Notícias da China Depois do Ano Novo Lunar
16 de fevereiro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia | Tags: agradecimentos à natureza, controle dos investimentos estrangeiros, tecnologias chinesas para portos
Existem alguns costumes que são comuns na Ásia, como o agradecimento dos seres humanos à natureza, observados pelos chineses como japoneses, de formas pouco diferentes. Antes do início dos trabalhos no ano novo, os pescadores chineses apresentam seus agradecimentos ao mar que lhes fornece os peixes do qual vivem. Também entre os japoneses costuma-se efetuar uma cerimônia xintoísta que agradece aos deuses pelas possibilidades de continuar trabalhando, em variadas atividades, inclusive restaurantes.
Ainda que a China tenha se beneficiado dos investimentos estrangeiros que estimulou a se instalarem em diversas de suas “zonas especiais” dos quais obtiveram substanciais benefícios, hoje se preocupam em selecionar os que mais lhes interessam, inclusive com a interiorização. Como não dispõe de condições geográficas favoráveis para grandes portos, desenvolveu tecnologias para superar as suas limitações, que também servem para finalidades de defesa civil diante de desastres naturais.
Pescadores chineses agradecem ao mar, Instalações portuárias na China
Todos os povos têm consciência que dependem da natureza e do meio ambiente que necessitam preservar para a sua sobrevivência. Os pescadores chineses expressam ao mar a gratidão pelos peixes e outros frutos do mar que permitem a continuidade do seu trabalho, bem como a alimentação do povo. Algo semelhante a muitos brasileiros que agradecem a Iemanjá pelas suas bênçãos. Os japoneses fazem algo semelhante, nas suas mais variadas atividades profissionais, pois entendem que os instrumentos de trabalho são deuses, na concepção xintoísta, que lhes permitem a sobrevida. No final do ano, costumam fazer a limpeza dos equipamentos, depositando uma oferenda, para poder contar com a ajuda dos mesmos no próximo ano.
Depois de Deng Xiaping abrir a China para a economia de mercado, procurou atrair investimentos estrangeiros para utilizar sua abundante mão de obra. Para tanto, criou diversas “zonas especiais”, concedendo facilidades de toda natureza para que trouxessem seus equipamentos, matérias primas, design, utilizarem sua mão de obra barata, cujo custo está se elevando recentemente, inicialmente para exportarem suas produções. A maioria preferiu se instalar próximo ao litoral, e agora as autoridades chinesas estimulam que efetuem suas ampliações de instalações no centro oeste do país, menos desenvolvido e com maior disponibilidade de mão de obra.
Podem se dar ao luxo de selecionar as empresas que lhes interessam, e examinam os projetos de associação com as empresa chinesas, sem o que é sempre difícil operar na China. O sistema é semelhante ao que existe em outros países, pois não são todos os investimentos estrangeiros que trazem benefício para o país. A medida se aplica também às empresas de Hong Kong, Macau e Taiwan. A China já bloqueou a Coca-Cola que pretendia adquirir uma empresa chinesa de sucos, sabendo-se que aquele país já é muito importante no suprimento internacional de sucos de maçã, devendo competir com o Brasil nos sucos de laranja.
Num artigo publicado no The Diplomat, David Axe informa que a China torna-se uma potência anfíbia. Os Estados Unidos dispõe de tecnologia para portos móveis com fins militares como humanitárias. Na medida em que um porto é danificado por desastres naturais, estes novos portos móveis podem ser utilizados para o suprimento de uma região. Da mesma forma, qualquer país que conta com um litoral pode ser atacado pelos americanos com o uso destes portos.
Uma recente foto obtida pelos americanos indica que os chineses já possuem algo semelhante, até para atracarem hospitais. Como suas pretensões envolvem mares do sul da Ásia e seus vizinhos, este assunto passou a ser também de interesse militar. Deve-se reconhecer que a China não dispõe de localidades geográficas naturais para grandes portos de elevada profundidade, estão resolvendo seus problemas com construções de braços terminais avançando pelo mar, por longas distâncias.