Intercâmbio da Índia com o Japão
25 de outubro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Integração | Tags: assinatura do FTA, outros entendimentos, visita do premiê da Índia ao Japão
Todos sabem que a Índia é um gigantesco e complexo país asiático com mais de um bilhão de habitantes, contando com uma ampla diversidade étnica e religiosa, longa história e cultura respeitáveis, que está crescendo economicamente a cerca de 9% ao ano em 2010. Seu primeiro-ministro Manmohan Singh está visitando o Japão, tendo assinado um FTA – Free Trade Agreement com o primeiro-ministro japonês Naoto Kan, concluindo um importante entendimento bilateral que vinha sendo discutido desde 2007.
A Índia vem estabelecendo diversos acordos de expressivos montantes com o Japão, como o relacionado com a melhoria de um grande eixo que vai de Delhi a Mombei, com a participação de dezenas de grandes empresas japonesas e a retaguarda do governo japonês. Neste eixo, além da melhoria da estrutura ferroviária até o porto, muitos projetos de saneamento bem como melhorias de atendimentos sociais à população estão sendo implantados, com o envolvimento de autoridades das cidades beneficiadas.
Manmohan Singh e Naoto Kan
Existem estudos que indicam que a economia da Índia ultrapassará a da China nas próximas décadas, por contar com fatores demográficos mais favoráveis, com uma taxa de crescimento mais elevada, uma estrutura populacional mais jovem e uma democracia mais aberta. Enfrenta, no entanto, ainda uma limitada capacidade econômica e tecnológica que, aliada aos japoneses, eleva o seu potencial.
Certamente, como todos os países emergentes, enfrenta dificuldades para o atendimento social da sua população, complexa do ponto de vista étnico e religioso. Mas a sua elite, altamente educada até no exterior, vem elaborando planos consistentes, contando consigo mesmo para o desenvolvimento, que pode ser acelerado com a ajuda externa.
O Japão, que enfrenta um problema de estagnação de sua economia, contando com um livre comércio com a Índia, que tenderá a se estender pelos demais países do Sudeste Asiático, ganha um novo estímulo. Para concorrer com os países do Extremo Oriente, como a Coreia do Sul e a China, vem utilizando o modelo de integração dos esforços governamentais com os privados, como nos projetos envolvendo a Índia.
A Índia anuncia, pelo seu primeiro-ministro que procura estabelecer um intenso relacionamento que não se restringe ao Japão, mas também com a China. Sendo potências atômicas emergentes, possuem todas as condições para acelerar o seu desenvolvimento. A Índia conta também com terras raras que pretende explorar com a ajuda japonesa, que é uma matéria-prima estratégica para a alta tecnologia.
Muitos destes mecanismos de livre comércio devem ser utilizados para superar os atuais obstáculos para o incremento do intercâmbio, principalmente de forma bilateral. O Brasil precisa acelerar entendimentos semelhantes para superar as dificuldades que encontra no avanço multinacional no âmbito da Organização Mundial de Comércio.