Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Cúpula da APEC no Japão

12 de novembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Integração | Tags: APEC – Cooperação dos Países da Ásia e do Pacífico, muitos do G20, tentativas de livre comércio

Mal terminou a reunião de cúpula do G20 – Grupo dos 20 países mais importantes economicamente do mundo, realizado na Coreia do Sul, já começa no Japão a reunião do mesmo nível da APEC que reúne 21 importantes líderes dos países da Ásia e do Pacífico, entre eles os mesmos Estados Unidos, China, Japão, Rússia, Austrália, Canadá, México, Chile, Peru e os do sudeste asiático. Os norte-americanos enfraquecidos, tanto pelas suas dificuldades de ativação de sua economia como das eleições que levaram a oposição ao domínio do Congresso, não conseguiram uma posição clara de condenação da política chinesa no G20. Agora, defrontam-se novamente na APEC, onde o tema principal é o acordo de livre comércio entre os seus membros no Japão, mas que guardam dificuldades idênticas às da reunião na Coreia do Sul.

A diferença é que na APEC aconteceram seis reuniões preparatórias em nível ministerial durante este ano, mas, mesmo assim, as recentes condenações da política norte-americana devem ser novamente levantadas, enquanto às relacionadas à chinesa são controvertidas.

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Além dos Estados Unidos enfraquecidos, o Japão, país sede desta reunião de cúpula, também não está em boa situação, tanto do ponto de vista econômico como político, enfrentando dificuldades internas, com seu setor agrícola resistindo à maior abertura comercial que o prejudica. Tudo indica que a discussão vai se estabelecer sobre o prazo que será concedido até a implementação do acordo de livre comércio, além de existirem ainda diferenças sobre o próprio significado deste acordo, visto sob prismas diversos entre os vários membros.

Os mesmos temas que foram os centros das discussões no G20, ou seja, os relacionados ao câmbio e o comércio internacional, devem se repetir na APEC, mostrando que são assuntos difíceis de obterem consensos, tanto pelas importâncias econômicas dos países membros como pelo prisma regional.

Ainda que todos entendam que há necessidades de avanços nestes temas para que o mundo continue se recuperando economicamente de forma equilibrada, sempre há discordâncias sobre as formas de se alcançarem estes objetivos. Os avanços recentes em ritmo acelerado da China, dificultando a situações de outros países importantes como os Estados Unidos e o Japão, para citar os principais, mostram que as tendências são as mesmas. De acordos em termos gerais e vagos, diplomáticos, que não podem ser facilmente operacionalizados, estendendo-se as negociações no tempo.

Ainda que haja consciência sobre estas dificuldades, algo precisa ser tentado, pois a atual situação é insuportável politicamente, na esperança que as negociações avancem, ainda que lentamente. O Brasil, os países europeus e africanos estão fora desta rodada, mas torcendo que algo quase milagroso aconteça, convencendo os líderes que um acordo razoável é sempre preferível à guerra generalizada, do salve quem se puder, com os meios que todos sabem que não são os mais racionais.