17 de julho de 2010
Por: Naomi Doy | Seção: Livros e Filmes | Tags: As Irmãs Munekata, Crepúsculo em Tóquio, Dias de juventude, Dias de Outono, Filho Único, Também fomos felizes | 2 Comentários »
Das poucas coisas que se sabe da discreta vida privada de Yasujiro Ozu é que ele nunca se casou, e viveu toda sua vida junto à mãe viúva. Ozu faleceu em 1963, aos 60 anos, no ano seguinte à morte da mãe aos 86 anos. Certamente deve ter sido filho dedicado, a exemplo de muitas filhas de ficção de seus filmes, que não se casavam porque relutavam em deixar sozinhos pai ou mãe, viúvos. Que Ozu entendia de psicologia feminina a fundo, porém, disso não deixou dúvidas. Feminista, ele viveu cercado de mulheres as mais diversas, reais ou de ficção. E que mulheres!
Nos filmes de Ozu não existe mulher fraca de raciocínio ou de caráter. Elas são estóicas, determinadas, práticas. A começar pela jovem Chieko (Junko Matsui), na comédia non sense romântica Dias de Juventude – 1929, filme mudo. Ingênua, indefesa, estudante morando sozinha na cidade grande, porém coquete e esperta. Desperta paixão em dois colegas da turma, um estudioso, outro simpático; mas escolhe ficar com um terceiro, melhor esquiador e melhor partido.
Chieko Higashiyama e Setsuko Hara:mulheres nos filmes de Yasujiro Ozu.
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16 de julho de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: calor úmido, falsa fama, matas
Se existe um Estado do Brasil sobre o qual mesmo os brasileiros possuem um conhecimento equivocado é o Piauí. Com pouco mais de 250 mil quilômetros quadrados, é maior que o Reino Unido e sempre teve a errônea fama de ser o Estado mais pobre do País, contando com um clima adverso, o que difere da verdade. Certamente, conta com condições que não são as melhores do Brasil, mas estes conceitos estão sendo revistos.
A sua capital fica em Teresina, cujo velho centro está numa ilha fluvial do rio Parnaíba, a centenas de quilômetros do litoral, o que lhe proporciona uma sensação de muito calor, devido a sua umidade. Mas, para surpresa dos visitantes, quando eles se deslocam em direção a Leste, para Campo Maior, vão encontrar matas que não diferem do Sul do País.
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15 de julho de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Trem Rápido | Tags: avaliam falta de demanda, notícia no Nikkei, posição dos japoneses | 6 Comentários »
São frequentes as notícias de que os japoneses sentem dificuldades para participar da concorrência do trem rápido brasileiro que deve ligar Campinas, São Paulo, Guarulhos, Galeão ao Rio de Janeiro, como confirma hoje o respeitável jornal econômico do Japão, Nikkei.
Apesar de registrar que as autoridades brasileiras esperam o crescimento da demanda, tanto pelo aumento da população como das demais condições que cercam o projeto em concorrência, os japoneses revelam que não estão dispostos a correr os riscos de um empreendimento que acham que não é proporcional os retornos necessários.
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15 de julho de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: aberto para o mundo, imagem do Brasil, povo alegre que sabe trabalhar e viver, simpatia e hospitalidade
Nem sempre os brasileiros possuem uma avaliação mais adequada da imagem que possuímos no exterior. Sem nenhum ufanismo, somos conhecidos como um povo simpático, hospitaleiro, aberto para os estrangeiros, rico em recursos naturais, invejados por saber trabalhar série e viver com grande alegria.
Precisamos tirar o máximo partido desta nossa imagem, para promover o trabalho dos brasileiros, estar presentes em todos os mercados, com nossos produtos. Temos uma população miscigenada, trabalhadora, e estamos dotados da maior diversidade sob todos os aspectos. Tanto genéticos, vegetais e animais, mas principalmente humanos.
Somos invejados pelo clima que temos, pelos nossos recursos naturais, pela beleza dos nossos aspectos geográficos, mas, sobretudo pelo povo que temos, recursos humanos da melhor qualidade. Nem sempre temos plena consciência desta nossa realidade, principalmente quando notamos as limitações de outros povos.
Os problemas que temos são insignificantes perante os que os outros países enfrentam. Estamos consolidados como democracia, temos um judiciário atuante, estabilidade econômica, garantias que muitos gostariam de assegurar, nenhuma dificuldade racial, religiosa, de fronteiras, nenhuma pretensão militar. Podemos ainda aperfeiçoar a nossa política, a segurança social e pessoal, tudo que depende de nós mesmos.
