Um Professor Português no Japão
30 de novembro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: entrevista no Japan Times, Jose Alvares, poucos portugueses no Japão atual | 2 Comentários »
Uma entrevista feita por Mami Maruko com o professor Jose Alvares, publicado no Japan Times, informa que ele se encontra naquele país ao longo dos últimos 43 anos, não sabendo muito claramente o que o levou a escolher o Japão para viver. Ele se sentiu intrigado pelo “mistério” do país e, segundo o entrevistado, continua com o seu coração em Portugal, onde vive a sua filha, e para onde telefona diariamente. Ainda que tenha algumas coisas em comum com os brasileiros, que vivem no Japão em maior número, informa-se que ele se dedica à pesquisa histórica das influências portuguesas naquele país do Extremo Oriente, quando dificilmente um brasileiro o faz com relação ao Brasil.
Ele se reporta aos biombos Nanban como os já relatados neste site, e que se encontram na atual exposição no Museu Suntory, no Midtown, que retratam a interação dinâmica entre os portugueses e japoneses. Jose Alvares nasceu em Goa, Índia, mas estudou na Universidade de Coimbra e foi enviado ao Japão pelo governo português em 1968, e a ele se juntou sua esposa Manuela, que lecionou português na Universidade de Waseda e na Universidade de Sophia, onde também trabalhou o entrevistado. Inicialmente, ele lecionou na Universidade de Tóquio.
Uma parte dos seus estudos refere-se a Wenceslau de Moraes, um português que chegou ao Japão em 1889 e lá permaneceu até a sua morte em 1929, de quem se conhece um livro sobre o Japão, bem como outros escritos. Ele tanto admirava o Japão que se transformou num japonês, como Lacardio Herns, outro estrangeiro mais conhecido que escreveu sobre o Japão de forma apaixonada naquela época.
Uma avaliação mais isenta do Japão pode ser encontrado no livro “No Japão, impressões da terra e sua gente”, do brasileiro Oliveira Lima, publicado em primeira edição em 1903. Ele que era especialista em Europa, tinha um cabedal para comparar a sua vivência no Japão da Era Meiji com os Impérios europeus da época, de forma mais equilibrada, ensinando que havia que se registrarem as primeiras impressões positivas, mas informar também sobre as mazelas que eram percebidas depois de um tempo de estada naquele país.
O entrevistado se dedica atualmente à tradução de um livro infantil escrito pela princesa Takamado, de forma semelhante que o professor brasileiro Masato Ninomiya, da Universidade de São Paulo e da Univesidade de Tóquio, fez com o escrito pela atual Imperatriz.
Na entrevista, o professor Jose Alvares refere-se a palavra em português como “saudade”, famosa por ser considerada intraduzível para outro idioma. Também cita algumas palavras japonesas que considera igualmente impossíveis de serem traduzidas como tatami, fusuma, furoshiki, unami e sashimi, que estão sendo usadas assim mesmo no exterior.
Uma expressão muito interessante que foi utilizada pelo entrevistado é que quando se fala em japonês não se está falando da língua, mas da cultura, sendo muito difícil entender o país do exterior, mas quando se vive no país tudo acaba mudando.
Muito bom mesmo, chegar aqui a este outro lado do hemisfério e ver que os portugueses continuam a fazer história.
Nunca fui ao Japão e muito gostaria. Deve ser um dos Países mais lindos do Mundo.
Tenho uma amiga que vai ao Japão todos os anos e regressa contrafeita… como ela diz, com saudades já a embarcar para Portugal. As filmagens e as fotos que traz com ela, são de cortar a respiração de tanta beleza.
Diz que é um povo com uma cultura fantástica!
Cara Helena Alves,
Agradeço os seus comentários e acredito que Naomi Doy atender a parte de suas curiosidades. Tenho visitado o Japão com frequência e sempre descubro novos ângulos. Mas, Portugal e nossa Pátria Mãe, e nas nossas visitas (que poderiam ser mais frequentes) sentimos a força da herança que recebemos, e principalmente o seu Norte donde são provenientes muitos conhecidos nossos no Brasil.
Espero que V. tenha a oportunidade de conhecer a importância da contribuição portuguesa para a cultura japonesa, como já postamos neste site.
Paulo Yokota