Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Problemas de Trânsitos Urbanos São Universais

22 de junho de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, webtown | Tags: Aix en Provence, estacionamentos, Frankfurt, no Japão, São Paulo | 2 Comentários »

Com o aumento brutal da produção de veículos automotores em todo o mundo, o trânsito nas cidades, não só nas grandes metrópoles, está ficando impossível. Muitos países e cidades adotam medidas restritivas, mas não conseguem conter, mesmo com o aumento das ruas, avenidas, estradas e estacionamentos, os inconvenientes do trânsito.

A cidade mais inteligente que tomou uma medida radical foi a pequena Cingapura, que é uma cidade-país, com regime político autoritário ainda que esclarecido. Para se adquirir um carro novo há que se apresentar um certificado que um velho foi sucateado, de forma que o estoque de veículos não aumente, e como os novos possuem eficiência maior na redução da poluição, provoca-se como subproduto uma melhoria no meio ambiente.

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Os congestionamentos são comuns em São Paulo, atingindo mais de 100 quilômetros diários

O que surpreende os observadores é que mesmo nos países considerados “civilizados” onde os cidadãos respeitam as leis, como na Alemanha ou na França, e certamente em algumas áreas do Japão, a quantidade de veículos estacionados irregularmente é assustador. Simplesmente colocam carros que são considerados até de luxo nas calçadas destinadas aos pedestres, estacionados, só tomando o cuidado para deixar alguns espaços para os cadeirantes.

No Japão, em muitas ruas e cidades, os postes de iluminação e de eletricidade ficam em pleno leito carroçável, não havendo espaço para os pedestres, e os motoristas precisam ser muito hábeis para evitar choques. No geral, como em Tóquio, para se licenciar um carro novo, exige-se que o proprietário prove que conta com um espaço para o seu estacionamento na sua residência. Mas quando eles estão utilizando seus veículos e precisam estacionar?

Em muitas cidades estão se investindo em novas ruas, avenidas e estacionamentos que se tornam cada vez mais caros para serem utilizados. Mas em outras, como São Paulo, em alguns lugares, mesmo pagando caro simplesmente não existem estacionamentos, e os estabelecimentos comerciais utilizam os chamados “manobristas” que levam os carros até os estacionamentos, cobrando caro pelos serviços. Muitos carros são estacionados nas ruas, irregularmente.

A velocidade com que se constroem as infraestruturas necessárias é mais baixa que o aumento dos veículos, chegando a gerar engarrafamentos monstros. Na China, em algumas estradas, eles chegam, como na Inner Mongólia, na principal estrada que vai do Leste para o Oeste e vice-versa, muito utilizado para o transporte de carvão mineral indispensável para gerar energia, normalmente a mais de 100 quilômetros.

Na cidade de São Paulo, apesar de adotar um rodízio de carros autorizados a trafegar nos horários de pico pelos finais das placas, os congestionamentos chegaram a superar os 100 quilômetros quase diariamente. Em Santiago do Chile, nos dias pares, somente podem circular os carros com placas de final pares, e nos ímpares os de final ímpar. Lamentavelmente, os proprietários acabam tendo mais que um carro, para superar as limitações.

Na Europa, em muitas cidades mais planas, está se estimulando o uso de bicicletas e outros veículos não poluidores, que acabam tendo os problemas parecidos de estacionamento. Na Alemanha, evita-se a formação de metrópoles, com a maioria das cidades com dimensões menores, permitindo um trânsito mais razoável, com pesados investimentos nas estradas e na manutenção de florestas, mas também enfrenta problemas de estacionamento como em Frankfurt.

Só um conjunto de medidas, gerando uma cultura mais razoável, usando mais transportes coletivos menos poluentes, sobrecarregando os proprietários de veículos particulares com taxas elevadas quando os usam individualmente, poderá ajudar a minorar alguns dos problemas de trânsito, infelizmente.


2 Comentários para “Problemas de Trânsitos Urbanos São Universais”

  1. Pedro
    1  escreveu às 11:04 em 19 de janeiro de 2017:

    Criaturas humanas transvestidas de automóveis. Assunto para psicólogos e antropólogos irreverentes escumarem o canto da boca. Começa pela fraqueza humana escondida na potência forte do motor. Passa pela transmutação da imagem, da roupa de aço que tem performance, do isolamento no mundinho confortável, da preguiça orgulhosa, da glamourosa doença inconsciente, por vezes doces abobalhados, do moderno, do fascinado, do mundo da felicidade artificial, da aparência superior, do elitizado, do estratificado, do diferencial, do vencedor, do troféu, eternos agoniados consumidores de uma indústria voraz, volátil, estratégica, competente e espertíssima…:)

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 11:54 em 19 de janeiro de 2017:

    Caro Pedro,

    Obrigado pelo comentário. O que me parece atualmente é que os pais estão usando os carros para educarem os seus filhos de forma errônea, na medida em que não respeitam as leis de transito de forma correta, o que incutem às crianças que eles são privilegiados e não necessitam respeitar as leis.

    Paulo Yokota