Profundas Mudanças Mundiais Provocadas pelo Japão
22 de abril de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura | Tags: Educação mundial, mudanças, noticias nos jornais
O jornal japonês Yomiuri, cuja tiragem normal supera a casa da dezena de milhões de exemplares diários, tem o site Daily Yomiuri Online, que postou um interessante artigo escrito por Yuji Yoshikata e Taro Nishijima, correspondentes nos Estados Unidos. O título “Quake seen as ‘teachible moment’ in US” (tradução livre, O tremor parece um ‘momento de ensino’ nos Estados Unidos) informa que os lamentáveis problemas enfrentados pelos japoneses estão provocando discussões nas salas de aulas dos cursos secundários até no bairro de Queens,em Nova Iorque.
Matérias jornalísticas publicadas no The Daily Yomiuri, NHK’s Web site e The New York Times estão sendo aproveitados pelos professores para discussões em classe. A editora do Times, Katherine Schulters, informa que os assuntos relacionados com o Japão estão entre os dois dos cinco mais populares materiais de ensino atualmente. Um modesto site como este Asiacomentada triplicou as visitas recebidas depois de 11 de março último.
Os assuntos relacionados com terremotos, tsunami e tecnologia de energia nuclear passaram a atrair a todos, e os professores estão atendendo as demandas dos estudantes de muitas partes do mundo, mudando seus planos de aulas. As perguntas dos alunos aos jornalistas japoneses eram do tipo: “quanto tempo vai levar para o Japão se recuperar totalmente? Por que se construíram usinas nucleares em áreas onde ocorrem terremotos?”
Certamente o problema das usinas nucleares está sendo objeto de discussão em muitas partes do mundo, não somente pelos estudantes como por toda a população. As dramáticas cenas dos tsunamis impressionaram a opinião pública mundial, ainda que para não se provocar pânicos todos os veículos de comunicação do Japão tenham somente divulgados os de danos materiais, diferindo com o que ocorreu na Indonésia e arredores.
As regiões que se situam nas falhas geológicas, onde se encontram as placas tectônicas, ficam preocupadas, naturalmente, com os sistemas de prevenção dos terremotos. Inclusive o sistema prévio de alarme, a adequada tecnologia de construção (note-se que nenhum edifício de dezenas de andares ruiu no Japão) e a defesa civil das vítimas, bem como a reconstrução das infraestruturas afetadas.
Nota-se uma preocupação generalizada sobre as medidas das radiações, seus efeitos sobre os seres humanos, as dificuldades para a eliminação dos focos que provocam tais radiações e todos os demais assuntos relacionados com o uso de energia nuclear, inclusive na medicina.
Verifica-se que os interesses sobre os países asiáticos aumentou, inclusive sobre suas culturas, como as que permitiram os japoneses reagirem ao desastre natural com estoicismo, bem como a extensão dos prejuízos materiais e seus impactos na economia. As lamentáveis insuficiências de conhecimento das realidades asiáticas estão sendo sentidas, não apenas com relação ao Japão somente conhecido pelos seus aspectos pitorescos, como os da China, da Coreia ou da Índia, para citar alguns dos países que estão em destaque na imprensa.
Parece o momento oportuno para que o mundo tome conhecimento que cerca de 60% de sua população, economia, geração de tecnologias estão na Ásia. Que todo o Ocidente não chega aos 40%, pois também existem ainda a Austrália e parte do Pacífico, bem como o Oriente Médio e parte da África, que nem sempre são consideradas pertencentes ao mundo ocidental.