Só desejamos ser considerados internacionalmente como merecemos, como um vigoroso país emergente, com opiniões independentes, respeitando todos os povos pelas suas opções. As nossas relações internacionais foram sempre importantes, e resolvemos tudo com a maior diplomacia, sem recorrer à violência.
Fazemos parte do mundo, não somos um país isolado, e acreditamos na possibilidade de conviver com outros que pensam de forma diferente da nossa.
Com tantas qualidades pelas quais somos reconhecidos, nem sempre temos a plena consciência da importância que temos. Podemos ser mais ousados, sem nenhuma arrogância, pois temos tudo para contribuir para a melhoria da qualidade de vida de toda a humanidade.
Tanto quanto mais viajamos pelo mundo, aumentamos a consciência dos privilégios dos quais fomos dotados, tanto pela natureza como pela nossa história. Vamos preservá-las e aperfeiçoá-las, com a generosidade do qual somos dotados.
14 de julho de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Tecnologia | Tags: Lítio para baterias, principalmente de veículos híbridos gasolina/eletricidade
O prestigioso jornal japonês Nikkei noticia uma verdadeira corrida entre as empresas japonesas para assegurar a liderança da produção de baterias de lítio que seriam utilizadas nos carros “flex”, entendidos como aqueles que utilizam alternativamente gasolina e eletricidade. A Mitsubishi anuncia um acordo com os australianos para produção na China, a Itochu com os norte-americanos a partir de fontes geotérmicas, a Toyota utilizando a produção argentina, e o METI – Ministério da Economia, Indústria e Comércio do Japão estima que 60% da demanda mundial será utilizada pela indústria automobilística.
Todos sabem que a produção boliviana é a que apresenta custos melhores por serem retirados das águas de seus lagos, mas a exigência de que as baterias sejam produzidas naquele país pode comprometer a sua competitividade.
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14 de julho de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Trem Rápido | Tags: Argentina, Brasil, China, Coréia, Estados Unidos, Europa, notícias de trens para todos os veículos
Quem observar os noticiários asiáticos sobre negócios de trens acaba ficando confuso. Tem para todos os gostos, desde a visita da presidente argentina à China e os acordos firmados, como entendimentos de empresas japonesas, coreanas, com tecnologias europeias, para atender mercados até norte-americanos. No meio de tudo isto, o anúncio da concorrência no Brasil para ser julgado ainda este ano.
O que se pode sentir é que o setor ferroviário se globalizou com empresas, tecnologias, financiamentos, mão de obra, componentes e tudo que envolve grandes obras de logística. Devem ser consórcios que montam verdadeiros quebra-cabeças, com contribuições das mais variadas, nem permitindo saber quem é concorrente de quem.
Se os custos mais baixos, as tradições de operação por prazos mais longos, tudo é incluído no currículo dos componentes de um grande consórcio, vai acabar ficando difícil discriminar o que é de quem. Como está se tratando de projetos que devem operar por muitas décadas, envolvendo riscos econômicos e humanos, parece ser mais conveniente julgar tudo com muito cuidado.
Não se trata somente do Brasil ou de um determinado país, mas acaba se tornando um grande negócio internacional onde a segurança deve ter o devido peso. As lições das dificuldades do Golfo do México devem servir para os mais variados projetos, onde as responsabilidades pelos riscos devem ser desafios para os melhores contratos, com foros claros que não podem ser definidos somente do ponto de vista político.
Que todos nós sejamos sensatos para antecipar, no que forem possíveis, os problemas que vamos enfrentar no futuro, que pode ser distante. Não deve ser um problema simples para qualquer autoridade, pois necessita de um equilíbrio entre a autonomia nacional e os interesses supranacionais.
14 de julho de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Gastronomia | Tags: em toda a cultura japonesa, mudanças respeitando as raízes | 2 Comentários »
Voltando a Tóquio depois de pouco mais de dois anos, impossível não notar as mudanças que ocorrem, preservando o fundamental. Na arquitetura, por exemplo, um dos orgulhos do trabalho do arquiteto Kenzo Tange, um dos mais conhecidos japoneses no exterior, o prédio do Akasaka Prince Hotel, concluído em 1982, e onde morei por um tempo, já vai ser derrubado para a construção de um novo complexo. A estação de Tóquio, que resistiu à Segunda Guerra Mundial, está sendo demolida, mantendo-se o mínimo.
