A Demora do FED e a Experiência Japonesa
17 de janeiro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Depoimentos | Tags: experiência japonesa, lições para os Estados Unidos
Por Samuel Kinoshita
Enquanto o mundo aguarda ansiosamente a nova rodada de Quantitative Easing que Ben Bernanke do FED norte-americano prepara, vale a pena saber como se deu a experiência de um país que passou por processo similar. O recente artigo de Kazuo Ueda, “The Bank of Japan’s Experience with Non-Traditional Monetary Policy”, retrata os métodos empregados pelo banco central japonês no período 1998-2006.
Ueda delineia as políticas utilizadas num ambiente de baixas taxas de juros. As estratégias são: (I) administração das expectativas quanto ao futuro da taxa de juro; (II) compras focalizadas de ativos; e (III) Quantitative Easing. Discute os resultados dessas políticas. A estratégia (I), introduzida em abril de 1999, teve efeito claramente positivo ao conseguir diminuir as taxas praticadas nas maturidades mais distantes. Estudos mais técnicos apontam esta estratégia como sendo a que obteve maior impacto. As estratégias (II) e a (III) se confundem em pontos do tempo, e seus resultados podem ser considerados positivos.
Kazuo Ueda, do Bank of Japan
Ueda extrai uma implicação importante da experiência do banco central japonês. Ainda que a estratégia (I) tenha sido muito benéfica, ela pode ter demorado a ser adotada. Elevar as expectativas de inflação (e a própria inflação) quando já se passou muito tempo é uma tarefa complicada. Como vemos no gráfico abaixo, o Japão já apresentava taxas de inflação inferiores a 1% no começo dos anos 1990. Era neste momento que as medidas não-convencionais deveriam ter sido postas em prática.
Esta linha de raciocínio leva a crer que os EUA podem estar num momento crítico e demorando muito em adotar uma postura mais ativa na sua política monetária.