Mudanças Econômicas Brasileiras Assustam Japoneses
22 de outubro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Integração | Tags: elevações no IOF das aplicações dos estrangeiros, medidas para coibir o ingresso exagerado de recursos de curto prazo
Um artigo publicado no principal jornal econômico japonês, o Nikkei, mostra que as medidas tomadas pelas autoridades brasileiras começam a atingir os seus objetivos. Havia um excesso de ingresso de recursos financeiros de curto prazo, que provocava uma valorização exagerada do câmbio no Brasil. Além de aumentar o IOF sobre estas aplicações que vinham do exterior, provocou-se uma tributação sobre as margens para operações no mercado futuro.
Os investidores japoneses não conseguiam remunerar suas aplicações no Japão e passaram a procurar outros países onde os juros eram mais elevados. O Brasil, considerado como um risco baixo, passou a ser alvo de muitos administradores de fundos. Com as novas tributações, os retornos passaram a ser menores.
Folhetos para a venda de aplicações e gráfico que mostra crescimento de investimentos no Brasil
Alguns operadores chegam a achar que a tributação de 6% de IOF é muito alta. Em fins de setembro, havia publicidade de 22 fundos japoneses para aplicações no Brasil, e o crescimento destes investimentos chegou ser expressivo. Algo semelhante também aconteceu com outros países exportadores de recursos, e os emergentes continuam sendo os alvos.
Existem algumas dúvidas sobre o que realmente está sendo tributado, pois estes impostos brasileiros incidem na entrada dos recursos, daqueles aplicados em rendas fixas. Mas os que são aplicados em alguns títulos públicos ficam isentos, bem como os voltados para as ações que são volumosos. Também estão sendo tributados os depósitos efetuados para operações no mercado futuro.
As dúvidas, e as possibilidades de medidas restritivas das autoridades brasileiras, acabam restringindo estes fluxos, que é o objetivo perseguido pelo Brasil para evitar a excessiva valorização do seu câmbio. Mas seus efeitos podem ser temporários. De qualquer forma, os riscos passaram a ser considerados mais elevados, fazendo com que as instituições que operam com estes recursos fiquem mais cautelosas, aumentando as suas remunerações.
O que determina estes fluxos são em grande parte as diferenças de juros, que continuam elevadas no Brasil quando comparadas com as dos outros países. Os investimentos diretos em unidades fabris não são afetados, pois são mais estáveis e de prazo mais longo. Os países emergentes continuam sendo considerados com maiores possibilidades de crescimento do que os já desenvolvidos, como os europeus.