Uma Nova Fase do Site AsiaComentada
18 de fevereiro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Imprensa, Notícias | Tags: colaboração com a Carta Capital, continuidade dos artigos tradicionais, mudança para a inclusão eventual de publicidade | 6 Comentários »
Estamos inaugurando uma nova fase neste AsiaComentada, que já tem um histórico de aproximadamente 3.000 artigos postados, tendo recebido mais de 2.300 comentários aprovados, além de milhares considerados spam. Ele nasceu com o objetivo de informar um pouco sobre a Ásia real, de cultura milenar, que conta com 60% da população mundial, infelizmente conhecida no Brasil e na América do Sul mais pelos seus aspectos folclóricos. Como também informar sobre esta parte emergente do mundo, ainda conhecida mundialmente de forma distorcida pela sua Amazônia, Carnaval e futebol, quando é muito mais rica culturalmente com o seu intenso processo de miscigenação. O site tenta contribuir para um entendimento recíproco mais profícuo entre estas duas regiões que tivemos a oportunidade de conhecer razoavelmente in loco, morando e trabalhando pelos seus rincões até mais profundos por muitas décadas.
Inicia-se esta nova fase estabelecendo um intenso intercâmbio com o site da Carta Capital, do grupo dirigido pelo Mino Carta, este extraordinário jornalista, certamente o mais inovador na história da imprensa brasileira. Eu o conheci há mais de cinquenta anos, ainda na redação da Folha de S. Paulo, acompanhei-o na sua criação de novos e importantes veículos brasileiros, bem como nos trabalhos que fez nos bastidores deste país.
Para esta nova fase, ainda está se preparando um novo desenho atualizado e aperfeiçoado para o AsiaComentada, acrescentando histórias em capítulos sobre os bastidores da política brasileira que participei intensamente, inclusive em muitos dos seus momentos mais cruciais, sobre os quais dificilmente haverá consenso. Reunidos, poderão constituir um livro, como sempre foi da tradição cultural japonesa, como expresso em Musashi, de Eiji Yoshikawa, inicialmente publicado em capítulos em um jornal, que se tornou disponível em português pela ousadia da Editora Estação Liberdade. Agora, os capítulos dos bastidores serão em versão eletrônica, seguindo a evolução tecnológica.
O que relato sobre a Ásia baseia-se na vivência que tive morando e trabalhando naquela parte do mundo, percorrendo por anos países como a China, Japão, Cingapura, Malásia, Coreia do Sul, Índia e Tailândia. Como sobre o Brasil e a América do Sul, onde trabalhei e percorri os seus confins mais remotos, como as fronteiras internacionais com o Uruguai, Argentina, Paraguai até da Amazônia. Além dos rincões de todo o interior brasileiro do Rio Grande do Sul até o Nordeste, passando pelo Sudeste, Centro Oeste até a Perimetral Norte, onde labutei por décadas. Os conhecimentos adquiridos foram no contato direto com o povo, posseiros, colonos, agricultores, extrativistas, pecuaristas como com autoridades, além de algumas leituras dos acervos mais importantes em bibliotecas renomadas.
Tendo trabalhado na Europa e na América do Norte, tinha como comparar as novas regiões percorridas com os padrões utilizados como referências em outras partes do mundo. Como ensinou Oliveira Lima, um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, que publicou a sua primeira edição do livro “No Japão – Impressões da Terra e da Gente” em 1903, para ser justo é preciso englobar as primeiras impressões que são boas com as misérias que são percebidas depois de algum tempo de vivência local para poder se expressar uma opinião justa.
Mas todas estas regiões do mundo passam por mudanças rápidas, e o que parece ser a verdade num instante já apresenta alterações dinâmicas difíceis de serem acompanhadas. Todos que temos visões diferentes destas realidades precisamos ser humildes, pois, como ensinou o autor do fabuloso Rashomon, até uma realidade objetiva pode ter leituras diferentes dos diversos personagens envolvidos, muitas vezes de acordo com suas conveniências. Só os loucos podem querer ser os donos da verdade.
No atual mundo globalizado, o que acontece em qualquer parte do universo é quase instantaneamente transmitido para todos, e a avalanche de informações acaba prejudicando a sua qualidade, muitas vezes com as emoções superando análises mais profundas que permitam chegar à suas essências. Ainda que as múltiplas visões sejam desejáveis na convivência indispensável em sociedades democráticas.
Agradeço pelos comentários a este artigo como os demais postados no site AsiaComentada.
Porque a revista Carta Capital não assume e muda seu nome para Carta PT?
A revista evidentemente é panfletária .Só falta admitir isto.
Lamentável este site aderir a uma revista ligada aos interesses do PT.
Caro Sergio,
Não concordo com o seu comentário, mas autorize a sua publicação. Existem muitos veículos que estão a serviço de setores como o financeiro mundial. Tenho relacionamentos com membros do PT, com os quais concordamos em alguns aspectos e divergimos em outros. Não adoto posições radicais que estas entidades possuem somente membros que pensam de forma idêntica, pois seria uma ingenuidade.
Paulo Yokota
Mino Carta adota uma militância partidária escancarada e se diz democrático e que sua revista é isenta. Eu não me importaria se a revista fosse do PT, mas isto teria que se expandir para todos os outros partidos. Cada um com uma revista para si e de maneira clara, aberta e não dissimulada como são os “jornalistas” da CartaCapital.
A revista Veja tem uma defesa mais aberta da democracia. Combatia FHC quando seu governo capengava em certas áreas. Faz o mesmo com o PT, só que o tal partido de José Dirceu e apaniguados depredaram a República e a Democracia com tantas maracutaias que não dá para não combatê-los abertamente. A isto é chamado Jornalismo, que chama para si responsabilidades de descobrir e mostrar a verdade, ao contrário do “jornalismo” da CartaCapital.
Cara Elisa,
Mesmo com sua opinião que considero tendenciosa, autorizei a publicação do seu comentário. Eu mantenho uma posição aberta com as mais variadas tendências, e mesmo que não concordando com algumas delas, acho que devemos convivendo até com os quais não concordamos. O Brasil vem mantendo relações com países que são considerados por alguns como do mal, quando entendo que esta generalização não contribui em nada para a convivência mundial.
Paulo Yokota
Gostava muito do site AsiaComentada, mas esta nova fase de adesão à uma revista ligada à um governo corrupto, daqui para a frente não pretendo mais perder o meu tempo acessando este site.
Cara Cassia,
Lamento a sua decisão. Se V. verificar o histórico de Mino Carta, antes de sua decisão de criar a Veja com uma equipe de jornalista, precisa admitir que ele tem uma contribuição mais ampla que V. pretende. Não acredito que uma visão preconceituosa ajude na avaliação do mundo, que nem sempre é branco ou preto, mas de variados tons de cinza, com o qual temos que aprender a conviver, mesmo que não concordando com algumas de suas ideias.
Paulo Yokota