Interiorização do Desenvolvimento na China

8 de setembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Integração | Tags: custo da mão de obra, empresas chinesas, plano das autoridades

Todos sabem que as empresas estrangeiras e as terceirizadas chinesas, como as do setor eletrônico, se instalaram próximo ao litoral devido às facilidades de conexões com o exterior. É onde os salários estão subindo, com problemas como as greves de trabalhadores estimuladas até pelas autoridades, que afetaram as empresas como a Toyota e a Honda. Até o número de suicídios de operários pressiona a todos. A política chinesa é de interiorização deste desenvolvimento, beneficiando áreas que contam com excedente de mão de obra barata, proveniente do setor rural.

Um interessante artigo do The Wall Street Journal, escrito pelos jornalistas Janson Dean e Peter Stein, e publicado hoje no Valor Econômico, mostra como este processo está ocorrendo com o exemplo da Hon Hai Precision Industry, que concentrava seus investimentos em Shinzhen, perto de Hong Kong, e está deslocando seus novos investimentos para Chengdu (capital de Sichuan), Wuhan e Zhengzhou.

A Hon Hai terceiriza a produção do iPads da Apple, os celulares da Nokia e as impressoras da Hewlett-Packard, empregando quase um milhão de trabalhadores e deseja dar um exemplo para as outras empresas, mostrando que a China vai continuar a fornecer estes produtos eletrônicos nos próximos 20 anos. Mesmo tendo elevado fortemente os salários de seus operários.

Os investimentos devem somar US$ 3,5 bilhões, segundo o presidente da Hon Hai, Terry Gou, revelo u para o Wall Street Journal, ele que é originário de Taiwan. Eles não serão feitos somente nas linhas de produção, mas também para o bem-estar dos operários, em entendimentos com as autoridades locais.

A China desenvolve um agressivo programa para integrar estas regiões, como a província de Sichuan que conta com uma população de 80 milhões de habitantes. Estradas ferroviárias e rodoviárias, aeroportos e outras facilidades estão sendo efetuadas nas regiões que ainda oferecem trabalhadores que vêm do meio rural.

As autoridades chinesas perseguem um país mais equilibrado, onde a migração do Oeste e do meio rural não seja intensa para o litoral, mais a Leste. Visa estimular que as diferenças salariais não sejam tão acentuadas internamente, ampliando o mercado interno, onde o interior copie o que já vem sendo feito no litoral, com sensíveis melhorias nos grandes centros urbanos.

Shenzhen, próximo a Hong Kong, completa agora 30 anos e é decorrente de uma política de zonas especiais implementada pelo governo, que diferenciaram as metrópoles que poderiam acelerar o seu desenvolvimento, com a ajuda de empresas estrangeiras. Mas que utilizam as locais, terceirizando uma parte substancial de sua produção, pois somente os chineses conseguem um eficiente sistema de produção, ajustado à política determinada pelas autoridades.