Dias Difíceis para os Estados Unidos e Para o Mundo
8 de agosto de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, webtown | Tags: colocações chinesas, Japão e o resto do mundo, problemas na Europa, reclassificação dos riscos dos Estados Unidos
Em que pesem os fatos positivos que provocam um pequeno alento sobre a evolução dos problemas norte-americanos, como o crescimento do emprego acima do esperado, as pesquisas que mantiveram o prestígio do presidente Barack Obama e os desgastes dos congressistas americanos, é preciso constatar que nem todos os problemas estão resolvidos.
Deve se reconhecer que os Estados Unidos começam a fazer os seus esforços e possuem ainda a melhor capacidade para inovações tecnológicas no mundo, mas começam a ser incomodados por agências de rating, como da Standard & Poors’s, que rebaixaram as cotações dos seus títulos públicos. Ou por declarações como as das autoridades chinesas, seus maiores credores, que eles devem viver com seus próprios meios e deve-se pensar numa nova moeda para substituir o dólar como referência mundial. O inferno astral de Barack Obama ainda não terminou, pois a oposição naquele país continuará fustigando-o até as eleições presidenciais.
Mesmo com a elevação do nível de endividamento público dos Estados Unidos, há que se considerar que, mesmo sendo os emissores do dólar que continua sendo a moeda mais utilizada no mundo, não podem viver dos recursos de outros países. Precisam reduzir suas despesas para recuperar a possibilidade de contar com uma dívida pública administrável, que deve contar com juros mais elevados.
Juntando com a deterioração europeia, o mundo corre o risco de passar por um período de baixa atividade econômica, pois os países emergentes como a China, a Índia e o Brasil também dependem de suas exportações para o resto do mundo, que se mostrarão cada vez mais difíceis.
Já existe uma moeda utilizada pelo FMI chamada Direitos Especiais de Saque que os países utilizam para o acerto de suas contas naquele organismo internacional, mas ainda não são utilizadas tanto no comércio mundial com nos financiamentos externos. Como o euro e o yen continuam instáveis, muitos preferem o ouro ou outros ativos fixos para evitar os riscos de ativos financeiros expressos nestas moedas.
O aumento de liquidez em dólares que acaba causando a sua desvalorização pode ajudar os Estados Unidos, mas provoca problemas nos outros países que ficam com suas moedas valorizadas, como na zona do euro, no Japão e até no Brasil. Todos acabam tomando medidas para restringir suas importações para se defender, contribuindo para a redução do movimento de globalização que veio ajudando o mundo nas últimas décadas.
O setor financeiro mundial está mais assustado, mas as atividades produtivas continuam se ampliando, por um lado procurando novas fontes de energia, bem como alimentos para atender as demandas das novas classes médias que se expandiram em todo o mundo. No entanto, havendo alguns ajustamentos nos seus preços junto com de outras matérias-primas industriais, os seus exportadores como o Brasil acabarão menos estimulados.
Com a necessidade de manter as suas despesas compatíveis com suas receitas, até gerando um superávit para arcar com os custos dos endividamentos, um grande número de países estará adotando uma política mais austera. Tudo contribui para dificultar a recuperação econômica que estava se observando nos Estados Unidos, bem como reduzir o dinamismo dos países emergentes.
Não haverá nenhuma calamidade, pois o mundo já passou por conjunturas difíceis, mas todos terão que se empenhar mais no aumento da produção, ao mesmo tempo em que as demandas possíveis devem ser mantidas. A preservação do emprego em todo o mundo é indispensável para não complicar ainda mais o cenário já difícil.
É o momento que está exigindo o surgimento de novos estadistas, tanto no campo político como empresarial, aqueles que com seu carisma sejam capazes de mobilizar multidões. Lula da Silva, com todas as suas limitações, teve a capacidade de reduzir o impacto de tendências recessivas.