Algumas Comparações Econômicas do Brasil com a China
26 de novembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Integração | Tags: algumas comparações entre o Brasil e a China, intercâmbio comercial, trabalho da economista Patrícia Stefani | 2 Comentários »
Um trabalho cuidadoso foi elaborado pela economista Patrícia Stefani, comparando alguns dados do Brasil e da China, bem como o comércio bilateral. Será resumido neste site, somente com os dados mais gerais de interesse dos leigos. O que fica evidente é que o PIB da China vem crescendo nos últimos 15 anos de forma mais estável e robusta que o do Brasil, tanto em termos reais quanto em termos per capita. Muitos reclamam que o comércio bilateral vem sendo danoso para o Brasil, concentrando suas críticas ao câmbio desvalorizado deles, mas o que se constata que existem muitos outros fatores que prejudicam a competitividade brasileira.
Tanto em formação bruta do capital fixo como na poupança doméstica, os chineses apresentam dados bem superiores aos brasileiros, esta última em decorrência de um consumo menor deles. Há uma superioridade também nos ingredientes que são importantes para o desenvolvimento dos negócios: os gastos chineses em pesquisa e desenvolvimento cresceram recentemente, e eles são bem mais eficientes na produção de patentes. A carga tributária chinesa é bem mais baixa, e os serviços alfandegários e de infraestrutura são superiores aos do Brasil, o que resulta num sensível aumento da participação chinesa no comércio internacional, enquanto que a brasileira cresceu pouco, inclusive como proporção do PIB.
O conteúdo tecnológico, tanto das exportações quanto das importações chinesas, vem aumentando, com a diversificação de sua pauta exportadora sendo comparável a dos países industrializados. No caso do Brasil, o conteúdo tecnológico permaneceu estável nos últimos anos, notando-se uma maior concentração nos produtos primários no período mais recente.
Há indicações, no entanto, que o modelo utilizado pela China, calcado em elevados subsídios para a sua indústria, notadamente voltada para a exportação, tende a se esgotar. O mercado interno deverá ocupar cada vez mais espaço, como já vem dando sinais, com a ampliação dos seus serviços e um crescimento menos vigoroso que o registrado no passado recente.
O país já sente os efeitos das distorções geradas por esse modelo de crescimento e já dá sinais de pressão inflacionária, o que provocará alterações cambiais, ao que tudo indica, de maneira gradual.
Da parte brasileira, não se deve concentrar somente no aspecto cambial, mas num conjunto de medidas que torne a sua indústria competitiva, como a redução da carga tributária, a desoneração dos investimentos e a redução dos custos de transporte e logística.
Nada indica que as mudanças serão rápidas, mas o Brasil precisa se preparar para um período em que a economia chinesa não continuará mais tão vigorosa como no passado recente e ajudando a melhorar os preços dos produtos que exportamos para lá.
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Ao pessoal da infobrasil,
Obrigado pela atenção.
Paulo Yokota