Crescimento da Economia Indiana
30 de novembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Notícias | Tags: continuam superiores às brasileiras, informações do Financial Times, o impressionante crescimento da economia indiana | 2 Comentários »
Os ingleses são tradicionalmente relacionados com a Índia e acompanham aquele país que pertenceram ao seu domínio por um longo período. Uma relação como Portugal teve com o Brasil, até as independências destes países. Mas, mesmo depois de uma independência conquistada com imensas e pacientes campanhas como a de Mahatma Gandhi, os ingleses acreditam que deixaram as bases de uma democracia respeitável na Índia, e torcem para que ela ultrapasse a chinesa e mesmo a norte-americana.
O Financial Times, um dos mais respeitáveis jornais econômicos do mundo, acompanha o que acontece naquela economia, como o artigo publicado hoje informando que ela cresceu 8,9% no segundo quadrimestre, acima do anterior. A estimativa de Manmohan Singh, o competente primeio-ministro daquele país é que em 2010 cresçam 8,5%, quando no ano passado cresceram 7,4%. Como já informamos neste site, os indianos continuam obtendo estavelmente um crescimento superior a 6% ao ano nos últimos 30 anos, bem superior ao brasileiro.
Este imenso país emergente conta com uma população superior a um bilhão de habitantes, fazendo com que a sua renda per capita ainda seja baixa. Mas contam com uma estrutura demográfica mais jovem que a China, fazendo com que os analistas prevejam a sua possibilidade de chegarem a ser mais importantes do mundo, ultrapassando o Japão, a China e os Estado Unidos nas próximas décadas.
A tendência dos sul-americanos é considerar a Índia uma imensa favela, quando o seu mercado interno é maior do que a brasileira e contam com um tradicional sistema democrático, enfrentando os naturais problemas de uma economia emergente. Ela possui empresas que atuam em nível internacional, e costuma-se dizer que possui mais doutores, somente sendo superada pelos Estados Unidos. E possui muitos qualificados profissionais diplomados em Cambridge e Oxford, liderando pesquisas em importantes empresas como japonesas, onde encontrei alguns falando correntemente o japonês.
Este otimismo não é só das autoridades indianas, mas de organismos financeiros internacionais, apesar de destacarem os recentes problemas de corrupção, como acontece em muitos países com crescimento rápido, lamentavelmente. As autoridades monetárias daquele país também enfrentam problemas inflacionários como na China e no Brasil, mas nada que possa prejudicar sensivelmente os seus problemas de crescimento.
Na realidade, houve uma irregularidade climática em todo o mundo, com escassez ou excesso de chuvas, fazendo com que os custos dos alimentos se elevassem no mercado internacional. Não são problemas que possam ser resolvidos, se não paulatinamente, por medidas monetárias. Exigem um esforço fiscal e um estímulo para que as produções agropecuárias possam ser estimuladas, voltando a contar com uma oferta superior à demanda.
Estes países emergentes de grandes dimensões estão se tornando as mais dinâmicas, sustentando a economia mundial, pois os desenvolvidos como os Estados Unidos, a Europa e o Japão ainda contam com crescimentos baixos. Já podem reduzir seus estímulos fiscais, mantendo seus juros baixos, acima dos retornos dos investimentos que estão efetuando. Contam com o otimismo dos seus consumidores e produtores, sem nenhuma euforia que pode conduzir a algumas bolhas.
Todos necessitam reduzir as influências dos exagerados influxos monetários, que pressionam seus câmbios, tornando-os menos competitivos no mercado internacional, pois continuam necessitando dos externos, além dos internos. E todos contam com culturas histórias milenares, bem mais antigas que as do Ocidente.
Apesar do crescimento, não acredito que a India se torne uma potência econômica no médio prazo. É inegável que houve progressos, mas grande parte da população vivem em situações miseráveis e a cultura de castas não permite um progresso rápido.
Ainda sou mais a Rússia.
Caro Nikos,
Respeitamos a sua opinião. No entanto, os estudiosos que utilizam os dados demográficos, que são os mais influentes em assuntos econômicos, além do que ocorre realmente naquele país, colocam a Índia como país de grandes perspectivas. A classe média indiana é respeitável, seus empresários atuam mais que os brasileiros no mundo, e o desenvolvimento médio nos últimos 30 anos é respeitável. Os empresários brasileiros que viveram alguns anos naquele país ficaram impressionados. Acho que vale a pena estudar um pouco pais sobre um país que consegue estes resultados. Devemos evitar o preconceito e as meras informações que temos pelos aspectos mais exóticos.
Paulo Yokota