Mudanças de Hábitos Empresariais e Políticos
5 de fevereiro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: Ozawa, PDJ, Toyoda, Toyota
No Japão, até recentemente, quando um grande problema ocorria, independentemente da identificação dos responsáveis, alguém tinha que assumir a responsabilidade. Tanto nos meios políticos quanto empresariais. Normalmente, era o principal executivo, pois se interpretava que ele era o responsável pelos atos dos seus subordinados.
Para os ocidentais pode parecer que isto era um exagero, mas somente com uma atitude radical deste tipo era possível exorcizar este problema de uma organização, para que este “fantasma” não continuasse a prejudicar a todos.
Não que se queira elogiar este tipo de “harakiri” praticado pelo líder para não prejudicar todos os seus subordinados. Mas o que vem ocorrendo recentemente parece indicar fortes mudanças de hábitos.
Todos sabem que o político Ichiro Ozawa, secretário geral do PDJ, o principal da situação, é uma figura controvertida. Seus principais subordinados foram presos, acusados de corrupção, possivelmente para fins políticos. Os promotores resolveram isentar Ozawa de responsabilidade, sobrecarregando os seus subordinados das irregularidades porventura cometidas. É preciso informar, para a plena compreensão do caso, que uma grande equipe de promotores costuma efetuar um levantamento bastante cuidadoso, e somente depois disto parte maciçamente para as apreensões dos documentos, invadindo legalmente residências e escritórios, efetuando as prisões já com documentações cabais. Ozawa somente respondeu os interrogatórios a que ficou sujeito, e por fim acabou saindo sem ser considerado culpado. Mas não era ele o responsável pelos seus auxiliares?
No caso lamentável da TOYOTA, o presidente Akio Toyoda, que é um descendente da família fundadora Toyoda, acaba de dar uma entrevista nesta sexta-feira, em Nagóia, pedindo desculpas a todos pelos inconvenientes criados pelos muitos “recalls” de vários modelos, vendidos em todo o mundo. Ele já vinha fazendo parte da alta administração desta respeitável indústria, e galgou o posto de CEO há alguns meses. Os problemas ainda não foram totalmente esclarecidos, e nem se sabe ainda o que deve ser feito, principalmente nos novos modelos “flex”, de gasolina e eletricidade, que apresentam dificuldades com seus aceleradores, havendo reclamações com acidentes já ocorridos. Até as autoridades norte-americanas e japonesas já manifestaram suas apreensões, publicamente, de forma acintosa.
Como já comentamos neste site, a TOYOTA veio crescendo rapidamente, no Japão e no exterior, principalmente nos Estados Unidos e na China. Sempre se orgulhou de seu sistema operacional e pouco utilizava as experiências colhidas fora de sua organização, mesmo quando no exterior. Seus fornecedores tinham que seguir as orientações dadas por ela. Não se discute de quem é a responsabilidade, mas até outras empresas japonesas passaram a ser questionadas nos seus sistemas de controle de qualidade.
Ainda é cedo para dizer que estes problemas estão resolvidos, mas, até agora, tudo indica que o Japão está mudando bastante.