Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Turismo Diferenciado pelo Japão

22 de janeiro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura | Tags: japao, Karuizawa, Katsura, Takayama, turismo diferenciado

Os roteiros usuais podem ser obtidos em qualquer agência de turismo. Mas aqueles que desejam algo diferenciado podem precisar de algumas “dicas” baseadas na experiência de quem os fez, além dos usuais.

O que me fica na memória sobre o verdadeiro Japão é inicialmente Katsura Imperial Villa, nos arredores de Nara. É um palácio ainda em uso pela Família Imperial e, portanto, administrado pelo organismo que cuida dele e suas visitas são restritas. Precisam ser autorizadas com muita antecedência, pois a fila para tanto é longa, com preferência para os estrangeiros. Não me canso de admirar esta maravilha da melhor arquitetura japonesa em algumas visitas que fiz, e sua descrição detalhada está disponível num excelente livro em inglês.

Todos os seus pequenos detalhes são preciosos como, por exemplo, uma sala projetada estabelecendo o lugar do anfitrião e do visitante. À noite, a janela permite o enquadramento da Lua, num dos cenários maravilhosos dos seus jardins, para ser apreciada da posição ocupada pelo visitante.

O jardim foi projetado para que o visitante vá descobrindo, aos poucos, novas vistas surpreendentes, como é do espírito japonês. É muito mais que uma linda mulher fazendo um espetacular stripe tease, lentamente, mal comparando. Tudo precisa ser apreciado com um espírito zen.

Como aprecio o pouco que está preservado do antigo Japão, uma visita interessante é a Takayama, considerada a Little Kyoto, a Oeste do Japão, que conta com ruas antigas com dezenas de fabricantes de sakê, missô, shoyu, e tem um festival imperdível. Menos frequentada por turistas estrangeiros, ainda assim, já está sendo invadida.

De Takayama, a antiga rota para passar para o Leste do Japão, precisa ser percorrida calmamente, pois é onde mais se preservam as antigas e autênticas edificações, passando pelos Alpes Japoneses até chegar em Nagoya. Mal comparando, são as cidades históricas de Minas Gerais. É muito interessante fazer o caminho tortuoso num ônibus comum, onde todos os passageiros se conhecem, falando um dialeto encantador. Nos pontos de parada, os horários estão marcados com precisão, como por exemplo 10h47, e não há falha de um minuto sequer.

Pode-se reservar um ryokan, um pequeno hotel tipo japonês, onde se é recepcionado habitualmente por uma família, por um custo razoável. O quarto é de tatami, e os calçados devem ser deixados do lado de fora. Os acolchoados são postos, à noite, para o repouso depois de um excepcional jantar japonês, imperdível. Antes, um relaxante ofurô, banho de imersão, cuja água normalmente é muito quente. Nele, o hábito é usar o yukata, uma simples vestimenta caseira.

O café da manhã costuma ser do tipo japonês, completo. Tive a felicidade de acordar, abrir a janela e notar que tinha nevado à noite, deixando um imperdível panorama branco nas montanhas japonesas.

Karuizawa é outro lugar que não pode ser esquecido. Uma espécie de Campos do Jordão, foi onde o Príncipe Herdeiro japonês se enamorou por Michiko, atual Imperatriz. Um passeio pelos seus bosques e ruas é uma experiência memorável.