridades locais impuseram o aumento do seu IOF – Imposto de Operações Financeiras para operações de compra de títulos de renda fixa pelos estrangeiros de 2 para 4%. Isto gera comentários internos e externos que acham que a medida é inócua ou de alcance limitado, como os que se encontram nos mais variados jornais do Brasil e do exterior.

Argumentam que o mais conveniente seria uma medida de acordo mundial, como a que foi tomada no passado, no chamado Acordo de Plaza, quando se provocou a valorização do yen japonês, com a consequente desvalorização do dólar norte-americano. As reclamações mundiais são de um yuan chinês extremamente desvalorizado, que provoca um desequilíbrio mundial, ao mesmo tempo em que os Estados Unidos desvalorizam também o seu dólar, para estimular sua economia interna.

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Abastecimento Mundial de Commodities Agrícolas

5 de outubro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: abastecimento de grãos, demanda chinesa, produções em países agrícolas

O jornal Valor Econômico reproduz hoje um artigo da jornalista Michiyo Nakamoto, do Financial Times de Tóquio, com o título “Japão busca novas fontes de grãos”, que merece alguns comentários. Segundo o artigo, o Japão, preocupado com a demanda chinesa de grandes volumes, procura entendimentos que permitam o seu abastecimento adequado da América do Sul ou da África. As medidas para aumentar a sua produção para melhoria do abastecimento mundial são viáveis, mas por se tratarem de commodities fica muito difícil assegurar o abastecimento de um determinado país, ainda que o mesmo participe da produção.

Não há dúvidas que a demanda chinesa, que costuma ser coordenada pelas autoridades, acaba perturbando o mercado internacional. Quando os chineses entram no mercado acabam provocando uma abrupta elevação dos seus preços, enquanto os japoneses costumam adquirir em pequenos lotes.

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