Indústrias de Equipamentos Pesados no Brasil
22 de agosto de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, webtown | Tags: principais multinacionais, projetos de expansão, reconhecimento das potencialidades brasileiras
Ainda que exista um reconhecimento das potencialidades da economia brasileira, as grandes empresas internacionais de equipamentos pesados revelam disposições diferenciadas com relação aos seus investimentos no Brasil, apontando as dificuldades por que passam muitas das empresas já aqui instaladas. Mesmo que as autoridades brasileiras tenham lançado o programa Brasil Maior, as medidas não parecem suficientes para estimular uma maior agressividade dos grupos estrangeiros, como a que ocorreu na China e na Índia nos últimos anos. Medidas adicionais parecem estar sendo pensadas, pois o país anseia por novos passos na melhoria da tecnologia local.
Muitos admitem que, com a realização da Copa do Mundo e das Olimpíadas, as necessidades brasileiras de melhoria da infraestrutura bem como programas para a exploração do pré-sal geram oportunidades, mas diante do cenário internacional mais adverso, notam-se posições cautelosas, que se diferenciam entre os diversos grupos. Norte-americanos, como a General Eletric, e europeus, como a Siemens e a Alstom, já estão no Brasil há mais tempo e fazem projetos de ampliações significativas, pois seus mercados locais não apresentam grandes dinamismos nas próximas décadas e procuram oportunidades nas economias emergentes como a brasileira. As japonesas, como Hitachi e a Toshiba, ainda estão nos setores mais leves do Brasil e mesmo que a economia japonesa também esteja com perspectivas difíceis ainda repousam suas esperanças no mercado asiático. As declarações sobre estas intenções estão na imprensa brasileira.
O fato concreto é que a estrutura industrial brasileira já apresenta uma complexidade e mesmo os projetos apoiados pelas instituições internacionais, como o Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento, além dos financiados pelo BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, preveem uma margem de preferência para equipamentos pesados produzidos no Brasil, dentro das normas estabelecidas pela OMC – Organização Mundial do Comércio. O mero fornecimento de produtos estrangeiros acaba encontrando dificuldades, ainda que apresente qualidades. É necessário que uma parte seja produzida no Brasil, transferindo tecnologias, mesmo que sejam para as subsidiárias de grupos internacionais.
O Brasil tem interesse em fomentar empregos qualificados no país, utilizando tanto o que já existe no seu parque industrial como os que serão implantados. Se pesquisas e desenvolvimentos de tecnologias forem efetuados no Brasil, adaptando produtos para as condições específicas encontradas no país, estes investimentos podem merecer suportes locais. Se parte da produção efetuada no Brasil forem exportados para terceiros mercados, os riscos cambiais podem ser reduzidos, os custos dos financiamentos se equiparem com os internacionais, e os custos tributários utilizados.
São decisões importantes que necessitam ser tomadas pelos grandes grupos internacionais que pretendem fornecer seus equipamentos pesados para os projetos brasileiros, que são muitos previstos para os próximos anos.