Equipamentos Pesados de Construção Chinesa no Japão
8 de setembro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: noticias do Nikkei, presença também no Brasil, Sany chinesa no Japão | 6 Comentários »
Segundo o credenciado jornal econômico japonês Nikkei, a líder de equipamentos pesados de construção da China, a Sany Heavy, está desafiando os produtores japoneses tradicionais, como a Komatsu, Hitachi Construction Machinery e Kobelco Construction Machinery, efetuando suas primeiras vendas de cinco a dez escavadoras hidráulicas de médio porte para uma empresa local japonesa de aluguel de equipamentos. Esta empresa chinesa já está instalada no Brasil disputando com as grandes empresas internacionais, como a Caterpillar, a Fiat e a própria Komatsu, contando com a liderança pessoal de um dos seus cinco fundadores.
Como é do conhecimento de todos, a construção civil pesada da China chega a representar mais da metade do mundo todo, e a sua gigantesca demanda determinou o espantoso crescimento de empresas como a Sany Heavy, com tecnologias avançadas e preços competitivos. No Japão, seus escavadores hidráulicos de multiuso estão sendo oferecidos com preços 20 a 30% mais baixos que seus concorrentes, que são grandes empresas tradicionais e mundiais.
A Sany se instalou no Japão com uma subsidiária há três anos, somente com a sua sede. Agora está se entendendo para suas vendas e prestação de serviços que tais equipamentos exigem com outras empresas locais. Ela doou um caminhão pesado para bombear concreto, visando eliminar o vazamento que ocorreu em Fukushima Daiichi.
Esta empresa chinesa já se aproximou das vendas da Komatsu e sinaliza que deve superá-la ainda esse ano. Ela é um exemplo que as empresas privadas chinesas já dispõem de uma elevada tecnologia que estão sendo utilizadas na construção pesada na China, tanto para construções da infraestrutura rodoviária, portuária como de grandes unidades hidroelétricas.
São agressivas suficientes para avançar em mercados como o do Japão, que conta com fornecedores tradicionais do mercado internacional, além de todo o suporte das autoridades locais. Suas diferenças de preços são tão marcantes que os usuários acabam se curvando diante desta dura realidade.
Prof. Paulo, parece que esta empresa citada de maquinaria pesada é de capital e tecnologia cem por cento chinesa, os royaltes e lucros pela exportação e prestação de serviços no mercado externo são repartidos entre o capitalista chinês e o Estado.
Então seria possivel resumir o milagre capitalista chinês em 2 momentos : No 1º o país cria as ZEEs para atrair capital e tecnologia estrangeiros visando a produção para exportação e parte do mercado interno.
No 2º momento, com os lucros auferidos anteriormente + poupança interna oriunda da parte próspera e engajada na produção + novas levas de trabalhadores especializados, e favorecidos pela escala do mercado interno, a China desenvolve setores econômicos próprios para atender a demanda interna e disputar o mercado externo em igualdade de condições com as multinacionais estrangeiras.
É correto o que estou dizendo? Recomenda alguma leitura a este diletante?Parece que houve algum tipo de protecionismo na China para que as empresas japonesas e ocidentais não engolissem o mercado interno chinês logo no início do processo, e então está em curso um movimento inverso!
Caro Alyson do Rosário Junior,
Em qualquer processo de desenvolvimento de uma economia atualmente emergente, o primeiro passo é importar equipamentos para atender as suas necessidades internas. Aproveitando a dimensão do mercado interno, ganha-se escala e condições de aperfeiçoamentos das tecnologias próprias, tanto para antender suas necessidades internas como para a exportação. A China vem conseguindo isto de forma impressionante e agora passa a produzir parte dos seus equipamentos em outros países, e utiliza as plantas no exterior até como base para exportação para terceiros países.
Seus resultados assombram o mundo, pois ficaram atrasados por um longo período, como mostrou o Prof. Joseph Needham da Universidade de Cambridge, que escreveu que a China ao longo de sua milenar história é o país que mais inventou o que o mundo atual utiliza até hoje.
Existem milhares de trabalhos sobre o desenvolvimento chinês, e poupe-me da tarefa de indicar alguns. Mas, para não ficar em branco, menciono que Mark Leonard no “O que a China pensa? O despertar chinês está moldando a nova ordem mundial”, Larousse, 2008, no seu Dramatis Personae cita uma série de estudiosos de peso, muitos ligados a consagrada Universidade de Tsinghua, considerada a mais importante na formação da atual elite chinesa.
Paulo Yokota
Obrigado Prof, pelas referências! O livro de Mark Leonard deve ser excelente, pelo levantamento que fiz no link lá embaixo, bem como escolhi comprar mais 2 livros para complementar o assunto.
China – Uma Nova História
Autor: Goldman, Merle; Fairbank, John King
Editora: L&pm
1434 – O Ano em que uma Magnífica Frota Chinesa Velejou para a Itália e Deu Início ao Renascimento
Autor: Menzies, Gavin
Editora: Bertrand Brasil
http://napraticaateoriaeoutra.org/?p=3804
Caro Alyson do Rosário Junior,
Obrigado pelas informações. O primeiro não conheço, pois existem muitos similares. Quanto ao segundo, de Gavin Menzies não sei se foi traduzido com este título, mas é muito bom e trata não somente da visita à Itália, mas de todo o Atlântico como Pacífico, se é o mesmo que eu conheço.
Paulo Yokota
Estou procurando cotacoes de equipamentos de construcao civil para construcao de estradas, de preferencia no mercado Chines e nao consigo: Retroscavadora; Cilindro; motoniveladora; camiao basculante e camiao sisterna/tanque. peco ajuda
Caro Anastacio Machava,
Este site não cuida destes assuntos. Procure o Consulado e a Embaixada da China, e entidades que cuidam do intercâmbio comercial entre os dois países, como as Camaras de Comércio.
Paulo Yokota