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1 de agosto de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Livros e Filmes | Tags: diversas leituras de Ozu, ocidentais, pontos de vista japoneses, universais | 1 Comentário »

A intensa discussão provocada pela oportuna iniciativa do CCBB exibindo os principais trabalhos do cineasta japonês Yasujiro Ozu confirma a sua importância não somente no cinema do Japão, como mundial. O artigo publicado hoje pela Folha de S.Paulo no seu caderno Ilustríssima, do crítico Carlos Augusto Calil, “O tofu de Ozu – O desencantado senhor da solidão”, como que conclui o debate.

Quando cita Leví-Strauss afirmando que só ia ao cinema já idoso para ver os filmes de Ozu, apesar dos seus personagens e histórias refletirem o que há de mais característico do comportamento japonês, nota-se ele é universal do ponto de vista humano. A psicologia dos seres humanos, principalmente urbana, está colocada só colocada no cenário japonês.

Cartaz de Uma Tarde de Outono (1962), último filme de Ozu

Se alguns portadores de parte da cultura japonesa interpretam, segundo o crítico Carlos Augusto Calil, que Ozu seria incompreensível para os ocidentais, o que se pode dizer é que suas obras podem atingir mais profunda e intensamente os que conhecem o espírito japonês. Não existe um monopólio, pois ele faz parte de algo universal, mas pode ser mais característico em determinadas culturas, até por ser mais zen.

Tanto ele como a nossa Naomi Doy ressaltam as contribuições de Ozu para a cinematografia mundial, com sua narração tranquila, imagens e tomadas dos personagens, que deixam clara a sua assinatura em qualquer obra, ou suas influências deixadas para outros diretores.

São como a de outros monstros sagrados, como reconhecido por muitos diretores, do naipe de Vittorio de Sicca, de Hitchcock ou Charles Chaplin, que nas suas obras deixaram o que passou a fazer parte da cultura universal.

Nos tempos atuais, onde a profusão dos meios de comunicação e a alucinante dinâmica em apresentar os trabalhos com truques eletrônicos, que dificultam uma reflexão mais tranquila, é de suma importância voltar a examinar o âmago dos seres humanos que deve continuar a ser o foco da nossa atenção.

O que é bom resiste ao tempo, continua sendo atual mesmo no mundo tresloucado em que vivemos. Continuamos humanos.