No velho bairro de Akasaka, voltei ao meu preferido restaurante, pequeno, Tamaki, cuja proprietária é uma verdadeira gueisha, filha de geisha, criada em São Paulo, amiga de minha família toda. Os que se lembram um pouco da história da culinária japonesa no Brasil se recordam do antigo restaurante Akasaka na Rua Treze de Maio, em São Paulo, ou em Copacabana, ou do primeiro Steak House na Basílio da Gama. Sou recebido não como um cliente, mas como amigo da proprietária, do chef de décadas, das antigas atendentes, que continuam bonitas com seus elegantes quimonos, num ambiente sóbrio, quase zen. E olhe que nem tive tempo da fazer a reserva antecipada, mas quando a concierge do hotel deu o meu nome, a atendente logo lembrou: “o velho amigo da okamisama, tem um lugar para ele imediatamente”.
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14 de julho de 2010
Por: Naomi Doy | Seção: Livros e Filmes | Tags: A Rotina tem seu Encanto, Dias de Outono, Era uma vez em Tóquio, Filho Único, Mostra Yasujiro Ozu: Dias de Juventude, Pai e Filha
O Centro Cultural Banco do Brasil, com apoio da Fundação Japão em São Paulo, apresenta, até o dia 25 de julho, a mostra “Emoção e poesia: o cinema de Yasujiro Ozu”. Oportunidade única para a geração cinéfila atual conhecer um dos mais importantes e profícuos cineastas japoneses. E, para os fãs saudosistas de Ozu, rever alguns dos filmes que marcaram os anos 50 – 60, e conhecer outros que permaneciam inéditos no Brasil.
Muito se tem escrito sobre Ozu mundo afora, rotulado com a pecha de o “mais japonês dos cineastas japoneses”. Na verdade, seus filmes apresentam nada mais do que a descrição simples e espontânea da família japonesa e as mudanças que essa unidade familiar experimenta ao longo dos cruciais anos pré e pós II Guerra. Através de relatos do cotidiano rotineiro de famílias da classe média, Ozu vai desfilando as diferenças entre gerações, provocadas pela pressão de mudanças sociais, políticas e econômicas. Essas mudanças são aceleradas com o fim da Guerra e a entrada do Japão na era do desenvolvimento industrial. A procura das cidades grandes é cada vez maior pelos jovens em busca de estudos e para ser “alguém importante na vida”.
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12 de julho de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: baixa atividade, construções, esforços por energias limpas, redução da poluição
Oliveira Lima ensinou-nos que é sempre importante registrar as primeiras impressões sobre um lugar que visitamos, pois captam os aspectos mais positivos, para depois começar a notar as dificuldades. Neste verão japonês, depois de mais de dois anos ausentes, volto a visitar esta metrópole, o que fazia com grande frequência.
Nota-se que o número de turistas é mais baixo, possivelmente afetada pelas dificuldades mundiais. O aeroporto de Narita, que viva sobrecarregada neste início da alta temporada, não está com o volume de estrangeiros, o que leva o governo a pensar novamente nas formas de atraí-los para ativar a sua economia interna, que já não é tão dispendiosa como no passado.
Vista noturna de tóquio – Foto: Vitor Ogawa (02/2010)
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11 de julho de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: dificuldades crescentes, eleições japonesas, perdeu o bloco governista
Se a situação já não era confortável para o novo governo japonês, que precisa implementar programas antipopulares como a corte dos subsídios, reforma tributária, reformulação da previdência social, controle da dívida interna etc., agora acabou ficando mais difícil. Os eleitores não apoiaram o bloco governista, com o surgimento de dissidências que acabam formando novos e pequenos partidos.
A política japonesa, como a sua economia e sociedade, não consegue se galvanizar diante de um programa claro, tendo opiniões variadas sobre problemas cruciais, como o acordo militar com os Estados Unidos, realocando as bases militares que ficaram dentro das cidades, incomodando populações como o de Okinawa. Na tentativa de estimular a economia, o governo propôs a redução dos impostos sobre as empresas, aumentando os impostos sobre as vendas, que afetam os consumidores.
Premiê Naoto Kan, do Partido Democrático Japonês, e Sadakazu Tanigaki, do Partido Democrático Liberal, fortalecido na eleição da Câmara Alta
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