Globalização na Prática
17 de março de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Integração | Tags: casos concretos, estratégias de integração, indústria automobilística | 2 Comentários »
Acompanhando o noticiário internacional, os menos informados podem ficar impressionados com os arranjos que empresas atuantes nos mercados globalizados estão efetivando, tirando proveito de uma nova realidade.
Duas notícias diferentes, publicadas no conceituado jornal econômico japonês Nikkei, dão uma idéia dos casos que estão acontecendo. A Nissan, que já foi uma das mais poderosas e eficientes empresas automobilísticas japonesas, que foi obrigada a associar-se com a Renault, tendo no seu comando o nascido brasileiro Carlos Ghosn, concluiu uma nova planta na Índia. Vai produzir 400 mil veículos por ano, modelo Micra, que é conhecido no Japão como March.
É um compacto que visa, agressivamente, o mercado da Índia, Europa, Médio Oriente e África. No futuro, poderá produzir carros mais luxuosos como o Correos SUV e o Fluence da Renault.
Ao mesmo tempo, noticia-se a possibilidade das duas empresas, Nissan-Renault, se associarem com a alemã Daimler, que no conjunto produziram 7,220 milhões de veículos, tornando-se a terceira empresa mundial, depois da Suzuki-Volkswagen com 8,590 milhões e a Toyota com 7,810 milhões produzidos em 2009. Ainda não está claro se esta aliança vai se efetivar.
Mas é possível notar movimentos importantes, juntando capacidades diferenciadas do ponto de vista técnico como financeiro, e tirando proveito de economia onde o custo da mão de obra é competitivo.
Permite perceber que a concorrência será acirrada para disputar novos mercados emergentes que estão se incorporando no comércio globalizado, com arranjos antes não imagináveis. Como fica a América do Sul dentro deste contexto?
Sr. Paulo Yokota.
E no caso dos investimentos da Toyota numa planta direcionados a carros mais populares na zona norte de Sorocaba que teoricamente estaria sendo finalizada em meados de 2012?
Há direcionamento de investimentos no Brasil
dessa montadora até segundo especialistas mais moderna que a planta Chinesa.
Abraços
Frank
Caro Frank Honjo,
Tudo indica que a Toyota está atordoada com os problemas que enfrenta em todo o mundo. Antes da crise, eles estavam dispostos a manter o projeto de Sorocaban, conforme V. informou, para carros um pouco mais modestos. e deixando espaço para uma verdadeira fábrica. Eles só consideram como uma boa dimensão se puderem produzir mais de 400.000 veículos, ainda que sejam de modelos semelhantes.
Eles diziam que não tinham tecnologia para produzir carros populares, para disputar com os chineses e hindús, e estavam concentrados nos flex (gasolina e elétricos) além do hidrogênio. Tudo indica que haverá uma revisão profunda, como os demais concorrentes que estão procurando associações com outros grupos estrangeiros. Mas não era da tradição da Toyota associar-se a outros, salvo no caso dos aviões que estão com outros grupos japoneses, e até o Pagero conta com participação pequena de outra empresa japonesa.
Tenho a impressão que eles vão ser obrigados a se associarem com grupos que entendem de eletronica embarcada, onde a sua tecnologia se mostrou falha.
Paulo Yokota